Mostrar mensagens com a etiqueta Francisco Lopes. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Francisco Lopes. Mostrar todas as mensagens

sábado, abril 09, 2011

Watson ao poder, já! A melhor alternativa a Sócrates e Passos Coelho (e de Portas, Jerónimo e Louçã nem falo)

Sócrates é uma força da natureza, o verdadeiro animal feroz, tem 7 vidas, os adversários são muito, muito, muito piores mas, lamento, nas actuais circunstâncias é necessário alguém sem uma tão grande pegada de acinte, de desgaste, de desconfianças. Portugal precisa de um líder com carácter, mobilizador, congregador de vontades, com rasgo, com visão, com competência (e, reconheçamos: Sócrates tem uma ou outra fragilidadezita...)

Mas, pelo que vejo no congresso, Sócrates está de pedra e cal no PS e, perante um tão grande fôlego, as possíveis alternativas recolhem-se. Não há o mínimo clima dentro do PS para que António Costa ou Francisco Assis se cheguem à frente.

Os socialistas reconhecem a energia, a resistência, a resiliência deste homem que ninguém consegue abater e, perante o seu discurso electrizante, mobilizador, a sala vem abaixo numa ovação estridente, entusiasmada.

Portanto: Sócrates pelo PS.

No PSD, ou se verifica alguma inesperada hecatombe ou vamos mesmo ter a barata tonta do Jota Doce. Cospe para o ar e, sistematicamente, o cuspo cai-lhe em cima. Não sabe o que diz, é uma maria vai com as outras. Portanto, no PSD: Pedro Passos Coelho.

De resto, teremos no CDS o único que por lá se mexe, a ex-Moderna Paulinho dos Submarinos, eterno putativo estadista.

E, na esclarecida e desempoeirada esquerda que temos: o par de jarras, o novo casal maravilha, Jerónimo e Louçã. Depois de se terem deitado com o PSD, esta esquerda fácil, deitar-se-á com quem calhar desde que isso lhes traga votos fáceis e forrobodó nas ruas.

Por isso, meus amigos, com este panorama só vejo mesmo uma alternativa: Watson, o super-computador da IBM.

Vejam-no abaixo. Bate todos os adversários, é quem acerta à maioria das perguntas. Não é melhor do que os nossos líderes partidários? 


                            IBM's Watson supercomputer destroys all humans in Jeopardy

domingo, janeiro 23, 2011

Cavaco Silva: mais do mesmo. E o rescaldo e os festejos de uma eleição.

Neste momento em que é certo que Aníbal Cavaco Siva foi reeleito e que, na televisão, o vejo ressabiado, quase vingativo, quase desagradável, a agradecer a vitória a todos, mas em especial à sua senhora (a quem ele sustenta, como fez questão de dizer durante a campanha eleitoral), anunciando um segundo mandato sem chama, sem uma ideia que revele algum sentido de modernidade, não tenho para já mais nada a dizer senão que tenho pena que não tenha aparecido um candidato capaz de mobilizar a população.

Uma abstenção enorme - que mostra bem o desinteresse e o desapontamento que as pessoas sentem perante tão triste panorama - é, para mim, o dado mais marcante destas eleições.

Um centro/esquerda pulverizado por vários candidatos que, em conjunto, se uniram (ainda que sem o combinarem - porque não são suficientemente hábeis nem para isso) para dizer mal do Governo, deu nisto. Por ausência de alternativa, Cavaco, no seu provincianismo, falta de sentido de democracia, arrogante e com um historial recente (relativo a investimentos e a amizades) muito pouco abonatório, lá conseguiu ganhar. À tangente mas ganhou.

Manuel Alegre e Louçã (a cara num esgar) mostraram há pouco que estão a saborear o sabor amargo da derrota em toda a linha, enquanto Fernando Nobre feliz, rejubilante, com a Margarida Pinto Correia atrás, completamente babada, deliciada e embeiçada, Luís Osório, o Luís Represas e outros festejaram não percebi o quê.

Os confundidos senhores cinzentos do PCP lá apareceram a fazer o número do costume, certamente felizes por terem garantido mais 5 anos de Cavaco em Belém. Dá-lhes sempre muito jeitinho ter um adversário para garantirem que têm clientela nas manifestações e greve.

Bem, apesar de tudo, estiveram Defensor de Moura e o impagável contra-poder Coelho que conseguiu um inimaginável resultado na Madeira, quase 40%. Mostraram realismo no que disseram e foram dignos nas suas conclusões.

(Ouvi censurar Defensor de Moura porque não deu os parabéns ao vencedor e relembrou as acusações feitas durante a campanha. Mas para que havia ele de ser hipócrita? Para ser politicamente correcto?)

Mas, em síntese: 'um fraco rei faz fraca a forte gente' e com este fraco nível político não admira que o País esteja como está.

No entanto, como tristezas não pagam dívidas, aqui vos deixo um filme de festejos de eleições. Já há tempos aqui o coloquei e hoje a ele retomo. Não tem nada a ver com o  reeleito e requentado Presidente da República, até porque trata de eleições para primeiro-ministro. Lamento, pois, mas não tenho para vos mostrar as comemorações de Cavaco Silva: não é Aníbal e Nunes Liberato que aqui aparecem felizes e festejantes. Nada a ver. Apenas um filmezinho para nos divertirmos. Little Britain, com Sebastian and the Prime Minister.




PS: Inadmissível e desmazelada a questão dos cadernos eleitorais, das mesas de voto. Não dá para entender.

sexta-feira, janeiro 21, 2011

O Any Avoila, o Bardo, o Fantástico Coelho, o AMI, o João Semana, o Pipi Cagão - e a falta que fez o Coração de Atum Candidato Vieira


Análise profunda sobre a prestação dos candidatos na campanha para as eleições presidenciais

(A ordem é aleatória)


Cavaco Silva, o Presidente da República em funções, hoje, uma vez mais, tirou o tapete ao Governo e lançou mais uma, que 'o corte nos ordenados era escusado, que bastava aumentar os impostos aos ricos'. Desleal, desleal, desleal.´Que coisa mais feia. 

A Any Avoila parece uma gaiteira maluca, diz-se e desdiz-se, lança intrigas, diz parvoíces, põe-se aos saltos no meio da rua como uma histérica, e depois tenta sair de fininho.

Mas agora, no Coliseu, Cavaco já estava outro, que 'nunca disse mal de ninguém', que só ele pode aguentar os tempos difíceis, de neto ao colo, com a 'minha senhora' ao seu lado, a teúda e manteúda D. Maria.

Tão cínico, senhor Presidente. Tão desagradável. E o desconforto que, com as suas dangereuses liaisons e este populismo bacoco, tem causado ao PSD mais cosmopolita, mais politizado...?

Cavaco Silva, um homem que, nestas eleições,  revelou à saciedade o seu lado negro

Depois temos o Bardo, rosto bom para retratar, voz cheia, um idealista preso à memória da resistência, típico revolucionário inquieto, nostálgico das crises académicas coimbrãs, que grita que é um homem livre, que não é refém de ninguém e se inflama com a sua própria voz, que, em crescendo, vai gritando pela liberdade, pela independência. Entalado entre o Bloco de Esquerda, feroz opositor do PS, e o PS com quem vem mantendo uma relação ambígua, Alegre andou com uma permanente saia justa. Não dá para entender como se meteu nesta contradição dos termos.

Manuel Alegre tem ao seu lado uma bonita mulher, Mafalda, sóbria, serena e, nesta campanha, tenho apreciado a sua presença... e pouco mais que isso.

Mafalda e Manuel Alegre, um bonito casal

E o divertido Coelho, o mais inovador, mais criativo, mais irreverente? Farto-me de rir com ele. Hoje andava de coelho ao colo, gozando que nem um perdido com a casa da Quinta da Coelha, com o gang do BPN, com os amigos de Cavaco. No outro dia andava à porta do CDS com um submarino debaixo do braço, a provocar o Paulo Portas. O fulano tem sentido de humor e uma descontração que me agrada.

Coelho ao Poleiro - Basta de Pastéis: Coelho a Belém

Temos também Fernando Nobre. É-me indiferente. Acho que não sabe bem o que é ser Presidente da República, acho que pensa que organizar uma missão em local de catástrofe é CV suficiente para o habilitar às funções a que se candidata. É o congregador do contra-poder, dos intelectuais e artistas descontentes, dos católicos que acham que 'ainda há esperança', dos bem-intencionados que andam de causa em causa, flutuando em torno de quem se apresente contra o regime, que tenha uma certa aura e, não menos importante, que tenha bom ar.

Fernando Nobre, uma pessoa simpática que se meteu nisto não se percebe bem porquê
Temos também um senhor que me foi simpático, um homem que parece sério, médico de província, um político à antiga, bem formado, com exepriência autárquica, deputado da República, com um discurso simples, directo, um homem muito firme, afável. Claro que não tem qualquer hipótese mas gostei dele e gostei também da simpática mulher que o acompanhou toda a campanha, um sorriso simples e franco.

Defensor Moura, a segunda surpresa nesta campanha. Uma forma diferente de estar na política.

Falta o Senhor Lopes, um senhor cinzento que o PCP retirou do armazém de senhores cinzentos. Este tem a particularidade de ter uns olhinhos pequeninos, piscaretas, não sei se raiados de encarnado ou apenas muito brilhantes. Faz-me lembrar os olhinhos dos peixes pouco frescos. De pessoas com olhinhos assim, diz-se que têm olhinhos de pipi cagão. Por isso, para mim, quando o vejo, mentalmente penso, 'olha cá está o Xixo Pipi-Cagão'. Mas isto dos olhinhos pequeninos e encarnados, em si, não é grave. Disso, a gente apenas pode concluir que o Xico Lopes já não é fresco. O pior é o resto. O pior é ele ser o PCP no seu pior, a irracionalidade, o autismo, a demagogia, a falta de seriedade.

Pois, não é que o Senhor Pipi-Cagão, em Almada, com a quase mumificada no lugar Maria Emília de Sousa, hoje apelou ao 'voto contra quem vos baixa os salários', 'contra quem vos aumenta os impostos'?

Ou seja, numa campanha para a Presidência da República, este par de jarras apela ao voto contra o Governo?

Mas será que ainda não perceberam para que é que são esta eleições?


Francisco Lopes, sem ofensa o Pipi-Cagão do PCP
Será possível que o núcleo pensador do comité central do PCP não percebeu que, com este discurso contra o governo, de forma demagógica e mentalmente desonesta, está a polarizar o descontentamento das pessoas contra o governo e que, na hora de votar, os descontentes vão votar não no Pipi-Cagão (que ninguém conhece) mas, sim, no mais comunista desta campanha, o 'Aníbal Cavaco, sempre, sempre ao lado do povo'?

O que é que o PCP ganha com ter lançado este Sr. Lopes? Não dá para perceber. Fazem sempre esta espartalhice-saloia e, ao fim destes anos todos, ainda não perceberam que não leva a coisíssima nenhuma?

E será que estes senhores cinzentos e naftalinados do PCP não conseguem perceber que, com demagogias ocas e discursos mil vezes rebobinados, já ninguém os ouve?

[Por exemplo, aquele rapaz que nasceu velho não percebe isso? A única coisa que no Bernardino Soares teria graça seria se, qual Benjamin Button, agora começasse a rejuvenescer, a perder aquele ar de sexagenário precoce, de maçador encartado.]

Que falta que nos fez, nesta campanha, o Manuel João, o insubstituível Candidato Vieira...!

Nesta triste campanha, nenhum dos candidatos se dedicou aos assuntos profundos da Nação. Ele, ao menos, prometia fazê-lo

PS: Não seria engraçado se Any não ganhasse a 1ª volta?

quinta-feira, janeiro 06, 2011

Partidos Políticos analisados à lupa da matemática (uma lupa muito ligeira, diga-se)


Falei há dias da matemática, dos conceitos de racionalidade e rigor que são introduzidos nas abordagens metodológicas.

Resolvi hoje fazer um exercício, aplicando a abordagem metodológica matemática à política e, desta forma, analisar se há discurso redundante, contraditório, infundamentado, por aí fora - um exercício ligeiro, no entanto que o espaço e o tempo não dão para mais.

Vejamos.

O Bloco de Esquerda. Falam encaloradamente, ou com ar didático, ou com ar de quem faz uma denúncia urgente. Não falando do chato do Louçã ou do caviar-gauche-jeep-de-Bruxelas do Miguel Portas, ou de uns senhores com ar normal como o Fazenda ou a outra senhora, ou é aquela miúda Ana Drago, que fala com ar de pespineta-nêta-nêta-nêta, arzinho de quem subiu para um banco e já acha que é da altura dos crescidos, espingardando com ar de precocemente sabichona-chôna-chôna-chôna, irritante criaturinha,
  

ou, então, com ar de pré femme fatale a quem falta quelque chose para ser mesmo fatale, a Joana Amaral Dias, que se insurge contra a humanidade com aquele ar psico-encartado de quem sabe lidar com malucos de toda a espécie e feitio. 


Mas, reduzindo o discurso, limpando as banalidades, as afirmações óbvias e incontestáveis aqui ou na conchinchina, agora ou 50 anos para a frente ou para trás, nada de relevante se aproveita, nada que se possa materializar como um modelo integrado de desenvolvimento. É daqueles polinómios em que se corta, corta, corta e o que fica é coisa pouca. As meninas do BE e mais uns quantos podem existir, e não é mau que existam, para serem os papagaios de serviço. Se é divulgado que há um administrador algures que ganha muito dinheiro, eles no parlamento pedem explicações e, se lhes puserem um microfone à frente da boca, eles questionam, acusam, chamam ao parlamento, pedem explicações, enfim, fazem o número deles e às vezes são úteis a denunciar algumas situações. Mas, pequenas excepções e espectáculo à parte, nada fica, apenas espuma.

O Partido Comunista Português. São justiceiros, gostariam que todos fossem iguais, que não houvesse uns melhores que outros, nem uns piores que outros, que no mundo não existissem uns malandros a tudo querer e outros pobrezinhos a pouco levar. Os bancos são uns gatunos, os empresários uns ladrões, os empregados uns anjinhos espoliados. Mas se forem os juízes a querer ter casa à borla, o PCP também os apoia, se forem os professores a quererem todos ter avaliação excelente, o PCP também os apoia, se com as medidas que defende o PC levar as finanças públicas ao charco, paciência, aí já nada se diz, porque a culpa de tudo é sempre dos capitalistas, dos fascistas, dos imperialistas, das mais valias, da banca. Cavalgam a onda do descontentamento, seja ela qual for. Alimentam-se da contestação pública, seja lá que contestação for. Ou seja, factores contraditórios que se anulam uns aos outros. Além disso, tirando uns quantos miúdos novos que não se percebe bem o que andam por lá a fazer (os rapazes geralmente com um ar vagamente revolucionário, pós-operário e as raparigas, em grande parte, com um ar gauche pós-moderno), e mais uns quantos idealistas bem intencionados, são uns maçadores. Dizem todos o mesmo, em registo de monólogo e, na voz, têm uma entoação parecida, a gente fecha os olhos e não sabe se é o Jerónimo, o Francisco Lopes ou outro quase igual.


Mas a questão principal nem é só essa. A questão é que o modelo comunista já foi testado e, em todos os testes, chumbou. Não houve um sítio onde a coisa tivesse corrido bem. Descamba sempre em falta de democracia, em falta de liberdade, em pobreza ou em oligarquia. Ora, em matemática, quando uma teoria não passa em nenhum teste, é porque não é válida, arruma-se. Ardeu. Finito.

Restam o Partido Socialista, o Partido Social Democrata e o Centro Democrático Social. Praticamente tudo farinha do mesmo saco. Analisam-se as semelhanças e são mais que muitas, analisam-se as diferenças e são quase irrelevantes. O PS mais esbanjador no que se refere a politicas sociais, o CDS mais estrito no que se refere a política de segurança mas, na prática, tudo é semelhante e sujeito à performance dos respectivos agentes. O Portas é populista, demagogo (e um artista a escapar-se entre as pingos de chuva no meio dos escândalos que poderiam salpicá-lo como é o caso dos submarinos) mas já a Maria José Nogueira Pinto é sensata e directa. O Manuel Alegre e ala esquerda são humanistas sem olhar a contas, o Teixeira dos Santos (ou seja, a política económica de Sócrates) é liberal agora, quando antes era social-generoso. Quanto ao PSD é, regra geral, uma rapaziada que se aproxima se o poder está próximo, e se comem uns aos outros quando o poder está longínquo; e a orientação oscila consoante o líder do momento: foi austero com Manuela Ferreira Leite, anda a navegar à vista com Pedro Passos Coelho.





Mas é indiferente. Ou seja: mais uns passinhos para a esquerda ou mais uns passinhos para a direita consoante os intérpretes e, sobretudo, consoante a conjuntura - que isto já pouca margem há para se seguir um programa nacional  - mas estes três partidos são equivalentes.

Há regras de integração que têm que ser cumpridas, o dinheiro não estica, não dá para desvalorizar a moeda, logo: faz-se o que tem que ser feito e enfeita-se a acção com palavreado para fazer de conta que há diferenças políticas.

A verdade, expurgada a irrelevância e as contradições, é que não há nenhum partido que faça a diferença pela positiva, não há quem defenda um modelo novo, sustentável, honesto.

Ou há irrelevâncias (BE) e irrealidades (PCP) ou os outros três são a mesma coisa.

A ter que escolher, então que a escolha se faça entre estes (PS, PSD ou CDS) e, de entre estes, que se escolha quem saiba ler, escrever e fazer contas, quem saiba falar (incluindo em inglês e, se possível, em francês), quem se saiba vestir e estar à mesa, quem tenha savoir faire em espaços cosmopolitas. Não vai ser fácil...

segunda-feira, novembro 15, 2010

Francisco Lopes, Manuel Alegre, Alberto João Jardim et al e Fernando Pessoa, Nuno Álvares Pereira e uma lança em África tão necessária nestes tempos de crise

Ao vir, à noite, para casa passei por cartazes do Manuel Alegre e desta apagada figura do PCP, Francisco Lopes. Na corrida à Presidência da República nenhum dos dois tem hipóteses mas, de entre os dois, o Sr. Lopes é aquele que se mete nesta empreitada sabendo, ab initio, que está a correr apenas para aquecer.

Para quê isto? Para quê o dinheiro gasto em cartazes, em publicidade, em tempos de antena, para nada?

É isto a improdutiviade deste país: fazem-se demasiadas coisas inúteis.

E é também uma forma antiquada e desajustada de fazer política. Não é disto que se precisa em parte nenhuma do mundo mas, em particular, em Portugal hoje.


Depois passei na Av. Nuno Álvares Pereira e ocorreu-me falar nele.

Neste momento difícil que Portugal atravessa, quero aqui deixar registo desta figura ímpar da nossa história: bravo, digno, leal, materialmente desinteressado, de nobre carácter.





Que auréola te cerca?
É a espada que, volteando,
Faz que o ar alto perca
Seu azul negro e brando.

Mas que espada é que, erguida,
Faz esse halo no céu?
É Excalibur, a ungida,
Que o Rei Artur te deu.

‘Sperança consumada,
S.Portugal em ser,
Ergue a luz da tua espada
Para a estrada se ver!

(Nun'Álvares Pereira in Mensagem de Fernando Pessoa)

Transcrevo da excelente edição de Mensagem da Centro Atlântico, comentada por Auxília Ramos e Zaida Braga: "O grande estratega militar da vitória dos portugueses sobre os castelhanos em Aljubarrota aparece, neste poema, como uma criatura marcada pelo divino, aproximando-se da santidade.

Ele é o escolhido de Deus, aquele a quem a espada sagrada, a Excalibur, foi dada, por outro dileto de Deus, também ele imbuído de uma missão divina, o Rei Artur.

Assim, o Condestável – Nuno Álvares Pereira - é uma das figuras em que o conceito de herói pessoano está mais evidente. Escolhido por Deus, ele – S. Portugal – tem uma missão a cumprir, a de devolver ao país o brilho de outrora, revelando-lhe o caminho a seguir – “Ergue a luz da tua espada/para a estrada se ver”.

Agora de http://www.mapadeportugal.net/:  "No tempo de D. João I, Pedro Álvares do Carvalhal era o alcaide-mor de Almada. A sua filha, Iria Gonçalves, teve uma relação amorosa com D. Frei Álvaro Gonçalves Pereira, o filho de D. Gonçalo Pereira, arcebispo de Braga. Desta relação nasceram 9 filhos, entre eles D. Nuno Álvares Pereira (Paço do Bonjardim ou Flor da Rosa, 24 de Junho de 1360 – Lisboa, 1 de Novembro de 1431) que veio a ser um importante senhor de Almada, com numerosos bens, entre eles o moinho de maré de Corroios, no Termo de Almada. A avenida central e mais antiga da cidade tem o seu nome, Avenida D. Nuno Álvares Pereira".


Da wikipedia, transcrevo excertos: "Nuno Álvares Pereira, também conhecido como o Santo Condestável, São Nuno de Santa Maria, ou simplesmente Nun'Álvares foi um nobre e guerreiro português do século XIV que desempenhou um papel fundamental na crise de 1383-1385, onde Portugal jogou a sua independência contra Castela. Nuno Álvares Pereira foi também Condestável de Portugal, Mordomo-mor da Corte, 2.º conde de Arraiolos, 7.º conde de Barcelos e 3.º conde de Ourém.

Camões, em sentido literal ou alegórico, explícito ou implícito, faz referência ao Condestável nada menos que 14 vezes em «Os Lusíadas», chamando-lhe o "forte Nuno" e logo no primeiro canto (12ª estrofe) é evocada a figura de São Nuno, ao dizer "por estes vos darei um Nuno fero, que fez ao Rei e ao Reino um tal serviço".

São Nuno foi canonizado pelo Papa Bento XVI em 26 de Abril de 2009.

A 6 de Abril de 1385, D. João é reconhecido pelas cortes reunidas em Coimbra como Rei de Portugal. Esta posição de força portuguesa desencadeia uma resposta à altura em Castela. D. João de Castela invade Portugal pela Beira Alta com vista a proteger os interesses de sua mulher D. Beatriz. D. Nuno Álvares Pereira toma o controlo da situação no terreno e inicia uma série de cercos a cidades leais a Castela, localizadas principalmente no Norte do país.

A 14 de Agosto, D. Nuno Álvares Pereira mostra o seu génio militar ao vencer a batalha de Aljubarrota. A batalha viria a ser decisiva no fim da instabilidade política de 1383-1385 e na consolidação da independência portuguesa. Finda a ameaça castelhana, D. Nuno Álvares Pereira permaneceu como condestável do reino e tornou-se Conde de Arraiolos e Barcelos. Entre 1385 e 1390, ano da morte de D. João de Castela, dedicou-se a realizar incursões contra a fronteira de Castela, com o objectivo de manter a pressão e dissuadir o país vizinho de novos ataques.

Após a morte da sua mulher, tornou-se carmelita (entrou na Ordem em 1423, no Convento do Carmo, que mandara construir como cumprimento de um voto). Toma o nome de Irmão Nuno de Santa Maria. Aí permanece até à morte com 71 anos.

Há uma história apócrifa, em que o embaixador castelhano teria ido ao Convento do Carmo encontrar-se com Nun'Álvares, e ter-lhe-á perguntado qual seria a sua posição se Castela novamente invadisse Portugal. Nuno terá levantado o seu hábito, e mostrado, por baixo deste, a sua cota de malha, indicando a sua disponibilidade para servir o seu país sempre que necessário e declarando que "se el-rei de Castela outra vez movesse guerra a Portugal, serviria ao mesmo tempo a religião que professava e a terra que lhe dera o ser".

Conta-se também que no inicio da sua vida monástica correra em Lisboa o boato de que Ceuta estaria em risco de ser apresada pelos Mouros. De imediato Frei Nuno manifesta a sua vontade em fazer parte da expedição que iria acudir a Ceuta. Quando o tentaram dissuadir, apontando a sua figura alquebrada pelos anos e por tantas canseiras, pegou numa lança e atirou-a do varandim do convento. A lança atravessou todo o Vale da Baixa de Lisboa, indo cravar-se numa porta do outro lado do Rossio e disse Nuno Álvares: "Em África a poderei meter, se tanto for mister!" (daqui nasceu a expressão "meter uma lança em África", no sentido de se vencer uma grande dificuldade)."

Seria bom que os nossos líderes partidários e mais as suas cliques (ou claques?) aparelhísticas, os nossos (genericamente) fracos deputados, já para não falar nessa imensa mole que é a classe política autárquica pusesse os olhos em exemplos como o de Nuno Álvares Pereira.

Por exemplo, neste momento em que escrevo, na TVI 24, o Alberto João Jardim, essa burlesca figura, clama contra tudo e contra todos, qual virgem ofendida, como se ele próprio não tivesse sido, em todos estes anos em que tem reinado, um beneficiário líquido de toda a nacional papalvice. O desplante e a falta de respeito pela inteligência dos outros atinge limites improváveis.

Mas não penso apenas neles: penso também em quem, como eu, não se alinha em nenhum partido político.

Sejamos todos mais exigentes. E também menos acomodados.


PS: Este post é a antítese do que devem ser os posts, eu sei: é longo (até o título é longo), fala de História, não tem larachas nem cusquices. Paciência.