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domingo, julho 05, 2015

Nem precisa [quase] de legenda


De Leitor, a quem agradeço, recebi uma fotografia que acompanhava o texto que, esperando que não leve a mal, me atrevo a transcrever:

Quando nos livramos destes reverentes e obrigados com os poderosos e maus como as cobras para com os outros? Espero, apesar do evidente patinar da campanha do PS e da pouca  capacidade de António Costa fazer passar a ideia de que  será um bom 1º ministro, já em outubro deste ano. 



Concordo.

Antes de mostrar a fotografia, permitam umas observações.

António Costa, apesar de agora estar a arrebitar, não tem sabido rodear-se de uma equipa que o ajude a passar uma mensagem forte, em que se retenham ideias chave, ideias que mobilizem. Ora, razões para arrasar este governo indigente não faltam. E, no entanto, parece que não conseguem pegar nas cavalices que os outros têm feito, desmontá-las, evidenciando junto dos portugueses o desgoverno absoluto a que se tem assistido.

Um exemplo: Perante uma notícia escandalosa como a seguinte:
O Tribunal de Contas arrasa o processo de privatização da EDP e da REN. Os juízes sublinham que os rendimentos anuais das empresas podiam ter rendido, no longo prazo, mais dinheiro aos cofres públicos. O relatório denuncia ainda um conflito de interesses, com consultores a trabalharem ao mesmo tempo para os compradores e para o Estado.
vimos o PS, em força, a pés juntos, saltar em cima deste desGoverno de PaFs que tanto tem empobrecido o País sem acautelar os interesses nacionais? É o viste.

E sobre a Grécia*? O que pensa, de facto, o PS? Alguém sabe? É o sabes.

No PS cada um diz o que quer (o que é uma boa coisa) mas depois parece que não há ninguém que fale, de forma inequívoca e oficial, em nome do PS. António Costa parece estar a especializar-se em conversas redondas, que dão para tudo e para o resto. Uma pessoa quer perceber qual a posição do PS e é o percebes.

E há os desastres. Cada debate com Passos Coelho na Assembleia da República é uma oportunidade perdida: Ferro Rodrigues enrola-se nas suas próprias palavras e o que passa é a imagem de um homem com as feições descaídas pelo tédio, com um casaco sempre grande demais, uma roupa pendona, mal amanhada, a voz evidenciando o enfado que lhe vai na alma.

Agora uma coisa é certa: Ferro Rodrigues foi um tiro no pé que o António Costa deu; ele próprio, António Costa, tem desperdiçado o enorme capital de confiança que tinha e não tem sabido capitalizar o desconforto dos portugueses face às aberrações sucessivas deste desgoverno.
Mas, meus Caros, nada, nada, nada disto se compara com a indigência, a falta de nível, a falta de maneiras, a falta de moral, a falta de jeito, a falta de competência, a falta de cultura, a falta de tino, a falta de ética, a falta de sentido de Estado, a falta de tudo o que é vital para se estar nestas funções que é evidente no láparo, nos seus ministros e secretários de estado e da mal arraçada entourage que gravita em volta de todos eles.
Por isso, também estou certa que o PS ganhará as próximas eleições e será já em Outubro que nos veremos livres de gente como a pequena criatura aqui abaixo.



Apesar de eu não ter uma visão tão radical do momento aqui retratado, nem me pareça que o coisinho aqui da fotografia ofenda a República -- pois acho que o que aqui se vê o retrata é a ele, o estilo dele, a fraca dimensão dele -- permito-me transcrever a legenda desta fotografia que pode ser vista no blogue Ponte Europa

Quando um ministro lambe a mão de um clérigo não é apenas um homem que dobra a coluna, é o réptil que humilha a República, insulta a laicidade e trai o País. [Carlos Esperança]


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* A propósito da Grécia, um outro Leitor, a quem também muito agradeço, enviou-me um conjunto de vídeos sobre um evento no Fórum Lisboa. Merecem a nossa atenção. Com muito gosto aqui divulgo um deles.


A crise europeia à luz da Grécia | Intervenção de Hélia Correia





Quem esteja interessado em ver todas as intervenções pode vê-las aqui.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo dia de domingo.

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terça-feira, março 03, 2015

Passos Coelho não sabia que tinha que descontar para a Segurança Social. Aguiar Tinto já veio dizer que o Primeiro-Ministro é um exemplo. Como presente por serem tão lindos, daqui lhes envio uma linda música: 'A mula da Cooperativa'. Ai és tão linda...!







Dúvidas sobre a omissão de rendimentos por Passos Coelho: a voz a João Ramos de Almeida no blogue Ladrões de Bicicletas



Posso estar enganado, mas parece-me que é bem mais complicada a verdadeira razão do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho para não ter pago as contribuições à Segurança Social.

E por duas ordens de razões. Primeiro, recorde-se que, segundo o Público e ao contrário do que afirmou o porta-voz do PSD, quando tudo aconteceu não havia qualquer confusão com a possível acumulação de remunerações, como assalariado e independente.

"Entre o dia em que terminou o seu mandato de deputado, em Outubro de 1999, e Setembro de 2004, data em que recomeçou a descontar como trabalhador por contra de outrém, no grupo Fomentinvest, o então consultor da Tecnoforma não pagou quaisquer contribuições para a Segurança Social. Nesse período, além da Tecnoforma, onde era responsável pela área da formação profissional nas autarquias e auferia 2500 euros por mês mediante a emissão de recibos verdes, trabalhava também, sujeito ao mesmo regime, na empresa LDN e na associação URBE. Nos dois primeiros anos em questão foi igualmente dirigente do Centro Português para a Cooperação, organização não-governamental financiada pela Tecnoforma. Foi esta organização que esteve, em Outubro passado, no centro de uma controvérsia sobre o carácter remunerado ou não das funções que Passos Coelho aí exerceu, e sobre uma fraude fiscal que então teria praticado no caso de ter sido remunerado, como alegavam as denúncias então surgidas e por si desmentidas."


Ou seja, Pedro Passos Coelho recebia algo que sempre considerou ser, não remunerações, mas "despesas de representação" - "Não se trata de rendimentos", disse no Parlamento sobre a sua situação como deputado em exclusividade - e que, pelos vistos teria continuado a receber quando deixou o lugar de deputado. 

Por outras palavras, o que se trata é de algo um pouco pior do que não saber se eram devidas contribuições sociais. Tudo indicia ser, pois, uma ocultação de rendimentos.




(...)


No fundo, o que se passou - segundo Edmundo Martinho, ex-presidente do Instituto da Segurança Social (ISS) entre 2005 e 2011, a situação em que o primeiro-ministro confirmou encontrar-se entre 1999 e 2004 "corresponde aquilo que tecnicamente se chama, e é assim que é definida internacionalmente, uma situação continuada de evasão contributiva".


(...)
.....

Ai... tanto crocodilo...!

......

Os sublinhados e engrandecimentos ilícitos no tamanho de letra são de minha responsabilidade. As quatro imagens provêm do blogue 77 Colinas. A canção que o Um Jeito Manso dedica ao ilustre Passos Coelho, o Rei dos casos mal contados e dos esquecimentos oportunos, e ao Aguiar Tinto, ao Trocas-e-Motas, ao Núncio do Microfone e aos outros que por aí andam entretidos a espatifar o País é, com vossa licença,  A Mula da Cooperativa numa inesquecível interpretação do grande Max. 

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quinta-feira, maio 01, 2014

Com a nova subida do IVA e da TSU dos trabalhadores, com os cortes transitórios a passarem a definitivos e com mais umas quantas habilidades, o DEO do Passos Láparo, da Albuquerca e do vice-Irrevogável Portas deixa bem à vista qual a bíblia que o gang segue: as virtudes, segundo a religião deles, são a mentira, o esbulho, o descaramento, o servilismo e mais umas quantas. Quem quiser que os compre que eu tenho mais que fazer. Mas, assim como assim, aqui deixo uma sugestão à Nossa Senhora para ver se, desta vez, faz um milagre a sério. Um boi bravo a perseguir os membros do desgoverno. Boa...?



Andava por aí o gang a dizer que não ia aprofundar o esforço fiscal, que ia desonerar já não sei o quê e mais umas quantas patacoadas na novilíngua passista que os papagaios avençados não se têm cansado de andar a repetir nas televisões, feitos palermas inocentes.

Nem me dei ao trabalho de falar disso. Gente trapalhona comigo não pode contar (a menos que me apanhem a dormir na forma). Era o que faltava andar-lhes a fazer o frete, a fazer-me eco de coisas que na boca daquela gente vale o mesmo que nada e significa o contrário do que significa na boca de gente honrada.

Depois de várias falsas partidas, debaixo da confusão do costume, eis que lá acabou por se saber das gordas do DEO e tudo muito embrulhado em palavreado vago. Mais do mesmo: mais impostos e mais burrice em letra de forma. Não fazem ideia do que andam a fazer. Ponto. E sacaneiam a população com o descaramento dos delinquentes encartados.

Ouvi há pouco que o Passos Láparo diz que o aumento de impostos resultou da necessidade de fazer aquilo a que se costuma chamar uma calibração técnica. Lá está. Esperto, este sujeitinho. As coisas que ele inventa. 


Cá em casa, mal se ouvem as aleivosias da criatura, logo um sonoro palavrão se ouve e zás trás pás, zapping com ele. Desta vez reajo, ora essa, deixa-me lá sofrer um bocado

E lá me aparece aquele trinca-espinhas que fala à dentada, sílaba por sílaba mas como se as cuspisse. Um sujeitolas mal alimentado (que devia internar-se numa das suas queridas cantinas dos pobres a ver se ganha corpo) e que só aparece para anunciar novas sevícias, ali estava, convencido que são todos tão destituídos como ele deve ser, a fazer de conta que aumentar a TSU e o IVA é coisa do melhor que há, caridade da pura.

Cá em casa, novos palavrões e fúrias, Tira-me este gajo da frente, filhos da p... que acham que podem gozar à vontade com a malta.

Agora enquanto estou a escrever, vejo o irrevogável-protectorizado a sair não sei de onde, a correr e a rir, todo assarapantado, a dizer umas coisecas quaisquer, graçolas mal paridas - acabei de ouvir e não consigo reproduzir, varreu-se-me instantaneamente.

E agora vejo a pinókia a dizer que tem vindo a elaborar uma longa lista com entradas dos dois lados para compilar argumentos e ri, toda fresca e fofa, como se uma decisão séria pudesse ser analisado como se fosse o jogo do galo.

Já nem consigo pronunciar-me sobre esta cegada, parece uma laracha.

Vou esperar que caiam de podres, que aconteça um milagre qualquer, que a Nossa Senhora desta vez, em vez de aparecer em cima duma azinheira a resolver avaliações da troika, faça qualquer coisa de mais útil e arranje maneira de a gente se ver livre desta cambada. Por exemplo, porque é que a Nossa Senhora não põe um boi a entrar pelo Conselho de Ministros adentro e a perseguir aquela seita toda? Todos os dias. Sempre que se juntem, a Nossa Senhora soltava o touro bravo e impedia-os de fazerem mais porcaria. Isso, sim, seria milagre que se visse.



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As imagens provêm do blogue We Have Kaos in the Garden excepto a primeira de que não sei qual a proveniência original.

O vídeo mostra, no Hospital Francisco Limongi, em Trajano de Moraes, Região Serrana do Rio, Brasil, um boi que entra pela área cirúrgica, passa pela maternidade e sai pela frente carregando a porta. 


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terça-feira, setembro 17, 2013

Cavaco Silva chama "um novo imposto" ao corte de 10% nas reformas da função pública e, com isso, revela que acredita que tal barbaridade não é convergência coisíssima nenhuma, não passando de mais uma inconstitucionalidade. E eu permito-me explicar que a putativa esperteza do Governo (querendo fazer crer que este corte é uma medida de justiça para fazer convergir o público com o privado e para garantir a sustentabilidade do sistema de pensões) é um erro estúpido, sem ponta por onde se lhe pegue. E, de carreirinha, explico ao ministro Mota Soares que aquela sua medida de pagar às empresas 1% do ordenado dos novos empregados é mais uma parvoíce que até dói de tão parva que é.


No post abaixo já agradeci e partilhei alguns presentes que recebi dos meus queridos Leitores e Amigos. Há de tudo um pouco como poderão ver - até gelado de rosas!

Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra, é barra pesada.

*



Tenho andado a ver se me deixo alienar, falo de tudo e mais alguma coisa e faço de conta que não vejo tudo a arder à minha volta. É que me sinto sem paciência para tanta baixeza e mediocridade. Mas acho que hoje, apesar de me faltar a pachorra, devo falar naquilo da sustentabilidade das pensões de reforma. 

Ouvi há bocado, no noticiário, Cavaco Silva dizer uma coisa que é assassina para as pretensões do inteligente Passos Coelho: chamou 'novo imposto' ('novo imposto extraordinário', acho eu) ao corte de 10% nas pensões de reforma dos funcionários públicos. Adorei. Não julguei possível alguma vez vir a dizer que tinha adorado uma coisa vinda do Cavaco mas, desta vez, tenho que admitir: adorei. Um imposto não pode escolher uma fatia da população e, por isso, se isto for encarado como um imposto (e não é?) então será certamente inconstitucional.


Ou seja, com um simples epíteto, Cavaco Silva pode ter atirado à proposta de lei uma seta envenenada. Tomara que isso seja o prenúncio da morte da dita proposta e que os reformados do Estado possam respirar em paz, livres das assustadoras ameaças do governo de Passos Coelho.




Também vi uma malta desqualificada na Assembleia da República, a maltosa do CDS e do PSD, (e custa-me um bocado incluir pessoas como o Telmo Correia neste saco, tenho-o por um sujeito minimamente decente mas, enfim, tenho que o fazer pois foi a ele que vi subir à tribuna a defender este atentado ao Estado de Direito) a minimizar o impacto da miserável lei dos cortes das pensões. Diziam eles, do alto da sua pesporrência, que a lei afecta apenas uma minoria, umas trezentas e tal mil pessoas, coisa pouca. Vá lá que não disseram uns trezentos e tal mil velhos, nada mais que uns quantos milhares de velhos que já não duram muito. Mas, da forma como falaram, foi como se o tivessem dito. Deve ser gente sem pais nem avós esta que assim fala, como se falasse de coisa sem importância. 


Velhacos.

Fico tão, mas tão revoltada! que, só por isso, acho que tenho que me forçar a dizer qualquer coisa sobre isto.




A maioria das pessoas - nomeadamente os papagaios de serviço que invadem as televisões - limita-se a dizer com mais ou menos eufemismos: nasce cada vez menos gente, os velhos custam cada vez mais a morrer, e, portanto, não dá, é preciso cortar senão não chega para todos.

Como os portugueses estão sempre prontos para ser sacrificados, aceitam logo de boa vontade. Choram, choram, mas aceitam tudo. Tudo. E, se for preciso, ainda voltam a votar nos mesmos, nos seus carrascos.

E isto revolta-me cá de uma maneira….




É que aquilo é um raciocínio virado do avesso. É má fé em estado puro.


Ouço aquilo e dá-me vontade de gritar para ver se os papagaios de serviço que mais não fazem do que andarem a palrar asneiras em catadupa: ouçam lá, ó seus burros, bico calado a ver se ouvem e se percebem! 



Mas, claro, não posso dizer isso. Primeiro porque não tenho como me fazer ouvir. Eu ouço-os mas eles não me ouvem (a sorte deles…). Segundo, ninguém aceita que uma pessoa qualquer lhe chame burro. Por isso, se nem quando eu era professora -  e tantas vezes me apetecia dizer isto - eu o fiz, muito menos o faço agora.

Por outro lado, se explicar pela rama, ninguém me vai dar ouvidos. As pessoas ficam cépticas quando ouvem uma coisa que parece ser sentido e lhes é favorável (mas, pelo contrário, baixam logo as calcinhas se lhes cheira a punição. Um dó de alma, estes portugueses fadistas).

Seja como for, vou experimentar a ver se ao menos um de vós me concede o benefício da dúvida.

Cá vai.

*



Houve excessos sim e esses excessos tinham e têm que ser corrigidos. Mas foi a população que se excedeu para agora merecer ser sacrificada? Não, mil vezes não.

Quem se excedeu foi o Berardo que se endividou em milhões para comprar acções do BCP e muitos outros como ele, gerando assim imparidades (leia-se, prejuízos brutais) nos bancos que fizeram tais operações, e foram os bancos que distribuíram rendimentos baseados em resultados forjados, assim gerando buracos de milhares de milhões e as coisas do género que agora anda a população inocente a pagar. Ou seja, foi a ganância de uns quantos, aliada à incompetência de outros, que deu cabo disto. Foi, sobretudo, uma classe política cada vez desclassificada que vem tomando conta do País e que começou com Cavaco Silva a deslumbrar-se com o facilitismo de tudo, anulando as genuínas fontes de rendimento (indústria, agricultura, pescas) e destruindo o tecido económico do país.


Isso tinha (e tem!) que ser corrigido tal como tem que ser corrigido que se menospreze a função pública para, ao lado, contratar centenas de assessores e consultores e gabinetes de advogados e toda uma corte parasita que, a troco de coisa nenhuma, sorve recursos sem dó nem piedade. 

Tal como tem que ser corrigido a profusão absurda de municípios que acarretam presidentes, vereadores, secretárias, motoristas, e amigos de todos eles, que não acrescentam nada ao que autarquias de maior dimensão e menos aparato fariam, desde que o fizessem de forma limpa e profissional.

Fazer a reforma do Estado, que urge, é fazer isto.

Ora este incompetente governo de Passos Coelho & Paulo Portas ignorou tudo isto e virou-se para o esbulho da população. É um governo que, cábula que é, apenas sabe fazer cortes.

A via dos cortes, só por si, é uma via que nunca leva a lado nenhum pois faz-nos entrar numa via descendente a caminho do infinitamente pequeno o qual, como o próprio nome indica, é infinitamente tendente para zero, ou seja, será sempre um caminho de lenta e inexorável agonia.





Além disso, é um caminho autofágico. Corta-se e nunca se corta o suficiente. É que, cortando, haverá menos dinheiro em circulação e, havendo menos dinheiro em circulação, haverá menos consumo e menos poupança e, havendo menos consumo e menos poupança, a economia arrefece e aumenta o desemprego e bla-bla-bla, bla-bla-bla, sempre a piorar, sempre, sempre, e de uma forma da qual não se sai por si só.

Num caso periclitante como o português o que há que fazer é exactamente o inverso, tomando medidas a vários níveis e todas simultâneas e convergentes.




Estimular a economia, injectando liquidez na economia, é o mais urgente. Seja Parque Escolar, Reabilitação Urbana, fazer Lares para a Terceira Idade, Centros de Dia, desenvolver Pólos Culturais regionais ou fazer o que quer que seja que seja distribuído pelo pais, que crie mão de obra local cuja necessidade se prolongue no tempo - qualquer coisa nesta base. 


Em vez de andar a dar verbas ridículas às empresas (como esta agora que é de gargalhada*, de dar 1% do ordenado por cada contratado de novo), deve usar-se o dinheiro dos fundos para criar pólos de investimento e desenvolvimento (em coisas úteis!) pois isso potencia o aparecimento de novas empresas. Ou seja, isso funcionará como o catalisador de um reacender da economia.

Se, em alguns casos, não houver mão de obra suficiente (coisa improvável mas que, mesmo assim, não deve ser descartada) deve fomentar-se a imigração (são impostos frescos que entram, provenientes de gente cuja educação não nos custou nada).

Havendo mais gente a trabalhar, há mais gente a fazer descontos e a pagar impostos e há menos gente a receber subsídio de desemprego. Não deve ser aumentada a percentagem de impostos paga individualmente pelas pessoas - pelo contrário, o que deve é haver mais gente a pagar impostos e menos gente a receber subsídios de desemprego. Ou seja mais gente a trabalhar, mais empresas a ter lucros, e menos gente desempregada.




Ao mesmo tempo devem ser desenvolvidas políticas activas de apoio à natalidade. Isto é uma medida de longo prazo mas, por isso mesmo, tem que ser lançada o quanto antes. 


Fomentar a política de natalidade não é fazer flores no papel.

Não: é ter uma economia amiga dos cidadãos, que não lhes arranque o couro e o cabelo, é ter boas creches e escolas públicas, é ter horário reduzido para os pais nos dois ou três primeiros anos dos filhos, é não ter horários de trabalho de 40 ou mais horas semanais, é ter transportes baratos, é ter um bom esquema de saúde pública, é ter uma boa rede de cuidados continuados e apoios à terceira idade (porque se os casais tiverem problemas de toda a espécie com os seus próprios pais como é que vão ter tempo, dinheiro e entusiasmo – digamos assim – para gerar filhos?), é ter uma legislação e uma política fiscal estável para que os jovens casais possam fazer planos para o futuro.




Com medidas de curto e outras de médio prazo a irem no mesmo sentido, aumentará a confiança, estimular-se-á a economia, aumentarão os descontos e, logo, tornar-se-ão mais sustentáveis os fundos de onde saem as verbas para pagar as pensões de reforma.




Claro que esta via só funciona se o Governo se empenhar nesse sentido e fizer os agentes económicos e os cidadãos confiarem também. Requer envolvimento e  empenhamento de toda a sociedade, requer uma liderança forte, uma ligação forte com a população. Não é fácil, portanto.




A via mais fácil e mais rápida, é a via que os cábulas geralmente seguem, a que dá frutos apenas no curto prazo, frutos que logo definham. É a via que este governo mentecapto tem seguido em tudo. Tirando partido de sermos um povo de bananas, dormentes, dados ao sacrifício, vai cortando no rendimento disponível. Ora corta ordenados e pensões, ora aumenta impostos, ora aumenta as taxas moderadoras, ora aumenta o custo dos transportes, o custo do ensino, o custo das rendas de casa. Resultado: uma sangria na liquidez disponível. Resultado: a economia de pantanas, o desemprego em percentagens aterradoras, a dívida em montantes impossíveis de pagar, os juros a dispararem, os sistemas de pensões a vacilarem. O desastre.

Seguindo este insaciável caminho, agora tem que se cortar mil milhões, passado algum tempo serão quatro mil milhões, depois cinco mil milhões, agora já ouvi falar agora num buraco de oito mil milhões que tem que se tapar... e não vai parar.

Se, pelo contrário, este crime contra Portugal e contra os Portugueses for interrompido, talvez tenhamos possibilidades de sobreviver.





E a troika?, perguntarão vocês.

Pois bem. Não responderei que se lixe a troika mas quase. Se todo um povo se levantar e a uma só voz lhes disser que vão lixar outros, que nos deixem em paz, tenho a certeza que pensarão duas vezes antes de imporem o que quer que seja (se é que alguma vez impuseram, coisa de que tenho algumas dúvidas, pois é sabido que todas as revisões para pior e todos os radicalismos partiram deste governo de gente cabotina, ignorante e estúpida).


Os portugueses têm que acordar. Têm que mostrar aos alemães que a austeridade não está a resultar coisa nenhuma, têm que pregar um susto ao cherne Durão e a todas essas incompetentes alforrecas que por aí espanejam a pensar no seu próprio curriculum, marimbando-se para os povos perante quem deveriam responder. Os portugueses têm que se fazer ouvir, têm que querer ser ouvidos.


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(*) Ouvi aquele rapaz da mota, o aprendiz do Paulo Portas, o Mota Soares, a dizer com aquela sua irritante maneira de falar, sílaba a sílaba, como se estivesse à dentada às palavras, que com esta medida fantástica de ser o Estado a pagar 1% do ordenado de cada novo contratado deve criar mais de cem mil novos postos de trabalho. Só não me desatei a rir à gargalhada porque estava com vontade de o ter à minha frente para o pôr vestido de bibe, pintar-lhe dois dentes de preto para ficar com cara de puto desdentado, e, a seguir, encher-lhe as mãos de reguadas. Que pedacinho de asno aquele moço me saíu, ó senhores. Mas pensará a criatura que uma empresa, para poupar 1% do ordenado, se vai pôr a contratar pessoas, apesar de não ter a quem vender os seus produtos e serviços?




Eu explico ao ministro de faz de conta Soares. Uma empresa contrata uma pessoa se tem trabalho para ela e se a empresa vai colher benefícios de a contratar. Vamos supor uma cabeleireira. Com a crise, tem estado a despedir pessoal porque não factura o suficiente para pagar aos empregados todos que tinha. De cada vez que contrata uma pessoa que ganhe, por exemplo, 500 euros por mês mais a TSU, a patroa espera facturar a mais, no mínimo uns 700 euros por mês, de modo a pagar o que deve ao novo trabalhador e ao Estado e ainda ficar com uns trocos que ajudem a pagar a renda da loja, o contabilista, a água e a luz. Ou seja, só admite uma pessoa se isso se verificar. Se isso não se verificar, haverá alguma cabeleireira, por mais avessa que seja a fazer contas,  que vá contratar uma ajudante apenas para lhe pagar menos 5 euros por mês sabendo que não tem como lhe pagar o restante?

Ai meu deus, que estas criaturas do Governo e adjacências são de uma estupidez que até dá dó.

***

Isto está longo para além da conta, eu sei. As minhas desculpas.

As pinturas são do pintor Miguel Barceló.

Recordo que para gelados, para o vídeo da Lencastre a ser montada por uma bailarina e outras cenas, é descerem até ao post seguinte.

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E, por agora, deixo-vos em paz. tenham, meus caros Leitores, uma bela terça feira.