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sexta-feira, fevereiro 02, 2024

O que é que Francisco Seixas da Costa, Vital Moreira e José Simões têm em comum?

 

No balneário da piscina, as minhas colegas encarniçam-se contra 'isto' e dizem que no dia 10 de Março é preciso ir votar para 'acabar com isto tudo', 'para os tirar de lá'. Tentei contrariá-las, contrapondo factos mas percebi que é escusado. Eu falo de números que confirmam o óbvio, não fujo do registo da objectividade, enquanto elas falam de uma fotografia que alguém lhes mandou com pessoas a dormirem à porta de um centro de saúde. Não sabem onde e muito menos sabem se a fotografia é verídica. Nem querem saber. Outra contrapõe com uma idosa que morreu à porta do hospital. Pergunto se a pessoa se salvaria se estivesse dentro do hospital ou se chegou lá já sem salvação. Não sabem nem querem saber. Sabem é que 'são todos uns gulosos' ou que 'há mais crimes violentos por causa dos brasileiros', 'uma vergonha'.

Quem vai votar no Chega não quer saber o que é que o Ventura fará se um dia chegar ao poder. Isso é coisa que não lhes ocorre. A única coisa que sabem é cavalgar a onda da maledicência e do deita abaixo.

Os meus filhos contam que colegas e amigos, técnicos superiores e gestores, pessoas em cargos relevantes e escolaridade elevada, dizem que vão votar no Chega pois acham que 'já chega de tantos anos de status quo' e que 'está na altura de rebentar com isto'. Uns são religiosos, frequentam missas e retiros, outros praticam muito desporto e têm muitos amigos. Não têm tempo nem pachorra para ouvir notícias, para ler artigos. Nasceram depois do 25 de Abril, só conheceram a democracia, não valorizam o que têm e, por desfastio e porque é cool, 'querem rebentar com esta porcaria toda'.

Numa entrevista, com pasmo, ouvi o pobre do Raimundo a apelar aos que antes votavam no PCP e agora vão votar no Chega. Diz, com ar de quem percebe que está a bater no fundo, que o PCP também é um partido de protesto. Já não quer saber de ideologia nem de coerência nem de nada. Desde que votem no PCP, tanto se lhe dá que seja gente que nem sabe o que faz e tanto vota na esquerda como na direita desde que seja do 'contra'. Demonstra que populismo é populismo, pinte-se de esquerda, pinte-se de direita.

Aliás, num grande cartaz Ventura diz que 'é preciso acabar com isto tudo' e põe cruzes em cima de Ricardo Salgado, Sócrates, Medina e Costa.  E, ao lado, Mariana Mortágua, num cartaz igualmente grande, diz 'Não lhes dês descanso'. Populismo igual a populismo. 

Quando a minha mãe morreu, a senhora da agência funerária perguntou se queríamos serviço religioso. Sendo a minha mãe crente, respondo que sim, mas uma coisa breve, simples. Pois, para meu espanto e, confesso, desconforto, já para não dizer mesmo desagrado, o padre falou que se fartou, um verdadeiro comício. Só faltou apelar ao voto no Chega. Disse que o país não está preparado para receber tantos imigrantes e por isso que não nos admiremos por haver tanto roubo e tanta desgraça, que cada vez se ouve falar mais em miséria e nem sei mais o quê. Eu estava como estava, prestes a despedir-me de vez da presença física da minha mãe e a ter que ouvir um homem que, em vez de dizer umas palavras simples alusivas ao momento, resolveu pregar contra o sistema de uma forma básica, quase boçal. Não consigo reproduzir mais pois, se antes já estava triste e enervada, às tantas comecei a ficar mesmo revoltada. Pois devo dizer que vi algumas colegas e amigas da minha mãe a acenar com a cabeça,  a concordarem, como se ele estivesse a dizer coisas acertadas. Escusado será dizer que os meus filhos e primos se mostraram, depois, incomodados, quase incrédulos com o que se tinha passado. Naquelas circunstâncias não me pareceu correcto interrompê-lo para o mandar calar e limitar-se ao que seria suposto. Mas fiquei a pensar que se, ali, junto a uma urna, numa capela mortuária, fez um tal comício, imagino o que será quando está à larga, nas homilias. E isto foi numa zona central de uma grande cidade. Imagino o que não será por essas igrejas afora... quanta lavagem ao cérebro será feita por estes padres, inchados de reaccionarismo...?

E enquanto o PS não perceber bem isto, este caldo de gente desinformada, que não quer informar-se, que não está nem aí, enquanto não perceber bem a forma como o Chega está a manobrar e a manipular as opiniões, e enquanto não conseguir encontrar um antídoto eficaz, o risco de a democracia sair seriamente beliscada vai continuar a aumentar.

Seria também interessante que a gente do SIS andasse em cima das movimentações de bastidores pois não me admirava nada que a longa mão de Steve Bannon, quiçá alimentada por Putin ou afins e sei lá por mais quem, essa gente obscura que tem vindo a manobrar nas catacumbas para manipular as opiniões públicas e para conseguir levá-las a perder a confiança nas instituições democráticas. Não estou a alucinar. Basta fazer meia dúzia de pesquisas sobre a erosão que as democracias liberais ocidentais vêm sofrendo ao mesmo tempo que o populismo mais descarado e destruidor vem subindo para se perceber que este não é um mundo inocente, habitado por piedosas virgens.

E, no entanto, ao contrário do que dizem o Ventura, o Montenegro, a Mortágua, o Raimundo e toda essa gente que tem alimentado a opinião pública com o insistente discurso de que 'isto está tudo mal', a verdade é que não está tudo mal. Pelo contrário, na verdade é francos sinais de que as coisas estão a melhorar e que já não estão nada mal.

Passo a palavra a três ilustres bloggers que sigo pela sua coerência, inteligência, e objectividade, esperando que não levem a mal que puxe, na íntegra e com as formatações de origem, posts seus que me parecem ser exemplares, muito esclarecedores.

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duas ou três coisas

É isto

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Causa Nossa


Aplauso (34): Abaixo dos 100%!

1. Para quem, como eu, há muito anos considera essencial a frugalidade orçamental e a contenção do endividamento público - desde logo, porque fica caro! -, só posso saudar vivamente a notícia de que, apesar da grave crise da pandemia, voltámos a uma dívida pública bem abaixo dos 100% do PIB e que baixámos mesmo stock da dívida pública em termos líquidos, retirando o país do clube dos países mais endividados. Um notável triunfo político! 

Para além de confortável seguro contra qualquer crise orçamental superveniente, esta notável redução do peso da dívida pública traduz-se numa substancial poupança orçamental em jurosproporcionando maior flexibilidade na gestão da despesa pública aos governos que vêm.

2. Com este importante desempenho orçamental do governo do PS, um dos melhores da UE, ficamos menos longe e mais bem posicionados para atingir o objetivo do Pacto de Estabilidade da União, que é de 60% do PIB. Ponto é que os próximos governos não enveredem de novo pelo laxismo orçamental e pela "desbunda" na despesa pública ou num demagógico corte da receita, como deixam temer muitas das promessas eleitorais neste momento irresponsavelmente apresentadas por quase todos os partidos.

Neste quadro, é especialmente preocupante o programa do PSD, que, entre aumentos de despesa e um maciço e aventureiro "choque fiscal", propõe um rombo de mais de 5 000 milhões de euros nas contas públicas -, ou como um partido de governo outrora financeiramente responsável, passou a acreditar irresponsavelmente em operações de prestidigitação orçamental.

Eleições parlamentares 2024 (34): Azares do PSD

Como se não bastasse a pouco recomendável novela política sobre o governo regional da Madeira e a inquietante especulação sobre uma possível aliança de governo do PSD com o Chega nos Açores, no plano nacional acumulam-se as notícias pouco propícias, como a dos números sobre o crescimento do PIB em 2023, o maior da UE, ridicularizando a acusação de Montenegro sobre o "ciclo de empobrecimento" do País (como já havia mostrado AQUI).

Em condições normais, o PS deveria obter uma vitória folgada nestas eleições. Mesmo que o PS pareça não querer explorar excessivamente os resultados económicos da sua governação de oito anos, os portugueses não podem deixaram de notá-la, no emprego, nos rendimentos e no poder de compra. Não se vê como é que o PSD pode contrariar eficazmente este panorama daqui até às eleições.

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por josé simões, em 01.02.24


Com o país a crescer acima de média da União Europeia, a Segurança Social com um excedente de 5,46 mil milhões de euros, a dívida pública abaixo dos três dígitos - 98,7%, Portugal como o sétimo país mais seguro do mundo, o partido da taberna vai passar a campanha eleitoral a berrar nas ruas "Isto é monhés por todo o lado! Alguns até rezam virados para Meca!", "Um gajo quer sair à rua e não pode que é logo assaltado!", e o irmão gémeo Ilusão Liberal a martelar contra a carga fiscal, a AD - Anedota de Direita, contra o "gonçalvismo" que nos esbulha com impostos, coadjuvados pelos ex líderes partidários, agora comentadores "independentes", nas noites de domingo da televisão do militante n.º 1 e na CNN Portugal, mentira azar, a "carga fiscal foi de 38% em Portugal em 2022, abaixo da média europeia". Daqui até 10 de Março vai ser terrível com os "Goebbels" de pacotilha nas televisões. 

[Link na imagem] 

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Um dia bom

Saúde. Lucidez. Paz.

sábado, outubro 22, 2022

E sobre a Liz Truss não há nada, nada, nada?


Não. Nada. Não há nada a dizer. Nada. Nem antes, nem durante nem depois. Ela, Boris, Kwasi Kwarteng, outros que tal. Nada. Figurantes de uma tragédia que tem um nome: Brexit. E que tem um actor principal, que actuou na sombra, que criou as condições, que financiou, que engendrou, que manipulou, que mexeu os cordelinhos. E actores secundários que usaram ferramentas proibidas, que estudaram as motivações profundas, que exploraram os medos, que brincaram com a ignorância, que pagaram. 

E os britânicos votaram sem saber no que estavam a votar. Não perceberam o logro. Deixaram-se enredar na perigosa e imprevisível trama do logro.

E agora ninguém consegue gerir esse logro. O logro é ingerível. Cai um ministro, cai outro, caem às mãos cheias, e cai um primeiro-ministro, cai outro, cai outro, repescam os que caíram. Uma farsa, um absurdo, um caos.

E o rei assiste impotente porque está lá apenas para ser o public relations do reino, para ajudar a vender canecas e bandeirinhas, não para tomar decisões relevantes.

Por isso, nada a dizer da pobre coitada da Liz, nada a dizer do bacano do Boris, nada a dizer do James, nada a dizer de todos os que já se demitiram e dos que ainda se vão demitir. A única coisa com graça nisto do Brexit foi o pai do Boris se ter naturalizado francês.

Um dia aparecerá um político a sério, o Brexit será revertido, as coisas voltarão a entrar na normalidade. Só não sei quando. Talvez quando o actor principal, o diabo que actua na sombra, tiver virado pó.

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Até lá, que viva o outono que, finalmente, parece estar a aceitar deixar de ser verão. Que traga chuvas, aragens, neblinas, cheiro a lareira, terras molhadas, árvores gotejantes, vontade de aconchego.

E que os tempos tragam algum presciência a quem vive ou assiste ao declínio moral que aqui e ali vai medrando nas sociedades democráticas, abertas, tolerantes, inocentes.

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E que a beleza e a graça e o amor estejam sempre por perto

Auto-retrato de Élisabeth-Louise Vigée-Le Brun (Paris, 1755 –1842)


Lea Desandre & Cecilia Bartoli – De Bottis: Mitilene, regina delle amazzoni: "Io piango" - "Io peno"


The English Patient - The Heart is and Organ of Fire 


Bedroom Folk - Sharon Eyal & Gai Behar (NDT 1 | Strong Language)



Foto de Alain Laboile

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Um bom sábado
Saúde. Aconchego. Beleza. Paz.

sábado, novembro 07, 2020

Retrato de um dia normal que acaba com um tango de amor.

 


Vi na capa da Revista do Expresso que o MEC está fechado em casa desde Março. Pode estar-se bem em casa e não ter vontade de sair para o mundo. Eu gosto muito de estar em casa e cada vez mais. Deixei de ter vontade de frequentar os meios que frequentei até meados de março deste ano. Contudo, ao fim de poucos dias já me apetece dar uma volta, ainda que pequena. Claro que todas as semanas vou a casa da minha mãe. Mas, tirando alguma excepção, é ir, estar com ela, regressar. Claro, todos os dias fazemos uma caminhada. Mas é uma caminhada por aqui mesmo. Se calhar fazemos uns cinco quilómetros, mas é um percurso, todos os dias variável e aleatório, apenas nas redondezas. Não conta como 'sair'.

Hoje, ao fim da tarde, noite já estupidamente cerrada, fomos até à outra casa buscar o correio, ver se estava tudo bem, as janelas bem fechadas. Estava com receio que algum vidro estivesse aberto e, com esta chuva, seria complicado. E aproveitámos para ir à farmácia. E fui a supermercado lá perto comprar gengibre cristalizado e um produto para móveis de madeira de que gosto muito. Sou muito de produtos de limpeza. Gosto de produtos que limpem bem e tratem o que limpam e que cheirem bem. Um dia que tenha o tempo por minha conta hei-de aprofundar o meu conhecimento de produtos de limpeza. Gosto de os cheirar, mas agora com a máscara não dá. Vou pelo nome, pela imagem. E, para verdadeiramente variar a nossa rotina, fomos buscar comida feita: filetes de peixe galo com arroz de legumes e ovas de pescada cozidas com todos. Trouxemos as caixas. No entanto, os filetes e o arroz estavam muito bem servidos. Foi o nosso jantar. Guardei as ovas e respectivo acompanhamento numa caixa de vidro e ficará para outro dia. 

Soube-me bem andar pela cidade, percorrer caminhos que durante tantos anos foram os meus. Gostei mas sem saudosismo. Foi apenas a sensação de andar por lugares conhecidos. Ou melhor: a sensação boa de andar a passear à noite, o tempo frio e húmido. Mas não sinto saudades. É uma página virada.

No entanto, uma coisa estranhei, uma coisa que me incomodou. Por aqui, andamos sem nos cruzarmos com quem quer que seja. De vez em quando há um carro que entra ou sai numa casa, ou algum jardineiro que sai de uma casa para pôr utensílios numa carrinha. Pouco mais. Quem está, está em casa. Para aí uma vez por semana vamos ao supermercado. É um supermercado pequeno e as poucas pessoas que lá andam, andam de máscara. Hoje, na cidade, senti muita diferença. Parecia que não havia covid nem dever de confinamento. Com os passeios cheios de gente, algumas pessoas sem máscara, senti algum desconforto. Desviava-me, com algum receio. Há pessoas que parece que ainda não perceberam. Acredito que, ao ar livre, as probabilidades de contágio são diminutas. Contudo, em ruas com muita gente a cruzar-se em permanência, há que ter cuidado e não vi esse cuidado em mais pessoas do que estava à espera. Somos animais de hábitos, é bem verdade. E rapidamente os adquirimos. Não há muito, apenas alguns meses, eu andava no meio da confusão, frequentava lugares cheios de gente e nem dava por isso. Estava tudo bem. Escadas rolantes com gente à frente, atrás ou a passar-me ao lado, restaurantes cheios, lojas cheias. Tudo me era normal. Agora cruzo-me com algumas pessoas, tentando manter o distanciamento, e parece que até tenho medo das que andam sem máscara e se preparam para, desinteressadamente, passar perto de mim. Se isto se prolongar, talvez me torne um bicho do mato, apenas habituada a conviver por via remota. 

Tirando isso: choveu muito de noite. De dia também choveu mas já não chuva tão forte. Não sei se já contei que tenho um pequeno canteiro de flores mesmo debaixo da janela do meu quarto. Hoje estavam meio tombadas tanto o peso da chuva. São lindas mas, pelo que vejo, frágeis. A relva, sob a abóbada de buganvílias, está cheia de pétalas rosa, fúcsia, carmins: a chuva faz cair mais rapidamente as pétalas. Continuam tão bonitas. Encanto-me com a sua delicadeza e cor. Há um pequeno arbusto que não sabia o que era e que agora está com umas flores a despontar. São tão afirmativas e perfeitas que acredito que talvez sejam camélias. A ver se amanhã uso a app de reconhecimento. Também aqui começam a aparecer os cogumelos mas são mais trabalhados do que os que rebentam da terra in heaven. Os pássaros comem os bagos das romãs. Nas árvores ficam as cascas vazias. Há sempre melros (e também corvos? -- tenho que aprender a distingui-los) a debicar estes belos frutos. Tenho apanhado as que resistem. Hoje de manhã misturei kefir, dióspiro, baguinhos de romã, cajus, arandos e canela. Tão bom, tão bom. Começo o dia com alegria, comendo estas coisas. Depois, um café quentinho, cremoso. A alma quente.

Esta sexta-feira, a seguir ao almoço, resolvi ir arrumar os LP's. Comecei por fazer o que sempre faço, quando entro numa de arrumações. Tudo no chão, a fazer montes por género. Os do Zeca, os do Vitorino, os do Sérgio Godinho, os do Adriano. Os brasileiros: Gal, Bethânia, Chico, Gilberto Gil, Rita Lee, Ney, Simone. Os Beatle, Bob Dylan. Joan Baez. Janis Joplin. Paul Simon. Simon and Garfunkel.  David Bowie. Etc. Blues, Jazz. A pilha maior: a dita clássica. Depois resolvi ir buscar um pano para limpar bem. Depois não encontrava um pano. Fui à cave à procura. Na cave, pus-me a arrumar coisas. Quando encontrei o pano de que andava à procura já era hora de ir trabalhar. Há bocado o meu marido foi ao sótão e, ao regressar, perguntou-me porque é que o chão estava pejado de discos. Como se não soubesse. Pode não ser adepto dos meus métodos mas conhece-os. A ver se este fim de semana limpo e arrumo tudo isso, incluindo também os cds. A questão é que sobra um cabo que não descobrimos onde se liga e, não sei se por isso, aquilo não toca. É mau, isso. Arrumar tudo vai dificultar virar aquilo ao contrário para ligar mas não gosto de ter coisas por arrumar.

Quanto ao Trump nem sei já o que dizer. Desconhece o que é a dignidade. Vai sair pela porta baixa. Vai acabar falido, miserável, sozinho. E o Bannon, aquela monstruosa e sinistra figura, agora ainda mais aterrador com aquele cabelame comprido, vai acabar no manicómio. Patifes e psicopatas. Não me apetece falar deles. Uma era sombria da história.

O que vale é que já estamos no fim de semana. Aleluia.


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Nestes dias em que escrevo sem ter nada que dizer, escrevendo apenas porque me apetece escrever, chego ao fim a sentir que o mais certo é estar a defraudar as expectativas de quem aqui venha esperando encontrar alguma coisa que se aproveite; e, por isso, a ver se compenso minimamente a paciência de quem tanto me atura, sinto vontade de oferecer alguma coisa que seja bonita, boa de receber.

Assim é hoje. Aceitem, pois, o Tango of Love de Eleni Karaindrou. Gosto de tangos e espero um dia ir aprender e andar pelos ares como estas mulheres que aqui rodopiam. Espero que também gostem -- da música, de dançar, de querer andar pelos ares, de voar nos braços de quem amam (mesmo que só em imaginação).


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As maravilhosas fotografias fazem parte das vencedoras do International Photography Awards™ 2020 e vêm ao som de, lá em cima, By the sea, também de Eleni Karaindrou 
(também deve ser bom dançar junto ao mar)

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Desejo-vos um bom sábado.
Saúde e alegria

quinta-feira, setembro 05, 2019

E enquanto continua o desastre em vários actos no Parlamento britânico, Sua Majestade passeia em Balmoral e brinca com os turistas.
É a nova versão do Titanic a afundar-se enquanto os passageiros dançavam no convés?


Quando Cameron se meteu nesta linda palhaçada (e, ok Paulo, antes disso, já Blair se tinha portado mal, indispondo os ingleses), quando o comediante Farage alimentou a fogueira contra a Europa, quando Bannon apontou armas à Europa com a Cambridge Analytica a usar os dados pessoais do Facebook dos eleitores britânicos de modo a fazer um marketing personalizado, manipulando-os emocionalmente, e quando, sem saberem o que era o Brexit, a maioria votou favoravelmente à saída do Reino Unido da União Europeia, ninguém imaginaria que mais de 3 anos depois aquelas almas ainda andariam desnorteadas, galinhas sem cabeça, sem saber o que fazer. 

Pelo meio Cameron e Theresa May já saíram de cena, as demissões sucedem-se, as expulsões de gente idónea saem à cena, aparecem gestos perigosos como a suspensão do Parlamento -- e sobraram duas tristes figuras. Uma, Boris Johnson, um arruaceiro, um trauliteiro, um amigo de esbórnia e macacadas, outra, Corbyn, uma fraca figura, um totó que de carisma tem zero, capacidade de virar o jogo ou mostrar liderança igualmente zero, um daqueles espantalhos que tem especial queda para se pôr a jeito e ser alvo de chacota de estafermos como o Boris JohnsonTrump. 

Calculismos e totozices por um lado, populismos e palhaçadas por outro, manipulações all over da opinião pública, ataques à ética e à democracia a serem o novo normal, aristocracias a sobrevoar o mundo real como se não fosse nada com eles, resultam num cocktail perigoso, do qual este lindo espectáculo ainda é o menor dos males.

Dizem-me: a democracia britânica é das mais antigas, é sólida, sabem o que fazem. Concordo que é antiga, acho que até parecia sólida mas discordo de que saibam o que andam a fazer.
Faz-me lembrar aquela gente de famílias aristocratas que acha que é de famílias antigas, sólidas, que olham a plebe com condescendência e superioridade. E depois, quando são chamados à liça, revelam a mais dramática impreparação,  revelam que não sabem cuidar da vida. Frequentemente acabam na miséria, objecto de caridade e de olhares piedosos. 
O que se passa no Reino Unido, de negociação em negociação, a pedir mais prazos, sem se entenderem, a votarem e contra-votarem sem sairem do mesmo sítio, um desnorte como não há memória, é, de facto, uma barracada que envergonha qualquer democracia. Mas mais do que vergonha, o que há nisto tudo é um enorme risco para todos.

E se eu sempre soube que o papel da Rainha era quase figurativo, a verdade é que acreditava que, em situação de crise séria, se chegaria à frente. Nada. Continua na maior como se nada disto tivesse a ver com ela. Uma coisa inquietante.

O que o The Mirror relata pode ter graça para quem gosta de achar graça a gracinhas. Eu acho apenas que, afinal, aquela monarquia britânica é outra palhaçada: Queen's funny quip when hapless tourists failed to recognise her at Balmoral. Estava de lenço na cabeça e vestida discretamente e não com aquelas toilletes coloridas com que costuma aparecer nas cerimónias e os turistas americanos também não costumam ser gente bem informada pelo que não a reconheceram e a Rainha brincou com eles, não se identificando. Mas não ocorrerá à Rainha que até pode acontecer que a Escócia venha a sair do Reino Unido e que ela passe a ser estrangeira em Balmoral? Em vez de fazer de conta que o que se passa no seu Reino não é coisa que lhe assista, não seria melhor que mostrasse que manda alguma coisa e apontasse uma linha de rumo?

Bannon’s Populists, Once a ‘Movement,’ Keep Him at Arm’s Length
Claro que, com tudo isto, o Bannon e seus seguidores esfregam as mãos de contentes. Como não?

Um dos mais relevantes países da UE nesta pretensa debandada trapalhona, ameaçando fazer perigar a estabilidade a todos os níveis na Europa, não é mesmo o que ele anda a tramar? Claro que é. 

E não, meus Caros, read my lips, não é paranóia minha, não é teoria da conspiração, não: é verdade. É a preocupante verdade.


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MPs vote to reject early general election


Boris Johnson has suffered another defeat as the Commons rejected his motion calling for a general election. The PM responded by saying that Jeremy Corbyn has become 'the first leader of the opposition in the democratic history of our country to refuse the invitation to an election'. He added: 'I can only speculate as to the reasons behind his hesitation. The obvious conclusion, I’m afraid, is he does not think he will win.'

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E a ver se, depois disto, consigo retomar o meu espirito estival ou se a minha boa onda saíu comprometida com tudo isto.

Se conseguir recuperar a boa disposição, talvez cá volte com imagens e acontecimentos do dia


terça-feira, agosto 13, 2019

O que pretende Pedro Pardal Henriques?
Lançar a confusão no País? Abrir espaço à limitação dos direitos dos trabalhadores?
Ou isto não passa de rampa de lançamento para ir armar confusão na campanha eleitoral? E, a seguir, na Assembleia da República?
Corremos o risco de, um dia destes, o termos a desgraçar e a envergonhar Portugal?
Pergunto.


O mal de gente assim é que não tem limites. O normal pudor e o respeito pela verdade com pessoas assim não existem. 

Trump todo contente e galhofeiro
enquanto a mulher pega ao colo um bebé orfão,
cujos pais foram assassinados no tiroteio de El Paso

Veja-se o Trump. Não têm conta as insensibilidades que pratica ou as mentiras que já disse desde que é Presidente. Diz mentiras absurdas. Logo a seguir a comunicação social prova que mentiu, o mundo inteiro troça. Mas ele, descarado, diz que as denúncias das suas mentiras são fake news. E as pessoas que o apoiam, apesar de ele ser racista, misógino, xenófofo e sobejamente ignorante, continuam a apoiá-lo, diga ele as barbaridades que disser.

É como o Bolsonaro. É tão básico, tão ignorante, diz coisas tão ridiculamente absurdas que quem o ouve e tem dois dedos de testa pasma. E, no entanto, em vez de perder 100% de apoio no dia seguinte, continua a ser apoiado. Quem votou nele perceberá agora em quem é que votou?


Apoiam esta gente as seitas que odeiam a democracia, a liberdade, a inteligência, a cultura, o direito à igualdade de oportunidades, seitas estas que assentam em interesses escusos, que sobrevivem à custa da corrupção e da exploração dos ignorantes, dos indefesos e dos medrosos que, regra geral, também os apoiam. Numa fase incipiente apoiam-nos ainda os partidos ditos de esquerda popular, pequenos partidos que alavacam o seu crescimento em conversa simpática, igualmente próxima do populismo, partidos sem um verdadeiro programa de governação e que são abstractamente do contra, em especial contra esse vago cadavre exquis composto por ricos e poderosos que serve para adubar qualquer discurso demagogo.

Toda esta gente sinistra chega onde chega com base num linguajar que toda a gente percebe, palavras simples, conversas básicas, com base em aldrabices ditas num mamar doce, como se defendessem os trabalhadores, como se fosse contra os políticos em geral, contra os ricos e poderosos, contra os bancos, como se estivessem ali para defender os pobres, ao lado dos explorados contra os corruptos e os compadrios. E a malta, cansada e de cabeça feita pela comunicação social, acredita e vai na conversa deles. A malta não vê que aquilo é conversa de tipo música para ouvidos ingénuos, não percebe que aquilo é pura demagogia, não vê que aquilo espremido vale zero. E não vê que, uma vez instalados, começam a nomear os filhos e os genros para toda a espécie de cargos mesmo que não tenham as competências mínimas e façam o mundo sofrer de vergonha alheia.

Ivanka, a filha de Trump, feita emplastro, a meter-se na conversa de gente que nem quer acreditar naquilo


Abaixo, Caetano Veloso perdido de riso com a entrevista, na Fox, ao filho de Bolsonaro (possível embaixador dos Estados Unidos que apresenta como credenciais o ter experiência de mundo e o ter fritado hamburgueres nos States)


E nem falo do Salvini, esse falso bon vivant que vai fazer comícios na praia, que (literalmente) dá música e que, com a mesma cara de pau, manda prender quem tenta ajudar os que estão à beira de naufragar. Matteo Salvini não descansará enquanto não estiver à frente de um governo de ultra-direita. E que, claro, está a contar com o apoio de Bannon.


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Vamos ver onde estará Pedro Pardal Henriques daqui por uns anos
(isto se estiver em liberdade, claro)