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sexta-feira, janeiro 24, 2025

Por acaso, o dia até não foi mau de todo

 

E eu achar isto dá bem a dimensão, bem pequenina, das minhas expectativas.

Enfim.

Desde que, no verão de 2021, a clínica em que tinha feito um ECG de rotina se assustou com o que viu e  accionou o protocolo dos enfartes agudos de miocárdio, chamando o INEM que -- tendo visto os exames e tendo-me feito não sei o quê mais (eu estava baralhada de todo com o que estava a acontecer e acho que nem dei bem pelos exames que me fizeram) --, me puseram numa ambulância a caminho de um hospital onde uma equipa me esperava para me conduzir à sala de reanimação, que sou vigiada por um cardiologista. Primeiro mais amiúde, agora de ano a ano.

Por isso, há dias fiz análises e hoje fui fazer um exame de cardiologia. Não posso dizer que vá completamente descansada pois o que aconteceu naquele dia vacinou-me. Geralmente com tensão arterial normal, a atirar para o baixa, e sem razões de queixa, naquele dia fui fazer o ECG como sempre o fiz: na maior, totalmente descontraída. Aliás, de tal forma que, ao princípio, nem percebi bem qual a razão das reservas da técnica que estava a fazer o exame nem exactamente o que se passou depois. Mas passei essa noite no hospital e tive depois que fazer exames atrás de exames. Portanto, aprendi a não ser tão ligeirinha.

Mas, de qualquer forma, não vou extraordinariamente preocupada. E, de tal forma que, tendo-me posto deitada de lado na marquesa (de tronco nu -- mas isso não vem ao caso), com o braço do lado sobre o qual estava deitada dobrado sob a cabeça, e tudo na penumbra enquanto o médico ia avaliando o estado da tubagem, das válvulas e do motor, o ritmo a que o sangue é bombeado, e etc, por duas ou três vezes tive que me espertar pois senti que estava mesmo quase a adormecer. E não teria jeito nenhum.

Mas, tirando ali uma observação a propósito de um certo mas leve desalinhamento, parece que so far so good. Trouxe logo o relatório e isso também foi agradável.

Portanto, foi bom.

Dali fui ao supermercado e, para além das coisecas que lá me tinham levado, passei pela banca do peixe e vi uns belos chocos frescos. Não resisti. Não é do mais aconselhável para o jantar mas, enfim, muito mau também não será, e, além disso, jantámos por volta das oito da noite, dá tempo a fazer a digestão antes de ir para a cama. E os chocos estavam mesmo bons. Fresquinhos, quase a saberem a mar, os interiores carregadinhos e saborosos, a tinta bastante activa mas gomosa. Temperei com cebola fresca às rodelas fininhas, salsa, vinagre de sidra e azeite. Acompanhei com batata e batata doce cozidas com casca, cenoura e feijão verde. Soube-nos mesmo bem.

Fui ainda ao Celeiro. Trouxe as cápsulas de Omega 3 que tinha ido comprar e, gulosa como sou, aproveitei para trazer uma fatia de torta de cenoura. Quando estava a pagar, reparei que as duas empregadas da caixa estavam enlevadas a olharem para a mulher jovem, pequenina, magrita, elegante, que estava à minha frente. Pareceu-me reconhecer vagamente a dita mas sem saber quem. Quando saiu, as duas empregadas olharam uma para a outra, sorriram, disseram uma à outra que tinham logo visto quem era. E estavam como se lhes tivesse saído o euromilhões, como se tivessem visto uma diva em carne e osso.

Quando ia no carro, ocorreu-me um nome. Googlei. Era ela. A mulher de um jovem também muito conhecido. Ela não sei se é apenas influencer e mulher dele ou se faz mais alguma coisa. 

Mas o embevecimento daquelas duas senhoras da caixa pareceu-me comovente -- e estou a falar a sério. É que tudo isto é bem a ilustração dos tempos que correm

Dali ainda fomos fazer uma caminhada para um parque. Andar na natureza é sempre um bálsamo. 

Além disso o dia não esteve escuro nem pingão como nos dias antes e isso também é bom.

E agora vou ver a telenovela Promessa que tenho gostado de ver e que tem desempenhos fantásticos, soberbos, de vários actores.

A seguir irei esforçar-me por não adormecer (hoje ainda eu estava a dormir e já o telefone me tocava pelo que estou com o sono em falta). Quero ver o Eixo do Mal pois sempre quero ver o que se vai dizer depois de uma semana tão cheia de espectáculos de tipo revisteiro, rocambolesco ou grotesco.

quinta-feira, janeiro 02, 2025

[Actualizado] - O menu do almoço de Ano Novo com as respectivas receitas
e, desta vez, com algumas fotografias

 

Para quem já leu este post, coloco já aqui, à cabeça, o que ontem me esqueci de dizer e que hoje faço questão de aqui deixar. Diz respeito ao caldo com base no qual fiz a canja e o arroz,

Como digo mais à frente, fiz de véspera. Depois de separados, tudo ficou no frigorífico.

E o tema é este: como é óbvio, de manhã, a gordura tinha coalhado como eu pretendia. Então, retirei-a toda (pelo menos creio que sim). Talvez não fique tão bem apaladado mas fica seguramente mais saudável.

E era isto.

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Agora, sim, o post com as receitas propriamente ditas.


Foi também o meu filho que sugeriu: pato assado sobre arroz e galo capão no forno. Toda a gente achou bem pelo que assim foi. No talho do costume, encomendei com antecedência. 

De véspera eu e o meu marido começámos a ficar apreensivos: não seria pouco? Eu disse que também ia fazer canja e que ia fazer tiropitas, umas de salmão, outras de alheira, em qualquer dos casos com ricota (outro dia logo conto como é). O meu marido disse que, mesmo assim, talvez fosse de ver se tinham lombinhos de porco.

Na véspera de ano novo, fui buscar a encomenda. Quando me viu, o senhor foi lá dentro e regressou com ar feliz. E disse: 'Tem aqui um galo que é uma categoria. Uns costados e uma peitaça que sim senhor...'. Quando vi nem queria acreditar. 5,500 kg (por extenso: cinco quilos e meio). Gigante. O pato, de 2,500 kg, ao lado do outro parecia um patinho.

Claro que nem perguntei se tinha lombinhos. Difícil foi transportar aquela carga (mais uns ossos para o cão estar entretido e mais uma morcela de arroz e uma alheira) até chegar ao pé do meu marido. Não sei quanto pesavam os ossos mas só entre o galo e o pato iam oito quilos.

Mas, então, a preparação começou de véspera:

1. Preparação do caldo para a canja e para o arroz 

Já contei que, quando há muita confusão cá em casa, fazemos com que o cão esteja entretido com um osso. Peço sempre osso que não lasque. Como não queremos que ele prove a carne crua, cozemos sempre o osso (tem sempre uns bocadinhos de carne agarrada).

Portanto, de véspera, numa panela grande com muita água coloquei uma cebola muito grande aos bocados, uma cenoura grande aos bocados, um alho francês inteiro, um bom molho de salsa, miúdos, o pescoço do galo (que era um pescoço grande, uma perna de galinha, unas asas), um pouco da gordura do pato. Não coloquei sal.

Depois de tudo cozido, retirei o osso. Retirei também todos os miúdos e todos os legumes, desossei as carnes. Separei o caldo: uma parte para a panela onde iria fazer a canja. Outra parte para o arroz, juntando um bocado de chouriço de carne de boa qualidade aos bocadinhos. 

Deixei os legumes cozidos e os miúdos e a carne aos bocadinhos para depois.

Para as carnes ganharem sabor, foram postas a marinar antes de nos preparamos para a recepção ao Ano Novo.

Tempero do galo capão

Numa tigela, juntei: meia mini (cerveja), um bocado de azeite, sumo de um limão, um pouco de tomilho, um pouco de orégãos, um pouco de alecrim, um pouco de pimentão doce em pó, sal, e vários dentes de alho picados. Misturei bem. No maior tabuleiro que encontrei, que era o único em que o galo cabia, coloquei-o e fui despejando a marinada por cima, esfregando bem a pele do bicho. Cobri com papel de alumínio, e coloquei no frigorífico.

Tempero do pato

Muito idêntico mas, em vez de sumo de limão, sumo de laranja. Não levou pimentão. Em contrapartida, juntei um pouco de mel. Esfreguei também bem o pato. Cobri o tabuleiro e frigorífico com ele.

Aqui chegada, a primeira dificuldade: com o frigorífico cheio, o tabuleiro do pato já não cabia. 

Teve que vir o meu marido, até porque eu já mal podia com o tabuleiro do galo. Lá conseguiu pôr o tabuleiro do galo por cima do do pato, espalmando-o (mas, enfim, pormenor)

Em ambos os casos, já tínhamos tido o reveillon, antes que o meu marido fosse para a cama, tirámos os tabuleiros, mudei a posição dos bichos, voltei a esfregá-los com a marinada. E, entretanto fiz o recheio do galo.

Recheio  e agasalho do galo

Numa tigela, coloquei pão duro e seco (mas em bom estado, sem cheiro a pão velho) cortado aos bocadinhos, juntei a cebola e o alho francês, a cenoura, misturei tudo. Os legumes tinham um pouco de caldo que amoleceu o pão. Juntei um pouco de sal e um fiozinho de azeite. Juntei um pouco de alheira, e misturei. Introduzi no interior do galo e baixei para o ar poder circular. Com fio culinário, apertei as patas e fechei o galo. 

Com cuidado, descolei um pouco a pele no peito e nas costas. Com cuidado, coloquei líquido da marinada e introduzi fatias muitos finas de bacon. Depois tive cuidado, tentando ajeitar a pele como se nada tivesse por baixo. 

E voltou para o frigorífico.

Ida das carnes para o forno

Às oito horas, tirámos os tabuleiros do frigorífico. Voltei a virar as carnes e a colocar as marinadas em todas as reentrâncias. A ideia é que as carnes não podem ir frias para o forno (recomendações do meu filho que, na cozinha, é cientista e engenheiro).

O meu marido, entretanto, colocou a lenha no forno de lenha para que por volta das 11h, o pato pudesse entrar.

Às 9h, o forno eléctrico foi ligado com a temperatura no máximo.

Entretanto, retirei o galo para a grelha do tabuleiro e escorri a marinada remanescente. No tabuleiro coloquei uma beringela (com casca) aberta ao meio, batatas doces cor de laranja, batata doce roxa, duas grandes cebolas, meio kilo de feijão verde, um alho francês, salsa.

Por cima do tabuleiro com os legumes, a grelha com o galo.

Quando fui colocar o tabuleiro no forno... não cabia.

Este tabuleiro cabia no forno da outra casa. Mas este forno, pelos vistos, é mais estreito. E eu sozinha em casa, a manobrar aquele peso... (o meu marido tinha ido passear o cão)

Fui experimentar outros tabuleiros. O galo era grande demais. Portanto, usei o próprio tabuleiro do forno e a própria grelha. Nada de mais, só que o tabuleiro do forno é baixíssimo e os legumes estavam altos. 

Ou seja, tive que estar a rearrumar os legumes para não transbordarem. 

E lá foi. O galo coberto com o papel de alumínio. Isto, eram 9 e meia.

Perto das 11, entrou o pato para o forno de lenha, também coberto com papel de alumínio.

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Às 11 e meia, tirámos os legumes pois já estavam bons e pusemos água no tabuleiro de baixo onde antes estavam os legumes. Virei o galo ao contrário e pincelei com mel e azeite. Tapado, de novo para o forno.

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Canja

No caldo que estava feito de véspera, juntei 3 ovos inteiros e mexi com um garfo. Liguei o lume. Quando levantou fervura juntei massinhas pequeninas (letrinhas) e parte das carnes e dos miúdos.

Fui mexendo com um garfo para que o ovo (que estava esfiapado) se mantivesse solto e fltuante. 

Depois da massa cozida, desliguei, juntei um molho de hortelã, mexi e deixei a canja apurar, a panela tapada.

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Arroz

Já tinha o caldo de cozer as carnes e os legumes medido num tacho com os pedacinhos de chouriço, juntei sal, deixei ferver, juntei o arroz e os miúdos já cozinhados. Antes que estivesse bem cozido, retirei e foi para um tabuleiro.

O pato e o galo

De vez em quando retirava o pato em cujo peito tinha feito uns golpes verticais, pincelava com sumo de laranja e mel.

Para ficar mais tostado, foi terminado no forno eléctrico. Uns minutos, poucos. Depois foi colocado sobre o arroz, no tabuleiro sobre o qual creio que o meu filho colocou um pouco do molho que tinha escorrido durante a assadura. É que, entretanto, tinham chegado e já foi ele que se ocupou disso. 

E foi ao forno de lenha para secar o arroz, para terminar o processo. O galo também foi para lá. Fica com outro saborzinho.

No meio disto esqueci-me de ver a temperatura das carnes. Quando o meu filho foi ver, já a carne do galo estava um pouco para lá do que devia. Devia ser 75º e já estava em 80º. estava bom mas o peito podia não estar tão bem passado. Tenho que interiorizar que, para controlar o tempo de confecção das carnes, não posso esquecer-me do termómetro. Penso que já assimilei mas, em momentos de maior barafunda (que, no fundo, até são os de maior responsabilidade), ainda acontece esquecer-me. 

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A seguir o meu filho desossou os bichos. 



Penso que estavam bons. Para mim é daquelas que só no fim é que se pode avaliar pois nunca se sabe se os temperos estão no ponto; é que não é como os estufados em que se pode ir retocando. Aqui, ou acertamos ou azarinho, bye bye maria-odete, nada a fazer.

Mas penso que estavam bons, saborosos. As peles crocantes, o recheio saboroso, as carnes macias e boas.

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Como era tanta comida, não quiseram comer a canja.

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De tarde fomos dar um passeio a pé e os rapazes (miúdos e graúdos) jogaram à bola.

De regresso, houve quem lanchasse mas a maioria ficou-se por um chá.

No fim, quando se foram embora, levaram a canja para o jantar bem como arroz e carnes pois, embora seja tudo gente de muito alimento, a verdade é que era muita carne e sobrou muito (e, para mim, ficaram imensos ossos que é o que eu mais gosto, para comer à mão, até ficarem os ossinhos todos bem limpos; mas dá-me mais jeito quando não há testemunhas; aliás, só não gamo os ossos dos pratos alheios por mero decoro).

Entretanto, já enviaram mensagens a dizer que a canja estava boa.

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Já não falo no resto, nomeadamente nas tiropitas, pois isto já está longo de mais. 

Desta vez lembrei-me das fotografias. De notar que o galo, perdeu tamanho ao assar. Continuou grande mas tornou-se menos amplo. 

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E o que posso dizer é que entrei o ano da melhor maneira: com os que me são mais queridos em volta da mesa, juntos, na boa, todos bem dispostos, tranquilos, numa boa onda. 

E espero que vocês, meus Caros Leitores, também tenham entrado bem. 

E, uma vez mais, feliz 2025! 

segunda-feira, dezembro 30, 2024

Dia super feliz in heaven.
E a relação entre os signos e a gastronomia.

 

Entre sexta e sábado foi limpeza a fundo: os outsides todos varridos e lavados e esfregados, nos interiores, spray de cera de abelhas nas madeiras, limpeza de vidros, tudo sacudido, limpo, lavado, spray de lixívia em uniões e juntas das casas de banho e todo um vasto etc. e etc.

Fomos também ao supermercado da vila onde têm carnes excelentes. Também costumam ter bons peixes e afins mas não tinha o que eu queria (choquinhos pequeninos para fazer com tinta). Pena o senão do vagar das empregadas que conversam com os clientes que conhecem. Uma pessoa desespera sem saber quando é que a confraternização vai acabar. Mas ninguém parece ter pressa. Olho em volta e vejo toda a gente na boa, à espera. Parece que só eu é que ainda não aprendi a aguardar serenamente.

Este domingo foi dia grande, desde cedo a maltinha toda reunida in heaven. Corte de árvores, queima. Um avanço na limpeza que foi um gosto. Tanto o trabalho que um dos jovens trabalhadores até andou, parte do tempo, em tronco nu.





E o mais pequeno já anda de bicicleta que dá gosto, por lá anda, sozinho, em caminhos estreitos, subidas, descidas, curvas. E os mais crescidos fizeram corridas de trotinete e depois todos jogaram ao Monopólio para Batoteiros, coisa que dá muita luta e que até levou à expulsão do batoteiro-mor.... 

E o almoço foi um regalo, com o meu filho, uma inesgotável força de trabalho, que, depois de serrar, carregar, queimar, se atirou ao barbecue. 

Dia maravilhoso. Frio mas, ao sol, suportável. E em casa bem.

Mas vinha eu a pensar que já o meu pai, que era caranguejo, adorava cozinhar e ter-nos lá todos em volta da mesa. E eu e o meu filho também somos assim. Claro que o meu marido e a minha filha e a minha nora também gostam tal como a minha mãe também gostava, são todos muito bons anfitriões. Mas creio que não há aquela 'coisa' muito intrínseca de queremos dar de comer aos 'outros', parece que queremos ter a certeza de que se alimentam bem e de que temos aquilo de que gostam, 'coisa' essa que esses 'outros' nem sempre compreendem ou aceitam bem. 

Pois agora, ao ver a Madame le Figaro, vejo um artigo em que se fala na relação de cada signo com a gastronomia. Transcrevo a descrição de como é o Caranguejo. Por mais surpreendente que possa parecer para alguns, supostamente existe uma ligação entre a astrologia e a gastronomia. A astróloga Amélie Weill fez dela o tema do seu primeiro livro, Astro food (Éd. Flammarion). E, segundo ela, as sete estrelas da constelação em forma de panela da Ursa Maior seriam o sinal supremo.

Caranguejo

O Caranguejo, o primeiro signo de água do zodíaco, leva-nos ao território das emoções. O que mais gosta é de unir as pessoas e fazê-las felizes. O Caranguejo preocupa-se com os outros e, para ele, a comida é cuidado. Atento, adivinha e antecipa as necessidades de todos, e até se questiona porque é que os outros não fazem o mesmo... Em suma, não se limita a cozinhar, coloca amor em tudo o que faz.

A sua fantasia secreta? Vivendo numa antiga casa de pedra, rodeada por um magnífico jardim e repleta de amigos e crianças, todos se reuniam à volta de uma mesa para saborear os bolos da avó, desde mil-folhas gourmet a tarte de mirtilos acabada de sair do forno. O pequeno guilty pleasure alimenta a sua vida diária... E se não gosta do que ele lhe preparou, não lhe diga, nem use luvas de pelica. A cozinha é como uma família, não se lhe toca!

Só neste último aspecto é que não me revejo: não me importo que critiquem. Aceito bem críticas, reprimendas e sugestões. Claro que nem sempre as sigo (porque, como é óbvio, há coisas que são mais fortes que eu) mas, enfim, esforço-me e não levo nada a mal, até agradeço.

Para quem tenha curiosidade, aqui está o link para o artigo com todos os signos: Nos préférences et compatibilités culinaires signe par signe, selon une astrologue

E uma semana para todos!

quinta-feira, dezembro 26, 2024

O almoço de natal - menu e receitas

 

Estou a ver se não adormeço... Vou ver se consigo manter-me acordada para contar o que foi o almoço de Natal.

Prato de peixe

Como os meninos nunca querem comer peixe no dia de Natal, nomeadamente bacalhau, lembrei-me de inventar qualquer coisa que fosse mais apelativa para eles.

Trouxas de Bacalhau:

Cozi batata doce roxa (que fica negra como breu quando coze e que é deliciosa), batata roxa normal, ovos, couve Pak Choi, bacalhau.

Depois de tudo cozido, tirei as espinhas ao bacalhau, descasquei os ovos, esmaguei tudo com garfo. Numa frigideira, fritei em azeite cebola com uma folha de louro. Quando estava frita, retirei a cebola e o louro e envolvi o puré. Depois temperei com salsa picada e pus um puco de sumo de limão. Envolvi.

Tinha massa folhada rectangular, comprada. Cortei cada rectângulo em quadrados pequenos, talvez de 10 cm de lado. Em cada quadrado pus uma colherada generosa do puré. Fechei a trouxinha. 

Num tabuleiro coloquei azeite e mel. Rebolei lá as trouxinhas. Depois polvilhei bastamente cada uma com sementes de sésamo e sementes de chia.

Rolinhos de salmão

Cozi batata doce cor de laranja, ovo, lombo de salmão. Depois esmaguei tudo e temperei com azeite e limão.

Cortei os rectângulos de massa folhada em rectângulos. Em cada pequeno rectângulo coloquei uma colherada de puré e enrolei. 

Fiz a mesma coisa que às trouxas. Envolvi-as em azeite e mel e polvilhei com as sementes de sésamo e chia.

Entretanto, tinha o forno a aquecer. Com o forno a 170º, introduzi as trouxinhas e os rolinhos. 

Quando estavam tostadinhas, estavam prontas.

Foram servidas com salada de alface e quase funcionou como uma entrada.

Prato de carne

Para carne: Perna de borrego, um peito/entrecosto de borrego, uma peça de entrecosto alto de porco. E uma morcela de arroz e uma alheira.

De véspera preparei uma marinada com cerveja, alhos, pó de pimentão doce, orégãos, tomilho, alecrim, sal, azeite. Num tabuleiro temperei a perna e num outro a peça de entrecosto de porco. Não temperei de véspera o entrecosto de borrego pois, como era baixo, poderia ficar excessivamente impregnado.

Rebolei cada peça na marinada. cada peça tinha levado uns golpes para ficar mais saboroso e para assar melhor. Tapei cada tabuleiro com papel de alumínio e coloquei no frigorífico.

Ontem quando chegámos a casa, seria uma e tal da manhã, o meu marido colocou lenha de azinho no forno de lenha. Como se levanta cedo, lá para as sete e tal, já o forno estava mais ou menos quente, colocou mais lenha para se formar mais fogo e aumentar o calor. E tirou os tabuleiros do frigorífico pois, segundo o meu filho, grande mentor destas incursões gastronómicas, a carne não deveria entrar muito fria no forno.

De manhã, escorri o caldo da marinada para que o sabor não se impusesse demasiado. Temperos puxados não são connosco. 

No tabuleiro maior, coloquei legumes: cebolas grandes, um grande alho francês cortado em bocados, uma beringela, com casca, aberta ao meio, courgettes, cenouras, abóbora em cubos, um ramo de salsa, duas couves pak choi. Ficou completamente cheio. Polvilhei com um pouco de sal. Em cima dessa fofa cama, coloquei a grande perna de borrego.

No outro tabuleiro, também a marinada escorrida, coloquei uma grelha. E a peça de entrecosto ficou alto, na grelha. Cobri ambos com papel de alumínio.

La para as dez e tal, o meu marido empurrou as brasas para o canto e colocou os tabuleiros. 

(Nestes dias é tal a azáfama que não me ocorre fotografar. E depois, quando chegam, é a confusão de sempre e a alegria das trocas de presentes. E, às tantas, já está tudo esfomeado. E, portanto, nunca consigo ter a reportagem do making of nem sequer fotografias do produto final. Por isso, coloco aqui apenas a fotografia da lareira. Lá em cima, a arvorezinha das luzinhas que está por cima. E foi porque a minha filha felizmente fotografou a troca de presentes e o ambiente e eu agora repesquei estas pois, assim como assim, sempre dão alguma cor ao post)

Continuando...

Acompanhamentos

Arroz de forno

Entretanto, numa panela cozi uma perna de frango e um osso de vaca, uma grande cebola, um alho francês, salsa. Sem sal e já explico porquê. A água era o triplo do arroz que ia fazer.

Quando estava tudo cozido, retirei o osso de vaca que era destinado ao cão, para estar entretido. 

Depois desossei a perna de frango e escorri o caldo.

No caldo acima descrito, juntei uns mini-cubinhos de bacon, uns bocadinhos de chouriço de carne alentejana e um pouco de sal. Quando ferveu, juntei o arroz. Antes que estivesse pronto, retirei, coloquei num tabuleiro, cobri com mais cubinhos de bacon e chouriço às rodelas. Um pouco antes de irmos almoçar, foi para o forno de lenha. Nessa altura, em assadores de barro, a morcela de arroz e a alheira foram também para o forno, para estarem na mesa como entrada.

Batatinhas de forno

Cozi, com pele, batatinhas das pequeninas. Quando estavam quase, escorri e coloquei num tabuleiro Temperei com bacon aos cubinhos, sempre pouco, só para dar sabor, um pouco de orégãos e alecrim e azeite. E foi para o forno, neste caso para o forno da cozinha.

Empada de galinha

(Extra)

Foi um extra de última hora. 

Tinha-me sobrado quase um rectângulo de massa folhada fresca. Então, juntei os legumes da cozedura para o caldo do arroz e a carne de galinha desossada, coloquei um pouco de sal, um pouco de hortelã, misturei tudo com um garfo. Coloquei na massa folhada e fechei o rectângulo. Pincelei também com azeite e mel e também coloquei sementes. Ficou uma empada de galinha que também foi aprecada.

Volto às carnes de forno

A meio do processo de confecção, tirámos os tabuleiros para virar a carne ao contrário, voltando a ir para lá. Pincelei com o caldo da marinada e com azeite e mel. 

O processo foi monitorizado. Estaria pronto quando o interior da carne chegasse aos 70º. E só o ficou lá para as 13:30 ou talvez um pouco mais. Ou seja, cerca de 3 horas.

Esqueci-me de falar no entrecosto de borrego. Só foi para o forno já mais para o fim. 

Devo dizer que foi tudo apreciado. 

Sobremesas

Para sobremesa, eu e o meu marido fizemos um doce de abóbora e queijo cottage mas não seguimos exactamente a receita pelo que não ficou extraordinário. Por isso, não o descrevo. Se voltarmos a fazê-lo e resultar bem, depois conto.

A minha filha trouxe um bolo de iogurte que fez com cobertura de chocolate que ficou mesmo bom, um bolo-rei dito da Versalhes (passe a publicidade) e um bolo de limão estrela de natal da Padaria Portuguesa (passe também a publicidade). A minha nora trouxe arroz-doce, sempre uma delícia, umas rabanadas muito boas que fez com a mãe e com a minha neta (mulheres de armas, que dão belas sovas na massa) e ainda bolo-rei. E tinha também doces de ovos e bombons. E, como fruta, um prato com dióspiros às rodelas em volta, com centro de uvas.

Também havia queijos mas, para dizer a verdade, nem lhes toquei...

Vinhos

Aqui receio errar pois é pelouro do meu marido e, sinceramente, não prestei bem atenção. Só bebi o tinto e era muito bom. Tenho ideia que o branco era Burmester e que o tinto era Reguengos Reserva mas se calhar devia confirmar e ser mais específica mas agora não consigo, ele já se retirou. Ainda por cima tem andado um bocado constipado e à noite fica cheio de tosse.

Para quem não bebeu vinho, também havia Pleno (creio que de chá verde e limão) e água....

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E agora já estamos a pensar no repasto para o dia de Ano Novo. E já há algumas sugestões no ar e parecem-me bem. Depois conto. 

Chateia-me um bocado fazer comida só para nós os dois mas adoro fazer comida para muita gente. A rotina maça-me. O que gosto é de confusão, de estar sob stress e de improvisar.

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Claro que, quer antes, quer agora, não consigo deixar de pensar na minha mãe que no ano passado, por esta altura, estava tão mal, internada, com os médicos a dizerem-nos que a situação era terminal, que poderia ir-se de um momento para o outro. Naquela altura, não só a aflição de vê-la tão mal como a inquietação e perturbação por termos descoberto que ela estava tão mal quando já não havia nada a fazer, deixavam-me de rastos. 

Mas a vida é assim mesmo: efémera. Chega a uma altura em que, para uns, se acaba. São lugares comuns, mas é o que é. 

Mas a vida continua para quem cá está. Os miúdos estão felizes da vida, a sua alegria preenche todos os espaços. E o ambiente é harmonioso, afável, todos numa boa onda. Neste nosso primeiro Natal sem ela, hoje não se falou na sua ausência, mas sei que todos, ou quase todos, pensámos na tristeza que foi a sua partida. Mas há que aceitar que não há nada a fazer. A vida continua. E que continue bem e que seja bondosa para todos e que nós, os que estamos cá, saibamos apreciá-la, honrá-la, e saibamos sentir-nos agradecidos por tudo o que ela nos dá. Mesmo que, por vezes, seja ingrata.

E, pronto, já chega de conversa, estou cansada, com sono.

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E dias felizes para todos

quarta-feira, dezembro 18, 2024

Uma loura de 35 anos e uma morena de 52 encontram-se.
Depois tiram as meias e brincam dentro de cálices de água (espero que quentinha):
qual a mais sexy?

 

Não vos digo nem vos conto. Ando aqui numa fona que me tem ocupado de sol a sol e para além disso (ou seja, o sol põe-se -- o que não é difícil pois anoitece a meio da tarde -- e continuo até às quinhentas). Forçosamente tem-me faltado tempo para o resto. Tinha resolvido que entre domingo à noite e amanhã à noite ia estar concentrada nisso. Na quinta-feira tenho um programa compacto e, por isso, o que tenho a fazer tem que ser até amanhã. Claro que a seguir às festas ainda é dia, há mais que tempo. Mas eu sou de despachar tudo o que meto na cabeça para depois me atirar ao que se segue.

Mas, afinal, amanhã também já não vou poder estar focada no meu assunto pois o meu filho já arranjou maneira de nos meter em trabalhos. Quando perguntou o que é que nós estávamos a pensar fazer para o almoço de Natal, falei-lhe no que estava a pensar como prato de peixe e como prato de carne. Para o peixe estou a pensar inventar uma coisa, que nunca fiz, que não faço ideia se já alguém fez alguma coisa assim, e para prato de carne algo mais banal. O meu filho disse que para o prato peixe lhe parecia bem mas, para carne, achava que deveríamos fazer uma coisa mais tradicional, a saber, um assado em forno de lenha. Quer eu quer o meu marido, ao pensarmos no produto final, ficámos tentados. Mas agora estamos apreensivos. Primeiro, já vi que a lenha boa para o efeito não pode ser pinheiro que é o que temos cá. Teremos que ir comprar azinho ou carvalho ou oliveira e só espero que não tenhamos que dar a volta ao bilhar grande para descobrir. Também temos que ir ao talho encomendar o que queremos pois não podemos correr o risco de chegar à véspera e o talho não ter. Mas o que nos preocupa é que, desde que para cá viemos, nunca usámos o forno de lenha. Mesmo no campo, onde temos um forno destes, há anos que não usamos. É uma trabalheira: horas para a lenha pegar e aquecer o forno, depois horas para a carne lá cozinhar. Ora quando temos que garantir que por volta da uma ou duas da tarde tem que estar tudo bem cozinhado, a que horas teremos que nos levantar para dar início à faena? Não vou levantar-me às seis da manhã... Teria que ser o meu marido. Mas é violento. O meu filho falou em deixarmos a carne a cozinhar durante a noite. Mas na véspera só cá devemos chegar lá para a uma e tal (ou seja, já no dia 25) e se nos vamos pôr a atear a lenha, teríamos que nos levantar lá para as quatro para colocar os tabuleiros com as carnes. Também não dá. Ou seja, não estou ainda a ver como vou desembrulhar esta.

Mas isto para dizer que amanhã não vou conseguir estar o dia inteiro a estudar e a testar e a tentar aquilo que agora meti na cabeça fazer. Por isso, mal acabe de escrever isto, vou-me atirar de novo.

Não tenho conseguido responder a comentários nem responder a mails pois estes dias estão curtos demais para a dimensão da minha ignorância e da minha inexperiência. Não levem a mal mas isto é mesmo uma enorme falta de tempo.

Por isso, também não vou comentar nada sobre actualidades ou desactualidades. Estou numa de 'me dá igual'. A minha cabeça está noutro lado e só tenho uma, não consigo que ela esteja ali e aqui e acoli ao mesmo tempo.

Por isso, deixo-vos com duas beldades. Uma é loura e oura é morena. Taylor Swift e Dita Von Teese. Da segunda já não falo aqui há algum tempo mas acho-a o máximo. É a rainha do burlesco, género que makes my days

Bejeweled (Behind the Scenes with Dita Von Teese)

E aqui o produto final:

Um dia feliz a todos!

terça-feira, novembro 26, 2024

No 25 de Novembro dou conta do que almoçámos a 24: comida de tacho com as cores de Outono

 

Uma vez que não fui eu que cozinhei, não partilho a  receita uma vez que não sei pormenores. Contudo, como o Chef foi o meu filho, há alguns aspectos que consigo referir:

1 - A comida foi cozinhada em tacho de ferro fundido, no forno, um tacho grande, fundo e muito pesado. 

2 - Primeiro, as carnes com cebola e abóbora, uns minutos com o forno ao máximo. Depois, creio que duas horas ou um pouco mais, a 160º.

3 -  Do que sei, 5 kg de carnes (porco e vaca), cebolas, couve chinesa, abóbora pequena com a casca, batata doce roxa e maçarocas de milho. Os legumes terão entrado mais no fim, quando o forno estava desligado, depois de entalados cá fora.

4 - O tacho sempre tapado. 

O que posso dizer é que estava delicioso. Comida de conforto. Na fotografia não se vê o molho que, no fundo, era constituído pelos sucos que os ingredientes foram deixando enquanto cozinhavam. Saboroso e saudável.

Para a sobremesa, a Chef Doceira (mulher do Chef 'de salgados') fez arroz doce com leite de amêndoa. Lamentavelmente não há fotografia. E, neste caso, também não sei a receita mas creio que será equivalente à que usa o leite de vaca. Bom. Como o que sobrou ficou cá em casa, agora estou a dar cabo da dieta (que, em boa verdade, também nunca existiu...). Estou eu e está o meu compagnon de route que, em tempos, não gostava de doces...

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Sobre as comemorações do dito 25/11 nada posso dizer pois tive mais que fazer mas quem viu disse-me que uma senhora que ia a acompanhar o marido ia vestida como se fosse a um casamento em Espinho. Também fez referência a um outro aspecto, algo cómico, mas prefiro não falar nisso pois parece-me tão improvável que receio não ser justa na descrição e pecar por defeito. E não me perguntem mais nada sobre o 25 do 11 de 2024 pois não faço ideia nem do que disseram, nem do que fizeram: não vi, não ouvi, não cheirei, não inalei.

segunda-feira, novembro 11, 2024

Dia de folga

 

Hoje estou de folga. 

Para começar, pensava que este domingo era dia 11; logo, dia de São Martinho. Só há bocado é que percebi que este ano o dito calha à segunda-feira.

E começo por informar que hoje não vou falar das incompetências do Governo. Ia dizer incompetências assassinas mas, como estou de folga, não vou usar metáforas desagradáveis. Também não vou falar do enjoo que me causam as afirmações politicamente correctas ou insuportavelmente sonsas de que não se resolve nada com a demissão dos incompetentes, apesar de me apetecer dizer que quem assim pensa não está a ver que manter incompetentes (perigosamente incompetentes) em funções é perpetuar o risco (o que é tanto mais grave quando estamos a falar de risco de vida) e, nesse sentido, está a ser cúmplice da situação. Mas não vou dizer, estou de folga. Nem vou dizer que, ao contrário do que muita gente pensa, não deve ser ministro quem quer mas quem tem competência para isso. Ser yes man ou yes woman, ser lambe botas ou lambe cus dos chefes, ser mais aparelhista do que os aparelhistas do partido não é curriculum vitae para coisa nenhuma, muito menos para ser ministro. Mas não vou dizer, hoje estou de folga.

Vou ficar, pois, pelas coisas simples e boas do dia. 

O almoço foi fora, em família. Tenho sempre mais vontade de ser eu a cozinhar mas como foi combinação quase de última hora e como o meu marido diz sempre que complico a ementa e arranjo coisas muito trabalhosas e que, de vez em quando, em vez de ser cá em casa, podíamos ir ao restaurante, assim foi.

Se os pratos pedidos fossem a votos, acho que teria ganho a cachupa e a moamba. Comi a meias com o meu filho, um bocado de cada. Gosto imenso e tenho dificuldade em dizer qual prefiro. 

Mas alguns dos comensais, em especial os mais novos, ficaram-se pelos bifalhões com ovos a cavalo. Como as doses eram generosas e como desde há algum tempo passou a ser comum, no fim o que sobrou foi colocado em caixas e cada família (família com crianças, leia-se) levou a marmita que, no mínimo, terá dado um bom jantar.

Tinha pensado que, com certeza, por graça, no fim, seriam servidas umas castanhitas assadas. Estranhei que não. Afinal, pois claro, não era Dia de S. Martinho. 

Ando assim, muitas vezes sem saber qual o dia do mês. Mesmo dias da semana, por vezes, quando acordo, ainda estremunhada, tenho que fazer algum exercício mental para me situar. Dantes, acordava a pensar que às dez tinha uma reunião com um, às onze com outro, ao meio-dia com outro, que a tarde também estava feita com este, aquele e o outro, e que me veria aflita para me despachar e raspar-me para casa. Como agora a agenda está limpinha de reuniões e maçadas afins, fica aqui um mar calmo em que, muitas vezes, os dias são um doce contínuo (também me apetecia dizer continuum mas temo que pensem que, no meio da cachupa e da moamba, um continuum pode parecer um enfeite daqueles que se usam para armar ao pingarelho).

Adiante.

Depois ainda fomos passear um pouco, um lugar tranquilo, bonito. Mas o passeio foi coisa ligeira. O meu marido não gosta de caminhar de barriga cheia, diz ele. Mas não sei se foi isso ou se lhe dá pena deixar o nosso cãobeludo mais fofo abandonado.

Quando chegámos a casa já quase anoitecia. Estes dias de horas deslassadas são uma tristeza, pequenos, pequenos que irritam. Às seis da tarde já está para lá de lusco-fusco. Mas fomos, então, fazer uma caminhada com o nosso cão.

Quando cheguei, sentei-me no cadeirão relax e adormeci instantaneamente.

Logo, não jantei. Ainda estava sem fome. O meu marido jantou um frango com lentilhas que estava no frigorifico. Mas, para lhe fazer companhia, sentei-me à mesa, claro. E não jantei mas... como sou um bocado lambona, comi uma little quelque chose.... 

Cortei dióspiro às rodelas. Adoro dióspiro, adoro, adoro. Abri uma lima. Em cada fatia de dióspiro pus umas gotinhas de sumo de lima, um pouquinho de canela em pó. Numas fatias pus uma fatia de queijo feta, noutras queijo cottage. Maravilha. No outro dia comprei um compacto de pasta de tâmara. É uma coisa que só tem tâmara moída, compacta. Parece assim uma espécie de broa. Aquilo não é muito doce. É uma coisa mesmo boa. Por isso, para sobremesa, cortei umas tirinhas e, em cima de cada uma também pus queijo. Foi um jantarinho mesmo bom.

E agora estou a ver o Hell's Kitchen mas o meu marido está só a fazer zapping para ver se vê o futebol. Portanto, é isto. 

E ficamos assim.

Uma boa semana a todos.

terça-feira, novembro 05, 2024

Terra maravilhosa
- E receita de arroz de feijão com picadinho e quiche de frango e espinafres --

 


Choveu que deus a deu. Mal deu para sair de casa. Ao fim do dia, então, foi torrencial. O maluco do cão andava sabe-se lá por onde. O meu marido chamou por ele e nada. Mas com o barulho da chuva, estando ele longe, dificilmente ouviria. Passado um bocado apareceu. Escorria. Um pinto.

De tarde, estávamos na sala, sentados no sofá que dá para a rua. O meu marido, então, exclamou: 'Olha ali, um esquilo.' Mas, com a chuva e sem saber exactamente onde, não vi. Passado um bocado o meu marido viu outra vez. Andava nos cedros. O meu marido acha que eram dois.

Pouco depois, vi um vulto a dar um grande salto na pedra grande aqui ao pé da porta. Levantei-me para tentar confirmar mas já não o vi. 

Por debaixo dos pinheiros há pinhas roídas como nunca vi. Tantas, tantas. Ou andam esfomeados ou são vários. 

Mas talvez ainda mais extraordinário são os novos cogumelos. 

Nascem todos os dias. O meu marido levanta-se cedo e vai apanhá-los. Com a Lens do Google temos visto que vários são venenosos e, por isso, não vá o cão algum dia sentir algum interesse, é melhor não os ter por aí. Claro que o meu marido já anda saturado pois apanha baldes e baldes deles. A curiosidade é que, embora ainda haja dos marrons e brancos, agora aparecem amarelos, cor de laranja, cor de coral. 

E são vibrantes, brilhantes, aparatosos. Lindos. Estes aqui acima bem como o último, lá mais abaixo, já tinham sido arrancados pelo meu marido. Fotografei-os antes de serem levados.

Como é que da terra brota tal quantidade e variedade de seres extraordinários? O que há no subsolo para estas maravilhosas criaturas lá serem geradas desta maneira, tão perfeitas, tão coloridas?





Ando à chuva, a ver tudo isto, a fotografar, encantada com os pequenos filamentos de musgo, as inocentes folhinhas verdes, os líquenes, os pauzinhos, tudo. 

Tirando isso, fiz um arroz de feijão com picadinho para o almoço.

Fiz assim. No outro dia tinha comprado igual quantidade de carne limpa de vaca e outro tanto de porco, tendo pedido no talho para picar 1 vez. Foi para fazer hambúrgueres recheados de queijo para os meninos. Mas era carne a mais e, por isso, não usei toda e congelei o que não usei.

Hoje, numa frigideira coloquei um pouco de azeite, uma cebola picada, uns 3 ou 4 dentes de alho, salsa picada, 1 folha de louro. Quando alourou um pouco, juntei um tomate aos bocados, uma mini, e a carne, entretanto descongelada. Temperei com um pouco de sal e um pouco, mesmo pouco, de açafrão-das-índias. 

Entretanto, para outro fim, tinha a cozer, 2 peitos de frango do campo.

Quando o frango estava cosido, deitei o caldo no tacho do arroz. No conjunto, a olho, calculei que o caldo que estava no tacho deveria ser o equivalente a 2 copos. Juntei, então, 1 copo de arroz. Já sabem que uso geralmente o basmati. Acho mais saboroso e mais fiável.

Quando o arroz estava quase, juntei 1 frasco inteiro de feijão encarnado cozido com caldo e tudo (mas quase não tem caldo). Este foi do Lidl. É bom. Misturei.

Quando o arroz estava cozinhado, desliguei. Coloquei um fio de azeite e deitei umas esguinchadelas de vinagre. E, com um garfo, misturei ao de leve. Ficou a apurar. Ficou bom (modéstia à parte).

Claro que sobrou mas é da maneira que esta terça-feira não preciso de cozinhar. Até porque, para o jantar, fiz quiche de frango e espinafres e sobrou bastante.

Esta fiz assim.

Liguei o forno no máximo. Tinha comprado uma embalagem de massa quebrada já estendida. Untei uma forma com azeite e orégãos. Forrei-a com a massa. Piquei e levei ao forno, colocando o formo em 180º.

Entretanto, desfiei os peitos de frango. Numa frigideira, coloquei um pouco de azeite, uma cebola grande às rodelas e fritei-a ao de leve. Juntei, então, uma embalagem inteira de espinafres folha baby e volteei-os com um pouco de sal. Com o lume baixo, coloquei uma tampa, apenas para não irem inteiramente crus ara a tarde. Mas tive-os lá coisa de uns cinco minutos, se calhar nem tanto.

Num copo misturador, juntei 4 ovos inteiros, um pacote de natas light, umas pedrinhas de sal e também uns pós de perlimpimpim de curcuma (coisa que dizem que é super saudável). Bati, mas não é preciso muito, 1 minuto chega.

Tirei então do forno a forma com a massa já um pouco cozinhada. Coloquei o conteúdo da frigideira, depois o frango desfiado e, a seguir, os ovos com as natas. Tapei com queijo ralado, 1 embalagem. Polvilhei com orégãos e coloquei um fio de azeite.

Foi ao forno a 180º. Cerca de 30 minutos.

Boa. Comemo-la ainda quentinha e acompanhámos com salada.

Sobrou, claro. Com sorte, entre a quiche e o picadinho, com salada à mistura, ainda sobra alguma coisa para quarta-feira...

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Lá em cima Dinah Washington interpreta What Difference A Day Makes

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Desejo-vos uma bela terça-feira

Boa sorte para todos

[E, claro, que ganhe a Kamala Harris]

domingo, outubro 20, 2024

Sábado assim-assim.
E receita de frango a que não sei que nome dar

 

Logo de manhã tive notícia que um amigo está numa situação clínica muito complicada e, pelo que é, ficámos todos preocupados. Fiquei em estado de choque e, como eu, todos os amigos. E porque vejo os que são médicos tão preocupados ainda mais temo que a situação seja mesmo crítica. Todo o dia tenho andado com esta apreensão. Ele é daquelas pessoas de quem ninguém poderia alguma vez pensar que lhe acontecesse uma destas. Muito jovial, muito alegre, com um aspecto saudável, cheio de energia e irreverência. E, de repente, está mal.

Portanto, o meu dia ficou um pouco toldado.

Não há dúvida de que, quando estamos bem, devemos dar graças por isso, curtir a generosidade da vida, degustar a felicidade. É que, de um momento para o outro, pode haver uma guinada de pouca sorte... Portanto, que, ao menos, tenhamos sempre a sensação de que não andámos a ser parvos e a desperdiçar o que tínhamos de bom à nossa disposição e não soubemos aproveitar bem.

Enfim...

Acresce que antes de ontem dei um jeito ao pé e, na sequência, ficou dorido e, para me provar que era a sério, inchou. O peito do pé todo gordo, a sola do pé também inchada e um dos dedos também reboludo. Nem conseguia dobrar ou mexer os dedos. Nem fiz programas familiares para estar com o pé no ar e com gelo. Agora já está melhor. Esta coisa de pôr os pés ao alto e de os refrescarmos geralmente dá bom resultado. Também pus aquela pomada Diclofenac, que penso que é o genérico do Voltaren, e que também é eficaz,

Como estou assim a modos que levemente jururu, pensando no meu amigo que está tão mal, vou ficar-me por dizer o que fiz para o almoço pois ficou saboroso e creio que saudável. E é simples de fazer.

Como foi só para dois, as quantidades são inferiores às que uso quando é para o quartel.

Meio frango do campo. É relevante ser frango do campo pois a carne tem outra textura e outro sabor.

Num tacho coloquei água, um pouco de sal, uma cebola bem grande aos bocados, dois alhos franceses (apenas as partes de baixo pois comprei uma embalagem com eles sem a rama verde) também aos bocados, cenouras às rodelas e o frango cortado aos bocados (tinha pensado fazer uma canja pelo que tinha pedido no talho para o cortar assim).

Deixei cozer durante talvez uma hora ou quase. O frango do campo tem a carne mais rija. Se fosse frango normal, metade do tempo seria suficiente.

Quando vi que o frango estava já quase macio, juntei três batatas, um bocado de abóbora, uma quantidade generosa de feijões verdes, uma boa quantidade de salsa e mais umas três cenouras às rodelinhas. Temperei com um pouco de açafrão e um pouco de pimentão doce -- pouco para nem se dar por eles, mas o suficiente para ficar com um gostinho saboroso e não facilmente identificável. 

No outro dia, quando fiz os rolos de carne (ainda não disse como fiz... a ver se um dia destes o digo pois ficou bom), recheei um com maçã e farinheira de porco preto do Alentejo. Só usei meia farinheira. Por isso, sobrou metade que hoje juntei ao cozinhado.

Quando os legumes estavam cozinhados, juntei um frasco de grão de bico cozido e uns bons ramos de hortelã. Misturei tudo e desliguei.

Para quem não está tão habituado, um pormenor: quando junto as coisas, ponho o lume no máximo até ferver. Depois, cozinho tudo com o lume no mínimo.

Ficou com um caldinho bom que, depois de comermos os sólidos, apanhámos com colher.

Deu para o nosso almoço e, como estava preguiçosa, repetimos e deu para o nosso jantar. E ainda sobrou um pouco mas que já não dará para os dois.

Para sobremesa, e agora falo só por mim, comi dióspiro. Adoro dióspiro. Não comi inteiro. A cada refeição cortei meio às rodelas e em cada rodela coloquei um niquinho de queijo de cabra. Fica delicioso.

E pronto. Nada mais a reportar.

Ah, sim, tenho andado a ler o Escrever do Stephen King que, até ver, é a sua auto-biografia. Vou agora entrar na parte em que creio que vai falar, em particular, na sua actividade de escrever. Nunca tinha lido nada escrito por ele. Lê-se muito bem, é uma escrita sincera, sem rodeios, com sentido de humor. Não é uma peça de alta literatura mas também não sei se é suposto ser. E, cá para mim, aqui e ali, tem algumas pequenas arestas que presumo que resultem de uma tradução não extraordinariamente refinada. Mas, seja como for, tenho lido bem.

E é isto. Hoje não comento os comentários, estou um bocado off. Mas agradeço-os.

Um bom domingo a todos. 

quarta-feira, agosto 28, 2024

Paulo Raimundo e Hugo Soares, irmãos ideológicos...?
Entre Trump e Kamala, quer o Narizinho Raimundo quer o Inteligente Soares sentem-se incapazes de escolher... Está certo.
Estão bem um para outro, não estão...?

[Como não há muito mais a dizer sobre a acefalia dos meninos, vou antes dar a receita do meu entrecosto no forno]

 

Tive cá pessoal, dia bom, bom. Clima ameno, o silêncio muito apreciado, peace and love. Estou é cada vez mais pequenina. Não que isso me incomode, é mera constatação. Já brincam, chamam-me mini-avozinha. Para falar com dois deles já tenho que olhar para cima. Brincam, agacham-se para eu não me sentir diminuída. E, pela idade que têm, ainda com muito para crescer, qualquer dia pegam em mim e põem-me às cavalitas.

Tirando isso, posso acrescentar que fiz entrecosto no forno. É sempre uma aposta segura.

Não tem muito que se lhe diga mas calha bem para um post de silly season. Fiz assim:

Forno a bombar ao máximo, duzentos e tais graus, uns minutos antes. 

Enquanto isso, num tabuleiro de ir ao forno, o maior possível, coloco: azeite, bué alhos, uma cebolona gigante aos bocados, orégãos, alecrim, pedras de sal. Por cima, os pedações de entrecosto (não piano,  mesmo entrecosto), mais umas pedritas de sal. Polvilhei com pimentão doce em pó. E mais: um big molho de salsa aos bocados, louro, mais azeite, meia cerveja. Depois de estar assim um pouco, rodei os pedaços para ficassem irmãmente besuntados.

Levei, então, ao forno e, nessa altura baixei para os 170º. E assim ficou.

De vez em quando, rodei os pedaços de entrecosto.

No entretanto, mais perto da carne estar macia por dentro e tostadinha por fora, cozi batata doce da variedade cor de laranja e batata normal, tudo aos pedaços. Naturalmente, com um pouco de sal.

Quando estavam cozidas, desliguei. Escorri. Quando vi que a carninha já estava a ficar boa mas era para ser comidinha, afastei os bocados de carne para abrir alas para las potatoes.

Meanwhile, tinha feito arroz basmati. Antes que estivesse seco, tirei do lume. Pus um fio de azeite e misturei. Coloquei num tabuleiro de ir ao forno, tirei umas colheradas de molho do tabuleiro da carne e espalhei por cima do arroz. 

Tirei o tabuleiro da carne, com las patatas, para ficar cá fora a descansar. E coloquei no forno o tabuleiro do arroz a secar e doirar ligeiramente.

Antes de tirar o tabuleiro do arroz, o meu marido colocou por cima fatias de pão de Rio Maior, lo mejor. Ficaram quentinhas e com as côdeas crocantes.

Servi com salada completa: alface, cenoura e beterraba raladas, acelgas e mais outra coisa qualquer.

E só não digo que o pessoal gostou (e eu também gostei) para a invejosa e o comichoso do costume não virem para aqui largar as bocas foleiras do costume.

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Quanto ao Sarrafeiro Soares e ao Fofo Raimundo não há nada a fazer. O que têm na cabeça não lhes dá para mais mas a gente não deve gozar com pessoas assim, coitadas, se calhar não têm culpa.

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E agora, para algo um pouco diferente, que entrem os meninos que gostam de dar um pezinho de dança para ver se trazem algum movimento:

Play | Alexander Ekman & Ballet de l'Opéra de Paris 


Saúde e alegria

Dias felizes a todos

domingo, agosto 18, 2024

Grelhados suculentos e saudáveis, doces à Chef, lanche para gente sem apetite e etc.

 

Por estes dias, aqui chegada, à noite, não tenho muito assunto. Muitas vezes nem muito nem pouco. Não vejo televisão nem sei de notícias senão quando aterro aqui no sofá. 

Abro a página em branco e penso: 'Escrevo o quê?'. E, muito sinceramente, só me ocorre falar do que foi o almoço. Fazer o quê? 

Por isso, aqui vai e vai sem mistérios: grelhada mista.

Fui ao talho em que estou a habituar-me a ir pois tem carne boa e um jovem talhante que sabe ir ao encontro do que lhe digo. 

O meu filho tinha-me falado em piano. Não havia. Mas tinha uma peça de entrecosto alto, ainda com o courato. Não se atrapalhou: retirou o courato e o toucinho. Isso não veio. Depois, retirou um rectângulo de carne alta. Ficou, então, a parte do osso com fina camada de carne por cima. Mas depois vi aquele rectângulo de carne e resolvi trazê-la. O rapaz sugeriu abri-la ao meio, transformando-o em dois bocados de carne baixa. Pareceu-me interessante.

Depois trouxe costeletas do cachaço mas em corte largo, para ficarem costeletas grossas.

Trouxe também pernas de frango do campo pois toda a gente gosta de pernas de frango grelhadas. O meu filho tinha-me falado em peitos de frango. Aí o rapaz sugeriu abrir os peitos ao meio e eu achei boa ideia. Afinal o meu filho disse que ficariam melhores inteiros, altos. Para a próxima, já sei.

Trouxe também bifes do pojadouro que ele me disse que eram um espectáculo mas para se lhes dar apenas um cheirinho de calor.

Logo de manhã recebi uma mensagem do meu filho para preparar uma marinada mas apenas para as carnes de frango e de porco: 1 cerveja, sumo de 1 limão, alho picado (não muito pois o pessoal não gosto de sabores demasiado intensos), louro, um pouco de pimentão doce e sal. Juntei também orégãos. 

Os bifes de vaca, apenas uns leves grãos de sal e sumo de limão na hora de irem à grelha.

Ao contrário do que dantes eu pensava, não se deve pôr azeite no tempero da carne. Pelo contrário, deve pôr-se limão ou cerveja pois o ácido cítrico do limão ajuda a quebrar as fibras musculares da carne, tornando-a mais macia. A cerveja também amacia. Além disso,  ao grelhar carne em altas temperaturas, são gerados compostos como aminas heterocíclicas (AHCs) e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs), que têm potencial cancerígeno. Marinadas à base de ácidos (como o sumo de limão) ou antioxidantes (presentes na cerveja) podem ajudar a reduzir a formação desses compostos.

Acresce que, às brasas, foi adicionado um pouco de alecrim, que perfuma a queima mas é tido um outro cuidado: usam-se grelhas altas por forma a não submeter a carne à queima directa ou ao contacto com temperaturas muito elevadas.

Aprendemos isto com nutricionistas ou investigadoras como a Conceição Calhau.

E, digo-vos, faz toda a diferença. Claro que é também essencial haver arte no grelhador. Juntando a arte e o conhecimento, o produto final é uma maravilha. E bem mais saudável.

Depois, na mesa, para temperar a carne grelhada, tinha um molho simples feito com azeite, sumo de limão, orégãos e coentros migados. Mexendo tudo, emulsiona. 'Servi' com um pincel para se poder pincelar devidamente a carne ao ir para o prato. Fica muito bom mas, mesmo não pondo nenhum molho, o tempero e o ponto estavam suficientemente bons para até poderem dispensar tempero adicional.

Para acompanhar, tinha batatas fritas (de pacote, tradicionais, umas normais e outras light), salada de alface (que fiz com alface ice, que é nutricionalmente mais fraca mas de que todos gostam, abacate aos bocados, azeite, orégãos e vinagre bio com mel), salada de tomate (tomate maduro cortados aos quadradinhos, com azeite, orégãos, e queijinhos mozzarelas às bolinhas) e feijão preto (num tacho, com um pouco de azeite, frito cebola picada e um pouco, para aí um quarto ou menos, de chouriço artesanal aos bocadinhos e salsa. Quando está tudo douradinho, juntei duas latas de feijão preto mais ou menos escorrido. Mexi bem, deixei ferver mas sempre em lume brando). Tinha ainda pão de Rio Maior.

Para sobremesa tinha salada de frutas e um doce que o meu marido fez e que estava bom.

Numa frigideira cozinhou maçãs cortadas aos cubinhos, com casca (apenas sem o pé e sem caroços), juntamente com um frasco inteiro de compota de pêssego. Juntou um pouco de sumo limão e um pouco de canela. Quando a maçã estava cozinhada, passou para a fase seguinte. 

O forno estava a aquecer a 200º. 

Forrou um tabuleiro com papel vegetal e pincelou com azeite. Em cima colocou a massa folhada fresca que comprámos no supermercado, com formato rectangular. Encheu com a fruta cozinhada em compota. Foi ao forno que, entretanto baixou para 170º

Só depois se lembrou que, supostamente, era para levar amêndoa torrada aos bocadinhos. Poderia remediar-se mas já estava farto, não quis pôr. Mas estava bom na mesma. Serviu-se com gelado de limão. Aqui não foi especialmente apreciado, disseram que teriam preferido de baunilha ou natas. Fica para a próxima.

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E pronto, não sei que mais vos conte. Só se for o lanche. 

O almoço acabou já depois das 3 da tarde. Depois ainda houve jogos de cartas e outro de que não me lembro o nome mas que me fez rir até às lágrimas. Depois, parte deles, na verdade todo o sector masculino menos o avô (incluindo o mais novo de sete anos), como a tarde estava de assar, resolveram ir fazer um passeio de bicicleta. São doidos. Saíram todos de capacete, parecia a volta a Portugal, tudo em fila de pirilau a encher a estrada. Depois, passado um bocado, vieram deixar o mais novo em casa (furioso, a achar-se discriminado) mais o guarda-redes mais velho que não queria perder o jogo do Sporting, e continuaram para um passeio mais puxado. Regressaram passada uma hora, completamente afogueados. E claro que o desporto não se ficou por aí pois ainda houve partida de vólei. 

Banhos tomados, hora do lanche. Que ainda não estavam com muita fome, que se calhar não era preciso nada de especial.

Pois... Como se já não os conhecesse...

Fiz batido de leite e fruta para uns

Fiz batido de kéfir com latte dourado para outros

Uma das comensais comeu iogurte natural com salada de fruta.

Quase todos comeram salada de fruta.

Depois tostas (fatias de pão-de-forma de Rio Maior, tostadas) com queijo fresco e presunto e outras com tomate.

Depois tostas com fatias de queijo e o doce de gamboa.

E, no fim, estando o lanche terminado, para meu espanto, um dos meninos veio ter comigo e perguntou se não havia mais e se não podia comer uma sandwich ou qualquer coisa que o enchesse mais.

Fui então buscar uma carcaça, enfiei-lhe lá um bife do pojadouro (do que tinha sobrado do almoço), pus um pouco de ketchup e como piada, juntei, lá dentro, batatas fritas. Chamou-lhe um figo, claro.

Talvez fossem já umas sete ou mais da tarde, nem sei bem.

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E agora é que já não sei mais que vos diga. Só se for para vos desejar um feliz dia de domingo.

sexta-feira, agosto 16, 2024

Marmelada com mão de Chef, um Chef muito inesperado

 

Nestes dias em que a temperatura está de ananases, a frescura da alegria da família reunida atenua a calorama. E pode parecer parvoíce, e não garanto que não seja, mas a verdade é que basta estar dois ou três dias sem ver os meninos (e a menina, claro) para que, ao entrarem portão adentro, já eu esteja a achá-los mais altos.

Bronzeados, cabelos de praia, todos bem dispostos, é sempre uma festa quando se encontram todos.

E agora, com sono e sem saber o que se passou no mundo, vou limitar-me a contar que o meu marido, quando cá estamos apenas os dois, levanta-se cedo e vai limpar a zona que era da horta e que agora tem umas árvores de fruto e pouco mais (mas que tinha muita erva e mato para cortar). E ontem disse-me que, enquanto ia fazer qualquer coisa, se eu fosse apanhar algumas gamboas, faria marmelada.

Falai em doces e aí vou eu. 

Apanhei umas cinco. A árvore tem mais mas ou não lhes chego ou estão bichadas. 

Pois bem. O menino, sempre que se enfurece com demagogos ou parvos, se não há futebol algures, refugia-se no 24 Kitchen, Acho-lhe um piadão pois não lhe conheço motivação ou jeito para a cozinha. Mas, afinal, o que o menino tem dentro dele é a alma de um doceiro.

Foi para a cozinha, pôs-se ao fogão e, pepe rápido como é, passado um bocado estava a desligar o fogão e a dar-lhe com a varinha mágica. Não augurei nada de bom. Sempre tive a ideia que fazer marmelada requer tempo, acompanhamento. Ora, ao fim de menos de nada já obra estava dada por arrumada, o que não augurava nada de notável.

Sim, sim... Este é o tempo de todas as surpresas. Uma maravilha. Só não me ponho a comer à colherada para ver se não engordo uma tonelada. Mas a coisa até tem pouco açúcar.

Deu duas tigelas.

A segunda difere da primeira porque lhe misturou figos frescos. Nem se dá por eles, mas está óptima, fresca, docinha, macia, uma graça.

Não têm a textura da marmelada que dá para cortar com faca e aos bocados. Não. O que ele faz é mais um puré espesso, um doce grosso que dá para espalhar (ou para comer à colher). 

Não me perguntem quantidades pois não assisti. Sei, porque ele disse, que para além das gamboas, levou cerca de 3 colheres de açúcar mascavado, um pouco de cacau em pó, casca de limão, um cálice de licor de ginja, uma maçã e uma cenoura.

Depois de ver que estava tudo cozido, e foi rápido, escorreu um pouco do caldo (que também era pouco) e triturou bem. Não sei se ainda levou ao lume. Amanhã pergunto (agora já está a dormir).

Está mesmo boa. O que sobrou pus no frigorífico pois também deve ficar boa, fresquinha.

Hoje, ao fim da tarde, depois de ter preparado um lanche ajantarado, quase à laia de sobremesa, para além de salada de fruta, coloquei o doce, queijos vários e, como já não tinha pão (tinha-se esgotado completamente) nem tinha tostas nem nada, a minha filha lá desencantou no saco dela um pacote de marinheiras pequeninas. Foi o que serviu como base para o doce, as bolachinhas e os queijos.

E agora que lhe descobrimos esta faceta acho que vamos querer mais. Provavelmente é influência dos programas de culinária que tem visto (sobretudo Jamie Oliver) em que aparentemente de uma forma rápida e fácil se podem fazer doces óptimos. Ou então é uma vocação escondida. 

Eu que não gosto nada de fazer doces, fico empolgada com isto.

Nunca é tarde para uma pessoa descobrir as suas vocações ocultas nem é tarde para alguém descobrir facetas inesperadas na pessoa com quem se vive há mais de um século.

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E tenham uma bela sexta-feira

terça-feira, julho 30, 2024

Reportagem com vídeo, in heaven, onde se aborda um tema muito intrigante.
E receita de sopa de curgete e ervilhas à maneira da UJM

 

Durante a noite trovejou e choveu chuva grossa embora não farta. Pelo menos, assim me pareceu. De dia, a terra continuava seca.

Durante o dia, ao passear, deu-me para fazer um vídeo pois já há muito tempo que o não fazia.

Aí falo numa lagartixa ou osga ou crocodilo, não sei, que apareceu na banheira. Disse que mostrava e aqui está ela. Mostro  quando já estava a ser transportada em cima de uma pá a caminho da rua.

Ao rever o vídeo, parece que digo instagrama. Contudo, acho que disse instagram. Mas, se me distraí com qualquer coisa e deixei descair a palavra, aqui deixo as minhas desculpas.

Claro que fico sempre surpreendida com a minha voz mas tenho que me resignar. Na volta, é mesmo assim.

Mas, antes de passar ao grande momento cinéfilo, deixo a receita da sopa que fiz ontem. Quando estive no Algarve, fomos duas vezes a um restaurante vegan e, numa das vezes, comi uma sopa de curgete e ervilhas que me soube muito bem. Então, ontem, resolvi ver se conseguia fazer alguma coisa afim. Diria que sim.

Fiz assim:

Com receio de que, ao moer as ervilhas cozidas, subsistissem aquelas pelezinhas que dariam aspereza à sopa que eu queria aveludada, cozi-as à parte. Não pesei. Faço tudo a olho mas diria que uns 200 ou 300 grs. Quando vi que estavam cozidas, triturei bem. Provei. Estava tudo lisinho. Se não estivesse, coaria. Mas não foi preciso.

Na panela principal, coloquei água, uma cebola gigante (devia pesar meio quilo, pelo menos), daquelas meio novas, meio brancas. Coloquei um alho francês bem gordo, todo. Coloquei duas  curgetes verdadeiramente gigantes. Só tiro a parte do pé. Não tiro a pele. Coloquei duas cenouras, também com pele. Claro que lavo tudo bem. Coloquei salsa e fui generosa. E, claro está, um pouco de sal.

Quando estava tudo cozido, juntei azeite virgem de baixa acidez. Juntei o caldo grosso das ervilhas moídas e moí tudo junto, bem, bem, bem. Garanti que ficava um puré nem grosso nem caldoso, bem aveludado. 

À parte, numa mini-frigideira, juntei um dente de alho e o conteúdo de uma embalagem de bacon às tirinhas fininhas e cortadinhas. Deixei fritar um pouco, sempre mexendo para não queimar mas para ficarem com alguma agradável crocância.

Como servi directamente da panela, deitei nela, devagarinho, sobre a sopa, para ficarem a boiar, à vista, as ripinhas de bacon bem como o bocadinho de molho que se tinha formado.

Entretanto, por minha alta recreação, num tacho amplo, pus água a ferver à qual juntei um pouco de vinagre. Quando a água levantou fervura, um a um, abri sobre ela, com cuidado, 1 ovo por pessoa. Deixei escalfar.

Na mesa, ao lado da panela da sopa, coloquei  os ovos escalfados numa taça e uma tacinha com coentros migados (esta dos coentros também foi minha ideia).

Quem se servia da sopa, querendo, juntava um ovo e polvilhava com coentros.

Sem falsas modéstias, direi que agradou.

Creio que é de baixas calorias e, que, com o ovo, pode constituir até refeição quase completa. Não foi o caso pois era dia de festa e tinha várias outras iguarias para agradar a todos. Comemo-la morna e estava bem. Nesta altura, não dá para sopas quentes. Curiosamente, os miúdos comeram-na sem protestarem. Soube-lhes bem.

E, agora que cumpri o tópico culinário de que ontem tinha falado, aqui vai a reportagem in heaven na qual abordo um tema assaz intrigante. Como filmei com telemóvel, ficou em formato Slim Fit. 

Dias felizes!

quinta-feira, julho 18, 2024

O estado da nação aqui por casa
(aqui por casa e não só...)

 

Pois é. Continuo cheia de afazeres e, em todo o lado, a ter que esperar horas para ser atendida. Chego a um sítio e está um cliente com um funcionário em cada balcão ou secretária. E assim ficam, os mesmos, por mais de meia hora, se não mesmo uma hora. Não sei se as pessoas andam carentes e vão confraternizar para os espaços de atendimento ao público. Fico possessa, apetece-me ir mandar vir, insultar, desafiar as pessoas a irem conversar para outra banda. Depois respiro fundo, interiorizo que não ganho nada em estar enervada, forço-me a ser zen. O tempo passa, ninguém se despacha, sinto-me a desesperar e eu nada, caladinha. Por vezes penso que, em situações assim, seria normal que alguém se passasse, desatasse aos berros, aos pontapés, puxasse pelos cabelos os clientes que se sentam a conversar na maior das calmas. Avalio se poderia acontecer isso comigo. Concluo que não, sou demasiado atada para dar escândalo, não tenho voz para gritar de forma que imponha respeito. Ainda me saía um gritinho de falsete que pusesse toda a malta a rir à gargalhada.

Hoje, antes de mim, entrou  uma figura. Primeiro estive sem perceber se era um binário ou uma não-binária. Não estou a gozar, estou a falar a sério. O ser estava vestido de uma forma bizarra. Tudo em branco, uns calções largos abaixo do joelho, uma blusa branca, larga, de alças, com uma abertura nas costas e com um capuz. E um penteado que não dá para acreditar, empeçado, ripado, uma ponta para cima, outra para baixo, outras para o lado, cada ponta de seu tamanho, e como se contivesse carradas de laca ou, então, sujidade. Quando se virou, pareceu-me que seria um homem novo ou, então, uma mulher jovem em processo de transição. Ou vice-versa. Ou poderia não ser nada disso e estar simplesmente maquilhad@ ou, então, nem sei bem dizer. Uma figura que, vistas bem as coisas, até tinha a sua graça. E tinha uma argola no nariz e piercings variados numa das orelhas. E por todos os braços, costas, peito e pescoço, tatuagens de monstros, caras assustadoras como se a gritar, de boca aberta, algumas com sangue a escorrer dos dentes. Quando ficou, de novo, de costas para mim vi que tinha tatuada no pescoço a palavra humanoid. Tinha um ar infeliz. Fiquei intrigada. O que estava aquele ser a fazer ali? Claro que não se pode concluir nada pela aparência mas, fazer o quê?, uma pessoa, mesmo sem querer, tem preconceitos. Quando se virou de novo, fiquei com a impressão que é alguém conhecido aí do mundo artístico. Ou, quiçá, do mundo dos influencers. 

Quando chegou a vez, dele temi que fosse uma alma atormentada à procura de amparo e que tão cedo não desamparasse dali. Afinal não, nem um minuto, pelos vistos tinha ido ali ao engano. Lá se foi, cabeça baixa. 

Mas com isto e com aquilo, a verdade é que, nos últimos três dias, tenho saído de casa de manhã, regresso de tarde, e hoje, como havia outros compromissos, ainda foi pior. Eram para aí umas oito e tal, talvez nove da noite, enfiei-me na banheira para um duche a pensar que estava mesmo a precisar de me refrescar e de me sentar a descansar. Eis senão quando o meu marido apareceu à porta a perguntar se íamos fazer uma caminhada. A minha vontade foi dizer que nem pensar, que não conseguia. Mas depois lembrei-me que ainda não tinha andado, que se calhar até me saberia bem caminhar ao lusco-fusco. 

E assim foi. Soube-me bem, sim senhores.

Conclusão: jantei às dez da noite. E, para vossa informação, o meu jantar foi:

Salada de alface, cenoura ralada, um pêssego cortado aos bocadinhos, sementes daquelas que se compram para saladas, queijo fresco de cabra, tudo temperado com orégãos e com azeite. E fiquei bem. Para sobremesa, um pequeno quadrado de chocolate preto.

Portanto, como poderão compreender, não tenho nada a dizer sobre o Montenegro, sobre o Estado da Nação, sobre a legionella que se alojou na Presidência ou sobre a covid que veio atrapalhar ainda mais o Biden. E não tenho nada a dizer simplesmente porque não tenho informação, só tenho sono.

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E como, uma vez mais, o post padece desta pobreza franciscana, para tentar que não vão daqui com vontade de reclamar o preço do bilhete, partilho uma conversa que tem bolinha no canto não porque o tema seja cabeludo mas porque aquele ali não levou pimenta na língua quando era pequeno.

Mas, agora que escrevi que o tema não é cabeludo, estou aqui a pensar que é cabeludo, sim. Aliás é, até, chifrudo. 

Vade retro Satana.

Antonio Tabet tentou SALVAR a Jéssica na entrevista de emprego! 
| Que História É Essa, Porchat?| GNT


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Dias felizes