Bem queria cá ter vindo mais cedo mas isto não é fácil. As voltas que eu já dei hoje. Até o IRS dos meus pais já está despachado. As compras de supermercado também (mas à tangente: entrámos estava aquilo a minutos de fechar). E íamos para pintar lá umas coisas no campo mas, afinal, não deu. Fomos mas, o que era para estar pronto, não estava. O senhor ainda lá estava a telhar o telheiro que está a ser arranjado. Parece que choveu quase todos os dias, não conseguiu trabalhar. Não sei.
No meio de tudo, enquanto no carro e durante mais um bocado, ainda me encantei com a Virginia Woolf. Depois fiquei a pensar em qualquer será o factor que torna alguém um escritor de qualidade. Não tem a ver com a imaginação pois pode, apenas, escrever sobre memórias e, ainda assim, apesar de descrever vidas mais ou menos rotineiras ou acontecimentos relativamente banais, prender a atenção do leitor ou dar-lhe vontade de reler algumas passagens para contemplar melhor como se atingiu o reforço do sentido (do que o autor quis dizer) através do enleio de algumas palavras, conjugadas de forma especialmente bela. O livro é 'Momentos de Vida' que, no original, é Moments of Being. O livro, além do mais, tem uma bela capa e sobrecapa, uma boa paginação, fotografias, e, estou em crer, uma cuidada tradução pois o que se lê soa bem e a nota inicial da tradutora, Eugénia Antunes, revela uma sensibilidade e uma preocupação que me agradaram.
A cena é que cada vez mais acho que vivemos assentes em ortodoxias que não ajudam nada à nossa qualidade de vida. Impantes do nosso saber, viramos a cara ao que desconhecemos como se, ao não vermos, tivessemos a comprovação da não existência.
Quando se perde campo visual -- e sei disto porque o meu pai, com o AVC, perdeu metade -- ignora-se o que se passa na parte que a visão não reconhece. É como se metade do que temos pela frente estivesse também nas nossas costas.
Assim somos com grande parte do que existe -- e ignoramos.
Que parte dos alimentos que alegremente consumimos são prejudiciais à nossa específica condição -- desconhecemos. Que esticar o braço, a ver se aquilo dá um estalo que vai aliviar a dor no ombro, só agrava o problema -- desconhecemos.
E estou apenas a dar alguns exemplos.
Há profissões que apenas recentemente começaram a sair da sombra apesar de, quando exercidas com profissionalismo, trazerem a quem delas beneficia significativas melhorias na sua qualidade de vida.

Fisiatria e fisioterapia são duas delas.
O tempo que perdi e as chatices que tive enquanto não dei com uma fisiatra que soube interpretar a minha lesão e me tratou como deve ser, ou o que eu aprendi e como melhorei com a fisioterapia. Estou em crer que se frequentássemos, de quando em vez, a fisoterapia, sob recomendação de um fisiatra, quantos comprimidos e dores não evitaríamos.
Outra é a de nutricionista. Já há um par de anos tinha ido a uma nutricionista. Fui uma única vez, fiquei bem melhor, até a nível estético. De número 42 passei a 40 e a 38, e toda eu me sentia levezinha, o peso de antes.
Mas perdi a disciplina e, além do mais, tenho gostos que não ajudam muito. Voltei ao 42. Não se pode dizer que esteja gorda, acho que nem pouco mais ou menos (mas isto sou eu a dizer...), mas vejo que não 'estou na linha' como queria. Adoro fruta e iogurtes e flocos de aveia e frutos secos. Um dia, para mim, começa bem com uma banana, uma laranja, um kiwi, um iogurte (e dos magros, com frutos e cereias, activia). Se puder, ao almoço, acompanhar a refeição com um copo de sumo de fruta natural, tanto melhor.
Ora, tudo isso tem açúcar que não acaba. Não uso açúcar de pacote há anos mas consumo açúcar natural na fruta ou o que vem no muesli ou no iogurte. E, como não gasto calorias na proporção em que as acumulo, o resultado traduz-se em mais centímetros no perímetro abdominal.
Mais. Não há ano que passe sem que tenha uma tendinite. Ou é um ombro, ou um torcicolo. O ano passado até uma tendinopatia insercional nos isquiáticos eu tive. Geralmente isto acontece uma ou duas vezes por ano. Pode ser apenas durante quatro ou cinco dias mas são dias de dores terríveis e brufen. Contudo, da última vez, porque soube agir, não me impediu de trabalhar e não tive que tomar nenhum anti-inflamatório: bastou não fazer certos movimentos e, ao fim do dia, pôr gelo.
Para além do peso que quero perder, também falei nisto à nutricionista.
E, portanto, agora estou a seguir um regime que visa perder alguma gordura abdominal -- que é onde a gordura se me deposita, e que, não sendo nada de mais, é, ainda assim, desnecessária -- e combater a inflamação. E estou animada com os resultados que hei-de obter.
Conheço pessoas que, por seguirem um regime prescrito por nutricionistas, deixaram de tomar o omeprazol que tomavam há anos, nunca mais tiveram refluxo, azia ou mau estar intestinal; outras que passaram a sentir um nível estável de energia, quando antes sentiam moleza e abulia; ou que voltaram a ter um corpo com contornos definidos quando antes era uma sucessão de pneus. E homens que deixaram de ter uma barrigona a rebentar pelos botões da camisa ou uma papada gorda que lhes desvirtuava as feições.
Contei à minha mãe que, até revisão, terei que, de manhã, comer proteina (ovos, por exemplo) e legumes ou saladas e, de fruta, por exemplo, pera abacate, e, se quiser, umas amêndias. Nem lacticínios nem hidratos de carbono, nem açúcares. O primeiro mês é o mais violento pois o objectivo é consumir a gordura depositada. A minha mãe disse: olha, quando eras pequena, gostavas de comer sopa ao pequeno-almoço. Pois era, já nem me lembrava. Nunca gostei, e nunca comi, torradas ou pão com o que quer que fosse ou café com leite, essas coisas de que toda a gente gosta. Ou era sopa ou papa de aveia ou iogurte ou fruta.
Vamos ver se consigo ser disciplinada e se, depois deste mês mais radical, encontro um equilíbrio entre aquilo de que mais gosto e o que é indicado. Para já sinto a falta do iogurte e do queijo.
Não descrevo a dieta que me foi prescrita pois ela é indicada para a minha circunstância que não será, certamente, igual a de todos quantos me lêem -- e não quero induzir ninguém em erro.
O que posso, isso sim, é recomendar, a quem possa, que vá ouvir a opinião de um nutricionista sobre qual o seu regime alimentar adequado, e que, em caso de dores musculares ou nas articulações, não se fique apenas pelas consultas de ortopedistas ou reumatologistas e ouça também a opinião de um fisiatra.
___________
Lá em cima é a Rita Redshoes com 'Mulher', um vídeo que Leitora a quem muito agradeço me enviou e onde aparece uma amiga sua, por sinal, pessoa com um ar bem simpático.
As fotografias foram feitas nesta tarde de sábado in heaven.
_____________
E a ver se consigo cá voltar com a Doris.
Até já.
_____________________________________