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domingo, outubro 24, 2021

E para o OE não vai nada, nada, nada...?
Tudo! Tudo! Tudo!
[Para disfarçar, inclui crónica do meu pequeno dia]

 


Não me interessa muito esta chicana do orçamento. Todos os anos é isto. Um filme pouco inspirado que se repete ano após ano.

As do Bloco de Esquerda gostam de se pôr em bicos de pés e não conseguem resistir à tentação de assim andarem a toda a hora mesmo quando isso é despropositado. A forma como falam, como se tivessem o rei na barriga, é pateta. Poderia dizer que é patético mas acho que a palavra é grande demais para elas. Na minha terra, em situações assim, diz-se: 'já o carapau tem tosse...'.  É que não se enxergam. Acham que podem impor ao país a sua vontade, esquecidas da insignificante votação que tiveram. Não se aguenta. Estas suas atitudes despropositadamente impositivas e arrogantes penalizam-nas em todas as eleições mas, armadas em reizinhos, não percebem que cada vez há menos pessoas a terem pachorra para elas.

O PCP tem outra atitude, são gente crescida, gente confiável. O problema deles é outro. Ainda vivem num outro mundo. Confundem os sindicatos que ainda controlam -- e que representam cada vez menos gente -- com as reais preocupações do mundo laboral. Mantêm-se agarrados a causas que interessam cada vez a menos gente. Muito do que era o seu eleitorado típico está agora a marimbar-se para o que ainda são as causas comunistas. 

Muitos que integram o anteriormente designado proletariado, nomeadamente o operariado ligado a empresas industriais, estão-se nas tintas para a precariedade e para as carreiras. Querem é andar de empresa em empresa, consoante lhes paguem melhor. Por exemplo, quando alguma empresa os quer contratar, dizem: quero ganhar mil e quinhentos líquido. Ou mil e oitocentos, o que for. Tanto se lhes dá se recebem metade por baixo da mesa ou por fora, tanto se lhes dá se o que é descontado para a segurança social é o mínimo dos mínimos. E se lhes oferecem mais para irem trabalhar lá para fora, nem pensam duas vezes, vão. E se puderem fazer carradas de horas de extraordinárias, melhor. Na minha terra também se diz sobre atitudes assim: tudo o que vem à rede é peixe. E é nessa que estão muitos dos actuais operários. Preferem empresas de vão de escada, que fogem a responsabilidades, ao fisco, às recomendações da ACT mas que lhes garantem o 'líquido' que eles pedem. Ora, nestas águas, o PCP já está fora. 

Ou seja, os poucos por cento que o PCP representa já não têm muito a ver com nada da vida real.

Portanto, o pobre do Costa ali anda, sem dormir, a aturar uns e outros a ver se consegue que viabilizem o Orçamento.

À direita o despautério é ainda mais oco, embora seja mais colorido, mais divertido. 

No PSD devoram-se uns aos outros. A galinha cacarejante continua a ser levada ao colo pela comunicação social, mostrando-se entusiasmada com o que imagina ser uma onda laranja que, na realidade, não existe. E o desagradável mangas de alpaca que, volta e meia, quer dar um ar da sua graça mas apenas consegue que o olhem com algum espanto e comiseração, anunciou que vai outra vez a jogo. Entre uma galinha cacarejante e meio careca e um carapau de corrida venha o diabo e escolha. Não vão longe.

O CDS já não existe e o Chega é uma agremiação de patifes, malfeitores, fala-baratos e, num ou noutro caso, parece que verdadeiros bandidos. Portanto, nem vale a pena pensar no que querem. Não querem nada. Querem apenas fazer barulho e lançar confusão. Apenas existem porque a comunicação social lhes dá palco. Senão, seria fumaça que se dissiparia por si.

Depois há o PAN com a sua moçoila simpática e o IL com um líder que tem a vantagem de ser um peralvilho com alguma pinta. Conteúdo em qualquer dos casos: zero.

Portanto, o que posso dizer é que espero que o raio do orçamento seja aprovado e que, se não for, que o Costa siga em frente e governe na mesma.

E espero que o Marcelo consiga manter a cabeça fresca para pôr alguma ordem na mesa e assegurar a estabilidade suficiente para o país conseguir sair o melhor possível deste vulcão de desgraças que não pára de lançar lava e cinza sobre todo o mundo: pandemia, crise energética, escassez internacional de matérias primas. 

Só gente intelectualmente destituída ou desonesta é que pode achar que faria sentido, no meio disto, irmos agora para nova campanha eleitoral.

Enfim. Adiante.

Tirando isso, só se for para falar da minha vidinha, do meu pequeno dia. 

Dia tranquilo. Caminhada alargada. Depois supermercado. A seguir, fomos abastecer-nos a um nepalês, um restaurantezinho pequeno, simpático a meia dúzia de quilómetros daqui.

Ao chegarmos a casa, ao arrumar as coisas do supermercado, verifiquei que uma peça de carne não me cheirava bem. Arrumámos tudo menos isso. Depois fui pôr uma máquina de roupa a lavar. A seguir almoçámos parte do que trouxemos e constatámos com agrado que daria para três refeições. Muito bom. Que saudades tinha. Que bem que soube. 

Depois estendemos a roupa. Estava sol e ventinho, bom para secar.

A seguir fomos ao supermercado para entregar a carne malcheirosa e receber o dinheiro de volta, o que aconteceu sem piarem ou sequer confirmarem a veracidade da queixa. Dizem que as pessoas, por vezes, deixam as arcas frigoríficas abertas. Não sei. 

Dali fomos à minha mãe o que deixou o little baby bear doido de alegria. Abraçou-a, quis mordiscá-la, agarrou-a, correu e saltou em volta dela. Pelo meio tentou tirar a mantinha que estava no cadeirão e roubou-lhe um chinelo. A minha mãe só lhe chamava 'seu maluco'. No fim, para nossa surpresa e alegria da minha mãe, queria lá ficar. Só saiu de casa quando a minha mãe também saiu. Penso que é o espírito de pastor. Só sai quando todas as ovelhas saem.

Também estivemos com o meu tio, irmão do meu pai. 

Como não o conhecia, a pequena fera não deu confiança, manteve-se sentado a ladrar-lhe, depois rodeou-o a cerca de meio metro sempre a ladrar. Estava nitidamente desconfiado. O meu tio tentou fazer-lhe uma festa mas ele não deixou. Apenas ao fim de algum tempo, quando constatou que o meu tio não era um perigoso predador, é que começou a brincar com ele, já permitindo festas. Aí foi uma festa, tentou empoleirar-se, saltou. O meu tio falou dos cães da minha prima, aquele mais velhinho, grande, uma ternura, e este agora, mais novo, igualmente escolha da filha da minha prima. 

A seguir, fomos a uma clínica levar um aparelho de um exame cardiológico que a minha mãe tinha feito.

Quando chegámos a casa, apanhámos e dobrámos a roupa. E arrumámos coisas. E tomámos banho. E fomos jantar mais comidinha nepalesa.

E estivemos na sala da televisão, o peluche animado a tentar mordiscar-nos, a tentar arrancar o galão de uma banqueta, a tentar roubar-nos almofadas, a tentar arrancar a franja de uma coberta, a tentar roer as pernas de uma mesinha. O dono tenta educá-lo mas ele à educação diz nada, quer é brincar. É uma graça.

Agora ambos dormem, o pequeno urso peludo e o dono. 

E eu estou aqui, escrevendo como se estivesse a conversar convosco. Só que não vos ouço. 

Não sei como foi o vosso dia, não sei se já vestiram uma camisola mais quente ou se ainda andam com roupa de verão, não sei se preferem o ruído ou o silêncio, a confusão ou a solidão, não sei se gostam mais de ler ou de ver televisão. 

Mas, apesar de não saber nada de vocês, continuo a gostar de conversar convosco.


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Pinturas de Hamed Nada na companhia de Daniil Trifonov que interpreta : Etude, Op. 42 No. 5 de Scriabin

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Desejo-vos um belo dia de domingo