O meu sábado esteve a rebentar pelas costuras e nem eu sei como lá coube dentro tanta coisa. Compras, supermercado, ida aos meus pais, almoço num tasco onde o peixe chega directamente do mar para saltar para o prato, entrega do colchão (que é alto, alto..., um disparate, não sei como não reparei nisso lá na loja), preparar o repasto para casa cheia ao jantar, pessoalzinho aos saltos e tudo na maior farra e forrobodó a seguir e, pelo meio, uma ida a correr buscar o presente que Leitor a quem muito agradeço me deixou num lugar secreto (e de que amanhã darei notícia).

Todos os anos pelo Natal gosto de oferecer fotografias à família toda. Mas, como sempre, deixo a selecção para a altura em que não posso postergar mais. E então, se quero escolher as melhores -- e começo sempre por ter essa aspiração -- tenho que rever muitas, muitas. Milhares. Não acabam. Forço-me a fazer uma selecção criteriosa mas, quando se está a ver fotografias durante horas, a capacidade de raciocínio esbate-se à medida que o tempo passa.

E não só eles: o resto da família, outros bebés, outros miúdos e outros graúdos. Tento descobrir bons ângulos de cada um deles. Dizem que sou a repórter da família e que as únicas fotografias em papel que têm são as que dou. Algumas coloco em molduras. Gosto de oferecer molduras bonitas com fotografias em que estejam bem.
E a verdade é que fico contente ao rever todos esses momentos. Mas as pastas com fotografias não param. Não param, senhores. Porque é que tiro tantas fotografias...? Que seca. Chego a um ponto em que deixo de abrir todas as pastas, em que a saturação toma conta de mim, quero lá saber se deixo melhores fora da selecção... Por exemplo, hoje, cá em casa, fotografei-os e acho que algumas fotografias devem ter ficado bem. Mas nem tive ânimo para as passar para o computador e escolher algumas. Já chega, caneco.
E a dose ainda não acabou. Agora que já seleccionei cerca de duzentas, tenho que resolver, uma a uma, quantas faço de cada e a quem as darei. Depois tenho que ir mandar imprimi-las. E depois, quando as for buscar, largas centenas, tenho que separá-las por envelopes, emoldurar algumas. Muito, muito trabalho. Um disparate.
Por isso, chego ao fim de um dia como o de hoje e estou francamente esgotada. É que se a coisa estivesse concluída, o cansaço pelo dia ter-me-ia já passado. Assim, com a perspectiva de haver ainda uma trabalheira louca pela frente, parece que não consigo descansar.
E, por tudo isto -- e a esta hora -- peço que me desculpem mas, creiam-me, estou mesmo incapaz de articular palavra. Gostaria de ter conseguido falar sobre alguma coisa que fizesse algum sentido para quem me lê mas hoje não deu para mais do que isto. Lamento.
E o que me arrelia ainda mais é que gostava de ter falado da entrevista do Michael Ondaatje ao Público. Gosto muito de ler ou ouvir os criadores -- não para relacionar o que dizem com a sua obra mas porque acho que, na generalidade, são pessoas diferentes, interessantes. Gosto de saber como pensam, como trabalham. Pura cusquice. Mas gostei de ler aquela entrevista e gostava de ter conseguido falar sobre isso pois admiro-o, gosto de o ouvir falar -- e um dos seus poemas é um dos poemas que muito me toca. Nem sei porquê, não sei o que tem aquele poema mas sei que o acho viciante. Já aqui coloquei esse poema algumas vezes e depois de um vídeo com uma entrevista que também vou partilhar, vou colocá-lo de novo.
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As pinturas são de diversos pintores japoneses e eu deveria aqui referi-los um por um mas, se me ponho a fazer isso, adormeço.
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Um feliz dia de domingo