sábado, fevereiro 01, 2025

Vejam bem o que aquilo com que o algoritmo do YouTube me presenteou...

 

As coisas estão como estão, e eu nem me pronuncio para melhor as classificar pois é tudo too much e nem sei que diga ou para onde olhe, tantos os pontos de subversão e loucura, e, por cá, a malta continua a brincar às eleições presidenciais. Já aqui falei algumas vezes que não percebo que fossanguice é esta. Faz lembrar as vizinhas que, à falta de assunto, se pronunciam como umas e outras estendem a roupa.

Como penso apenas dedicar-me a isso quando estivermos lá, passo adiante.

Há ainda o tema da pen. Mas também não consigo perceber o que quer que seja sobre o grande assunto da pequena pen. Portanto, passo também adiante.

Conto antes um sonho tramado. Estava na empresa, a uma mesa com outras pessoas, e aparecia-me um artista que, com ar arrogante, me dizia que tinha sido admitido com a garantia que lhe dariam um computador topo de gama, com uma placa gráfica toda xpto, uma coisa de luxo, fora das normas da empresa. Eu dizia-lhe que, ali, não era cada um que escolhia os seus instrumentos de trabalho, era a empresa que avaliava as necessidades face às funções e providenciava o que fosse necessário. Mas ele falava-me de alto e dizia que isso fazia parte das suas condições admissão e eu, já contrariada, dizia que ele fosse pedir ao funcionário que lhe tinha dito isso que lhe desse o computador que ele queria. Ele dizia que tinha sido o director de Recursos Humanos e eu dizia que, sim senhor, o director de Recursos Humanos que, com o seu próprio dinheiro, fosse à Fnac ou à Worten e comprasse um computador para lhe dar. E a coisa ia escalando e eu, cada vez mais irritada, já lhe dizia que ele expusesse o assunto ao Marcelo.

Acordei contrariadíssima, como se estivesse outra vez em ambiente de trabalho, com gente a reivindicar tudo e mais um par de botas, e tudo me vinha cair em cima e eu é que tinha que ser a má da fita. Primeiro que assimilasse que tinha sido um sonho foi uma carga de trabalhos.

Pois bem. Que nem de propósito, fomos almoçar a um belo restaurante, em cima do rio. E há compartimentos para cada mesa. Os compartimentos estão separados uns dos outros por ripas de madeira e, portanto, se os comensais falarem alto, consegue ouvir-se.

Nas minhas costas estavam 4 cavalheiros que falavam empolgadamente de trabalho, de orçamentos, de departamentos cujos objectivos ficam aquém, que os resultados parece que se arriscam a ficar aquém, que iriam ter que resolver algumas situações porque há desempenhos que parece que estão aquém. E falavam de nomes. E o meu marido repetia o nome e dizia: 'A X. vai saltar'. E só não digo aqui o nome dessa ou de outros pois não quero trazer más notícias. E eu, ouvindo-os falar, pensei que, felizmente, já estou fora destes números. Aliás, sempre odiei tratar de assuntos de trabalho ao almoço. Mas, independentemente de ser ou não almoço, fico mesmo contente de já estar distante deste tipo de problemas com o qual eu também estava confrontada.

Eu estava a saborear a boa comida, a conversar, a ver a vista, e aqueles pobres coitados ali enfronhados em problemas e mais problemas...

E agora aqui, à noite, enquanto nas televisões se debate o almirante e a pen e mais não sei que pepineiras, vou até ao YouTube e sou presenteada com o vídeo abaixo. E, portanto, à falta de melhor, aqui o partilho:

King of the Dorks (Elon Musk / Donald Trump song parody)

Who is the real king of the dorks - Elon Musk or Donald Trump? Also starring Mark Zuckerberg, Jeff Bezos, Kristi Noem, Pete Hegseth, RFK Jr, and Karoline Leavitt.

Song parody of "The King of New York" from "Newsies"


E siga o baile

sexta-feira, janeiro 31, 2025

Qual a pressa em descobrir já quem vão ser os candidatos a Belém? Está tudo deserto por se ver livre do Marcelo, é isso?

 

Não percebo. Que eu saiba, antes disso, ainda há as autárquicas. 

Ora, a este nível, há objectivos relevantes a ter em atenção. Por exemplo, há que correr com o cagalhoças papagaio que anda a dar cabo da reputação da cidade em vez de trabalhar. Em Setúbal, há que voltar a ter Maria de Dores Meira que, enquanto lá esteve, fez ressuscitar a cidade. Por exemplo. 

No entanto, em Lisboa, tomara que venha a verificar-se que Pedro Nuno Santos teve razão ao apontar Alexandra Leitão. Como já referi, tenho muiiiitas dúvidas. Do que lhe conheço, é coisa para a qual não terá um perfil por aí além. Palradora como é, uma palração redonda em que tudo começa e acaba no mesmo sítio, dando várias voltas in between, duvido que os eleitores a vejam como a 'fazedora' que se impõe quer para a função em geral, quer para Lisboa em particular.

Mas não é só nas autárquicas que o Pedro Nuno anda a navegar na maionese. Para as presidenciais, para além do chupa-chupa que deu ao Seguro e que o fez embandeirar em arco achando que a malta ainda não se esqueceu do zero à esquerda que é, continua a dar tiros para o ar como se não tivesse ideia nenhuma do que quer.

Não sei o que vai na cabeça de quem diz que o Vitorino será um bom candidato. A sério... Acreditam no que dizem ou estão apenas a querer parecer-se com ele, dizendo piadas secas atrás de piadas secas?

Não quero saber de sondagens nesta altura do campeonato mas vou já avisando (e já o disse algumas vezes): no Seguro obviamente não votarei, no Marques Mendes obviamente não votarei, no Vitorino obviamente não votarei, no Ventura, escusaria até de dizer: jamais votarei. A única circunstância em que votaria em qualquer dos três primeiros seria se estivessem a ir a jogo contra o Ventura. Aí, entre o diabo e os nhec-nhecs, taparia o nariz e engoliria as minhas convicções, e, pronto, lá votaria neles.

Volto a perguntar: a Elisa Ferreira não teria um bom perfil? Diria que sim. Se for o caso, não haverá quem a convença a sacrificar-se por mais uns anitos? Eu percebo que a ela lhe apeteça sopas e descanso mas, face à exiguidade de candidatos, não seria de alguém lhe falar ao coração? É que seria uma candidata digna, forte, vencedora.

A não avançar e a termos o Vitorino, o Marques Mendes ou o Ventura na corrida, obviamente terei que averiguar qual é a do Almirante pois, por exclusão de partes, pode acontecer que seja a única hipótese razoável.

quinta-feira, janeiro 30, 2025

Alguém me elucida: em caso de ocorrência resultante do mau tempo, para onde se deve ligar?

 

O tempo anda-me curto.

Apesar de me ter levantado cedíssimo pois vinha cá um técnico fazer um arranjo (arranjo esse que custou uma pipa de massa mas que não resolveu o problema pois, segundo ele, o problema estará a jusante da instalação que ele reviu, coisa que escapa à competência dele), e o meu marido a essa hora vai à rua com o cão e teria que isolá-lo num recanto do jardim para o senhor poder entrar e sair sem ser devorado, o dia não me chegou para o que queria.

Não sei se estou menos produtiva ou se são muitas as interrupções mas o que se passa é que chego a esta hora sem ter conseguido fazer o que pensava que faria em três tempos e com uma perna às costas.

À tarde, quando íamos sair, pensando que parecia vir aí um agravamento de tempo e era melhor antecipar-nos, começou a cair uma bátega de água e levantou-se uma ventania dos diabos. Fui à janela. O loendro revirava-se e parecia que iria pelos ares. Um vaso caiu. No jardim da casa ao lado, o cão andava desorientado, sem saber o que fazer. O nosso estava abrigado debaixo do telheiro mas, mal o meu marido o chamou, veio logo.

Ficámos em casa.

Quando as coisas se acalmaram, fomos, então, sair.

Mais à frente, uma árvore de grande porte tinha caído, partido um muro e derrubado uns postes. A rua estava intransitável. Uma vizinha estava na rua. Disse que tinha sido o tornado. E que já tinha ligado para o INEM. 

Fiquei na dúvida se o INEM deve ser avisado nestes casos. 

Umas ruas mais adiante, pernadas de árvore, a rua também intransitável e pernadas partidas de outras árvores, ainda presas, mas prestes a despenhar-se lá de cima, podendo ferir pessoas ou danificar viaturas. Pensámos: não deve ser para o INEM que se liga, deve ser para a Protecção Civil. Liguei. Passado um bocado atenderam-me e disseram-me que não, que deveria ligar era para a Protecção Civil do município.

Lá procurei. Indicação de que estava fechada. Tem horário de expediente administrativo. Liguei na mesma. Ninguém, claro.

Resolvemos, então, ligar para os Bombeiros. Uma confusão, a senhora que me atendeu falava comigo ao mesmo tempo que falava com os colegas. Eu mal percebia se era a minha vez de falar ou se a senhora já se tinha esquecido de mim. Percebi que deviam ter recebido muitas solicitações e que não estava fácil distribuir tanto jogo. 

Mas ficámos na dúvida: numa situação destas, para onde é que, afinal, se deve ligar?

quarta-feira, janeiro 29, 2025

É suposto termos medo?

 

Dá vontade de classificar como palhaçada, como se estivessem armados em bons. Ou melhor: em maus. Como se quisessem que a malta se acagace com eles. 

Ele é o que se sabe, tem a mania que é o maior, o melhor, o único. E ela, pelos vistos, não lhe quer ficar atrás. 

Parece que querem que a malta pense que, lá porque eles querem parecer sinistros, o melhor é fazer-se tudo o que querem sem que ninguém solte um pio.



Tenho lido ou ouvido que a Melania está elegante e que quer mostrar-se empoderada. Sobre a elegância não me pronuncio mas sobre o empoderamento o que tenho a dizer é que detesto a palavra, detesto quem a usa, detesto tudo o que a rodeia. E seja isto a propósito de mulheres ou de homens.

O que vejo nas fotografias é gente fechada sobre si própria, fechada aos outros. Melhor dizendo: cagando-se para os outros.

Mesmo que, na realidade, nem um nem outro façam pessoalmente mal a uma mosca -- por exemplo, não deem murros na cabeça de crianças, não estrangulem velhinhos, não torçam o pescoço a pássaros, não andem ao pontapé a cães velhos que já não consigam morder de volta -- a verdade é que fazem muito mal ao mundo. Poluem o mundo, poluem o planeta, agridem o género humano, atentam contra a dignidade e a inteligência do ser humano, desprezam os mais frágeis.

De gente assim, devemos guardar distância. 

Mas quando acontece o impensável e milhões de pessoas votam neles e que, quando o veem a dar ordens estúpidas ou maldosas, ainda os aplaudem, então fica a dúvida: o que podem os outros fazer? Os que não se reveem em nada disto, os que não gostam disto, os que acham que ter gente assim na Casa Branca é um assustador retrocesso civilizacional -- o que podem fazer?

Creio que uma única coisa: não ter medo, não vergar, não ceder. 

A história avança aos soluços, umas para cima, outras para baixo, um passo para a frente, dois para trás, um para o lado, outro para a frente. Analisando a coisa, vê-se que a longo, longo prazo, não se avança muito. Se calhar... até se recua. Mas como se vai para o lado, se calhar, sendo a rota outra, talvez não seja tão dramático assim. Não sei (ou melhor, esforço-me para não ser pessimista)

Sei é que se agora estamos num torvelinho, o mundo aos coices e às patadas, um dia destes a malta vai perceber a asneira que é votar nos porcos que, lá por andarem em duas patas e se vestirem de fato e gravata se acham tão bons ou melhores que os homens, é um barrete dos valentes.

Por isso, há que suster um bocado a respiração porque este mau bocado há-de passar.

terça-feira, janeiro 28, 2025

Quando o mal se aproxima, é prudente não relativizar, não desvalorizar

 

É que, depois, pode ser tarde demais.

A gente desvaloriza. É maluco. É o maluco a ser maluco. Está rodeado de malucos porque maluco atrai maluco.

Mas, o que se passa, é que, às tantas, estando os malucos no poder, não fazem outra coisa senão maluquices. E o pessoal, os 'normais', os que desculpam os malucos, começam a ser vítimas de tanta maluquice mas, aí, já é tarde de mais.

As ditaduras começam sempre de mansinho, alguém que diz 'as verdades', alguém que é 'contra o sistema', que fala o que os mais 'simples' percebem e gostam de ouvir. Alguém em quem esses mais 'simples' votam.

A história está farta de saber que é assim. Mas ainda não se aprendeu a combater de forma eficaz a cobra quando ainda está no ninho, fácil de ser neutralizada.

A vossa atenção para o vídeo abaixo (legendado).

The First Signs of Tyranny, From People Who Missed Them | NYT Opinion

Exile. Imprisonment. The end of elections. We know what tyranny looks like once it’s underway.

But how does it start?

In the Opinion Video above, you’ll meet people from around the world who missed the warning signs of tyranny taking root in their home countries.

They can see the red flags, in retrospect. And they have a word of caution: The rule of law doesn’t break down overnight, and checks and balances don’t collapse in an instant.

Tyranny takes time.


segunda-feira, janeiro 27, 2025

Constatações e perplexidades num dia assim

 

Num domingo sombrio, ventoso, chuvoso, até para secar a roupa esteve incerto. Quando me pareceu que, de certeza, não ia chover e pendurei a roupa, passado um bocado estava a chuviscar. 

Fomos caminhar e não me apeteceu levar o chapéu de chuva pois o vento levá-lo-ia pelos ares e, de resto, não chovia que se justificasse, mas cheguei a casa com o cabelo todo húmido, à frente quase que a querer encaracolar.

O tempo assim, molhado, é bom para a terra mas é um bocado pesado para a alma.

Os meus dois familiares continuam internados e uma pessoa de quem esperava um mail escreveu-me hoje a dizer que tem estado doente. Alguns amigos continuam com mazelas mas não posso vir para aqui armada em pessimista pois a maioria está bem e recomenda-se e encontro neles mais planos de se divertirem e gozarem a vida à grande e à francesa do que antes.

Portanto, ponho para trás das costas uma conversa cinzenta e falo de coisas boas.

O limoeiro está carregadinho de limões. As laranjeiras também estiveram carregadas mas tem sido um desatino. Muitas caíram antes de tempo, outras apodrecem nas árvores e, finalmente, os ratos devem andar a comer as mais doces pois temos encontrado laranjas como encontrávamos as romãs: a casca lá mas vazias por dentro.

No outro dia o meu marido viu um ratinho enfiado numa taça de vidro, mais copo que taça, que tem lá dentro vela citronela, daquelas usadas para espantar as moscas e abelhas no verão. Pois o ratinho, com o rabo de fora, estava a comer a vela.

O meu marido tem vontade de se desfazer do rato -- ou dos ratos. Mas eu não sei se não seria mais inteligente arranjar-lhes uma casinha e darmos-lhes de comer para ver se os tornamos mais civilizados. 

Tirando isso e o resto, gostava de perceber qual o racional do irracional ex-chegano ao vender roupa a preço da uva mijona. Mas, à medida que vou sabendo mais pormenores desta fabulosa história, mais vou pensando que não há racionalidade possível em nada do que envolve esta criatura que o partido Chega acolheu e tanto palco lhe deu.

A perplexidade invade-me sempre que alguém se revela extraordinariamente destituído de inteligência (ia usar uma palavra mas não quero cometer nenhuma injustiça para com o animal em que estava a pensar). Só que, neste caso, a total ausência de inteligência do 'bicho' alia-se a um descaramento totalmente desavergonhado. E isso torna tudo ainda mais desconcertante. Podia ser cómico, e é muito, mas deixa de sê-lo quando se pensa que é deputado da Nação, que se prepara para continuar a ser -- e que vive à conta do erário público.

Que a criatura esteja agora de férias, a receber o ordenado, pago pela Segurança Social ainda mais me revolve as entranhas. 

A democracia deixa-se devorar por dentro ao fechar os olhos e admitir aberrações destas.

Mas, pronto, adiante.

E venha daí uma nova semana.

domingo, janeiro 26, 2025

Uma pergunta: as baixas médicas são a la carte? Uma pessoa pode dizer, no maior dos à-vontades, que 'vai meter baixa'? E, na realidade, haverá alguém que lha concede? Isso é assim?
E a gente -- leia-se a Segurança Social -- a pagar para um qualquer malandro ficar no bem bom, sem trabalhar?
Pergunto.

 

A pergunta é geral e não apenas para alguém em particular: 'mete baixa' quem quer? É à vontadinha?

Como ilustração, transcrevo o título de duas notícias que me deixam estupefacta:

"Vou meter baixa psicológica": Miguel Arruda parte para os Açores sem data de regresso

Miguel Arruda anuncia que vai meter baixa psicológica e regressa aos Açores. "A minha família está um caco. Não sei quando volto"

A inspecção da Segurança Social não funciona?

Agora ainda mais esta:
"Por que você deve focar em ganhar músculos - e não em emagrecer - conforme fica mais velho"

 

Pensava que as caminhadas eram quase remédio santo mas, afinal, parece que não. O meu filho tem vindo a informar-se e diz que parece que há unanimidade: a massa muscular é crítica. Acreditamos que sim -- e aliás, a mim, quando foi aquilo dos joelhos, os médicos sempre referiram que os músculos é que sustêm o esqueleto e não o contrário, pelo que há que fortalecê-los.  O meu marido deu um jeito ao ombro e ficou com a clavícula esquisita e o osso que se junta com o esterno inflamado e, claro, cheio de dores. Depois de vários exames, as conclusões apontaram que, em paralelo com uma fisioterapia, o essencial era reforçar os músculos. Tem estado em casa a seguir o plano que lhe deram na clínica e, por incrível que possa parecer, as dores do ombro passaram. 

Portanto, vamos pôr-nos em campo a ver se no início do mês que vem começamos a sério (a sério dentro das nossas limitações e condicionantes, claro) e, entretanto, já estamos a fazer séries de exercícios em casa guiados por uns vídeos que a minha filha nos enviou. Todos os dias, tenho feito cerca de meia hora de exercícios. Isto para além de cerca de uma hora ou hora e meia de caminhada todos os dias. E na boa.

Não sei se todos os que estão aí desse lado estão ao corrente disto mas como, enquanto trabalhei, o meu foco estava em conseguir dar conta de todos os recados e o meu corpo ficava para secundaríssimo plano, admito que haja mais como eu. Portanto, partilho o vídeo abaixo:

Por que você deve focar em ganhar músculos - e não em emagrecer - conforme fica mais velho

A médica americana Gabrielle Lyon tem uma mensagem a seus pacientes: para envelhecer bem e ter qualidade de vida na velhice, é necessário construir e manter músculos.

"Talvez a gente não se importe tanto em usar biquíni, mas nos preocupamos muito mais em sermos autônomos, ter força para pegar nossos netos no colo. Carregar suas próprias compras, viver de forma independente, esse é o primeiro motivo para se preocupar em manter uma boa massa muscular", diz a geriatra, que é autora do livro A Revolução dos Músculos, lançado pela editora Intrínseca em março.

"Mas vai muito além disso. Manter massa muscular ajuda a prevenir doenças crônicas como obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares... Quadros que se tornam mais comuns conforme as pessoas envelhecem."

Neste vídeo, a repórter Giulia Granchi fala do superpoder da musculação. Confira.

sábado, janeiro 25, 2025

Fujo do resto para coisas mais assim.
Por exemplo: Fernanda Torres - faz muita coisa e, pelos vistos, tudo bem.
E, com sorte, ainda vem um Oscar a caminho
- E, para além disso, segundo aqui se diz, também uma boa pele

 

Continuo ocupadíssima. É assim que gosto de estar. Gosto de fazer coisas que nunca fiz antes, gosto de aprender a fazer. De forma geral, gosto de aprender por mim e, espero que percebam que o que vou dizer é fruto da minha sinceridade e não da minha imodéstia: é que acho que aprendo depressa e não tenho muita paciência para as formações ministradas por outros, step by step, demoradas e repetitivas. E, quando estou neste processo, entusiasmo-me e, imoderada como sou, ponho o pé na tábua, acelero e é de sol a sol. 

Claro que não será totalmente assim pois há as caminhadas, as lidas da casa, as conversas, seja por telefone seja por mensagem, há tudo o resto que faz parte da vida. Mas, no resto do tempo, estou atirada ao que agora me mobiliza e de que, um dia destes, vos contarei.

Claro que, sendo isto tudo novo para mim, de vez em quando tropeço. Mas como tenho impresso nas minhas células aquela velha máxima de que para a frente é que é caminho, reajusto-me, corrijo, refaço, e bola para a frente.

Claro que, com isto, não tenho grande disponibilidade e, sobretudo, disposição para me pôr a falar da delirante pinderiquice de um deputado larápio ou, sobretudo, muito, muito, muito menos, da desordem mundial  a que provavelmente estamos a assistir. Ainda por cima faltam-me bases para poder perceber se é normal, de vez em quando, o mundo desatar aos soluços ou aos coices e mandar a ordem às malvas, colocando tudo num caldeirão em que a insensatez, a ganância, a malvadez, a arrogância, o medo, o ódio, o disparate, tudo, tudo se mistura sem se saber o que, no fim, se aproveitará. Mas, na minha ignorância e com o meu optimismo, custa-me muito ficar assustada e pessimista a achar que nos aproximamos a passos largos do fim dos tempos. Quero acreditar que desta caldeirada meio infecta a que assistimos haverá de nascer uma nova ordem, mais harmoniosa, mais generosa, mais inclusiva, bondosa, mais influenciada pela ciência e para verdade.

Mas, portanto, chego a esta hora e, antes de voltar à minha vida, passo os olhos pelas notícias ou espreito a televisão. Por exemplo, neste momento vejo e ouço um programa (Em Casa d'Amália) conduzido por um tipo muito castiço, o José Gonçalez, que pode não ter um jeito por aí além para apresentar programas de televisão (ou para se vestir) mas que leva gente incrível para cantar. Tenho conhecido ou revisto cantores fantásticos, tenho visto malta nova a cantar maravilhosamente, muitas vezes ali meio à desgarrada. Por exemplo, neste mesmo momento está o Luís Trigacheiro, maravilhoso Trigacheiro, a cantar a Chamateia em conjunto com o que creio que se chama Tiago Nogueira dos Quatro e Meia. Que momento lindo.

Mas, ao mesmo tempo vou espreitando vídeos e hoje vou partilhar um que não tem nada a ver com nada disto mas que sabe bem, aligeira, põe as ralações para lá.

Fernanda Torres conta os segredos de sua pele | Superbonita

Os cuidados com a pele ganharam um novo nome nestas duas décadas: é a rotina de skincare, alavancada pelas influencers do mundo digital. Os tutoriais de maquiagem também criaram uma nova cultura no universo da beleza e a pele negra foi valorizada. Isso sem falar em todos os modismos e cores de make! Todos estes assuntos são abordados por Taís Araújo, que revisita os arquivos do SuperBonita ao lado de Fernanda Torres.

Um bom fim de semana

sexta-feira, janeiro 24, 2025

Por acaso, o dia até não foi mau de todo

 

E eu achar isto dá bem a dimensão, bem pequenina, das minhas expectativas.

Enfim.

Desde que, no verão de 2021, a clínica em que tinha feito um ECG de rotina se assustou com o que viu e  accionou o protocolo dos enfartes agudos de miocárdio, chamando o INEM que -- tendo visto os exames e tendo-me feito não sei o quê mais (eu estava baralhada de todo com o que estava a acontecer e acho que nem dei bem pelos exames que me fizeram) --, me puseram numa ambulância a caminho de um hospital onde uma equipa me esperava para me conduzir à sala de reanimação, que sou vigiada por um cardiologista. Primeiro mais amiúde, agora de ano a ano.

Por isso, há dias fiz análises e hoje fui fazer um exame de cardiologia. Não posso dizer que vá completamente descansada pois o que aconteceu naquele dia vacinou-me. Geralmente com tensão arterial normal, a atirar para o baixa, e sem razões de queixa, naquele dia fui fazer o ECG como sempre o fiz: na maior, totalmente descontraída. Aliás, de tal forma que, ao princípio, nem percebi bem qual a razão das reservas da técnica que estava a fazer o exame nem exactamente o que se passou depois. Mas passei essa noite no hospital e tive depois que fazer exames atrás de exames. Portanto, aprendi a não ser tão ligeirinha.

Mas, de qualquer forma, não vou extraordinariamente preocupada. E, de tal forma que, tendo-me posto deitada de lado na marquesa (de tronco nu -- mas isso não vem ao caso), com o braço do lado sobre o qual estava deitada dobrado sob a cabeça, e tudo na penumbra enquanto o médico ia avaliando o estado da tubagem, das válvulas e do motor, o ritmo a que o sangue é bombeado, e etc, por duas ou três vezes tive que me espertar pois senti que estava mesmo quase a adormecer. E não teria jeito nenhum.

Mas, tirando ali uma observação a propósito de um certo mas leve desalinhamento, parece que so far so good. Trouxe logo o relatório e isso também foi agradável.

Portanto, foi bom.

Dali fui ao supermercado e, para além das coisecas que lá me tinham levado, passei pela banca do peixe e vi uns belos chocos frescos. Não resisti. Não é do mais aconselhável para o jantar mas, enfim, muito mau também não será, e, além disso, jantámos por volta das oito da noite, dá tempo a fazer a digestão antes de ir para a cama. E os chocos estavam mesmo bons. Fresquinhos, quase a saberem a mar, os interiores carregadinhos e saborosos, a tinta bastante activa mas gomosa. Temperei com cebola fresca às rodelas fininhas, salsa, vinagre de sidra e azeite. Acompanhei com batata e batata doce cozidas com casca, cenoura e feijão verde. Soube-nos mesmo bem.

Fui ainda ao Celeiro. Trouxe as cápsulas de Omega 3 que tinha ido comprar e, gulosa como sou, aproveitei para trazer uma fatia de torta de cenoura. Quando estava a pagar, reparei que as duas empregadas da caixa estavam enlevadas a olharem para a mulher jovem, pequenina, magrita, elegante, que estava à minha frente. Pareceu-me reconhecer vagamente a dita mas sem saber quem. Quando saiu, as duas empregadas olharam uma para a outra, sorriram, disseram uma à outra que tinham logo visto quem era. E estavam como se lhes tivesse saído o euromilhões, como se tivessem visto uma diva em carne e osso.

Quando ia no carro, ocorreu-me um nome. Googlei. Era ela. A mulher de um jovem também muito conhecido. Ela não sei se é apenas influencer e mulher dele ou se faz mais alguma coisa. 

Mas o embevecimento daquelas duas senhoras da caixa pareceu-me comovente -- e estou a falar a sério. É que tudo isto é bem a ilustração dos tempos que correm

Dali ainda fomos fazer uma caminhada para um parque. Andar na natureza é sempre um bálsamo. 

Além disso o dia não esteve escuro nem pingão como nos dias antes e isso também é bom.

E agora vou ver a telenovela Promessa que tenho gostado de ver e que tem desempenhos fantásticos, soberbos, de vários actores.

A seguir irei esforçar-me por não adormecer (hoje ainda eu estava a dormir e já o telefone me tocava pelo que estou com o sono em falta). Quero ver o Eixo do Mal pois sempre quero ver o que se vai dizer depois de uma semana tão cheia de espectáculos de tipo revisteiro, rocambolesco ou grotesco.

quinta-feira, janeiro 23, 2025

Não tenho muito a dizer

 

Hoje haveria vários temas divertidos para abordar, desde a possibilidade de termos um deputado larápio, um upgrade dos que fanam carteiras no 28, até à graça de ter o delfim Musk a criticar no X uma das mega decisões do Trump.

Mas não estou muito para aí virada. Faz um ano que o telefone tocou à noite trazendo a notícia que eu mais temia. E ainda não consigo perceber como é que já passou um ano nem consigo passar por cima deste grande paradoxo que é a vida humana, tão efémera, tão destituída de lógica. E parece que ainda não há muito andava eu a tentar convencê-la a tomar os comprimidos para aquilo que afinal nem era o principal problema, a rebater os seus argumentos sobre efeitos secundários, efeitos esses que, de tão variáveis e tão erraticamente empolados, eu achava que eram fantasia mas que provavelmente era apenas a sua maneira de desviar a atenção do problema sério que ela escondia, provavelmente até dela própria.

E depois há as saudades. A falta.

Mas o tempo corre, a vida continua. É assim mesmo.

Neste momento, mais dois familiares próximos estão internados e eu espero, espero, que se ponham bons. Mas sei que bons, bons, bons como antes, dificilmente ficarão. 

Mas, ao mesmo tempo, novas crianças vão entrando na passadeira rolante, crianças que riem, que brincam, que aprendem. E adolescentes que se estreiam nas artes do amor. Jovens adultos que progridem na sua vida. 

Portanto, há que saber conviver com memórias, com perplexidades, com preocupações, com saudades e com expectativas e esperanças e com alegrias.

Apesar de estar bem consciente disso, hoje não estou propriamente inspirada ou motivada para grandes conversas.

Mas vi um vídeo que me agradou imenso e que aproveito para partilhar convosco. A dona da casa é artista que admiro e com quem simpatizo. E a sua casa é fantástica.

Isabel Teixeira expõe literatura, arte e história em sua casa! | Pode Entrar | GNT

O lar de Isabel Teixeira se resume à história. Seja de seus avós ou de sua própria caminhada, a atriz tem desde o piano de sua avó, passando pelos livros autografados de Guimarães Rosa de seu avô até a fotografia de seus bisavós❣️

Dias felizes.

E não nos esqueçamos que a vida é para viver.

quarta-feira, janeiro 22, 2025

Árvore genealógica das responsabilidades relativas às recentes trapalhadas do Ministério da Saúde
-- E umas quantas sugestões aos Senhores Jornalistas --

 

O pecado original está em Marcelo que agiu a contragosto do voto dos portugueses e conseguiu pôr gente do seu PSD no Governo

A primeira derivada está em Mentenegro que fez uma campanha eleitoral baseada em falsidades e em promessas inexequíveis e que, tendo conseguido levar parte dos eleitores ao engano, avançou para o Governo sem vergonha, dando o dito por não dito e apropriando-se do trabalho feito pelos que o precederam (o Governo de Costa) como se fosse seu.

No tema da Saúde, a segunda derivada está na ministra Ana Paula Martins que, desde que chegou (e, aliás, antes de ter chegado), mostrou claramente que não servia para o cargo: não tem competência, não tem experiência e não tem 'atitude' (digamos assim, 'atitude', por uma questão de generosidade da minha parte)

A terceira derivada tem múltiplas derivadas, tantas quantas as nomeações de Ana Paula Martins.

Já várias vezes daqui dirigi o meu apelo para que os Senhores Jornalistas:

- Vão conhecer os CVs de toda a gente nomeada por Ana Paula Martins e nomeados pelos que ela nomeou. E drill, baby, drill

- Obviamente não me espantei com a notícia de que Ana Paula Martins conhecia as acumulações do Pyn'ta's Gandra. Por muitos motivos.

- Ela mesmo hoje se descaiu ao referir que a Cresap emite pareceres. Aí reside o ponto, a Cresap é um órgão consultivo, pode emitir alertas, colocar reticências mas, querendo ela ou o chefe dela avançar com a contratação de amigos e correligionários, passam airosamente por cima dessas 'picuinhices' e contratam mesmo. 

- Uma nota: estes lugares, ao serem 'oferecidos' a médicos, levantam, à partida, algumas questões. Uma delas é que proporcionam ordenados que, para médicos em exercício, entre ordenados tout court e 'bancos' e actos 'à peça' ou prestações de serviços, tiram muito mais que isso. Portanto, admito eu, para aceitarem as novas funções, os médicos colocam como condição que continuem a fazer uns extras por aqui e por ali, assim ou assado, por cima ou por baixo, por dentro ou por fora. E, admito eu, pessoas com espírito videirinho, facilmente dirão que sim, claro que sim, que mesmo que a Cresap levante alguma 'comichosice', eles, que são executivos, passarão por cima e decidirão. Isto admito eu mas, claro, posso estar enganada. Mas os Senhores Jornalistas podem ir averiguar.

- Em relação ao Pyn'ta's Gandra (que admito que não seja caso único), sugiro que os Senhores Jornalistas, investiguem:

1 - Sabemos que o SNS pagava cerca de 50 €/h pelos serviços dele mas, pelos vistos, o SNS pagava não a ele mas à empresa que ele terá criado para 'parquear despesas' e, com isso, pagar o mínimo de impostos. Seria interessante saber, qual o ordenado que lhe era 'contabilisticamente' imputado nessa empresa. Quase adivinho que uma ninharia comparada com a realidade, para pagar o mínimo de IRS. *

2 - Seria interessante saber que outras despesas eram imputadas à ou às empresas do Pyn'ta's Gandra *

3 - Seria interessante saber quanto é que o Pyn'ta's Gandra tem pago de IRS (somados os rendimentos das funções oficiais mais os que recebia pela 'porta do cavalo' - isto é, como tarefeiro ou ao serviços da empresa ou empresas que detinha) *

4 - Seria interessante que os Senhores Jornalistas averiguassem outro tópico: qual a data em que o Pyn'ta's Gandra apresentou o Atestado Multiusos e qual a data em que recebeu a decisão. Contraponho com um caso que conheço pessoalmente. A minha mãe, pelos seus diversos problemas de saúde, apresentou um Atestado Multiusos no início de 2020. Mas meteu-se a Covid, depois acumularam-se muitos processos, e, apesar de várias insistências nossas, fomos recebendo informação que a chamada para as juntas médicas estava com um grande atraso. Quando a minha mãe estava já bastante doente, enviei um mail, revoltadíssima, a informar que qualquer dia a minha mãe já não poderia deslocar-se para a dita junta médica. No dia do seu velório recebi um telefonema a dizer que queriam agendar uma junta médica para daí por algum tempo. Informei-os que era tarde demais, a minha mãe tinha morrido na véspera. Ou seja, entre a entrega do Atestado e a pretensa marcação de uma Junta decorreram cerca de 4 anos, e, isto, apesar de muitas insistências nossas. Como compara isto com o processo do Pyn'ta's Gandra?

5 - Seria interessante ainda que os Senhores Jornalistas verificassem o teor do Atestado Multiusos e como foi possível que lhe tivessem declarado uma incapacidade de 60% quando, pelo que se lhe conhece, por exemplo, ao fazer turnos de 46 horas e isto depois de fazer mais de 500 km para baixo e 500 km para cima e isto depois de uma semana de trabalho, supostamente intensa, parece ser apto em 150%.

E agora mais uma, Senhores Jornalistas: porque não confrontam o Presidente Marcelo com a sua dualidade de critérios ao massacrar, martirizar ministros decentes e competentes dos Governos de Costa, na prática quase imponto a sua demissão, e, agora, elencar desculpas manhosas para justificar todas as vergonhas deste Governo, nomeadamente, as que derivam das barracadas calamitosas desta Ana Paula Martins? Beato como é, convive bem com a sua consciência? Ou vai a Fátima pedir desculpa e não se fala mais nisso?

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* Estes temas, Senhores Jornalistas, não são exclusivos do Pintas Gandra, são de quem quer e pode. É a fuga ao fisco legalizada, generalizada. Transversal a todos os partidos. Investiguem, Senhores Jornalistas. Drill, baby, drill.

terça-feira, janeiro 21, 2025

Na tomada de posse de Trump quem esteve melhor foi Michelle Obama

 

Sobre Trump digo aquilo que agora é moda dizer dos malucos: foi Trump a ser Trump. Fez e disse de tudo. Mostrou que não sabe o que são conceitos, certamente para ele abstractos, como decência, respeito, decoro, bom senso, normalidade, noção. Mas não me apetece aprofundar. Os comentadores que escavem no que aí vem. Drill, baby, drill

Sobre Melania Trump digo a mesma coisa: foi Melania a ser Melania. Para não andarem a ver se o sorriso era forçado ou se mal conseguia o ar de vómito, desta vez resolveu quebrar o protocolo e mandar às malvas as etiquetas e, num espaço fechado, apresentou-se de chapéu, ainda por cima um que lhe tapava a cara. E, quando o marido quis beijá-la, fez o número do costume e não apenas fugiu com a cara como lhe colocou a aba do chapéu na rota da aproximação dele.

Sobre a corte high tech, com os verdadeiros donos do mundo a mostrarem-se como uma corte unida, um anel de segurança em torno de Trump, custa-me a falar. Assusta-me demais.

Sobre o novo penteado de Zuckerberg tenho alguma dificuldade em encontrar-lhe o racional

Sobre Sundar Pichai, o CEO da Google, ocorreu-me a questão de sempre: não põe aparelho nos dentes porque não está para gastar dinheiro ou porque gosta de se ver assim?

Sobre Lauren Sanchez, a companheira de Bezos: não falo da boca. devidamente uniformizada, mas da toilette. 

Refiro apenas que optou por vestir o casaco directamente sobre o soutien. E não digo que sim nem que não, apenas que vale tudo. Até as patilhas do Milei, completamente descabidas, ali tiveram cabimento.

Sobre as rezas durante a cerimónia não digo que é de loucos, não digo nada: esteve ao nível de toda a pirosice daquilo tudo, uma coisa mais de igreja evangélica do que cerimónia pública do mundo desenvolvido. E, se não de igreja evangélica, então filme cómico, paródia de quinta categoria.

Sobre as filhas e as noras de Trump e outras senhoras da mesma idade: estão todas a trabalhar para ficarem iguais umas às outras com maçãs de rosto redondas e elevadas, bocas enxertadas, pele esticada. para além disso, a Ivanka foi mascarada de dama de início do século passado com uma boina lateral.

De resto, muito haveria a dizer como, por exemplo, sobre aquela senhora bem fornecida de carnes que se apresentou de fato justo e saia repuxada pelo meio da coxa ou sobre várias outras desconformidades, de todo o género, e que rezaram, aplaudiram, fizeram ar embevecido ou riram como tontas -- e que pareciam estar ali apenas para fazer ver ao mundo como é que Trump foi eleito. Mas não me apetece.

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As fotografias provêm do Madame le Figaro

segunda-feira, janeiro 20, 2025

Pessoas que dizem coisas

 

Há pessoas que dizem coisas. Como conseguem pôr um ar compenetrado e como conseguem manter uma certa consistência nesse 'ar', há quem os leve a sério e se convença de que eles têm coisas a dizer. E, de facto, têm. Têm sempre coisas a dizer.

As frases geralmente são bem construídas, não têm pontas soltas, e sobretudo são sempre elaboradas e expostas com o ar de quem sabe o que diz, de quem reflectiu maduramente no assunto e de quem, obviamente, fala com propriedade e conhecimento de causa.

Efectivamente, as suas frases não têm pontas soltas. De facto, começam e acabam no mesmo sítio, são frequentemente redondas. E têm a característica de que, bem vistas as coisas, espremem-se e não deitam sumo. Melhor dizendo: não deitam nada. Melhor dizendo: não se aproveita nada.

Quando acabam de falar, se quisermos resumir o que disseram, dificilmente encontraremos algo digno de realce a não ser que disseram coisas, coisas bem explanadas. Mas coisas inúteis. Se quisermos ser sinceros diremos até que falaram apenas para não ficarem calados. Ou, se quisermos ser inteiramente justos, diremos que falaram porque gostam de dizer coisas e gostam delirantemente de se ouvir.

Em todo o lado há gente assim. Não se lhes conhece obra, pensamento disruptivo ou, pelo menos, criativo. Nada. Apenas falam. Geralmente falam bem. Sabem até colocar bem a voz. Estão treinados.

Não vou falar de ex-colegas pois não são para aqui chamados. Vou apenas falar dos que estão na vida pública pois põem-se a jeito para a gente poder falar deles.

E vou ser sectária: vou falar apenas dos que são ligados ao PS pois deles se falou ou fala para putativo candidato presidencial ou sobre o assunto têm opinado.

Assim de repente, lembro-me de alguns. António José Seguro, Francisco Assis.

E António Vitorino. E, lamento dizê-lo, António Guterres (que não faz parte da lista dos presidenciáveis mas que fica bem aqui nesta grupeta).

Tenho dito.

Até amanhã.

PS1: Espero bem que o Pedro Nuno Santos, que tem revelado uma certa falta de jeito a escolher pessoas e, lamento, uma certa falta de tino, fique um bocado mais calado, reflicta melhor no que o País quer em vez de andar às voltas dentro do seu círculo, e não ponha o PS a apoiar nenhum destes

PS 2: Agradeço todos os comentários e o meu marido também. Agradecemos e gostamos muito de aqui ter os vossos contributos e testemunhos. Vou tentar que, a partir desta semana, volte à saudável prática de agradecer individualmente.

domingo, janeiro 19, 2025

[Em actualização] - O propositado desgoverno do SNS
- a palavra ao meu marido

 

O Mentenegro vai conseguir concluir antes da data prevista o objetivo que tinha/tem de acabar com o SNS. 

Nomear a Ana Paula Martins para ministra da Saúde -- a sua incompetência para o cargo é demonstrada dia sim, dia sim -- foi uma peça do puzzle. O objetivo é passar os processos lucrativos da Saúde para os privados e deixar ao cuidado dos serviços públicos os casos que os privados não querem. É esta a politica do Governo.

O caso Gandra d´Almeida é exemplar. Primeiro o Governo correu com o Fernando Araújo que manifestamente tinha  a competência suficiente para o cargo de diretor executivo do SNS,  e nomeou um incompetente. 

E quando me refiro ao Governo é porque não acredito que o processo que conduziu à demissão de FA e à nomeação de GdA não tenham tido o beneplácito do PM. 

"Acertaram" na escolha do novo diretor executivo do SNS porque a incompetência do d´Almeida conseguiu piorar  a prestação dos serviços do SNS em todos os aspetos, e todas as medidas que tomou foram um desastre. Obviamente que a Ministra é corresponsável por este estado de coisas. 

Mas tiveram azar: o d´Almeida não conseguiu levar o trabalho até ao fim. A comunicação social  descobriu que o d`Almeida, para além de incompetente, é um tipo cheio de chico espertezas. Era diretor do INEM Norte e, embora seja proibido, prestava serviços remunerados como tarefeiro em Hospitais no Algarve. 

Devia ser esclarecido como, sendo diretor a tempo inteiro, viajava 500 km e conseguia prestar serviços durante o número de horas suficientes para ganhar cerca de 200 mil Euros em pouco mais de dois anos. 

Mas, aparentemente, a ser verdade a suspeição que veio a lume, a chico esperteza pode não se ter ficado por aqui. Segundo notícias e ainda em investigação, há desconfianças de que tenha ultrapassado filas de espera para uma cirurgia no SNS e, pasme-se, embora tivesse uma atividade profissional muito acima da media, parece que conseguiu que lhe fosse atribuído um grau de incapacidade de 60%. 

Entretanto, criou uma empresa com a mulher para faturar os serviços que prestava, empresa essa onde provavelmente "meteria" todas as despesas que podia para não pagar IRC. E, simultaneamente, como tem uma incapacidade de 60%. tem desconto no IRS. O d`Almeida não brinca em serviço ou não fosse ele militar. 

Realmente é preciso descaramento! 

Mas também é preciso fazer algumas perguntas: o governo não sabia do "esquema" do d`Almeida? Ou a ministra saberia e "assobiou" para o lado? 

Que tipo de escrutínio é feito quando são nomeados dirigentes? 

O critério é apenas o cartão do PSD, não sendo relevante a competência? 

Se as nomeações do Governo/Ministra para o SNS e para o INEM foram os dois incompetentes que conhecemos, provavelmente os novos administradores das ULS serão igualmente incompetentes nomeados por critérios apenas partidários, ou não? É o mais provável.

Será que as ressalvas da CRESAP na escolha dos futuros administradores e directores são tidas em conta ou basta apenas a assinatura do PM para eles serem nomeados, independentemente de não terem competência para  a função? 

Também seria interessante sabermos quantos médicos saíram do SNS para o privado mas, de facto, continuam a prestar serviços ao SNS como tarefeiros. O valor pago definido pela atual ministra potencia este estado de coisas. 

Só mais uma coisinha: tem sentido os médicos formarem empresas para prestarem serviços como tarefeiros ao SNS unicamente porque, assim, conseguem pagar menos impostos? Eu diria que não!

O objetivo do Montenegro e da Ana Paula Martins parece ser darem cabo do SNS e, passo a passo, parece que estão a caminho de o conseguirem. 

Contudo ainda tenho alguma esperança que não sejam bem sucedidos.

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Já agora

Já agora: quando é que arranjam alguém competente que queira e tenha competências para ir para a frente do INEM? É que, do que depreendi das notícias, o Major Sérgio Dias Janeiro, que está a prazo, tendo concorrido à vaga, não foi considerado apto para a função. 

E, também já agora: quando é que são conhecidos os resultados do inquérito às circunstâncias da morte de 11 pessoas durante a greve do INEM? Já tardam, não?

sábado, janeiro 18, 2025

António Gandra D’Almeida et al.

 

Esta situação vergonhosa de António Gandra D’Almeida, um verdadeiro pintas, não diz muito apenas sobre ele mesmo. 

Todo o seu percurso, passando pela cirurgia -- em que se anda a apurar se não passou à frente dos outros --, ao atestado que o declara com, se ouvi bem, 60% de incapacidade! (o que se traduz em redução de impostos), à acumulação de funções... dizem muito sobre a figura. Mas diz também muito sobre quem o escolheu, sem exercer um cuidadoso escrutínio e sem avaliar a idoneidade da pessoa. Mas este episódio diz sobretudo muito sobre como se pratica """"""a optimização fiscal""""" neste país, com o conhecimento e beneplácito de todos. E ponham muitas aspas nesta optimização. É que optimização uma ova. Fuga aos impostos, isso sim.

Já aqui falei nisso mil vezes. Para não pagarem IRS elevado (que, na realidade, no nosso país é um imposto absurdo, populista, que trata como milionaríssimas pessoas que apenas estão um pouco acima da classe média) há muitos meninos e meninas que criam empresas, muitas vezes unipessoais, às quais imputam toda a espécie de custos (leasing de viaturas, combustíveis, portagens, despesas em restaurantes, provavelmente a água, a luz e os telefones de casas, talvez até a renda ou a prestação da casa, carregando-as de despesas para não pagarem impostos ou pagarem quase nada pois conseguem que essas 'empresas' não tenham lucros que se vejam) e aí declarando um ordenado relativamente baixo. Com isso pagam pouco IRS e pouco ou nenhum IRC.

Os hospitais ou clínicas ou lares ou o que for, em vez de contratarem directamente os médicos, contratam estas empresas de prestação de serviços.

Claro que não são só os médicos que fazem isto. É meio mundo. Read my lips: é meio mundo. 

Já aqui o disse mil vezes: quando se vê quem, em Portugal, paga IRS pela medida grossa, surpreende-se por ser tão pouca gente. Em contrapartida com casas luxuosas, carros topo de gama, a frequentarem restaurantes caríssimos e a fazerem férias de luxo há carradas e carradas de gente. Quem gere a máquina fiscal não vê isso? Não?

Diria eu que grande parte dessa gente que vive à grande e à francesa, pagando um IRS baixo, deita mão destes e de outros esquemas. Tudo previsto pelo fisco, tudo certinho. Não sabem os legisladores destes esquemas? Ai não, não sabem...

E, no entanto, porque é que isto atravessa governos? Porque é deste e doutros esquemas equivalentes que se alimenta uma parte considerável dos mais abonados da nossa sociedade. Todos sabem, todos calam. Uma mão lava a outra.

Neste lamentável caso de mais esta palhaçada no Ministério de Ana Paula Martins gostava muito que a Comunicação Social pegasse neste tema. No entanto, não sei se os jornalistas também não recorrem a estes esquemas. Quanto aos partidos, creio que vão assobiar para o lado: é tema que mexe em muito boa gente, mais vale não agitar as águas.

sexta-feira, janeiro 17, 2025

Superar o legado de famílias disfuncionais

 Disclaimer:

Pergunta: Haverá famílias absolutamente funcionais?

Resposta: Duvido

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Abaixo partilho um vídeo que me parece um testemunho importante. 

Quantas vezes as pessoas arranjam neuras, pancadas, fobias, fixações, embirrações apenas porque veem as coisas segundo a sua própria perspectiva, ignorando a dos outros? E, quando entendemos melhor os outros, quantas vezes não mudamos o nosso ponto de vista, não percebemos que arranjámos problemas desnecessários, nos arreliámos por motivo nenhum?

E quantas vezes criticamos nos outros por não fazerem o que nós também não fazemos? Ou por fazerem o mesmo que nós também fazemos? Ou criticamos nos outros aquilo que os outros dizem também de nós?

Sugiro que vejam o que o António Raminhos aqui conta.

Como superei o legado da minha família disfuncional | António Raminhos | TEDxPorto

Para António Raminhos, todos temos um legado, uma cronografia que nos precede. Cresceu no seio de uma típica família disfuncional dos anos 80, com relações e narrativas peculiares, mas hoje olha para trás com um sorriso e não queria ter de contar outra história.

Na sua talk, partilhou alguns desses momentos, trazendo leveza e comicidade mas sem deixar de refletir sobre a importância vital dos nossos antepassados e como devemos reconhecer o papel fundamental que desempenham nas nossas vidas.

Na sua experiência com a sua família, o julgamento e falta de afeto que sentia criaram-lhe as condições para perturbações do foro mental, tal como ansiedade e perturbação obsessiva-compulsiva. Mas através do diálogo com os seus familiares, e em especial com o seu pai, conseguiu conhecer o passado destes, com as suas perspetivas e dificuldades, compreendendo que a forma como tinha sido educado foi o resultado do melhor que sabiam e puderam fazer. Reconhecer a história dos seus pais e avós foi assim uma forma de ultrapassar o legado que recebeu e de conceber um novo para a sua família.

 Da televisão à rádio, dos livros aos podcasts, das redes sociais aos grandes palcos em nome próprio, António Raminhos surpreende ano após ano reinventando-se.

(...)

quinta-feira, janeiro 16, 2025

Nos tempos do Chat GPT que nos coloca toda a inteligência e conhecimento ao alcance das mãos, olhem bem a graça desta cadela que reconhece mais de 200 objectos pelo nome...

 

Quando tínhamos a nossa boxer mais linda e mais fofa, eu dizia: 'Vai buscar o pau'. Ela olhava-me de lado para ter a certeza de que tinha percebido bem e lá ia ela. Andava, andava, até que aparecia com um pau. 

Depois eu pedia: 'Agora a bolinha,' e ela lá andava a espreitar e a cheirar debaixo de sofás e, um bocado depois, lá aparecia com a bolinha. Mas se eu pedia: 'Onde é que está a bola?' ela ia e aparecia, algum tempo depois, com a bola maior. E havia uma coisa a que eu não sabia que nome dar e chamava 'brinquedo'. Ela pensava e lá me aparecia com aquilo. 

Com este cãobeludo, teimoso e temperamental mas que talvez seja mais inteligente que ela, as coisas não são bem assim. Só faz quando lhe apetece. Traz o que é suposto mas só quando está para aí virado. Outras vezes vai buscar o que pedi mas não me dá, fica de longe com as coisas, a olhar para mim. Mas, se eu não lhe ligar, vem-me dar uma mordiscadela para ser eu a ir brincar com ele. 

Penso que identifica todas as pessoas da família e arredores tal como percebe quando lhe digo que vem cá alguém a casa. Outras vezes, apesar de usarmos conversação normal, ele percebe. E quando vamos a casa por exemplo da minha filha ou do meu filho, como o carro fica sempre longe, ele vai a puxar, a puxar, na maior impaciência, e passa por ruas e casas até que, sem hesitação, vai dar a casa deles. 

E tem outra coisa: não gosta que nos afastemos, tenta agarrar-nos, bate castanholas no ar. Quando estou a passear à beira da praia, se começo a ir na direcção do restaurante onde costumo comprar sushi, muito antes de lá chegar, já ele vai a pôr-se à minha frente, a olhar de lado para mim para perceber se vou para lá, quer ele chegar à frente para me impedir. E faz isto com a farmácia, com o talho, com o papelaria. Reconhece o percurso, reconhece as lojas e logo começa a fazer marcação.

Esta border collie é inteligente e fantasticamente obediente. É espantosa. Ver para crer.

A border collie brasileira que sabe 200 palavras e virou estrela de pesquisa

Gaia, uma border collie brasileira de 6 anos que vive em Londres, tem um dom raro: sabe o nome de mais de 200 brinquedos.

Ela faz parte de um pequeno grupo, apelidado por pesquisadores de "cães gênios", com um talento excepcional para aprender nomes de objetos – uma habilidade cognitiva que separa seres humanos de outros animais.

Até agora, apenas 41 cachorros no mundo foram identificados com essa habilidade, segundo um grupo de pesquisa da Universidade Eötvös Loránd, em Budapeste (Hungria).

quarta-feira, janeiro 15, 2025

Alexandra Leitão para Lisboa: mais um tiro no pé de Pedro Nuno Santos?

 

Quando escolho um Presidente da Câmara para nele votar, tento adivinhar se a pessoa tem pedalada para a exigência da função, se é uma pessoa de acção, se é pragmática, se é pessoa com sentido prático para resolver os mil problemas do dia a dia, se é pessoa com mão firme, se é pessoa com sensibilidade e bom senso. E etc.

A mulher de um presidente de Câmara dizia-me uma vez que é uma ocupação deveras ingrata pois a pessoa pode fazer inúmeras coisas boas, estruturais, a pensar no futuro, e todo irrepreensível, mas se uma pedra estiver solta na calçada as pessoas não pensam em todo o bem que ele fez e vão acusá-lo de não ter mandado arranjar a pedra que se soltou no passeio. Acredito que sim.

Não é qualquer um que consegue, ao mesmo tempo, ver ao longe, ver ao perto, ter atenção a quem quer espetar-lhe uma faca nas costas, ser empático, não se deslumbrar com elogios, não se ir abaixo com críticas, e, no meio da barafunda, sem muita conversa fiada e muito foco, seguir em frente e fazer o que tem que ser feito.

Se eu tivesse que escolher um candidato a Presidente da Câmara de Lisboa, assim de repente, sem ter pensado no assunto, não sei quem escolheria. Talvez um João Galamba desse um belíssimo Presidente da Câmara de Lisboa. Acho que sim, que daria. Ou o ex-ministro Siza Vieira. Ou a Mariana Vieira da Silva. Seria seguramente muito boa. Por exemplo. Mas não sei, não pensei no assunto. Mas uma coisa eu sei: sei que não escolheria Alexandra Leitão. 

E também sei que, se fosse eu a mandar, a escolher a candidata à Presidente, e quisesse comunicar a minha decisão, jamais usaria o argumento que Pedro Nuno Santos usou. Jamais. Caraças... jamais.

E se Alexandra Leitão é a 2ª pessoa mais importante do PS, então, na volta, é isso: na volta está tudo explicado.

terça-feira, janeiro 14, 2025

Nada de mais: apenas uma segunda-feira

 

Depois de almoço, embora me parecesse que a brincadeira da descida da temperatura já estava a deitar as unhas de fora, fui para o terraço para ver se apanhava o meu banho de sol. Mas foi sol de pouca dura. E não consegui despir-me. O mais que fiz foi arregaçar as mangas e arregaçar as calças. Mas não estava para ananases. Nem o cão quis estender-se ao meu lado, que ficasse eu a brincar ao verãozinho.

Durou pouco. Voltei para casa.

Agora tenho feito o esforço de, a seguir ao almoço ou princípio da tarde, não me recostar no meu confortável cadeirão de relax. Tenho que me manter acordada para ver se durmo bem de noite. Se adormeço nem que seja uma simples meia hora é certo e sabido que vou ter dificuldade em adormecer ou, a meia da noite, vou acordar e ficar a pensar em tudo o que tenho que fazer e resolver.

Assim, até é melhor. Com tanto que tenho que fazer até sem sido bom, tenho conseguido trabalhar de seguidinha.

Acho que vi um bocado das notícias e estava a dar aquela rentrée da Justiça, uma pastelada requentada em que as araras do costume vão para ali lavar roupa suja em público, como se não falassem uns com os outros, para tratarem dos problemas comuns, senão quando se juntam para a cerimónia. Umas abéculas que é de dar dó. Dão dó e grande preocupação. Se é nas mãos daqueles totós que a Justiça está -- uns totós que não são capazes de resolver nada nem de se organizarem e trabalharem em comum -- então estamos, na realidade, mais do que fritos.

A notícia abria com o facto de não terem convidado ninguém da Igreja. Mas depois, durante a notícia, fiquei com a ideia de que também não fizeram falta nenhuma nem ninguém deu pela falta deles. De resto, não faço ideia do que é que costumavam lá fazer. Seria para depois rezarem pelos tristes que ali tinham estado a carpir, a acusarem-se mutuamente, a atirarem as culpas de uns para os outros?

Tirando isso, fugi das tristezas e como não dei pela existência de coisas boas, zarpei da televisão. Só interrompi para ver 'A Promessa'. Há grandes desempenhos, há personagens muito bem construídos. É a primeira vez que estou a ver praticamente todos e estou muito agradavelmente surpreendida. Tenho ideia que as telenovelas portuguesas são só palhaçada, violência gratuita, chinfrim - mas esta não, é tranquila. Tem os seus dramas mas é coisa com conta, peso e medida e, sobretudo, há desempenhos bastante bem estruturados.

E é isto. Sorry, se não tenho muito mais a dizer. Até amanhã. Agasalhem-se. 

segunda-feira, janeiro 13, 2025

Coisas da vida

 

O domingo foi tranquilo. Estive muito ocupada mas isso não tornou o dia menos tranquilo. 

O tempo esteve afável e, depois de almoço, pus-me em trajes menores ao sol. O buganvília fornece a cortina que garante a minha privacidade face aos vizinhos da casa ao lado. 

Tenho dois familiares internados e, dada a idade que têm, claro que fico bastante preocupada. 

Há cerca de um ano estava eu numa angústia, aterrorizada sempre que o telefone tocava, aterrorizada sempre que entrava no quarto, aterrorizada sempre que não sabia o que dizer à minha mãe sem deixar perceber que sabia que ela podia morrer de um momento para o outro.

Nessa altura, quando estava em casa, via todos os vídeos que encontrava, colocava mil questões ao chatgpt, percorria toda a literatura que encontrava para tentar perceber o comportamento da doença e se havia alguma coisa que se pudesse fazer ou para perceber quais seriam os sinais de que ela estava mesmo a morrer. O meu marido queria impedir-me, achava que eu estava a martirizar-me desnecessariamente. Mas tenho uma necessidade insaciável de querer compreender tudo ao pormenor. A minha filha também me criticava, dizia que era assunto para médicos, não para leigos, e que estava a deprimir-me para nada. Creio que o meu filho talvez me compreendesse pois é um bocado como eu mas acho que o meu marido não chegou a comentar com ele que eu andava, obsessivamente, a tentar saber tudo o que se passava dentro do corpo da minha mãe. Depois, poucos dias depois, morreu. 

Se calhar deveria ser capaz de dizer que, felizmente, poucos dias depois morreu. Mas ainda não consigo associar o conceito de felicidade à antecipação da morte.

Contudo, o meu lado racional começa a interiorizar que, nestas situações, querer que a morte chegue mais tarde é apenas querer que aqueles que amamos sofram cada vez mais. Por isso, tento ter sempre presente o que uma amiga, médica, amiga também da minha mãe, me disse já por mais de uma vez: 'Ainda bem que foi rápido, ainda bem. Não percebes que foi melhor assim?'. Pois, se calhar devia mesmo perceber.

Foi em Janeiro.

Também me lembro de que, quando morreu a minha avó materna, o meu tio, tentando consolar-me, disse: 'É assim, no inverno cai a folha', como se fosse uma coisa natural, chegando-se ao inverno da vida, partir.

Não fixei o mês das mortes de mais ninguém, a não ser a do meu pai que morreu no início de Maio. Dos meus outros avós, tios, sogra, etc, não me lembro. Mas sei que o meu sogro também morreu por estas alturas. Se fizesse uma pesquisa aqui talvez descobrisse o dia da partida de alguns. Mas não quero, não me apetece.

E espero que estes meus familiares que agora estão doentes recuperem. Um parece que está a melhorar, outro nem tanto. A minha prima usa termos médicos e eu depois vou ver no google ou no chatgpt o que é mesmo aquilo. Quando as pessoas chegam a estas idades avançadas, a vida começa a ser um equilíbrio. Felizmente viveram bem até agora pelo que isso já ninguém lhes tira. Não é?

Seja como for, começo finalmente a encarar estas coisas como naturais.

Em contrapartida, ainda fico muito impressionada, mesmo um pouco angustiada, quando alguns dos meus amigos, da minha idade, têm coisas chatas. Dois deles tiveram-nas muito recentemente. Um ainda está em tratamento. Isso faz-me impressão. Um dia estão na boa, toda a gente, incluindo eles, julgam-se na boa, curtem a vida com gosto e alegria, e, afinal, no dia seguinte, descobrem que não estão. Desses dois, um era (e é) médico do outro. A vida é, por vezes, traiçoeira. E breve.

O meu marido não gosta que eu fale disto. Acha que é uma conversa da treta. Mas não sou pessimista, fatalista, nada disso. Acho que é o contrário. Se encararmos a nossa condição humana, precária, frágil, efémera, de forma racional, saberemos dar valor ao que temos, enquanto temos. 

Penso que se tivermos consciência de que coisas assim acontecem a toda a gente, melhor saberemos aproveitar a vida, dar-lhe valor, darmos graças por estarmos bem.

E é isto. Não tenho conseguido responder a mails, comentários ou ver televisão porque, quando me meto em alguma, é de cabeça e pouco ou nenhum tempo sobra para o resto. Hei de voltar à superfície.

Entretanto, desejo-vos uma boa semana.

domingo, janeiro 12, 2025

Derby em casa de benfiquistas com sportinguistas em minoria

 

Não sei se já contei mas o meu marido gosta de ver futebol sozinho na sala. Abre uma excepção para mim pois, estando aqui eu, como não consigo concentrar-me naquilo, estou entretida com outra coisa e não perturbo a concentração em que ele gosta de estar. Se por acaso lhe faço alguma pergunta, começa por não ouvir e, por fim, responde a correr, contrariado por eu estar a distrai-lo.

Quando as forças vivas da família se movimentam no sentido de verem cá o jogo, começa sempre por ficar um bocado contrariado e só se anima se eu lhe digo que o resto do pessoal pode ver aqui e ele na outra televisão, ou vice-versa.

Contudo o que tem acontecido é que acabam todos aqui, na maior confusão e ele acaba por se resignar.

Mas hoje, que era Benfica versus Sporting, perante a perspectiva de irmos ver o jogo num antro benfiquista, começou por dizer taxativamente que não. Não lhe parecia que fosse exequível, ele a torcer por um lado e metade da claque a torcer em sentido oposto. Mas lá o convenci.

Enquanto durou o jogo, vi que estava a tentar abstrair-se do entusiasmo encarnado. Sportinguistas ferrenhos eram só dois. Eu sou neutra pois embora penda mais para os verdes não consigo vibrar, gritar, incentivar ou insultar o adversário.

Isto para dizer que, portanto, chegámos a casa tarde. E, à chegada, ele ainda foi passear o cãobeludo que, coitado, tinha ficado em casa. Eu não fui, não gosto muito de andar a passear às quinhentas da noite, em ruas desertas. Hoje era impossível tê-lo levado já que a cena futebolística incluía jantar que, naturalmente, dada a hora do jogo, era jantar volante e no colo. Além disso, uns estavam nos sofás mas outros estavam nos sofás - seria demasiado confusão e demasiada tentação para ele. 

E, tirando isso, posso dizer que, antes, cá em casa, fiz uma máquina de roupa apesar de o tempo não estar bom para secar (e não ter máquina de secar), fiz uns transplantes de flores pois a terra está boa para isso, apanhei laranjas, trabalhei um bocado naquilo que me tem trazido ocupada, recebi um telefonema longo de uma amiga que, quando liga, é sempre para pôr a conversa em dia. Coisas assim.

Mas, com isto, como é bom de ver, claro que não vi televisão, não li notícias, nada. Estou virgem no que a actualidade diz respeito. Mas, provavelmente, ainda bem que não vi pois assim não acumulei capital de preocupação ou de enjoo.

E por aqui me fico. Agora vou dar uma circulada por alguns blogs, parece que é lugar onde ainda é possível ouvir o bater de um coração.

Desejo-vos um feliz dia de domingo.

sábado, janeiro 11, 2025

O outro quer comprar a Gronelândia, anexar o Canadá e o mais que lhe der na bolha.
E o que isto tem de bom é que é um maná para quem tem sentido de humor.
Conan O'Brien foi até à Gronelândia ver se ia já fazendo negócio e o Anderson Cooper ri a bom rir.
Se o pato cor-de-laranja resolver comprar os Açores (certamente por tuta e meia), vai ser um fartote para o Herman, para o Ricardo Araújo Pereira e para essa malta toda.

 

Tenho muita dificuldade em processar o que está a passar-se. 

Por exemplo, nunca consegui entender bem o que levou Putin a marimbar-se para o Direito internacional e a avançar sobre a Ucrânia, sempre me pareceu coisa de doidos, de gente delirante, de psicopatas encartados, algo de que qualquer país teria meios para se se defender. Mas não. Também nunca percebi como é possível que os próprios russos não consigam demarcar-se do crime em curso ou forçar a queda de Putin. 

E ainda estava eu a digerir esta maluquice quando acontece o impensável: os americanos elegem o criminoso e tolo e parvo e narcisista e imprevisível Trump. 

E quando ainda estamos a digerir esta vitória e a impensável atribuição de um poder desmedido a outro maluco que já tinha poder mais do que suficiente, Elon Musk, eis que Trump, ainda antes de ser eleito desata a fazer afirmações indigeríveis, malucas para além da conta.

O mundo divide-se entre levá-lo a sério ou parodiá-lo. Mas a verdade é que, com estes delírios, de certa forma Trump legitima a actuação de Putin.

Tantos séculos de civilização, tantos avanços científicos, tantas teorias filosóficas e tantos estudos psicológicos, e, afinal, damos por nós de boca aberta sem perceber bem o que falhou, em que momento se iniciou esta deriva em que as pessoas parece que preferem ser governadas por mentirosos, por cínicos, por gente ameaçadora, gente doida. 

Mas, enfim, os tempos não vão fáceis a vários outros níveis e tomara que nos aguentemos até que o mundo volte a avançar com um mínimo de racionalidade.

E que o humor nunca nos falte, que a capacidade de nos rirmos jamais se extinga.

Conan's Greenland weather report cracks up Anderson Cooper

Conan O'Brien talks with CNN's Anderson Cooper about his visit to Greenland after President Donald Trump said he wanted to buy it, and showed video of him presenting the local weather forecast in the native Greenlandic language.

sexta-feira, janeiro 10, 2025

Diane Morgan: Philomena Cunk adoraria entrevistar Elon Musk.
E eu adoraria ver.
Mas, por enquanto, fico-me pela descrição do meu dia na capital

 

Hoje o nosso programa de festas levou-nos para os interiores da capital. 

Nado e criado em Lisboa e toda a vida aí tendo trabalhado e eu própria tendo ido viver para Lisboa com 17 anos e tendo igualmente trabalhado aqui até há pouquíssimo tempo, tendo ambos que circular, frequentar e estar por dentro dos circuitos da cidade durante toda uma vida, vemo-nos agora incomodados com o trânsito, com o estacionamento, com a barafunda dos dias úteis.

Ia eu a andar e diz-me o meu marido: 'Olha lá, não estás ao pé de casa, não podes andar no meio da rua ou atravessar sem ser nas passadeiras ou sem que o semáforo esteja aberto'. E, de facto, até parece que estava esquecida. Como se morasse na província, longe de carros e confusões, e nunca tivesse andado no meio de Lisboa, ali estava eu, completamente descuidada.

Mas isto de andarmos ali a pé foi quando tínhamos conseguido encontrar onde deixar o carro.

Tínhamos ido confiantes para o local onde tínhamos o nosso compromisso, sabendo que, se não encontrássemos lugar por lá, teríamos sempre o grande parque ali perto. Pois, pois. Lugar na rua nem vê-lo, tudo, tudo, tudo cheio. Dirigimo-nos ao parque. 'Completo'. Ficámos estupefactos. Como o parque é grande e tem várias entradas, pensámos que talvez numa outra ponta tivéssemos mais sorte, até porque, entretanto, poderia ter saído algum carro. Pois, pois. 'Completo'. E com isto já estávamos a ficar em cima da hora. Por milagre, enquanto andávamos naquela demanda, saiu um carro e lá estacionámos. Um preço exorbitante. Afinal aquela deve ser das zonas mais centrais e mais caras de Lisboa. 

Esse assunto resolvido, lá fomos.

Muito restaurante novo, muita loja, muito movimento. E digo isto agradada. Uma vez mais me senti turista num território que deveria ser-me relativamente familiar.

E sendo hora de almoço, íamo-nos cruzando com as pessoas saídas do seu trabalho, aceleradas, outras conversando entre amigos, aquele movimento pleno de ocupação de quem vive essa rotina diária. 

Gostei de ver e lembrei-me de como até há tão pouco tempo eu também andava sempre apressada, querendo rentabilizar todos os minutos. Agora senti-me uma mera observadora e tive vontade de estar com máquina fotográfica a captar o bulício cosmopolita, pois aquele é todo um mundo, com os seus padrões.

Depois do demorado e excelente almoço, passeámos por ali. Às tantas lembrei-me de ir dar uma espreitadela a um dos grandes centros comerciais que ali marca a geografia. Dirigi-me para a porta por onde costumava entrar. Não encontrei. Era a porta de um banco. Não percebi. Dirigi-me para a porta principal. Era a porta do mesmo banco. Tudo aquilo agora é o banco, o centro comercial evaporou-se. Se calhar isso já aconteceu há algum tempo mas ou tenho andado distraída ou só se vê aquilo que se quer ver. Não sei.

Assim como assim, depois de passearmos por ali, ao passar por uma Zara com letreiros de saldos, não resisti. E não resisti a uma camisa/casaco altamente colorida, uns brincos gigantes e altamente aparatosos e uma coisa que creio ser uma pulseira com uma flor gigante. Não preciso de nada disto, claro. Mas a moda é assim mesmo, a atração pelo inútil.

Só que é mais do que isso. Quando eu era miúda, gostava de usar roupas coloridas e adereços vistosos. Mas pouco havia disso, com excepção do que se arranjava nos Porfírios. Mas muitas vezes, diziam-me que eu ainda não tinha idade para usar coisas assim. Depois, já devia ter juízo para usar coisas assim. Depois, não eram coisas apropriadas para ir trabalhar assim. Depois já não tinha idade para coisas assim.

E agora atingi o estado de espírito em que me dá igual. Se gosto de uma coisa, seja altamente colorida, altamente vistosa, altamente exuberante, uso e quero cá saber se alguém acha ou diz o que quer que seja.

Depois fui ter com o meu marido. Vi-o de longe. Estava perto do carro a tentar descobrir-me, certamente receoso de que eu não conseguisse dar com o carro ou me tivesse 'perdido' e recaído ao consumismo.

E, por fim, mais para a tarde, apanhámos um trânsito absurdo e voltámos a lembrar-nos das muitas horas de vida que perdemos em infinitas filas (horas? dias! meses! anos de vida).

Com isto tudo, claro que agora não me apetece falar de temas concretos ou sérios. Aliás, estou com um sono tramado, até parece que fiz uma grande expedição.

Mas não quero ir-me sem partilhar convosco esta entrevista da extraordinária Diana Morgan (que diz que tem 99% de Philomena Cunk) a Stephen Colbert. Uma graça. 

Haja humor. Gente inteligente com vontade de rir (mesmo que sabendo conter-se) é uma lufada de ar fresco.

Diane Morgan: Philomena Cunk Would Love To Interview Elon Musk
The Late Show with Stephen Colbert

Diane Morgan, who plays the brilliant documentarian Philomena Cunk on her show, "Cunk on Life," says Elon Musk is at the top of her interview wishlist. "Cunk on Life" is streaming now on Netflix. 


quinta-feira, janeiro 09, 2025

Compreender as coisas difíceis --- ou rirmo-nos delas...?

 

Devo dizer que uma das coisas que academicamente mais gostei de estudar foi a Física da Matéria, a Física Quântica, a Física das Partículas Elementares. Acontecia-me por vezes atingir aquele patamar de prazer em que tudo flui de uma forma orgânica, em que a matéria e a ausência dela, a ciência e a poesia, o que percebemos ser infinitamente pequeno e o que intuímos ser infinitamente grande se tocam, se interpenetram. Dito assim, pode parecer disparate ou impossível, pode parecer um daqueles absurdos em que nem dá para a gente se deter. Acredito que sim. Mas é a verdade, era o que sentia.

Numa altura em que não havia internet nem as Amazons desta vida, eu mandava vir livros de fora, da Universidade de Berkeley, por exemplo. Tudo o que lia era fascinante para mim.

Hoje já não acompanho estas matérias pois a minha vida profissional levou-me para outros universos. Mas são ainda temas que vejo como belíssimos, atraentes, mágicos.

Tenho contudo um apontamento que aqui quero deixar: que me lembre quer os meus professores de Física quer os dos meus filhos sempre foram um bocado esquisitos, alguns até meio amalucados. 

E tive um colega, bom amigo, com quem fiz inúmeras viagens de várias horas cada que tinha uma prima maluca. Mas maluca de ter que ser internada no Júlio ou de os vizinhos chamarem a polícia dado o banzé que ela fazia em casa, com vassouras a bater na parede para caçar bichos imaginários. Por diversas vezes ouvi os telefonemas entre eles. O telefone ia em alta voz e eu ia encolhida para não soltar um espirro ou uma gargalhada que denunciasse a minha presença no carro. E eram as conversas mais delirantes que se possa imaginar. Professora de Física.

O que hoje aqui trago tem um pouco a ver com isso. Ou não.

Philomena Cunk é das personagens que mais me agrada na actualidade. Tem aquele toque de surrealismo, de humor, de destempero que me agrada por demais. Diane Morgan consegue, quando encarna a desconcertante Phiomena Cunk, dizer as coisas mais inesperadas, mais malucas, mais hilariantes. E sem se desmanchar. Claro que aqueles que ela entrevista ficam, frequentemente, de cara ao lado, sem saberem minimamente como reagir. Outras vezes riem-se. 

Acho delicioso. 

Philomena Cunk encontra-se com o Físico Teórico Professor Jim Al-Khalili 
| Cunk on Life - BBC

Pioneering documentary-maker Philomena Cunk (Diane Morgan) returns with her most ambitious quest to date; venturing right up the universe and everything, to find the definitive answer to the ultimate question – the meaning of life.

quarta-feira, janeiro 08, 2025

Filipe Silva, CEO da GALP, demitiu-se.
E eu só espero que os miseráveis que conseguiram a proeza de trazer um assunto tão íntimo para a praça pública se sintam roídos de arrependimento e de vergonha e se sintam alvo de desprezo por parte de quem saiba o que fizeram.

 

O que aconteceu a Filipe Silva parece-me do domínio do impensável. Estes tempos vão férteis em anormalidades. 

É o Musk a ingerir à cara podre na política europeia, é o Zuckerberg a prescindir nas suas plataformas da validação da veracidade das notícias que circulam, abrindo ainda mais as portas ao esgoto a céu aberto que são as calúnias que são despejadas nas redes sociais, é o Trump a querer comprar a Gronelândia e anexar o Canadá e a manifestar outras intenções obscenas... e é toda uma sucessão de parvoíces que há não muito tempo diríamos impossíveis.

Que Filipe Silva, vendo a sua vida devassada, se tenha sentido obrigado a demitir-se parece-me bem o sinal do que são estes tristes e perigosos tempos. Não o conheço nem faço a mínima ideia da natureza do envolvimento com a directora. Mas ou é coisa ligeira e ninguém deveria sequer perder 1 minuto a debruçar-se sobre isso ou é coisa séria (e, nesse caso, até pode ter sido uma situação emocionalmente complicada para ambos, algo do seu foro íntimo, pessoal e intransmissível) e deveria ser respeitado, algo que, a ser abordado, o deveria ter sido com bom senso e sensibilidade, sob total reserva.

Outra coisa, caso ambos ou algum deles seja casado será o impacto que isso terá no respectivo casamento. Mas sendo todos adultos e vacinados, lá se organizarão. E, sobretudo, ninguém, a não ser os próprios tem alguma coisa a ver com isso. Não é tema da empresa, muito menos do País.

O mais que, na GALP, alguém com tino poderia fazer, o Chairman por exemplo, seria falar com ele e indagar se o relacionamento interferia, de alguma forma, no desempenho profissional de ambos. Havendo garantias de que não, a coisa ficaria por aí. Eventualmente o que poderia ser feito, e lembro-me de uma situação assim numa das empresas em que trabalhei, em que, havendo envolvimento entre o presidente e a responsável por uma das áreas por si tutelada, houve um rearranjo de pelouros, tendo ela ficado a depender de outro administrador. Ambos, anos depois, viriam a casar-se. Mas isso nem vem ao caso. 

Agora expor Filipe Silva e a directora da forma como aconteceu é torpe, é vil, é imperdoável. E a Comunicação Social puxar o tema para as primeiras páginas e para notícias de abertura é outra miséria.

E só espero que quem enviou a denúncia à Comissão de Ética e, sobretudo, quem vazou isso para a Comunicação Social, fique com a consciência a roer-lhe a paz de espírito até ao fim dos seus dias. Quando a fofoca, a bisbilhotice, a coscuvilhice, a intrusão, a maldade, o voyeurismo e a falsa moralidade se torna em fanatismo vai mal a sociedade.

Quanto a Filipe Silva e quanto à directora desejo-lhes que consigam lidar com a situação com coragem, com calma. E que, da melhor maneira que consigam (ou juntos ou separados, conforme assim o entendam), sejam felizes. 

terça-feira, janeiro 07, 2025

Filipe Silva, CEO da Galp, tem um caso com uma directora.
E isso foi objecto de uma denúncia na Comissão de Ética da empresa e veio parar à Comunicação Social.
E eu acho isto um nojo, um acto de indecoroso voyeurismo, de coscuvilhice, de suprema estupidez.

 

Trabalhei em empresas durante décadas, trabalhei em contexto público e em contexto privado. Durante todo o meu longo percurso assisti a incontáveis 'casos'. Quase todos foram esporádicos, temporários, inócuos. Apenas um, justamente com a minha Secretária, divorciada, deu em rotura de casamento (dele) e foi porque ele contou à mulher, tentando convencê-la a aceitar a situação. Para surpresa dele, a mulher não aceitou. Creio que não se divorciou mas foi viver com a 'namorada'. E agora são todos amigos, uma família unida. Mas, que me lembre, foi o único caso sério.

O que sempre aconteceu e causava sérios embaraços aos envolvidos foram as cartas ou telefonemas anónimos para as legítimas e legítimos. Colegas despeitados ou maldosos, geralmente mais mulheres que homens, resolviam estragar o romance.

Sempre se entendeu que era tema que, na pior das hipóteses, poderia molestar o casamento legítimo. Não o desempenho profissional.

Um dia vou escrever as minhas memórias nesse capítulo. Dará, certamente, um livro suculento.

Quando penso nisso, um dos casos que logo me ocorre e que me faz sempre rir, tem a ver com um colega, grande amigo, divertido, alegre, hiperactivo, As mulheres caíam por ele. Conheci-lhe várias namoradas. Um dia pediu a um funcionário da Contabilidade para lhe fazer um apanhado para um relatório que de que precisava com urgência. O funcionário ficou a trabalhar até tarde. E ele ficou à espera. Mas, pelo meio, fora de horas, uma das admiradoras foi fazer-lhe uma visita ao gabinete. No calor do momento nem mais ele se lembrou do 'apanhado'. 

Estavam ali, no truca-truca, em cima da mesa, quando apareceu o funcionário com o 'apanhado'. 

No dia seguinte o meu colega, à primeira da manhã, receando o falatório, resolveu ser ele a ir expor o sucedido ao Presidente. 

Foi dia de festa. 

Quando, nessa manhã, fui ter o meu ponto de situação diário com o Presidente, saiu-se logo com esta: 'Então, já soube do coxo?'. Eu ainda não sabia. Contou-me, e contou que já tinha chamado o funcionário (que era coxo) e já lhe tinha pedido que não comentasse nada com ninguém. E ainda nos fartámos de rir. Ao longo do dia, qualquer um que entrasse no meu gabinete ou com quem eu me cruzasse, já vinha a rir e a comentar o 'achado' do 'coxo'. Uma galhofa pegada. E o meu colega, esse grande doido, dizia que tinha apanhado o susto da vida dele quando se viu naquela situação com o funcionário à porta, de boca aberta e papéis na mão, a olhar para eles, sem saber o que fazer.

Numa remodelação algum tempo depois, aquela mesa acabou por vir para o meu gabinete. Havia sempre quem se lembrasse: 'Ah, se esta mesa falasse...'.

Algum tempo depois, tive um outro colega que também deu mais que falar do que os outros. Era muito 'palhaço', muito bon vivant, muito bem disposto. Teve também várias namoradas. Conheci bem a mulher dele. Era apaixonada por ele, tal como ele o era por ela. Mas ceder à tentação era mais forte que ele. Uma das vezes, havia lá uma jovem que entrou para estagiar na minha área e que lá ficou. Era muito bonita e vestia-se de uma forma muito 'exibida'. Andava mais despida que vestida. E era pouco inteligente. Muito imprevidente, muito tonta. Para ela, ter um caso com um director era o máximo. Contava o que fazia, quando fazia, onde fazia. Um disparate. Nós aconselhávamos o nosso colega a ter cuidado pois era quase inevitável que aquilo fosse parar aos ouvidos da mulher. E ainda me lembro do Presidente, no meu gabinete, um dia em que eles chegaram a meio da tarde vindos sabe-se lá de onde, todos alegres e tontos como adolescentes, e o Presidente o chamar e dizer que não tinha nada a ver com isso mas que ela era tão tonta que ele deveria ter mais cuidado. Disse: 'A ter um caso, que seja com uma mulher inteligente, não com uma tão limitada'.

São tempos longínquos. Não se falava em #Metoo ou em assédio. Se calhar havia casos de assédio mas nunca soube de nenhum, nenhum dos múltiplos casos que testemunhei foram casos de abuso, de prepotência ou de actos não consentidos.

Na maior parte dos casos, os envolvidos tentavam que ninguém desse por isso e, se algum tinha função ascendente, mais depressa prejudicava a 'namorada' do que a beneficiava (tendo eu trabalhado em empresas em que eu era a excepção feminina em cargos de gestão quase exclusivamente ocupados por homens, a maioria dos casos eram entre 'chefes', 'doutores', 'engenheiros' e mulheres com cargos hierarquicamente abaixo).

Nas empresas em que nos últimos anos exerci cargos de administração, passaram por mim várias denúncias feitas através do canal próprio para isso e que chegavam à Comissão de Ética.

A maioria tinha a ver com denúncias anónimas, não fundamentadas, de eventual corrupção ou de decisões enviesadas, favorecendo empresas de forma pouco clara. Quando as denúncias eram tão vagas e tão absurdas que não tinham ponta por onde se lhe pegasse, eram arquivadas.

Houve um caso que deu em despedimento de uma sub-directora que foi acusada de fazer bullying a alguns funcionários. Nesse caso houve testemunhas, houve um caso bem fundamentado. Rua sem apelo nem agravo. 

Nunca apareceram denúncias de casos amorosos mas, a menos que fosse algum caso escabroso ou que se percebesse haver abuso de função dominante, se aparecessem seriam arquivadas.

O que está a acontecer ao CEO da GALP parece-me inacreditável. Ou há ali, da parte dele, qualquer protecção absurda à directora, promoção sendo ela incompetente, atribuição de avultado prémio de desempenho sendo ela um calhau, ou coisa assim (e nesse caso, será grave), ou, então, estamos na presença de uma coisa miserável. 

Parece-me absurdo, ridículo, impensável, que o homem tivesse que declarar à Comissão de Ética que tinha um caso com a directora. Está tudo maluco.

Já não basta as beatas que acham que estas coisas são caso para ir à igreja, confessar os pecados ao padre. Agora é também confessar à Comissão de Ética. 

Uma coisa que é do foro íntimo, mais do que privado, tem que ser participado à Comissão de Ética?! 

Até me custa a acreditar numa palhaçada destas.

E, para cúmulo da porcaria, alguém despejou isto na Comunicação Social. Um mundo de miseráveis armados em puritanos, em moralistas, um mundo de gente estúpida.