Este fim de semana o Expresso começou a divulgar os resultados de um inquérito sobre o sexo em Portugal. Qual a posição preferida?, com que frequência?, antes era tanto ou mais do que agora?, e é bom ou nem por isso?, mas prefere que lhe façam a si ou prefere fazer aos outros?, e assim: já experimentou, e gostou? ou experimentou e nunca mais?, etc. - são alguns dos temas abordados. A vida sexual dos portugueses, do Algarve (uns assanhados) ao Porto (todos hetero), do Benfica ao Sporting (uns desinteressados), dos novos aos velhos - tudo espreitadinho pelo buraco da fechadura, isto é, tudo passado a pente fino.
Não vem agora aqui ao caso dizer que não percebo bem aquelas percentagens porque, sistematicamente, a soma das várias hipóteses não dá 100 mas, enfim, isto das variantes sexuais é matéria para a qual não devo ainda reunir toda a sabedoria necessária para interpretar o inquérito.
Adiante, pois.
Pois foi, justamente logo a seguir a esta publicação, que um dos membros do casal Passos Coelho - Paulo Portas, notoriamente a travessar um momento difícil na sua relação, veio desfazer o tabu e revelar quem tem a posição dominante, quem é o passivo, quem faz ou a quem é feito, e se gostam ou não e, claro, como sempre acontece nestas coisas, ainda se deu ao trabalho de fingir que está tudo bem, que arrufos é o que mais não falta nestas relações, que continuam amigos como dantes. Amigos mas não fundidos. Disse ele.
Não me admirou nada daquilo. Nas relações instáveis em que a química não é das maiores, acontecem coisas como esta: os membros do casal, quando a fase do respeito mútuo também já se esvaíu, zangados e ressabiados, costumam por vezes fazer embaraçosas revelações íntimas em público.
Não percebi foi se o facto de Paulo Portas estar tão ranhoso tem alguma coisa a ver com o que se está a passar. Presumo que não. Fui rever o cardápio das posições e não encontro nenhuma que tenha esse efeito secundário. Aquilo ou era comoção ou alergia.
Enquanto ele falava, junto a mim só ouvia vozes que apelavam, 'Alguém que assoe aquele gajo...?!', mas não apareceu ninguém e, portanto, ali esteve ele, revelando intimidades enquanto fungava insistentemente.
Mas se fungava por comoção, estava comovido porquê? Com o facto de a relação estar assim, por um fio? Já na fase da lavagem da roupa suja em público? Se me perguntam se eu quis, não, eu não quis, se me perguntam se aceitei, sim, aceitei, e se me perguntam se eu tinha alternativa, não, eu acho que não tinha e se me perguntam qual a posição que eu acho que devemos adoptar agora a seguir, eu respondo que é a de abertura. Disse ele.
Ou fungaria por alergia? Mas se era alergia, era alergia a quem? Ao outro? Aos amigos do outro? Ao ar irrespirável que se vive lá por S. Bento? É que consta que aquilo por lá é muita gramínea, muita relva, muitos ácaros, muitos pavões, tudo bicheza que dá comichão no nariz.
Enfim. Seja como for, estes problemas de nariz já não são novos em Paulo Portas. O estranho é o gesto que ele faz com os dedos enquanto desentope o nariz. Mas ele lá saberá quem é que (parece que) está a mandar para um certo sítio, quando faz isto.
Adiante.
Há pouco ouvi a reacção irritada do PSD. A família (a Comissão Permanente e a Comissão Política) vai juntar-se para ver o que fazem a Paulo Portas depois das 'cenas' de hoje ao meio dia. Ouvi também Marcelo Rebelo de Sousa a fofocar com a Judite de Sousa que afinal foi o Portas quem entalou o Passos, que o Passos agora, depois duma destas, fica de saia justa, sem margem de manobra. Pois eu não sei, que isto é coisa que me é alheia, não gosto de saber das intimidades dos outros.
A única coisa que sei é que quando não há química (como disse um ex-amigo de Portas) é difícil que a coisa dê certo; também sei que quando se chega ao ponto a que este casal já chegou já não há volta a dar; e também sei que, quando as famílias se metem ao barulho, geralmente o caso entorna de vez.
Mas também, pergunto eu: para que serve manter um casamento se um dos membros do casal mostra, à descarada, que se está nas tintas para o outro e põe e dispõe a seu bel-prazer e, mais, age à bruta, dispensando os preliminares, ignorando a vontade e os gostos do parceiro e, tal como um qualquer vulgar fanfarrão, ainda se vem gabar que o outro participou na coisa e que, se está na relação, é para ser leal, isto é, para comer e calar?
E pergunto ainda: para que serve manter um casamento se é para estar sujeito a ter que estar envolvido em 'cenas' com as quais não concorda, a ter que comer e calar, engolindo o que não se quer?
Adiante que a língua portuguesa é traiçoeira.
Com todas estas cegadas, presumo que, a esta hora, os advisors de Passos Coelho o estejam a treinar para a melhor forma de reagir numa situação assim. Calma, Pedro, se ele já chegou a este ponto, então que saia ele, ficas a ganhar se for ele a abandonar a casa. E, olha, se ele já anda para aí a relatar o que se passa, quem é que quis isto e aquilo, que cedências é que tu fizeste, isso só revela aquilo que a gente já sabia, que aquilo não é menino em que a gente se possa fiar, aquilo é ele já a pensar no que vai ficar a ganhar, um interesseiro, e se quer sair, melhor, assim já não tens que estar a aturar aqueles chiliques, aqueles tabus, aquelas birrinhas, aquelas saídas para o estrangeiro. Não podes é ficar por baixo, Pedro, logo tu, um calmeirão, um machão. Mostra-lhe quem é que manda. Dá-lhe com força, Pedro.
Enquanto isto, o Paulo Portas, digo eu, deve estar a equacionar cenários, se ele agora me disser que ou me calo de vez ou me põe fora de casa, mostro-lhe com quem é que ele se meteu; se ele me disser que eu passei das marcas e que, se eu não quero, há mais quem queira, eu digo-lhe que quero mas que ele tem que passar a dar-me mais ouvidos (que eu para casa é que não quero ir); se ele me disser que então, está bem, vai ceder e vai fazer como eu quero, eu digo-lhe que, então, a partir daqui sou eu que escolho como é que vai ser. Ah, aquela cabecinha frenética deve estar numa agitação. A chatice é que a Teggy que, antes, era tão indefectível, agora, desde que se casou com aquele brutamontes desbocado, já não consegue ser tão amiga como era antes. E os outros estão todos zangados com ele. Ah, a solidão dos artistas quando o pano cai...
Mas, com estas pouca-vergonhas do casal, deve haver mais quem esteja numa ralação: o casal Aníbal e Maria, os padrinhos. Tanto que o Aníbal se esforçou por correr com o outro, com o Sócrates, para deixar o caminho livre para o Pedrinho, tanto que abençoou esta união. E, afinal, ao fim de ano picos, já andam nisto, só bocas em público, uma falta de decoro. Está bem que o afilhado se tem revelado um calinas, não tem aproveitamento, não sabe nada de nada, não tem maneiras, só faz coisas estapafúrdias, sempre a roubar as pessoas, até parece um delinquente, credo, Maria, já viste isto?, rouba os pobrezinhos, rouba os velhinhos, uma vergonha, e sempre rodeado de más companhias.
Cá para mim, a Maria deve estar a sossegá-lo enquanto lhe faz um chamego, Oh Nini (e vou mas é deixar de te chamar Nini, Aníbal, que isto do outro ter ido cantar a Nini depois de anunciar mais um desmando, me incomodou muito), aquela gente não merece que te rales dessa maneira, vê-te mas é livre deles e escolhe aí uns quantos que não te dêem tantas ralações.
No próximo fim de semana o Expresso continuará a divulgar as preferências e os hábitos sexuais dos portugueses.
Estamos cá para ver.
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Seja como for, eu não vos tinha dito que achava que era bem provável que, face aos artistas em questão, isto haveria de acabar por si? Que implodia sem que ninguém de fora tivesse que fazer o que quer que fosse? Que acabavam todos à estalada...?
Ora aqui vão mais dois casos, um em versão cantada, outro em versão filmada.
A guerra das rosas - Camané
The war of the roses
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E nada de tristezas que isto é para rir, não para carpir. Pior do que estamos não vamos estar e qualquer coisa é melhor que isto agora.
Tenham, pois, meus Caros Leitores, uma bela semana a começar já por esta segunda feira!