Mostrar mensagens com a etiqueta Patricia Pillar. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Patricia Pillar. Mostrar todas as mensagens

sábado, junho 27, 2020

Tempos de mudança + a casa delas





Pode o mundo não mudar para a humanidade mas para mim, que sou uma mera e simplória versão feminina do manuel germano, ele tem mudado. Ele, o mundo, bem entendido. Ah, se tem. Eu já tinha aqui falado. Quando a coisa dá em mim nem vale a pena eu lutar. Só tenho é que abrir a janela e pôr-me quieta que a ventania vai entrar e fazer a sua revolução.

E fez mesmo. Um santo dia levantei-me e pensei: vou ligar e dizer que sim. E foi o suficiente. Daí para cá tem sido um torvelinho. Melhor: um torvelhão. E um dia desta semana, depois de algumas aproximações, sentei-me eu de um lado e outro do lado contrário e cada um deu o seu melhor. Mano a mano. Chegámos ao fim e dissemos: está feito. Do lado dele ainda sujeito a aprovação. No dia seguinte ligou: aprovado. Depois outro a ligar. Conversa, muita conversa. A envolver tudo em celofane e piropo. Tudo desnecessário. Já não estou nem aí. Esta sexta-feira a coisa consumou-se. Magno evento, magno anúncio, magnos encómios. E eu, por dentro, 'está bem, está'. Depois ainda outras reuniões e a seguir telefonemas e mensagens. Mas parece que já não é comigo. Não que não sinta qualquer coisa. Sinto. Qualquer coisa. Qualquer coisinha. Mas faz parte, tenho qualquer hoisa de humano dentro de mim. Ou será que é de germano? 

É aquilo de fechar a porta. Em mim estas situações são assim mesmo. Fecho, está fechada. Para todo o sempre. 

Ou seja: dentro de mim, já estou no day after.


Um novo desafio, uma nova vida, um salto no escuro, um certo temor perante o desconhecido, um certo receio de não conseguir, o ser incapaz de pré-definir um guião, o querer entrar assim, a tactear, uma imersão a pleno. Mas estou sem pressa. Parece que sinto que esta nova missão é apenas o in between para uma mudança ainda maior que, dentro de algum tempo, me abençoará. O meu marido não acredita. Diz que não tarda vou estar é de manhã à noite, empolgada, ao rubro, a mais de cem por cento, a moer a cabeça aos outros. E eu acredito. Ele sabe e eu sei que, quando me entrego, é sem meio termo. Não conheço meio termo. É tudo ou nada. E o tudo é um tudo exponenciado tal como o nada é o nada mais absoluto.

No dia em que a coisa se consumou, disse-o à minha mãe. Não se admirou, disse que, nessa manhã, tinha ouvido o horóscopo e que era isso que dizia: mudanças, revoluções. Diz que pensou: lá vai levar a dela adiante. E levei. É isso que todos os horóscopos andam a dizer. Ela ouviu na televisão, eu vi na Madame Figaro e na Vogue. Até faz impressão.


Mas isto das mudanças não se fica por aqui. Fui tomada por uma vontade indomável de vida nova. E é em toda a linha. Do outro processo que está em curso a seu tempo falarei. Só falo quando as coisas se concretizam. Antes não falo: não me traz sorte falar nas coisas quando ainda não se consumaram. E não é que seja supersticiosa. Não sou em geral. Mas sou em particular. E este é um desses particulares. Mas, se se concretizar (e há-de concretizar, ah não se não vai), vai ser uma baita mudança. Caneco, como eu a desejo agora que a vontade dela se apoderou de mim.

Vida nova. É o que me apetece. Nova, nova, nova. Para a revolução ser ainda mais completa só falta mesmo é pegar na tesoura e cortar o cabelo mais curto, quase curto, um corte incerto, cabelo espetado, ponta aqui, ponta acolá, e pintá-lo de louro claro, claro, quase platinado. Ou de azul. Mas esta do cabelo só quando deixar de trabalhar e ter funções como tenho agora em que tenho que fazer de conta que sou uma pessoa muito respeitável. Não é que deixasse de sê-lo mas há gente burra que faz juízos primários e não entenderia bem ver aparecer numa reunião uma pessoa com o cabelo assim.


No outro dia o meu marido, já nem sei a que despropósito, disse: será que qualquer dia vamos perceber que estamos a ficar velhos? Não gostei. Bolas. Isola. Disse-lhe: fala por ti. Eu não. Eu sinto-me é a renascer, a começar de novo. Ele não me respondeu. Somos diferentes. Para ele a vida é coisa contínua. Para mim não, Para mim tem que haver disrupção. O apelo pelo desconhecido é forte. O prazer em ir à descoberta é uma constante dentro de mim. Só gostava era de ser capaz de ainda mais: de deitar quase tudo fora e rodear-me apenas de quase nada e esse quase nada ser tudo novo, coisa oposta ao que agora existe.

Mas, enfim, é isto. E isto, estranhamente, este despir de pele, esta ecdise, anda a deixar-me exausta. Chego ao fim do dia e estou exausta. Depois, chego à cama, tantas coisas na minha cabeça a fervilharem, perco o sono. Vai-se o sono. Mal durmo. Uma coisa horrível. A noite passada derivei para outro lado. Nunca quis ter um barco. O meu marido sim. O pai e um dos tios tinham um, muito grande. Eram os filhos que o usavam. Eu detestava: aqueles peões a meio do rio, aquela loucura dos cavalinhos, o barco a saltar em cima das ondas que provocava, a despesa e o risco que aquilo era. Felizmente, acabaram por se deixar disso. Fiquei escaldada. Mas a noite passada, vá lá saber-se porquè, até me deu para pensar num barquinho pequeno só para passar o dia sobre as águas, uma pequena cabine para proteger do sol, da chuva, do vento. Levar um livro. Depois pensava: talvez pescar. Mas logo me ocorria: e se ali há metais pesados ou outros resíduos e os peixes não são bons? Em vez de dormir, perdida nestes pensamentos vadios. Só visto.

Bem. Já chega de conversa à toa. Vou-me. Com vossa licença.


_________________________________________________________________

Mas, antes de me ir, deixem que partilhe dois vídeos bons de ver e ouvir. Patrícia Pillar e Malu Mader mostram parte das suas casas. Gostoso de conhecer e de gostoso de revê-las.




___________________________________________________

Obras expostas:

John Singleton Copley, ALICE HOOPER
Nicolaas Verkolje, LANDSCHAP MET TWEE NIMFEN
Angelica Kauffman, RINALDO AND ARMIDA
Élisabeth-Louise Vigée-Le Brun, LADY FOLDING A LETTER
Heinrich Kühn, STUDY IN TONAL VALUES II

ao som de The Webb Sisters - If It Be Your Will  ft. Leonard Cohen

___________________________________________________________

E um feliz sábado para si que está aí, lendo o que para aqui vai.

sexta-feira, setembro 12, 2014

Cenas da vida conjugal: umas vezes muito perto, outras muito longe, umas vezes fantasiando, outras concretizando. Ora Lado a Lado, ora Extremely Close, ora com os olhos Wide Shut. Uma dança, portanto.



Este é o terceiro post da noite (e desculpem-me estas minhas introduções mas é que, como já aqui expliquei, uma certa pessoa sempre muito apressada e distraída, se eu não o agarro logo pelos colarinhos, pira-se antes de percorrer todo o caminho das pedras; por isso, mal entra num post que não é o primeiro, não vai ter desculpa se disser que não reparou que abaixo havia mais).

A seguir falo de Manuela Ferreira Leite, essa mulher que se tem revelado um verdadeiro carro de combate, e das interessantes revelações que fez na TVI. A não perder.

Mais abaixo ainda tenho mais uma divertida cena da Porta dos Fundos - coisa de mulheres, é certo, mas que interessará também aos homens pois quem, senão os homens, para se divertirem à custa das mulheres. 

Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra.

___


Depois da Manuela e depois do meu marido se ter ido deitar, pus-me a ver a telenovela nova da SIC, uma bem engraçada de que não me lembrava o nome.




Fui ao youtube e vi que se chama Lado a Lado com a cada vez mais bonita Patricia Pillar que aqui faz uma fantástica Baronesa Constância que é uma mulher elitista, pedante, inconveniente e que usa uns vestidos e uns chapéus de uma pessoa morrer de inveja. Para ilustrar, escolhi a fotografia acima na qual aparece com a toilette usada no casamento da filha. Uma perdição de toilette.


Vi o trailer no youtube e achei-lhe piada, coloco-o aqui. Recebeu um Emmy em 2013 esta telenovela. Há que séculos que eu não via uma e estou a gostar. Reencontro caras que não via há muito e reencontro o prazer das boas novelas da Globo.






Mas, ao abrir o Youtube, apareceram, entre as sugestões habituais, a de um bailado da Companhia Hubbard Street Dance Chicago, companhia que bastante aprecio. Fui procurar outras coreografias, aquela não me dizia grande coisa. E fui parar a um que aqui vou colocar, "Extremely Close", uma coreografia de Alejandro Cerrudo.

Mas, então, a partir desta expressão, extremamente perto (ou próximo) - que é uma das características de uma vida a dois - ocorreu-me procurar excertos de filmes em que se vejam alguns episódios da vida a dois: fantasias, hesitações, desconfianças, seduções, traições, ciúmes, perdões.


São algumas destas cenas da vida conjugal que hoje coloco aqui, a começar com excertos de um dos filmes de que francamente gostei de ver, Closer.



Aqui baixo, uma cena de sedução e atracção entre Anna (Julia Roberts) e Dan (Jude Law) - e que românticos eles são, que envolvente é o momento. Uma inspiração.




**


Do mesmo filme, Larry (o abrasador Clive Owen) e Alice (Natalie Portman), num momento de sedução e desejo sem freio. Um desafio.




**


E, depois das cenas acima com os casais trocados, a cena entre marido e mulher, Larry e Anna: a cena que todos os casais gostariam de ser capazes de evitar ou ultrapassar. Uma atrapalhação. Um momento para esquecer se fosse na vida real. Assim, no cinema, uma cena marcante.






**

Mas há também as fantasias, tão ou mais marcantes na vida de uma mulher do que um caso concreto.

Alice e o marido, Dr. William Harford - de facto Nicole Kidman e Tom Cruise (então ainda casados antes do seu casamento cair de borco depois deste filme) - juntos numa inesquecível cena de descrição de uma fantasia. Um devaneio. Um suplemento de ânimo ou uma semente de insegurança.





**


E esta matéria daria pano para muitas mangas mas a verdade é que estou cheia de sono e amanhã é dia de aquartelamento parcial aqui ao jantar com dormida incluida e, portanto, não posso partir para um dia com reuniões e mil coisas para fazer e ainda uma noite repleta, logo a cair de sono. Por isso, abstenho-me de filosofar e parto já para o bailado: Extremely Close.





_____


Fico-me por aqui porque já não dá mesmo mais, tenho que ir dormir. Não vou rever e peço que relevem as letras trocadas, a menos ou a mais, as vírgulas a mais ou a menos.


Relembro: Abaixo encontrarão a Manuel Ferreira Leite e, logo a seguir, a Porta dos Fundos.


____


Desejo-vos, meus Caros Leirores, uma bela sexta-feira.