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quarta-feira, novembro 09, 2016

Antes dos resultados das eleições americanas
-- enquanto vejo Pedro Dias a entregar-se, com ar de quem esteve um mês de férias, ar descansado e bem alimentado,
enquanto vejo Alberta Marques Fernandes no telejornal da tarde, exuberante para lá da conta, e Dina Aguiar perdida de riso com as centenas de porcos que estão a morrer
e enquanto leio sobre Meghan Markle, a namorada mestiça do Príncipe Harry que já fez saber que está farto das bocas racistas sobre a simpática actriz americana



Espero os resultados. À hora a que escrevo ainda não dá para ter certezas. Tenho o meu feeling mas não quero falar. Superstições cá minhas.
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Depois de aqui trazer um escrito sobre mulheres fatais, ponho-me, pois, a ver a televisão.

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Uma anedota. Centenas de militares mobilizados e nada. A turbamulta de reporteres a pejarem as ruas e nada. Pedro Dias, viste-o. E viste-o na Galiza, em Marte, everywhere. Ninguém capaz de lhe pôr a mão em cima. Roubava viaturas, assaltava casas, fintava perseguidores. Apanharem-no, está quieto.

Ora bem. Pedro Dias entregou-se quando quis, onde quis (em Arouca, where else?), e aparece-nos a contar a sua versão, na boa, depois de ter contactado advogados e de ter dado a volta a cabeça à Sandra Felgueiras que já fala dele como se ele se tratasse de um pai extremoso que não fez nada de mal e que apenas andou a tentar escapar dos meliantes da GNR que andavam a monte, a disparar para os silvados a ameaçar caçá-lo. E aí está ele com uma amiga, parece que a irmã, a televisão. E a GNR, que andava naquela brutal caça ao homem, nem aí. O mui procurado Pedro Dias, ar de quem, durante estas 4 semanas. foi bem tratado, e bronzeado, penteadinho, barba feita, ali está. Dá uma entrevista, lágrimas nos olhos. Não tivessemos antes ouvido que já foi condenado por violência doméstica e que é tido por um psicopata calculista e já estaríamos também de lágrima no olho a fazer coro com a rendida Sandra.


Estou, pois, a ver o bem nutrido Pedro Dias a contar como andou pelos montes, como ouviu e viu os guardas que o caçavam e lhes deu um grande baile -- e as televisões já se encheram de comentadores a dissertar sobre o perfil psicológico do dito arouquense e debatem se ele está a falar verdade ou mentira ao dizer que não fez mal a uma mosca e os guardas é que têm muito a explicar-se.

E lá vai ele, o perigoso assassino, num carrinho simples, a caminho da Judiciária. Até parece que não andaram a dizer que Pedro Dias é perigoso. Lá vão, naquele carreco, sozinhos com a fera. 

E portanto é isto. Brandos costumes em tudo. E se ele aos ditos costumes diz nada, quem sou eu para dizer o que quer que seja?

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Viro-me, pois, para outra.


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Estava eu aqui a ouvir ler os mails da Hillary quando a minha filha me envia um sms para que eu veja a Alberta Marques Fernandes a apresentar o telejornal da tarde, 3 às 15. Vejo e nem quero acreditar. A voz empastelada, gesticulante, histriónica. Vendo tal comportamento, a Dina Aguiar descontrola-se e desata a rir. Fala de duas centenas de porcos que estão a morrer numa suinicultura e ri de gosto, aliás não consegue parar de rir, parece que porcos a morrerem é do melhor que há. O vídeo é curto pelo que não sei se não acabam as duas a rebolar e a rir à gargalhada.


Ver para crer: Alberta Marques Fernandes incendeia as redes sociais e torna-se viral


Dina Aguiar não resiste e, por causa da colega, vai às lágrimas com os pobres dos porcos moribundos



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Depois de ver isto (... e não as via há que séculos, como elas também estão bem nutridas...), viro-me, então, para a realeza.

Vejo, então, que a realeza assumiu o namoro do seu enfant terrible -- o agora atilado mas não há muito dirty Harry -- com a actriz americana, mestiça e divorciada, Meghan Markle, e fê-lo para dizer que o príncipe de barba ruiva está farto das intromissões e bocas foleiras da comunicação social. 


Pois deve ter razão. Os royals vendem bem e há que manter as rotativas em movimento. Namoros, bebés, divórcios, noivados, casamentos -- são o motor de uma indústria. Mas sabemos bem como as rotativas podem, por vezes, ser esmagadoras. Harry que o diga.


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E já são quase duas da manhã e os resultados não são concludentes. 

O José Rodigues dos Santos, esse craque das guerras televisivas, fala de estados swingers e eu até me ria se ele não estivesse tão riculamente vestido. Assim, bem pode ele armar-se em papagaio de oxford de trazer por casa que aquela toilette me tira completamente a vontade de rir. Odeio camisas às cores com colarinhos brancos. Camisa cor de rosa com colarinho branco e gravata bordeau com bolinhas brancas só pode ser para a gente se rir. Na presença desta figura, se o Pedro Adão e Silva tem que falar de porcos defuntos ainda se desata também a rir como se não houvesse amanhã.


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Vou pregar para outra freguesia que não tenho vida para isto. O meu marido agora fez zapping e apareceu-me o Nuno Rogeiro. Pronto. Foi a gota de água.

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E a quem não tenha paciência para isto e não queira dar uma maozinha a Hillary, recomendo que desça e procure a companhia de uma femme fatale.

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quinta-feira, outubro 20, 2016

A voz (debochada) da sabedoria


Eu conto. 
Mas, antes, vou pôr aqui uma musiquinha boa e umas fotografias maneiras.



Vamos lá, então.

Podia falar do sexo oral que Madonna promete a quem votar em Hillary Clinton. Mas, como acho que é capaz de ser uma falsa promessa e não quero denunciar publicidades enganosas por parte de opositores a Trump, não falo.


Também podia falar da descarada da Maria Luís, ex-Miss Swaps, actual Miss Arrows, que é do mais desavergonhado que há. Mas, como não quero gastar o meu requintado latim com tão desqualificada criatura, não falo.

Claro que podia falar do Secretário de Estado Rocha Andrade que tem uma atracção fatal para armar fuzué e, no meio da confusão, dar tiros nos pés. Mas não falo pois até me dizem que é um bom fiscalista e gente séria -- e que uma pessoa possa ter algumas incompatibilidades declaradas não me choca nada. Agora uma coisa é certa: se ele é bom e o quer manter, António Costa devia mantê-lo na casota. Já se viu que, quando sai e abre a boca, arranja sarilho.


Há ainda também o assunto do ordenado do presidente da CGD que é um valor que, muito sinceramente, me parece um bocado estúpido num banco público e, sobretudo, me parece um bocado deslocado face à média de ordenados de quadros qualificados do País. Mas não sei se não arranjaram quem aceitasse ir para lá por menos e, por isso, para não alimentar populismos, não falo.

Podia falar do Pedro João Dias, a quem tratam por 'Piloto', esse desconhecido que anda perdido pelos montes, talvez ferido, talvez esfaimado, talvez acossado pelos lobos selváticos que o habitam. Mas não falo. Nada sei da vida dos lobos.


Enfim. Podia falar de muitas coisas. Mas hoje estou cansada. O dia não foi pêra doce e todos os dias desta semana começaram cedo demais. Já aqui estive a dormir. Há ali em baixo uns comentários de primeiríssima água e eu queria mesmo falar sobre eles. Mas acreditem. Isto hoje não está fácil. Talvez amanhã o faça. Hoje é impossível.

Por isso, se me permitem, vou pela via mais fácil.



Vou ouvir gente sábia. Isso descansa-me o espírito. Transcrevo excertos e de forma não sequencial:


Aos 66 anos de idade, morando em um apartamento em Copacabana, de frente à avenida Atlântica, o velho Nelson [Rodrigues] apresenta-se com o mesmo tom debochado e exagerado de sempre. Impondo a sua presença e aquele seu jeito peculiar e característico de se expressar e de se fazer entender: olhar insondável e apático; voz grossa e embolada; gestos vagarosos e ornamentais como os de um peixe colorido num aquário. Sem deixar, portanto, de esboçar certo entusiasmo e de exibir uma imagem de opulência física de causar inveja a qualquer um. Apesar de estar com a saúde um tanto quanto abalada, uma vez que ainda se recupera de uma colite ulcerática, doença essa que por pouco não o matou. As palavras tiradas da boca do entrevistado são as mesmas utilizadas em suas crônicas, contos, romances, peças teatrais, e difundidas por outros meios de comunicação (televisão, rádio e periódicos).


J. J. R. — Na sua opinião, o que é a beleza?
Nelson Rodrigues — “A beleza interessa nos primeiros quinze dias; e morre, em seguida, num insuportável tédio visual”.
J. J. R. — E o que dizer acerca das mulheres?
Nelson Rodrigues — “Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível”.
J. J. R. — Sobre a adúltera?
Nelson Rodrigues — “Não existe família sem adúltera” — responde com ironia. E continua com as suas divagações: — “Nenhuma mulher trai por amor ou desamor. O que há é o apelo milenar, a nostalgia da prostituta que existe na mais pura”. — Olhando atentamente para o repórter: — “A prostituta só enlouquece excepcionalmente. A mulher honesta, sim, é que, devorada pelos próprios escrúpulos, está sempre no limite, na implacável fronteira”. — E mostrando o dedo indicador: — “Tudo passa, menos a adúltera. Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, há sempre alguém falando nas senhoras que traem. O amor bem-sucedido não interessa a ninguém”.
J. J. R. — Algum recado para as mulheres?
Nelson Rodrigues — “Era preciso que alguém fosse de mulher em mulher anunciando: ser bonita não interessa, seja interessante”.
J. J. R. — E para os homens?
Nelson Rodrigues — “Se um dia a vida lhe der as costas, passe a mão na bunda dela”.
J. J. R. — E para os casais, alguma dica?
Nelson Rodrigues — “A maioria das pessoas imagina que o importante, no diálogo, é a palavra. Engano, e repito: — o importante é a pausa. É na pausa que duas pessoas se entendem e entram em comunhão”.
J. J. R. — E no que diz respeito à sexualidade humana?
Nelson Rodrigues — “Se todos conhecessem a intimidade sexual uns dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém”.


J. J. R. — Falemos agora da virtude e daqueles que o praticam?
Nelson Rodrigues — “Perfeição é coisa de menininha tocadora de piano” — expondo-se, exultante. — “O puro é capaz das abjeções inesperadas e totais e o obsceno, de incoerências deslumbrantes”. — Reflete por alguns segundos e despeja: — “Não acredito em honestidade sem acidez, sem dieta e sem úlcera”. — Toma fôlego e dá prosseguimento ao raciocínio: — “O ‘homem de bem’ é um cadáver mal informado. Não sabe que morreu”. — E numa alegação afirmativa: — “Falta ao virtuoso a feérica, a irisada, a multicolorida variedade do vigarista”.
J. J. R. — E a Europa? E o europeu?
Nelson Rodrigues — “O europeu ou é um Paul Valéry ou uma besta!”. — Continuando a frase após breve distração, com coisas e objetos do seu entorno: — “… a Europa é uma burrice aparelhada de museus. (…) Ao passo que o Brasil é o analfabetismo genial!”.
J. J. R. — E com relação às feministas?
Nelson Rodrigues — “As feministas querem reduzir a mulher a um macho mal-acabado”.
J. J. R. — Qual foi, no seu entendimento, o grande acontecimento do século 20?
Nelson Rodrigues — “O grande acontecimento do século foi a ascensão espantosa e fulminante do idiota”. — Silêncio profundo e grandiloquente. — “Em nosso século, o ‘grande homem’ pode ser, ao mesmo tempo, uma boa besta”. — Outro intervalo, para mais um gole d’água e acender o quarto e, talvez, o último cigarro a ser desbragadamente consumido nesta entrevista. — “Outrora, os melhores pensavam pelos idiotas; hoje, os idiotas pensam pelos melhores. Criou-se uma situação realmente trágica: — ou o sujeito se submete ao idiota ou o idiota o extermina”.


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Nelson Rodrigues



Dá gosto ver gente inteligente, com sabedoria e graça.

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Portanto, perceberão que mil vezes ler as palavras e ver imagens de Nelson Rodrigues do que perder tempo com a mediocridade (ou, vá, mediania) de tanta gente que por aí anda.

É que, enfim, vocês sabem, eu também poderia agora aqui falar do 3º debate entre os dois candidatos finalistas nas eleições americanas. Mas é tão estranho que um palhaço ordinário seja um deles que também não vou por aí. Não diz se aceita o resultado das eleições se Hillary ganhar...? Pois, nem espanta que seja parvo a esse ponto. É mau demais.


Por vezes -- ou visto de alguns ângulos -- o mundo civilizado parece ter entrado num processo autofágico. Coisa feia de se ver, portanto. Portanto, com vossa licença, mas ficamos assim.

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As fotografias são da autoria do ucraniano Vadim Stein.

Se todos fossem iguais a você é interpretado por Tom Jobim

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quinta-feira.

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sábado, outubro 15, 2016

Carisma
Uma grande, grande, grande lição de
Michelle Obama
-- na campanha de Hillary Clinton em Manchester, New Hampshire
[E ainda um empolgante vídeo de Barack Obama]


Nesta campanha eleitoral dos Estados Unidos, um palhaço disfarçado de Pato Donald resolveu mostrar ao mundo que morcões e canastrões há por todo o lado, até nas torres forradas a ouro ou entre os que se consideram grandes empresários e que, na verdade, não passam de paspalhões, chico-espertos, caloteiros e ordinarões.


A tentar evitar a hecatombe, Hillary. Infinitamente melhor preparada e dando garantias de uma governação normal, Hillary não reúne, contudo aquelas características típicas de um líder carismático. Falta-lhe aquela simpatia genuína. aquela graça espontânea, aquele calor humano que envolve os interlocutores. 

Hillary esforça-se, tenta aproximar-se do coração dos eleitores, pisca o olho aos jovens e estou certa de que vai ganhar -- mas há traços de personalidade que ou se têm ou azarinho, nada a fazer.

Veja-se Michelle Obama. Ela, sim, é uma verdadeira líder, uma mulher carismática.

Se fosse Michelle a ir a votos, ganhava de olhos fechados e com uma perna às contas. Mas não é. Talvez um dia.

Agora faz campanha por Hillary e, meus Caros, têm que ver. A forma directa como fala, a sua objectividade, a eficácia das suas palavras, a empatia -- tudo é superlativo.

Hillary vai ganhar mas parte dos votos vai ficar a devê-los a Michelle.


Vejam-na, por favor.


First Lady Michelle Obama live in Manchester, New Hampshire | Hillary Clinton




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E um vídeo que é um exemplo do que é uma mensagem eleitoral convincente 
(Barack Obama ao ataque: assertividade, emoção, ritmo -- está cá tudo)

Progress is on the ballot | Hillary Clinton



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E o resto do mundo?
Estamos todos a tentar evitar que o Trump, o perigoso palhaço, seja totalmente desacreditado em todo o lado?


Devíamos.

De todas as maneiras.


will.i.am ft Apl.de.ap and Liane V - GRAB'm by the PU$$Y





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terça-feira, outubro 11, 2016

Stephen Colbert comenta o segundo debate presidencial a partir de casa


Apesar de estar de folga, Stephen não resistiu e, de gato ao colo, numa casa que parece bem confortável, tirou uma casquinha e divertiu-se como só ele. 

[A Hillary pode não ser especialmente empática e, ao longo da sua vida pública, ter gerado alguns anti-corpos mas, minha nossa, Stephen Colbert tem razão: aquele Trump é mesmo um monte de porcaria.]



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E queiram descer caso queiram conhecer a fabulosa invenção que vai trazer a paz às camas de casais em que um dos elementos se enrola na roupa deixando o outro pobre ao relento.

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terça-feira, setembro 27, 2016

Uma terra quase fantasma... até à chegada dos refugiados
&
De bónus, o vídeo com a análise de Stephen Colbert ao 1º debate 'Hillary Clinton vs Pato Donald'



Ora bem. Não é que já esteja acordada ou atilada. Não: estou na mesma. Portanto, não é daí que me vão vir melhoras. A questão é que, depois de ter partilhado convosco um momento de pura sabedoria taoísta, ao pôr-me a ouvir uma música muito bela, senti como que uma espécie de uma elevação. 
Riam-se à vontade os que já se acham num patamar elevado. Confirmem: é mesmo verdade. Eu sou assim, animal-animal mesmo. Só não me ponho estendida na beira no rio, os pés na água, a olhar para o rodar do sol por entre as árvores e a ouvir a quarta tocada por um bando de pássaros porque ainda não descobri o lugar certo. Senão a ver se me punha para aqui armada em esperta a falar de impostos ou sigilos bancários. Que isso se fosse catar seria o meu desejo. Mas isto é só até descobrir o rio de leite e mel em cujas margens descansarei a minha cansada mente.
Bem. Adiante.
Dizia eu que.


E, portanto, elevada até ao patamar em que o animal-animal dá lugar ao animal-levemente-pensante, procurei temas menos eco-epicuristas. Como vos dizia, as cordas tangiam e o meu coração sentia-se envolto em harmoniosos laços enquanto as minhas mãos procuravam mais beleza.

E encontraram-na.
Podem pensar que estou no gozo. Não estou. Quando se me varre a censura interna, fico assim. Zen. Zeníssima.
Mas, portanto, dizia eu.

A beleza dos gestos, dos afectos, a beleza suprema da generosidade. Penso que a felicidade maior vem da generosidade e do contacto com a natureza - e de nos sentirmos próximos (física ou mentalmente) de quem amamos.

Mas pronto, filosofia à parte que a hora não está para os clássicos.

Dizia eu, então, que.

Nem sei como fui parar onde o meu coração se aconchegou. O mundo como um abrigo e não como um lugar perigoso. 
Centuries-old Italian villages were becoming ghost towns. Refugees were fleeing conflict and seeking new homes. The needs of each have come together in Camini, a 12th-century town whose population has dwindled to about 280 people—a quarter of what it once was. In hope of breathing new life into deserted neighborhoods, Camini has welcomed more than 80 refugees and immigrants from Africa and the Middle East.

No fundo, a mesma harmonia que a beira do rio, que o amor simples. Procuro a harmonia.
Não gosto de complicações. Se há coisa que me chateia são complicações: livros com páginas e páginas de coisa nenhuma, de prosoleio irrelevante, ou problemas parideiros, problemas dentro de problemas, ou soluções que não se percebem, que cansam só de tentar perceber se são soluções ou mais problemas. Eu não. Para mim só o polinómio depurado, a geometria cristalina, a equação elegante como uma bailarina em pontas, o texto como um sussurro da alma, a música como uma suave carícia na superfície da minha pele.
Coisa assim. 
Mas dizia eu que. 

Acolher os outros. Querer que os outros, os que nada têm, sintam a paz e o amor no seu coração. Abraçar. É bom abraçar.

É o caso que aqui abaixo se vê. Vejam, por favor.

Portugal, com tantas aldeias quase fantasmas, precisa de vida nova.

Mesmo que a cor da pele ou o tom das preces seja diferente.


Cosmano e Assan, pai e filho


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Vi os animais que se estimam como se da mesma família no Bored Panda.

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E antes de deslizarem até ao próximo post, caso não resistam a saber o que Stephen Colbert gozou com o primeiro debate Hillary Clinton versus Donald Trump, eis o vídeo da intervenção de abertura do programa de hoje.


The First Presidential Debate Lives Up To the Hype

The Late Show with Stephen Colbert



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sexta-feira, setembro 23, 2016

Vejam. Vejam. Vejam.
É mesmo divertido.
Between Two Ferns com Zach Galifianakis: Hillary Clinton

Όσο για τον φόρο Mortágua περπάτησε να εξαπλωθεί στα πόδια μόνο να πω, αν δεν έρθει να δει ότι είναι μια έκτρωση, k;


Pronto, não falo mais do sobre-imposto porque não gosto muito de falar de abortos e sei lá se o sobre-sobre-imposto 
(sobre-imposto porque, como a Drº Ferreira Leite explicou na TVI a quem ainda não percebeu, já há imposto e sobre-imposto, o tal que o Passos Coelho lançou) 
vai ver a luz do dia, nem quero fazer o papel da cachopa Mortágua que anda a espalhar com as patas o que os outros andam a juntar com o bico.


Mas ainda mais uma coisinha a quem ainda não percebeu o que eu digo (para a próxima, vou ver se escrevo em grego ou coisa do género a ver se tenho melhor sorte):
Os impostos são progressivos e, portanto, os 'ricos' (que agem dentro da ética e da lei) pagam que se fartam, proporcionalmente bem mais do que os 'não ricos' (porque os pobres não pagam impostos directos). O que se passa é que alguns ricos não pagam o que devem. E quanto mais aumentarem os impostos, menos eles pagam. E não pagam porque têm esquemas para não pagar. Podem passar as taxas de 70% para 80% ou 95% porque para eles é tinto: não pagam. Têm os bens em nome de empresas, recebem através de formas que lhes permitem só pagar o que querem, etc. Portanto, a questão não passa por essas infantilidades que andam para aí a falar. 
Se os que devem pagar não pagam, a questão não tem a ver com esta conversa. Ou se muda a legislação (e há concertação a nível de países para evitar que usem esquemas interpaíses) ou a coisa é feita à margem da lei e estamos perante um caso de polícia.

Por isso, Caros Leitores, leiam o que eu digo porque me têm treslido.

Mais: penso pela minha cabeça e por muitos ossos que atirem, eu não sou de ir a correr atrás.

Não me entusiasmo com publicidades, demagogias, foguetórios. Podem andar aí todos a matar e esfolar tudo o que encontrarem pela frente que eu só falo do que sei e, antes de falar, penso. Pode parecer que não mas olhem que sou uma cabecinha pensadeira.

Mas agora não me apetece falar mais do assunto. Se houver alguma coisa de concreto, logo falo sobre essa coisa.

Agora o que aqui tenho é uma entrevista deliciosa. Por favor, vejam-na porque é divertidíssima.


Hillary Clinton sits down with Zach Galifianakis for her most memorable interview yet.


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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela sexta-feira.
Divirtam-se, vá lá...

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terça-feira, agosto 09, 2016

Hillary e o machismo, muitas vezes oriundo de mulheres
- ou o papel das mulheres na sociedade actual


Estava numa reunião com um colega quando lhe tocou o telemóvel. É normal espreitarmos e, se não for urgente, desligarmos com mensagem de que retornaremos ou tirarmos o som e deixarmos tocar. Contudo, desde sempre, se é alguém da família, eu atendo. Posso dizer que estou numa reunião e perguntar de que se trata e, se não for urgente, digo que ligo depois. E, do que conheço, isto é prática corrente. O meu colega espreitou e atendeu. Uma voz de mulher. Ele disse que estava um bocado atrasado. Presumo que ela lhe perguntou se demorava muito porque ele olhou para o relógio, olhou para mim, eu fiz sinal de que estavamos quase a acabar e ele disse que não demorava muito. Despediu-se com um beijinho. Explicou-me depois que, quando sai, costuma ligar à mulher e que ela tinha estranhado. Isto acontece-me às vezes: estou com colegas (homens - praticamente todos os meus colegas são homens) e, ao fim da tarde, as mulheres ligam-lhes. Imagino que queiram saber se podem pôr o jantar ao lume ou qualquer outro legitimo aspecto prático.

E eu pensei uma vez mais: na minha casa a mulher sou eu. 

Quando cheguei, depois de uma fila de trânsito do caraças, fui ao supermercado. Muitas vezes deixo a comida já feita mas hoje não tinha nada e estava de apetites por uma bela pescadinha cozida, daquelas de anzol, pequenas, acompanhada com feijão verde, batata doce e ovo. Muitas vezes o meu marido vai ao supermercado mas, para comprar peixe ou alguma coisa que tenha que ser escolhida ou a qualidade validada, gosto de ser eu.

Depois cheguei a casa, descasquei as batatas, arranjei o feijão verde, fiz o jantareco. Enquanto o jantar estava ao lume, pus a roupa na máquina de lavar,  depois fui arrumar umas coisas, e etc. Agora que aqui estou já jantámos, estendemos os dois a roupa, arrumámos a cozinha, etc. O normal.

E, no entanto, quando falo com mulheres que não trabalham ou que têm profissões com horários mais ligeiros, percebo que acham que a sua casa se move eficientemente porque elas estão ali, sempre presentes, vigilantes, porque com os maridos não podem contar -- e elas parecem achar isso normal porque vida de homem é assim mesmo e graças a deus existem elas, mulheres, para tratar da casa e da família. Não o dizem mas imagino que achem que a minha casa seja uma balda já que tenho pouco tempo para lhe dedicar ou, em alternativa, que achem que tenho empregada a tempo inteiro. Não tenho (apenas tenho uma tarde por semana). 

Não estou a criticar. Estou a constatar. De facto, isto é o que acontece na maioria das casas e não é senão o reflexo do que é a sociedade na qual a maioria das mulheres ainda tem um lugar secundário. Nas empresas, na política -- em cargos de decisão ou poder -- a maioria é largamente masculina. O que me intriga é porque é que, em vez de lutarem para que isso mude, ainda tantas mulheres assumem de tão bom grado que o seu papel seja secundário em relação ao dos homens.

Claro que isto acontece sobretudo numa certa faixa etária. Acredito que progressivamente as coisas se vão alterar.


Vem isto a propósito de um vídeo que acabei de ver e que reúne um conjunto de manifestações de machismo a que Hillary Clinton tem sido submetida ao longo dos anos. 



Não é fácil a uma mulher ser olhada com desconfiança apenas por se achar uma cidadã de corpo inteiro. Que mantenha a determinação e o sentido de humor apenas lhe acrescenta valor.


Watch Hillary Clinton Answer Nearly 40 Years Of Sexism


"Can a first lady be both popular and opinionated?"

​"Men won't vote for Hillary Clinton because she reminds them of their nagging wives." ​



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segunda-feira, agosto 01, 2016

Como é a casa de uma pessoa muito rica?
- O que aqui partilho convosco é apenas um exemplo. Em Nova Iorque. Esteve à venda por 65 milhões de dólares. Coisa pouca.
(Mas tem muita arrumação e só isso é capaz de valer ouro)


Denise no seu barco Lady Joy


Denise Rich é uma socialite ex-americana, compositora (fez canções para Celine Dion, Diana Ross, etc) e benemérita. Ao seu ex-marido estiveram associados alguns casos de fuga aos impostos.

Hillary Clinton e Denise Rich
Desde sempre apoiante dos Clinton's, muitas suspeições se levantaram desde sempre. No entanto, não têm o exclusivo. Gente que nada em dinheiro faz de tudo para se manter muito rica desde pagar fortunas a advogados e consultores de fiscalidade até correr todos os riscos, convencidos de que (os buracos d)a lei sempre os protegerão, passando por se ligar a interesses políticos. Usei a expressão 'ligar a' mas talvez devesse antes 'escudar em'.

Neste momento Denise, para fugir aos impostos americanos, renunciou à cidadania america e naturalizou-se austríaca.
Denise Rich e Donald Trump


Leio também na wikipedia que:
In April 2013, as part of the Offshore leaks tax evasion scandal, financial records were released that showed that Denise Rich in April 2006 had USD 144 million protected from scrutiny by the Cook Islands in the South Pacific in the form of a trust including a Learjet 60 and a 157-foot yacht called the "Lady Joy"
Depois têm quase todos um lado de bons cidadãos. A expressão é: Give back. Ouvi esta expressão pela primeira vez a uma portuguesa muito, muito rica, que passou um ano nos Estados Unidos. Veio de lá toda cheia de vontade de fazer voluntariado e de distribuir donativos. Retribuir à sociedade o que a sociedade lhes deu -- dizia com aquela sua voz grossa de tia. Claro que a distribuição é selectiva e que as mais valias retidas são sempre muito compensadoras. Mas, enfim, ficam de bem com a consciência.

É o caso de Denise que é conhecida por andar sempre a organizar 'cenas' para angariar fundos para causas meritórias. os seus bailes e festas juntam a elite da política, dos negócios e do entretainment.

Numa das festeas que oferece, da esquerda para a direita:
Terry Kramer, Joan Collins, Ivana Trump e ela própria, Denise Rich

É assim o mundo dos muito ricos. A reportagem que abaixo poderão ver é da Forbes que, em 2012, foi visitar a penthouse que Denise estava a vender. A agente imobiliária é nitidamente daquelas senhoras também muito bem que têm a patine necessária para lidar com potenciais clientes. Provavelmente a esta hora o apartamento já tem outro dono.

[De notar que a Forbes também já tem um vídeo a falar dos hotéis Pestana/CR7. O poder do dinheiro parece, por vezes, sobrepor-se aos mais elementares critérios de exigência. Mas é mesmo assim: quem procurará estes hotéis será provavelmente gente com muito dinheiro e que, em vez de cabeça, é capaz de ter uma bola. Além disso, os hotéis Pestana são bons, o serviço é bom. Aqui o que deve variar é o toque Aveiro na decoração.]


Bom, mas vejamos então a pentahouse que Denise quis vender porque, na altura, já era grande demais para ela, já pouco a usava. Toda a casa é em grande mas, então, o closet é extraordinário, a colecção de sapatos é qualquer coisa. E a vista é soberba.

Portanto, se entre os meus leitores estiver algum excêntrico que ande à procura de fazer uma aplicaçãozita, lamento só agora estar a divulgar tão aliciante oportunidade.


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De notar que não valorizo minimamente o apoio que Denise sempre deu aos Clinton's pois a realidade nos EUA é muito diferente do que é por cá. Por lá, as máquinas eleitorais são máquinas poderosíssimas e os apoios financeiros milionários são mais do que frequentes. A ingenuidade é coisa que há muito foi enterrada por aqueles lados. Além do mais, se formos comparar os apoiantes de Hillary e os de Trump estaremos, muito provavelmente, a comparar os meninos do coro da paróquia com os gangsters do bairro.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa semana a começar já por esta segunda-feira.

Haja saúde, boa sorte e alegria.

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sábado, julho 30, 2016

Hillary, this is the woman



Um filme de 12 minutos da produtora Shonda Rhimes (Scandal, Grey's Anatomy), narrado por Morgan Freeman, passa em revista toda a vida e carreira de Hillary Clinton


Tenho pena que não esteja legendado mas a dicção de todos é perfeita, penso que se percebe bem. 

A máquina democrática está em marcha com os motores a rodarem a toda a força.

Hillary tem uma vida de serviço público e de dedicação a causas meritórias e tem, também, a simpatia de quem assistiu à forma digna como atravessou o vendaval que ia derrubando o incontinente-sexual marido aquando do escândalo das brincadeiras na sala oval com uma estagiária que viria a dar que falar.

Pode faltar a Hillary aquele toque de leveza e charme que a colocaria na Casa Branca quase sem ter que mexer uma palha mas, presumo, a poderosa máquina que conduz a campanha suprirá esse défice através de peças mediáticas como este filme. Foi divulgado na Convenção Democrática e será, certamente, um poderoso catalisador das simpatias americanas a favor da primeira mulher candidata à Presidência dos Estados Unidos.


Hillary




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E para a sua desconstrução, queiram, por favor, descer até ao post seguinte no qual se mostra o sentido de humor ao serviço da inteligência na entrevista que o grande Stephen Colbert faz ao cartoon de Hillary. De bónus, idêntica entrevista ao palhaço tarado que dá pelo nome de Cabeça de Banana Trump.

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Hillary Clinton responde a perguntas de Republicanos
- Bem, não bem ela mas um seu cartoon. Stephen Colbert intermedeia.
[Sentido de humor e oportunidade num país (ainda?) democrático]



Vai ser uma boa presidente. Mas falta-lhe aquele grão de carisma que faz com que os outros naturalmente sejam atraídos pela sua empatia. Nota-se que se esforça por ser alegre e espontânea mas falta-lhe aquele je ne sais quoi, aquele charme que, por exemplo, o garanhão Bill, o seu fiel marido, e Obama têm em doses generosas.

Entre ela e Trump é bom que poucos tenham dúvidas. Trump é um palhaço. Que seja o candidato pelos Republicanos é bem o exemplo do circo que este desorientado mundo parece tender a ser. Hillary não: Hillary é uma política bem preparada, com competência e segurança para ocupar o lugar de presidente dos EUA. Mas, e é pena, falta a Hillary aquele toque de sedução que, mesmo na política, é necessário.


À nossa pequena escala pense-se em Cavaco: um tronco-laronco que nem uma vaca é capaz de seduzir. Seduziu a sua Maria porque ela, convenhamos, é a sua alma gémea. Mas parou aí. Veja-se o seu sucessor. Marcelo seduz velhinhas, jovenzinhas, MILF's e, identicamente, toda a espécie de homens. É um sedutor -- e daí a sua popularidade (que conquistou ao longo de anos de namoro com o seu fiel público televisivo).

Mas, voltando a Hillary, claro que o seu esforço em ser simpática não podia passar entre as pingas da chuva mediática.

O feroz anti-Trump Stephen Colbert, que é um gozão de primeira apanha mas um gozão com montes de pinta, aí está. 




Dito isto, que me seja permitida uma ressalva. Mesmo assim, muito acho eu que ela faz. Há anos que anda nisto, nos EUA estes processos são um pesadelo que se arrasta por meses e meses. Se fosse eu, chegava a ese ponto afónica, estafada, incapaz de continuar a dizer coisas e a sorrir. Tantas e tantas vezes a dizer palavras fortes, palavras simpáticas, palavras âncora, palavras de toda a espécie e feitio, espantoso é que ainda consiga articular uma palavra que seja. Não sei como esta gente que anda nisto, entre viagens, entre hotéis, a participar em almoços, jantares, comícios, congressos e convenções consegue manter um ar aprumado, consegue gerir as idas à casa de banho, as horas de sono, os sorrisos para as sessões fotográficas, as entrevistas. Gabo a dedicação desta gente e a sua resistência física.

Por isso, quando quisermos criticar estes poíticos permenentemente debaixo dos holofotes, não nos esqueçamos deste lado.de sacrifício. A mim nem que me pagassem fortunas. Podiam pagar-me os ordenados e prémios do Cristiano Ronaldo. Não queria.

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Já agora a versão antagónica: Stephen Colbert e Donald Trump

Uma gozação pegada. Quando humor e política andam a par e passo é uma graça de se ver.




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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um sábado muito feliz.

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