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quarta-feira, outubro 16, 2024

Tomar o destino nas mãos.
Fazer reviver um solo morto
Mudar o clima
Sentir como suas as palavras: I am the master of my fate. I am the captain of my soul.

 

Hoje, por aqui, chove que dá gosto. Por isso, talvez não seja o melhor dia para falar da falta de água, de solos desidratados, sem vegetação e, logo, sem vida animal, terras desertificadas, populações em êxodo. Mas sabemos que é essa a progressão em curso -- a menos que saibamos perceber a natureza, respeitar e guardar o que a ela dá, aprender a o milagre da regeneração.

Transformar terras áridas em solos férteis é daqueles projectos que penso que deveriam ser amplamente divulgados, financiados, acarinhados.

O vídeo abaixo explica bem o que está a ser feito por aquelas bandas, a alegria que traz à população, a esperança que traz, o futuro com que poderão sonhar. Querendo, podem pôr-se legendas em português, embora apenas de autotradução automática, ou seja sem grande qualidade. Ainda assim, faço questão em partilhá-lo.

A genius way to restore dead soil

Soil is vital for plant growth, supports biodiversity, filters water, and keeps ecosystems balanced. But in Kenya, worsening droughts have left the soil damaged and dry, threatening both nature and local communities.
In our 20th Planet Wild mission, we're supporting a surprisingly simple method to help transform these barren lands into thriving ecosystems. 
A special thanks to Dr. Rob Thompson / University of Reading for providing us with additional footage.
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Invictus

I am the master of my fate. I am the captain of my soul.


segunda-feira, outubro 07, 2024

Não quero tomar-vos tempo demais com as minhas little questões caseirinhas.
Por isso, bora lá ver como tornar a terra mais selvagem...?

 

Parece que está de chuva e, por aqui, bem precisados estamos dela. 

É bom mas...

É chato, o cão vem para casa todo molhado, sacode-se por todo o lado, esfrega-se por todo o lado para se autolimpar e, ainda por cima, arma uma tourada quando vamos nós limpá-lo (salta, quer arrancar-nos a toalha, brinca em nossa volta). Além disso, a roupa custa a secar. E começa a não dar jeito fazer caminhadas de pernas ao léu. 

Mas é uma alegria pensar que a terra vai ficar hidratada e que as verduras vão ficar viçosas de dar gosto.

Tirando estes pequenos aspectos que são circunstanciais, estou com um problema numa das minhas duas laranjeiras. Deu tanta, mas tanta, laranja que agora, antes de ficarem maduras, caem aos montes. Não sei como mantê-las na árvore a amadurecer. As que caem estão rijas, nada doces e não sei se vão alguma vez chegar a bom porto.

E estou com um problema ainda maior na romãzeira. Desta vez os bichos -- ou pássaros glutões ou ratos invisíveis, não sei -- devoraram-nas todas. Não sobrou uma para amostra. Para o ano vamos ter que arranjar ratoeiras ou qualquer outra arma preventiva. Uma pena. Eu que gostava tanto de comer os rosados e sumarentos grãos, agora só se as comprar.

O limoeiro está carregado de limões, belos limões, mas está com a folha fraca, com um ar um bocado desfalecido. Aqui há tempos deitei-lhe um pouco de adubo para citrinos mas parece não ter tido efeito nas folhas. Se calhar, também neste capítulo, vou ter que recorrer ao ChatGPT.

Seja como for, vão gostar de ser regadas com aguïnha da chuva.

E, como poderão compreender, estou mais virada para temas assim, domésticos, caseirinhos, coisas rasteirinhas, do que para os tristes descasos da nossa política em que os partidos de esquerda se empenham em dar cabo da esquerda e os de direita andam a ver como roubar eleitorado à direita mais direita e mais populista, e o PS anda mais ou menos aos papéis a ver como sair airosamente da saia justa em que o Marcelo enfiou o País.

Por isso, como os temas da natureza puxam sempre por mim, resolvi partilhar convosco um vídeo muito interessante e inspirador. 

Era bom que todos os países tomassem em mãos missões assim: reflorestar, devolver a natureza à natureza. 

A uma escala minúscula, tenho o meu ínfimo exemplo ao transformar um pedaço de terra em que só havia mato rasteiro e pedras numa parcela de terra fértil, em que as árvores crescem como gigantes, em que agora há vegetação, musgo, infinitos cogumelos, muitos pássaros, lagartixas; e até esquilos lá apareceram.

O vídeo abaixo está legendado. 

A Bold Plan to Rewild the Earth — at Massive Scale | Kristine McDivitt Tompkins | TED

The first step to saving nature is the rewilding of our own minds, says conservationist and former Patagonia CEO Kristine McDivitt Tompkins. With an unwavering commitment to protecting ecosystems, she and her late husband Douglas Tompkins created vast conservation parks across South America that allowed ancient flora and fauna to flourish once again. Now, she's carrying that legacy and mission forward with a bold plan to connect parks across geographic boundaries, creating a system of continental-scale wildlife corridors — before it's too late. (Recorded at TED2024 on April 16, 2024) 

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Desejo-vos uma bela semana a começar já nesta segunda-feira

Saúde, boa sorte.

Dias felizes

segunda-feira, setembro 30, 2024

Profissão: plantador de árvores

 

Um dia de outono perfeito. Ou, se quiserem, um dia perfeito de outono. Ou um perfeito dia de outono. 

Um dia com tudo de bom. 

Claro que poderia ter sido ainda melhor, ainda mais perfeito, se o menino mais crescido também cá tivesse estado. Mas está a ficar um homem, já quer ter o seu espaço para confraternizar com amigos e amigas. É natural. Mas parece que já prometeu que, para a semana, vem. E eu ficarei feliz.  

O menino mais novo, enquanto estava a andar de bicicleta, disse ao pai que quando se sente mais livre é quando anda de bicicleta e quando joga futebol à chuva. Não é surpreendente que uma criança de sete anos diga uma coisa assim?

São todos incríveis, surpreendo-me com todos, fico feliz por todos eles, sejam eles as crianças ou os pais deles. Só tenho razão, mil razões, para me sentir feliz e, sobretudo, agradecida.

E o jardim está muito agradável, a temperatura amena e o ambiente aconchegado, e a luz dourada torna tudo ainda mais amistoso, mais tranquilo. E eu adoro quando estamos em volta da mesa, parece que a serenidade nos envolve. Nestes momentos quero lá eu saber do limitado Montenegro, do desestabilizador Marcelo. A alienação é isto, não é? Pois. Mas de vez em quando sabe bem a gente alienar-se, afastar-se de gente tóxica que só baralha e confunde e cria problemas.

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Acho que este vídeo faz aqui sentido. Uma pessoa ter a vontade e a coragem de ir para um espaço público plantar árvores, transformar um espaço baldio num pulmão verde de uma movimentada cidade, é louvável, é poesia, é uma maravilha, um encantamento, uma beleza, um sinal de esperança.

Conheça seu Hélio, o plantador de 33 mil árvores em São Paulo

Na região da Penha, gerente comercial transformou área abandonada no 1º parque linear da cidade

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Desejo-vos uma boa semana 

quarta-feira, setembro 18, 2024

A versão dantesca de Sol na eira e chuva no nabal

 

Enquanto noutros países chove que deus a dá, levando tudo à frente, um dilúvio que deixa toda a gente assombrada com a tenebrosa força bruta das águas, por cá está como se tem visto, o fogo inclemente a devorar florestas, matos, casas, carros e, infelizmente, também algumas vidas -- humanas e, mais do que provavelmente, também não humanas.

O calor de brasido, a raiva furiosa das chamas que avançam a uma velocidade medonha, tudo é um pavor.

Por muito que se queira encontrar culpados próximos (e há-os certamente, em primeiro lugar os criminosos que ateiam os fogos), creio que não restam dúvidas de que estamos às portas do mundo que nos espera, em especial as gerações que nos seguirão. 

Medidas estruturais, de fundo, disruptivas, terão que ser levadas a cabo para tentar travar estas alterações no clima pois eventos extremos de calor, de vento, de chuva não podem ser apaziguados com lenitivos.

A woman next to her home in Covelo, Gondomar, northern Portugal. Photograph: José Coelho/EPA

Fotografia integrante do artigo do Guardian: 

Portugal wildfire deaths rise to seven after firefighters trapped in blaze


More than 50 people injured as 54 fires burn across country amid hot, dry and windy weather
(...)

Scientists have said human-caused climate breakdown is supercharging extreme weather across the world, driving more frequent and more deadly disasters, from floods – as seen this week in central Europe – to heatwaves, droughts and wildfires.

Human-caused climate breakdown is making heatwaves more likely and more intense, with some – such as the extreme heatwave in western Canada and the US in 2021 – all but impossible without global heating.

sexta-feira, agosto 02, 2024

Considerações da UJM sobre o que se passa na Venezuela e na cabeça dos maduros do PCP

 

Estes dias têm sido bem animados e poucas notícias tenho visto. Há pouco pus-me a ver os Jogos Olímpicos, momentos exultantes, e, em vez de me pôr a exultar também, adormeci profundamente. Deve ter sido coisa de cinco minutos, não mais, pois logo de seguida o meu marido chamou-me para jantar. Ainda havia arroz de salmão de ontem ao almoço, era só aquecer e juntar salada de alface. 

Das notícias do dia há uma que me está a fazer espécie: a libertação de prisioneiros pela Rússia e pelos Estados Unidos. Parece que foi uma troca. Não sei a que se deve, a que propósito, porquê agora. Alguma coisa é. Se calhar, se me debruçar sobre os Guardians desta vida, facilmente me esclareceria -- mas isso fica para depois, agora ainda estou meio abananada de ter sido acordada à pressão.

Também li (mas só o título) que a temperatura no Antártico está 10º acima da média e palpita-me que isso não são boas notícias. Caraças para as alterações climáticas. Tenho medo.

E também vi a indignação do Partido Comunista Venezuelano ao saber que o PCP apoia a 'vitória' do Maduro. Situação extraordinária esta... O PCP português, sempre, sempre, ao lado dos tiranos e dos ditadores, agora até já actua em contramão em relação aos partidos congéneres desses países que, como se vê, se demarcam da actuação anti-democrática do regime vigente. Uma vergonha. O PCP continua a sua deriva a caminho da extinção. Ninguém os obriga a isso. São eles mesmos que estão determinados nisso. Situação bizarra.

Há dois dias tinha feito um daqueles meus vídeos mas, em vez de falar de abelhas ou da minha voz de Castelo Branco ou de Dona Lady Betty, falava do apoio do PCP ao que se passava na Venezuela. Ainda não sabia da barracada acima referida. Por isso, de certa maneira, o vídeo está um pouco desactualizado.

Mas, por hoje, é o que me apraz partilhar convosco. 

Ainda tenho que ir ali pôr creme hidratante no corpo porque, há bocado, tomei banho e não o pus pois com miúdos cá é tudo tão à pressa que não dá para frioleiras dessas. De manhã, quando fui ao supermercado, comprei um de azeitona e estou curiosa. Só espero que não me deixe a cheirar a azeite. 

In heaven não se fala só de abelhinhas e de coisinhas fofas, também se fala das cavaladas do Maduro e das maluquices do PCP


Dias felizes

domingo, julho 07, 2024

Uma solução simples para um problema complexo:
as avozinhas estão a salvar Espanha da onda de calor

 

Quando fomos à Expo de Sevilha, já lá vão uns duzentos anos, estava um calor de ananases mas eles, os da organização, atenuavam-no borrifando os espaços ao ar livre e criando áreas de sombra. Soluções simples para resolver problemas chatos.

Por acaso, não vem agora ao caso, mas guardo gratas memórias dessa Expo. Fomos em grupo, vários amigos com os respectivos filhos e gostámos imenso.

Em ponto pequeno, ou melhor, em pontinho mini-minúsculo, refiro o meu jardim. Quando fazemos as nossas caminhadas, debaixo de uma caloraça, mal transpomos o portão sentimos logo o frescor. Uns graus a menos. E já desbastámos bastante a cerejeira japonesa e a outra de que não sei o nome bem como o loendro para ver se a relva consegue minimamente sobreviver. Mas, mesmo assim, mesmo desbastadas, as árvores refrescam extraordinariamente o ambiente. É como no campo. Quando não havia árvores, não se conseguia andar por lá pois não havia onde nos abrigarmos do sol. Agora há sombras que é uma maravilha. E, quando está vento, o arvoredo faz um som que mais parece o mar. 

Na sexta-feira, esteve muito calor. Estávamos na sala com a portada de vidro aberta e o cão deitado como ele gosta, meio dentro, meio fora, como se estivesse a guardar o redil. De repente, começou a levantar-se um vento e um frio que entrou por ali adentro e nos refrescou a casa, coisa mais boa.

Mas o trabalho que estas senhoras aqui do vídeo, em Espanha, estão em fazer parece-me um encanto: estão juntas, convivem, fazem uma coisa que é boa para a comunidade, embelezam a sua terra, dão um pouco de si. Acho uma maravilha. E refrescam as ruas.

Não é a solução para os calores insuportáveis que as alterações climáticas nos estão a trazer mas não vai haver 'a solução' milagrosa. Provavelmente vão existir milhões de soluções, umas a grande escala e outras a micro escala. E esta aqui é uma das micro-pequenas soluções mas que, em si, é virtuosa pois atinge vários objectivos.

How Grannies Are Saving Spain From a Heat Wave

Their colorful creations are making Alhaurín de la Torre an amazing destination for tourists and locals


E desejo-vos um belo dia de domingo

quarta-feira, maio 29, 2024

Como se consegue a biodiversidade em harmonia e em pequena escala?

 

Ando cheia de pensamentos a propósito do meu jardim. É todo lindo, e lindo de uma maneira que nunca teria sido a minha. É como em tudo. Gosto de pinturas claras, quase transparentes, silenciosas, abstractas para além da conta. Mas, se ponho a pintar, parece que toda a (muita) cor que tenho dentro de mim, todo o (muito) movimento que tenho dentro de mim saem como numa enxurrada. Fica um tal excesso que em nada tem a ver com o que gosto de ter nas paredes. Nos jardins, olho para o meu, quase minimalista e adoro. Mas sei, sei bem, que, se tivesse sido eu a concebê-lo, teria plantado tudo em maior quantidade variedade, mais flores, maior exuberância.

Mas aquilo que eu teria feito seria mais fácil de manter pois gosto da rebeldia inerente à natureza, gosto que as coisas cresçam, se misturem. Em contrapartida, um relvado tem que ser muito regado, muito aparado. Uma trabalheira.

Já deixei crescer a sebe que bordeja o muro, e ela cresce e floresce que é um gosto. A antiga proprietária, ao vê-la, abre a boca de espanto. Durante vinte anos nunca conseguiu que ela crescesse. Agora não para de crescer. Penso que percebe que está à solta, em liberdade. O jardim está perfumado que dá gosto. E há passarinhos por todo o lado. As buganvílias também transbordam de flores que atraem abelhas, borboletas, pássaros. Os jasmins não conseguem conter-se. Crescem e deitam hastes floridas por todo o lado. As roseiras sobre os portões estão exuberantes, quase excessivas de tão carregadas que estão de mil rosinhas, lindas, lindas. 

O meu marido olha e acha que deve ser tudo aparado, cortado, contido. Diz que qualquer dia não vamos dar conta. Eu acho que cortar nem pensar. Logo agora que está um jardim mais lindo que eu nem consigo deixar de olhar.

O pior é mesmo a relva. Tenho vontade de deixar de aparar. Em parte já há ervinhas, florzinhas. O meu marido acha que não pode ser. E eu penso que tem que ser. Mas compreendo que, se calhar, tem que haver um meio termo. Não posso ter uma seara em vez de um relvado. Talvez possa haver musgo, trevinho, florzinhas, verdurinha miúda que se possa pisar e onde nos possamos deitar em cima como nos deitamos na relva. Mas ainda não percebi qual o ponto de equilíbrio e como é que lá se chega.

O meu filho no outro dia também me falou em ter um jardim sustentável. Não sei se foi essa a palavra que usou mas acho que foi essa a ideia. Também me falou em horta mas para isso não temos paciência. Não somos muito de andar a cavar e a arrancar ervinhas à volta, a afastar lagartas e caracóis. Acho eu. Pelo menos ainda não estou nessa fase (e o meu marido ainda menos).

Mas, portanto, por isto e por aquilo, tenho andado a ver uns vídeos. Este é apenas um deles.

Building Biodiversity in Central Park with Lisa


segunda-feira, maio 13, 2024

Cidades-esponja

 

As imagens que nos chegam do Brasil, Rio Grande do Sul, um mundo devorado pela água, são impressionantes demais. À data de hoje, mais de cem mortos, mais de cem desaparecidos, centenas de milhares desalojados. Casas destruídas, as águas a inundarem os primeiros andares das casas que resistem, as estradas desaparecidas. Um pouco por todo o lado (Afeganistão, Indonésia, China, etc) tempestades, inundações ou, no verão, o reverso, temperaturas insuportáveis, incêndios que não se conseguem apagar.

O cenário apocalítico que em tempos pensámos que seria algo a ameaçar apenas as gerações futuras já aí está, a bater-nos à porta.

O tema das cidades esponja, que não é remédio santo mas, ao que parece, uma boa ajuda, é algo de que provavelmente ouviremos falar com cada vez mais frequência. Pelo menos, assim o espero.

Retiro do DN, um artigo interessante de 2022:

Cidades-esponja. O que são e como podem ser resposta às cheias e secas em meio urbano

Mais do que resolver os desafios dos fenómenos extremos, peritos apontam soluções de adaptação que as zonas urbanas devem adotar para melhor gerir chuvas intensas e ondas de calor. Alterações climáticas intensificam os fenómenos, mas não devem servir como justificação para a falta de ordenamento.

"(...) o cenário de catástrofe provocado por fenómenos climáticos extremos vai repetir-se. E, apontam os especialistas, com uma intensidade e frequência cada vez maiores. Importa, por isso, alterar o comportamento reativo para uma atitude progressivamente mais preventiva. "  José Carlos Ferreira, doutorado em Ambiente e Sustentabilidade.

Ultrapassadas as dificuldades do momento, o professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT-Nova) afirma que facilmente "nos esquecemos que estes fenómenos existem e que se estão a intensificar".

(...) O coordenador do mestrado em Urbanismo Sustentável e Ordenamento do Território da FCT-Novaacredita que a resposta está na alteração do modelo de desenvolvimento das cidades e na concretização de soluções que "transformem o território, ocupando-o de forma ecológica". Este caminho passa, sobretudo, pela alteração dos planos diretores municipais (PDM), para que evitem a construção em zonas de perigo, como em leito de cheias, mas também que integrem estratégias relacionadas com o conceito de cidade-esponja.

O termo foi cunhado pelo arquiteto paisagista e urbanista chinês Kongjian Yu e refere-se, essencialmente, a cidades ambientalmente adaptáveis que apostam em planos de gestão integrada da água. As soluções adotadas variam consoante a realidade hidrográfica das zonas urbanas e a sua configuração, mas podem incluir pavimentos permeáveis, jardins biodiversos e edifícios com coberturas verdes. É uma forma de "incorporar, de forma plena e holística, o ciclo da água no ordenamento dos espaços urbanos", explica Rafael Marques Santos.

O professor e investigador da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa detalha que o urbanismo sustentável permite "intervenções cirúrgicas" em áreas com "grandes erros estruturais", sempre com o objetivo de reduzir os impactos, por exemplo, em cheias. Umas são mais fáceis, outras mais complexas e dispendiosas, como demolições pontuais em zonas particularmente perigosas.

"Não vamos conseguir retirar toda a urbanização de Alcântara ou de Algés", aponta. Mas a criação de elementos de contenção é uma opção, desde logo com bacias de retenção nos pontos mais altos das cidades que "atrasem" a chegada da água, a grande velocidade, às partes baixas. O essencial, esclarece, é "olhar de forma muito atenta para a água numa perspetiva de todo o ciclo" e implementar medidas que cumpram dois objetivos de uma só vez - prevenir os riscos de momentos em que existe água em excesso, assim como atenuar situações de seca.

"Os edifícios podem ter espaços de cisterna para acumulação de água que podem ser úteis", afiança. Se em tempo de chuva intensa os edifícios conseguem guardar alguma dessa água e evitar que seja escoada para a rua, noutros momentos esse recurso pode ser usado para regas, lavagens e outros fins.

O mesmo poderá ser feito em estruturas municipais e há bons exemplos de como isso pode ser feito. Em Roterdão, nos Países Baixos, a Waterplein Benthemplein é uma praça de betão usada durante todo o ano para atividades de lazer dos habitantes, mas é pensada para que em época de chuva intensa possa inundar e evitar a sobrecarga dos sistemas de escoamento da cidade.

Outra ferramenta complementar é a criação de jardins alagáveis, biodiversos e compostos por plantas com capacidade de absorção da água. Estes locais podem inundar e continuar a servir como espaço de recreio, bem como ajudar a refrescar as cidades durante o verão - exemplo disso são cidades como Taizhou, na China, ou Nova Iorque, nos EUA.

Em Setúbal, refere João Carlos Ferreira, o Parque Urbano da Várzea foi "muito eficaz nestas cheias", apesar de aquela cidade piscatória ter tido 30% mais chuva do que Lisboa. "Foi todo redesenhado para ser uma grande bacia de retenção e não inundar a Baixa de Setúbal. Esteve no limite, mas está a funcionar e a cumprir o seu propósito", atesta.

Ambientalistas, arquitetos e urbanistas concordam ser preciso agir, revendo os planos de ordenamento, criando estruturas verdes e multiusos nas cidades, mas, acima de tudo, implementando estratégias de longo prazo diversas e adaptadas à realidade de cada local. "Estes momentos de crise também servem para as adaptações necessárias", remata Rafael Marques Santos.

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How China is designing flood-resistant cities

These "sponge city" designs resist floods and increase biodiversity to help us adapt to a changing climate.

From rising sea levels in Mumbai to unbearable heat in Houston, cities around the world are feeling the effects of climate change. Unfortunately, they don’t always have the right infrastructure to handle its impacts — which is one reason why cities are beginning to reimagine urban design. One of these designs is a “sponge city.”

Although one city design certainly won’t save us from the effects of climate change, “sponge cities” can help with how we live with it. 


Votos de uma boa semana

sábado, março 30, 2024

No fim de contas, bem vistas as coisas, até se consegue descobrir, aqui e ali, boas notícias, maravilhas, motivos para encantamentos

 

Chateia-me à brava quando vejo dar cabo de dezenas, centenas de árvores, para fazer novas urbanizações. E ultimamente tenho visto umas quantas. Fico passada. Com a falta que elas fazem, como é possível tamanha chacina? Não seria possível compatibilizar o crescimento urbanístico com a preservação de manchas verdes?

Mesmo a um nível mais reduzido, tenho visto decepar, degolar árvores lindas e enormes que estão perto de estradas em locais em que não vejo que possam fazer mal. Mesmo pelo respeito que deveriam merecer-nos pelo número de anos que têm, acho que deveriam ser poupadas. Soube recentemente de uma petição para acabar com esta estupidez e fiquei satisfeita por haver ainda pessoas atentas e preocupadas.

Gosto cada vez mais de ver ou ler notícias de locais antes ermos, desertificados, que foram recuperados e se tornaram verdejantes, férteis, por acção humana, por plantação de árvores, por criar zonas de sombra e de escoamento e retenção de águas. Não haverá outro caminho para que o nosso pequeno planeta continue a ser um local habitável pelos seres que hoje ainda existem.

E vi este vídeo abaixo e achei-o também maravilhoso.

The Fascinating Plant That Lives For 300+ Years | Seasonal Wonderlands | BBC Earth

Svalbard in the Arctic spends many months of the year in complete darkness, an unrelenting frozen winter with temperatures down to minus 40 Celsius. Some organisms – such as the compass plant – have adapted an ingenious method to survive in these extremes, ready for when the sun finally reappears.


Back to the future: Reforesting Scotland's iconic hills | Focus on Europe

After being deforested centuries ago, southern Scotland is now dry and barren. Now, to preserve nature and protect the climate, weekly volunteers are replanting pastureland to be forests in the future.


... e depois coisas inesperadas mas em que igualmente se revela o amor e respeito pela natureza. 

Man builds an entire village for mouse he saw in his garden


... e depois um daqueles lugares em que parece que a natureza é simplesmente um lugar feliz já que tem sido respeitada, amada.

Giverny Monet's Home and Garden

Monet's house and garden in Giverny is a picturesque oasis of beauty and tranquility, where the famous impressionist artist found inspiration. The vibrant colors of  the flowers, serene pond with his iconic water lilies, and the charming French country house creates a truly enchanting experience. Explore Normandy's town of Giverny! 
 

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Que a ressurreição seja também a da natureza nos locais em que se encontra definhada, a do respeito e amor às árvores, às flores, aos pássaros, ao ar puro, à beleza.

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Um sábado feliz

Saúde. Harmonia. Paz.

quinta-feira, outubro 05, 2023

Os jovens desactivistas que andam a atrapalhar a vida a quem trabalha e a serem levados ao colo pelos desjornalistas.
[Isto em mais um belo dia de férias]

 


Mais um belo dia de férias. Praia. Tempo bom. Uma luz branca, levemente enevoada, muito levemente, quase um tule.

Fazemos umas boas caminhadas. Parte do caminho faço-o dentro de água mas apenas os pés. Tão agradável. A água está em boa temperatura.

As pitangueiras estão plantadas. São uma pontinha, apenas, uma ervinha. Espero que vinguem e que se cubram de pontinhos amarelos e encarnados. 

Tratei do que tinha a tratar e tive tempo para escrever. 

Escrevo, escrevo, escrevo. Não sei de onde saem tantas palavras.

Aconselham-me a que escreva menos, que pondere mais. Mas isso é o mesmo que me dizerem que pense menos ou que respire menos. Não sei pensar antes de escrever. Quanto muito, penso depois de escrever.

Aliás, hoje estava a caminho do fim de uma história e, sabendo já como ia acabar, a minha cabeça começou a deslizar para uma próxima. É muito estranho, bem sei.

Tirando isso, vi, num relance, meia dúzia de jovens com aspecto vagamente alternativo que por aí andam a fazer parvoíces, cortando o trânsito, atrapalhando a vida a quem anda a trabalhar. Quando entrevistados, os jovens só dizem palermices, vacuidades. Estão desfasados da realidade, são incultos, mal informados. São um vulgar subproduto das redes sociais. Contudo a televisão ouve-os, dá-lhes palco. Uma gentinha desqualificada, tanto eles como quem lhes dá palco.

Enfim.

Enquanto estou a escrever, estou a ver uma entrevista com o Woody Allen. Diz que o trabalho é fundamental mas que a sorte é muito importante, que se pode trabalhar bem toda a vida e nunca ter sorte. Um médico que conheço diz o mesmo:  a gente tratar-se ou monitorizar-se é importante mas mais importante é ter sorte.

E é mesmo. Por isso gosto tanto de desejar boa sorte. A mim própria me desejo boa sorte.

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A fotografia foi feita há dois dias. 

As Boygenius interpretam Cool About It

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Um bom dia feriado

Saúde. Boa sorte. Paz.

quinta-feira, setembro 28, 2023

Vamos jogar tinta para cima de quem...? Vai uma sugestão...?

 

Hoje recebi um mail que, podendo não querer dizer nada, pode querer vir a dizer muito. Com a humildade de quem está a aprender a dar os primeiros passos, dou ouvidos a tudo e levo a sério o que para outros, talvez, não tenha qualquer significado.

E, assim sendo, deitei mãos à obra e trabalhei afincadamente quase todo o dia. A resposta acabou de seguir. 

Não sou fantasiosa pelo que não vou ficar toda excitada a acreditar que vai correr bem. Como sempre, atiro-me às coisas tentando conseguir chegar onde quero mas mentalmente precavida para não conseguir nada. 

Ou seja, não é fácil desanimar pois, de cada vez que não consigo, vou à volta, tento de outra maneira. Difícil para mim é desistir.

Com isto ainda conseguimos fazer uma caminhada à hora de almoço e ir um bocado à praia ao fim da tarde. Estava-se bem. Tarde bonita.

E, porque não tinha jantar, trouxemos um belo sushi. 

Portanto, como síntese, o dia foi produtivo e bom. Não disse mas acho que se depreende que, para os lados da minha mãe, as coisas estiveram mais calmas.

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Com este programa de festas, foi quase de raspão que vi a tinta verde que atiraram ao ministro do Ambiente e a tinta encarnada com que sujaram as paredes da FIL. E não ouvi o que o Marcelo disse mas ouvi o meu marido revoltado, dizendo que o Marcelo quase parecia estar a sancionar a forma de actuar dos jovens.

E o que tenho a dizer é que:

1 - A crise climática é um motivo sério, dramático, e é para nos preocuparmos, mesmo. Que não haja dúvida: é assunto que deve ser levado muito a sério. E não é um tema português: é, sim, um tema mundial. E tem diversas vertentes pelo que tem que ser visto numa perspectiva integrada. Não é simples, pois acabar com uma actividade poluente (a aviação, por exemplo) alteraria o modo de vida das populações de todo o mundo, acarretaria despedimentos, implicaria vultuosos investimento em actividades alternativas, levaria anos a ser posta em prática. Não se pode acabar, de caras, com nada. Pensar isso é ter uma visão simplista e errada sobre o funcionamento da vida real. Mudar o modelo económico do mundo actual requer visão, estratégia, planeamento, recursos, capacidade de execução apesar dos escolhos, muito esforço, infinitos sacrifícios.

2 - Contudo, apesar de tudo, há que operar a transformação. Levará tempo, implicará compromissos, imporá acordos transversais. Penso que, mais ou menos, todos os países civilizados estão empenhados nisso. Claro que quem gere os países são os políticos (eleitos) e sabemos como tantas vezes se elegem políticos que estão na política a servir interesses que não os dos que, ingenuamente, os elegeram.

3 - Para lidar com a urgência das medidas e com a resistências que políticos impreparados ou a soldo, há que ter inteligência.

4 - O processo que os jovens portugueses moveram no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem contra 32 países, entre os quais, Portugal, parece-me uma iniciativa inteligente. 

5 - As iniciativas inteligentes são as que constroem soluções ou apontam caminhos

6 - Neste domínio, as iniciativas ineficazes, pouco inteligentes, censuráveis e, até, criminosas são as que resultam da ameaça, do insulto, da destruição, do arremesso seja do que for contra pessoas ou património

7 - Nos casos em que há crime (e não sei se arremessar tinta ao Ministro ou às paredes de um edifício é apenas uma estúpida e inútil falta de respeito ou se é crime), devem os acusados ser julgados.

8 - As lutas justas devem ser travadas com lisura, respeito pelo outros e pela lei, civismo e, claro, inteligência. 

9 - Se Marcelo não percebe isto, estamos mal. Ou seja, a ser verdade que o nosso Presidente não se demarcou e não censurou muito claramente a forma infantilóide, desrespeitadora e absurda com que os jovens actuaram, vamos de mal a pior.

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Yo-Yo Ma, Kathryn Stott - The Swan (Saint-Saëns)


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Desejo-vos uma boa quinta-feira
Saúde. Bom senso e razão. Paz.

quarta-feira, agosto 02, 2023

Entrar numa igreja para que o casamento se dê... mas com os pés dentro de água

 

No outro dia, pouco depois de me deitar, por volta das duas e meia da manhã, ouvi movimentos que me pareciam perto da janela do quarto, nomeadamente no corredor que vai do portão até ao telheiro sob o qual costumamos deixar o carro. Passado um bocado, ouvi abrir as portas de um carro e, depois, um carro a avançar devagar, a curvar e a arrancar. Parecia mesmo que, sendo tão perto, só poderia ser o nosso. Mas parecia-me improvável.

O meu marido dormia a sono solto e não quis acordá-lo pois sabia que iria achar que era um receio infundado. Então, devagarinho, levantei a persiana para espreitar o portão. Foi então que constatei que a cameleira -- que está tão grande e tão linda --, tapava totalmente o portão. Não consegui ver aquilo que poderia aliviar a minha inquietação.

Passado um bocado, ouvi vozes de homem na rua. Pelo que ouvia, estavam encostados à vedação. Falavam, falavam. Já eram três e tal da manhã e era uma conversa que não acabava. Nestas ruas as únicas pessoas que passam a pé fazem-no de dia. Muito menos se põem paradas, encostadas à vedação da casa de outras pessoas. Esperei, esperei que se calassem. Eu com uma espertina dos diabos... 

Então lembrei-me de ir à vidraça do primeiro andar para espreitar e tentar perceber o que se passava. 

O urso felpudo, que dorme entre a vidraça e os cortinados, levantou-se, estremunhado, e, de pé, olhava-me intrigado. Não consegui ver nada. A árvore de que tanto gosto, que fica toda florida e que cresceu tanto, não deixava ver o portão.

Claro que a decisão está tomada: vamos mesmo desbastar as duas, deixar que a copa se forme só lá mais acima.

Há não sei quanto tempo que o meu marido anda a protestar com o tamanho das árvores e eu, nature lover, sou muito adepta de as deixar seguir o seu rumo. Além disso, passa-se o seguinte: quando chegamos da rua, por muito calor que esteja, mal se transpõe a entrada do jardim, sente-se um ar deliciosamente fresco. Há, de certeza, uma diferença de uns graus de temperatura. E deve-se, não tenho dúvida, à sombra das árvores.

A salvação do mundo não passa exclusivamente pela sua florestação. Os problemas são tão complexos, tão múltiplos e díspares que, mesmo que nos puséssemos todos a plantar árvores, não iria ser suficiente. 

Mas ajuda. 

Por muito que algumas pessoas queiram subvalorizar as alterações climáticas, a verdade é que elas estão aí para nos alertar para a imperiosa necessidade de fazermos qualquer coisa para retardar o desastre global que se avizinha.

É certo que grandes chuvadas, fortes ventanias e intensos calores sempre os houve. A questão é que não tão grandes, não tão fortes, não tão intensos -- e não tão frequentes.

Até que o mundo fique um lugar inabitável, certamente os humanos irão adaptar-se. Habituamo-nos a tudo. Até que um dia, se nada fizermos, tão não será mais possível.

Veja-se o casamento abaixo. Caminham, literalmente, sobre as águas. E, no entanto, o nó foi dado. Mas veja-se e ouça-se o que aqui se diz.

Bride wades through floodwaters after Philippines hit by typhoons

he Philippines was hit with torrential rain over seven days, brought by Typhoon Doksuri and intensified by Typhoon Khanun. 

Low-lying villages to the north of the country were the worst affected, houses were left submerged in water and residents were forced to travel by small wooden boats and roads were inundated. The Philippines are an archipelago of more than 7,600 islands, vulnerable to high winds and torrential downpours.


Uma boa quarta-feira
Saúde. Alegria. Paz.

quarta-feira, julho 05, 2023

Um mundo mais verde

 

O tema de se encarar uma terra seca, pedregosa e de mato rasteiro não como um caso perdido mas como uma tela em branco é-me muito caro.

As nossas terras, dadas as alterações climáticas, estão fadadas a ser crescentemente assim. Quaisquer mapas do país o mostram. Do Algarve para cima, ao longo dos próximos anos, o país aparecerá pintado a escuro, encarnado, laranja, amarelo (aclarando à medida que se vem para norte).

E as nossas populações maioritariamente estão-se a marimbar para isso. 

As televisões movem-se em torno de casos e casinhos, com comentadores pululando de canal em canal, os jovens movem-se em torno de influencers parvos no youtube e muita gente move-se em torno da miséria moral exposta pelo correio da manha.

Pouco sobra.

Nas férias, a malta precisa de descansar ou de se alienar e, segundo dizem as agências de viagens, ala moço que se faz tarde, grande parte da população parte para destinos longínquos.

E, no entanto, que interessante seria se o país (este nosso país e provavelmente todos os que estão em risco de terem condições de vida adversa dentro de pouco tempo) conseguisse mobilizar a população, nem que fosse uma semana por ano, para ajudar na reflorestação de terrenos em que não há biodiversidade. Claro que estas coisas devem ser estruturadas, planeadas. Não pode ser qualquer um, ad hoc, chegar ao pé de um terreno qualquer e pespegar uma árvore. Por isso falo em mobilizar a população em torno de projectos colectivos. Acredito que as pessoas se sentiriam bem, em regime de voluntariado, desde que sentissem que era uma marca sua que ficaria para assegurar um melhor futuro.

Já contei muitas vezes a transformação que operámos no terreno que circunda a nossa casa no campo. O que é agora não tem comparação possível com o que era quando para lá fomos. Toda aquela zona era de terra seca e mato escasso e rasteiro. E, no entanto, um pouco mais abaixo, havia uma mancha verde. Íamos lá passear e, ao entrarmos naquele pedaço, sentíamos o ar mais fresco. Havia árvores grandes, arbustos verdes. Contaram-nos que tinha vivido lá um homem que, durante uns anos, se tinha dedicado a cuidar daquele bocado de terra. Parecia um pequeno oásis. Ele já morreu há algum tempo mas ficou esse seu legado.

Encantou-me imensamente. Logo sonhei transformar o nosso bocado de terra também num espaço verdejante. Um pequeno bosque. Un petit bois

Sonhava ter árvores grandes, acolhedoras, generosas, que atraíssem pássaros. 

E foi isso que aconteceu. Os pássaros vieram e, até, esquilos. Os pássaros são muitos e cantam que é uma felicidade. 

Apesar de ser uma zona muito quente, ali há sombra e sempre arbustos verdes.

Nesta casa aqui, onde agora vivo, também o microclima é especial. Neste caso, o mérito não é nosso. Os anteriores proprietários tinham um gosto muito similar ao meu e plantaram árvores, arbustos, trepadeiras. Mas a verdade é que, no espaço de três anos, desde que cá moramos, a transformação também já é bem visível. Vejo fotografias de quando para cá viemos e vejo como está agora e a diferença é enorme.

Não sei porquê mas, de repente, tudo se desenvolveu com enorme pujança e graça. Creio que é porque não cortamos tudo. Não impedimos a natureza de seguir o seu curso. Claro que temos que, volta e meia, aparar algumas coisas. Mas, no que não é necessário, deixamos. Neste momento as glicínias já desenharam, elas próprias, uma pérgola que une a parede da casa ao muro. Fica lindo. O jasmim também já está a começar a cobrir uma vedação. O jasmim amarelo está enorme e faz uma cortina junto a uma mesa.

Quando vimos da rua, nestes dias de calor, e entramos no jardim, sentimos uma frescura acolhedora. 

A sensação de ajudarmos um bocado de terra a ser um lugar aprazível é muito boa. Seria bom que este passasse a ser um desígnio colectivo, nacional

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Os vídeos abaixo são ilustrativos do que digo.

Restoring a rainforest at Atlantic's edge in West Cork

There's been a spontaneous formation of a wild natural ecosystem.

Meet the man who has made it his life's work to rewild and restore a rainforest on his farm on the Beara Peninsula in West Cork.

In our 'Climate Heroes' series of reports, we shine a light on the people who are stepping up to protect the environment and tackle climate change. While these people come from all walks of life, they share a common purpose to improve the world around us 


Restoring Nature (Ireland's changing nature) 

  

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Um dia bom

Saúde. Uma alma verde. Paz.

sexta-feira, junho 16, 2023

Para terminar um dia quente, quente... o mar azul, os peixes, os pássaros... uma lufada de ar fresco

 

Os meus últimos tempos têm sido de trabalho intenso. Já aqui contei que tenho uma característica: dou-me mal com o tédio. Se tenho pouco que fazer, parece que não consigo fazer nada. Se tenho muito que fazer em muito pouco tempo aí, sim, fico com a pica toda.

Trabalhar horas a fio, até às tantas da noite, trabalhar até ficar cansada, isso, sim, é a minha praia. É uma coisa estúpida? Ah pois é, então não é? Claro que é. Mas é o que é.

Com isto trabalhei ontem até depois das três da manhã. E estava com vontade de continuar. Fui para a cama com uma espertina danada, só adormeci de manhã.

Depois tive um dia ocupado e, quando finalmente, tive oportunidade de recomeçar a função, adormeci pesadamente.

Uma vida sem ordem. Mas, caraças, muito motivada. 

Agora estou aqui a dar contas à minha vida e a pensar que, para tentar recuperar, deveria agarrar-me ao trabalho e, em vez disso, estou aqui a ver se acordo.

E esteve tanto calor... padeço imenso com o calor. 

Fomos passear à praia ao fim da tarde mas ainda estava muito calor.

E, falando em calor, anuncia-se para daqui a dias um calor tórrido.

Ora é isto que, infelizmente, nos espera. Um inferno.

O deserto e as chamas a avançarem, a água a escassear, as populações a migrarem. Um inferno.

Preocupa-me imenso isto das alterações climáticas. Gostava de ver o país a ser florestado, gostava de ver o tema da água muito bem agarrado. Sei que muito se está a fazer mas penso que deveria vir para a ribalta, ser falado, mostrado, discutido. Em vez de se andar a ocupar o espaço e o tempo com chachadas era importante que se debatessem os temas relevantes.

Quando estou em espaços públicos a presenciar conversas, ouço disparates atrás de disparates. Mesmo pessoas que se julgaria estarem minimamente preparadas dizem com cada disparate que é de uma pessoa se atirar para debaixo da mesa. Tanta rede social, tanta comunicação social da treta que dá nisto: as pessoas mal informadas e desfocadas do que é essencial.

Ontem, do que vi da entrevista com o Ministro da Economia, Costa Silva, fiquei espantada com a quantidade de projectos relevantíssimos em curso. De nada disto se ouve falar. Mas, é verdade, Filo, a seguir não se organizam debates para comentar o que foi dito. E seria importante e interessantíssimo que se juntassem empresários, investigadores, professores, gestores, e em conjunto debatessem os avanços científicos e tecnológicos, os investimentos. Seria relevantíssimo que a população estivesse ao corrente do que se faz, se sentisse motivada a fazer mais e melhor.

Mas não. 

Aposta-se é na estupidificação massiva. 

Claro que, a propósito de coisas estúpidas, há bocado, apanhámos o fim da audição do Pedro Nuno Santos. 

Uma paródia, uma chachada, uma barracada. O que é aquilo? Perguntas parvas, atrás de perguntas parvas. Sete ou oito horas de perguntas e perguntas e perguntas. Não sei como é que os inquiridos se aguentam. Tenho ideia de que, se fosse comigo, às tantas me levantava e dizia: "Tenho mais que fazer. Vão dar banho ao cão. E, entretanto cresçam e apareçam. Chiça."

Já não faço ideia do que é que se quer apurar ali mas, seja o que for, se durasse uma semana, devia ser mais do que suficiente para fazer perguntas aos que teriam alguma coisa a dizer. Mas não. Cada um arvora-se em pide de aviário e pergunta, interroga, contra-interroga, volta a interrogar. E depois vem outro e faz o mesmo. Mil vezes a mesma irrelevante pergunta. Mil vezes o mesmo ar de suspeição, de censura, de prepotência. Uma tortura. Não se aguenta. Cerca de oito horas de interrogatório a cada desgraçado. Ontem tinha sido outro, já demitido, e ainda sim, interrogado, esmifrado, seviciado até à exaustão.

Anda aquela gente, aqueles que teoricamente deveriam ser os nossos representantes na Assembleia da República, a ganhar um ordenado pago com dinheiros públicos para ali andarem a dar aquele triste espectáculo. 

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Mas não são horas para perder mais tempo com o que não interessa. 

Prefiro mergulhar no azul. 

Mar. Peixes. Peixões. Pássaros. Passarões. Passarinhos lindos.

Muita beleza

Fish Vs Bird | 4KUHD | Blue Planet II | BBC Earth


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As fotografias, lindas de tão minimalistas, são respectivamente de Jose Marques Lopes, Pete Chapman, Elisabeth Brecher e AKittinan Googlegog. Podem ser vistas aqui.

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Dias felizes
Saúde. Boa sorte. Paz.

segunda-feira, maio 01, 2023

Um domingo feliz

 

Dia em família, tranquilo, os meninos a jogar horas de ping-pong, uma boa tarde de sol, uma temperatura no ponto, as buganvílias numa explosão de cor. 

O terraço que arranjámos junto à porta da sala tem-se revelado um lugar aprazível, abrigado, confortável. É aqui que geralmente nos concentramos.

As rosas também estão a aparecer, rubras, belíssimas. As nêsperas estão doces de dar gosto. A natureza é generosa.

O urso peludo está cada vez mais educado. Obedece, brinca, fica ainda mais feliz quando está em família. 

Contudo, de vez em quando, cansado de tanta brincadeira e tanta emoção, aproveita para descansar.


Enquanto os que estão a banhos no Algarve nos enviavam fotografias dos meninos a tomar um belo banho de espuma, fofos, fofos, e, depois, de roupão, cabelos molhados e felizes da vida, a lancharem, ao fim da tarde os que cá estão foram jogar padel, tinham reservado campo. Os mais novos têm pilhas que não se gastam e que, aparentemente, nem precisam de recarregar. Jogam todos muito bem padel, os mais novos e os menos novos, com uma energia e uma força que dá gosto. O meu marido também jogou e surpreendeu-me pois (que eu saiba...) nunca tinha jogado. Houve quem dissesse que deu baile aos demais e eu, que sou leiga, estava de facto impressionada. Agora que se foi deitar, ia a dizer que lhe parecia que um dos pés lhe estava a dar sinal. Mas, depois da exibição a que eu assisti, isso não é nada.

Eu não joguei, tenho medo que o joelho se ressinta. Dentro de água pontapeio, pedalo, dobro, estico, levanto, salto e o diabo a sete mas, cá fora, parece que agora ganhei um bocado de medo. Fiquei a ver e a fotografá-los que também é bom. E, se alguma bola vinha parar cá fora, eu ia apanhá-la. Já não é mau.

Quando estávamos a regressar a casa, vimos um pica-pau muito bonito.

A natureza é uma coisa extraordinária na sua diversidade, na sua beleza. Mas temo que um dia deixe de ser assim.

Assusta-me muito a seca e, em geral, as alterações climáticas. 

Temos que, muito urgentemente, encarar de frente a situação da falta de água. Seja criando barreiras que ajudem a criar condensação e que favoreçam a formação de nuvens, seja dessalinizando a água do mar, criando muito mais bacias de irrigação e pipelines de distribuição, seja florestando e criando mecanismos de fixação de humidade, não sei -- creio é que é crítico que se estudem urgentemente alternativas e se comece enquanto é tempo.

Nem quero pensar que o mundo em que os meus netos vão ser adultos pode ser inóspito, até cruel, e que nós, os da geração que contribuiu para isto, nada fizemos para garantir a qualidade de vida dos que nos sucederão.

Espero que António Costa, com o apoio de Marcelo, saibam mobilizar o País nesse sentido.

Mas, enfim, é fim de semana prolongado e em dias assim não é a melhor altura para se falar de temas destes. Certo?

Portanto, adiante.

Não tenho pegado no meu book, o que está em recuperação e que, depois, ainda tem que ser lido e relido e editado. Os dias correm sem parar e eu não consigo agarrar o tempo.

No outro dia, um senhor disse-me que não tinha sensibilidade ao calor em dois dedos. Não percebi bem o que ele me estava a dizer. Concretizou: tinha tido um AVC e tinha ficado com essa sequela. Fiquei admirada. Terá uns cinquenta e tal, magro, sem factores de risco à vista. Explicou que acreditava que tinha sido o tabaco, que fumava muito. Depois disse-me: 'Temos que viver bem todos os dias porque um dia pode acontecer uma coisa que não esperávamos e deixamos de ser iguais ao que éramos antes'. Encolheu os ombros com uma certa tristeza. Compreendi-o muito bem.

E concordo com ele. Não sabendo se amanhã vai ser um dia bom (ou pior do que o de hoje), que saibamos aproveitar cada momento.

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Ao ritmo da natureza


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Uma boa semana a começar já esta segunda-feira

E viva o trabalho.

Saúde. Alegria. Paz.

domingo, fevereiro 05, 2023

Quando o especialista (seja em que matéria for) ou o poeta ou sei lá o quê não é uma pessoa mas um algoritmo.
ChatGPT - monstro ou preciosa ajuda?

 

Hoje de tarde, tarde quentinha e boa, a família reunida, o meu filho testou o ChatGBT (diz que o usam bastante em contexto profissional) e logicamente fiquei com vontade de também testar. De resto, também tinha visto o Valupi a divertir-se com ele.

Então tenho estado aqui entretida, na conversa com 'ele'. 

E agora mesmo recebi uma mensagem da minha filha que me reencaminhou mensagens de um colega que esteve a 'trocar' ideias com o dito ChatGBT sobre a área profissional deles. É de bradar aos céus.

Copiei os desafios ou perguntas que eu lhe lancei e o que o 'tipo' instantaneamente respondeu ou produziu. Não fui cuidadosa a copiar e, por isso, esteticamente este post vai estar um destino. Estive a ver se conseguia mas daria uma trabalheira... Vai como está e peço que relevem  deselegância do desalinho.

Em itálico e a bold o que escrevi. Abaixo, a resposta dele.

Que zonas de Lisboa vão ficar submersas com a subida das águas até 2030?

Prever exatamente quais zonas de Lisboa ficarão submersas com a subida das águas até 2030 é difícil, pois depende de uma série de fatores, como a taxa de subida do nível do mar, as mudanças climáticas e as medidas que serão tomadas para proteger as áreas costeiras.

No entanto, algumas áreas costeiras de Lisboa, como a Baixa, o Cais do Sodré e os subúrbios de Alcântara e Belem, são consideradas vulneráveis à subida do nível do mar. Além disso, as infraestruturas portuárias e de transporte, como as estações de metro e o aeroporto, também podem ser afetadas pela subida das águas.

Para proteger as zonas costeiras de Lisboa, a cidade está implementando medidas de gestão costeira, como a construção de barreiras contra inundações e o aumento do nível do solo em áreas vulneráveis. No entanto, ainda é necessário monitorar a situação e tomar medidas adicionais se necessário para garantir a segurança das áreas costeiras de Lisboa no futuro.
 
Em que ano se prevê que Portugal fique com falta de água?

Prever exatamente quando Portugal ficará com falta de água é difícil, pois depende de uma série de fatores, como as mudanças climáticas, as práticas de gestão da água e a população crescente. No entanto, Portugal já experimentou situações de escassez de água em certas regiões do país, especialmente durante períodos prolongados de seca.

A gestão da água é uma preocupação importante para Portugal e para outros países do mundo, e é necessário implementar medidas de conservação e gestão da água eficazes para garantir o acesso sustentável à água para as gerações futuras. Além disso, é importante continuar monitorando a situação e tomar medidas adicionais se necessário para garantir a disponibilidade de água no futuro.

Qual a melhor solução para haver água em longos períodos de seca?

As soluções para a escassez de água durante períodos prolongados de seca incluem:

Gestão eficiente da água: É importante monitorar e controlar a utilização da água para garantir que seja usada de forma responsável e sustentável.

Armazenamento de água: A construção de barragens, represas e outras instalações de armazenamento de água pode ajudar a garantir a disponibilidade de água durante períodos prolongados de seca.

Reciclagem e reutilização da água: A reciclagem e a reutilização da água são importantes para reduzir o consumo de água potável e aumentar a disponibilidade de água durante períodos de seca.

Mudanças na agricultura: Adotar práticas agrícolas mais eficientes no uso da água, como a irrigação por gotejamento, pode ajudar a economizar água e melhorar a sustentabilidade das culturas.

Desenvolvimento de fontes alternativas de água: O desenvolvimento de fontes alternativas de água, como a água da chuva, a água subterrânea e a água de poços, pode ajudar a garantir a disponibilidade de água durante períodos de seca.

Estas soluções são complementares e trabalham juntas para garantir que haja água disponível durante períodos prolongados de seca. É importante que as comunidades e os governos trabalhem juntos para implementar medidas eficazes para garantir a disponibilidade de água para as gerações futuras.
Sai um poema português

Aqui está um poema em português, intitulado "Soneto": Como é bela a natureza no seu esplendor, Com flores que enchem o ar de fragrância, Com pássaros que cantam sem hesitação, Com rios que correm sem pressa nem calor. Mas nada é mais belo do que o amor, Que faz o coração bater mais forte, Que traz alegria e brilho ao meu olhar, E me faz sentir que tenho muito mais. A paixão é intensa, é verdade é sincera, Mas o amor é duradouro, é permanente, E me faz acreditar que a vida é pura. Assim, eu escolho o amor como minha preferência, Pois é nele que encontro a verdadeira beleza.


Sai um poema de paixão louca
"Paixão louca"

Tua boca é como o mel, suave e doce, 
Teu corpo é como o fogo, quente e ardente, 
Teus olhos são como o mar, profundos e intensos, 
E eu sou o teu escravo, preso a essa paixão louca.

Não sei mais viver sem te ter a meu lado, 
Minha alma clama por ti, dia e noite, 
Eu sou teu, completamente, corpo e alma, 
E essa paixão louca é minha vida inteira.

Não há nada que eu não faria por ti, 
Não há barreiras que eu não transporia, 
Não há obstáculos que eu não ultrapassaria, 
Porque tu és a minha razão de viver.

Assim, eu entrego-me a essa paixão louca, 
Sem medo de sofrer, sem receio de perder, 
Porque amar-te é a minha mais bela aventura, 
E eu estarei contigo, sempre, para sempre."

Sai um aforismo sobre inteligência e arrogância

"A arrogância obscurece a inteligência, enquanto a humildade a revela.

Sai um poema chato

Não há nada a ser dito Sem expressão, sem cor Tudo é monótono e triste Como a vida sem amor Os dias se arrastam Sem alegria ou diversão Não há riso, nem música Apenas monotonia sem fim Tudo é sem graça e sem sentido Como uma paisagem sem cor Não há beleza, nem magia Apenas tédio e tristeza por todo o lado.