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quinta-feira, julho 04, 2024

Sabem quando é que eu verdadeiramente percebo que não estou a ir para nova...?

 

Quando vejo fulanos que conhecia novos, e acho que não assim há tanto tempo, e que agora me aparecem como tipos já entrados, fico parva a olhar para eles, a tentar perceber o que é que me escapou....

Por exemplo, agora na RTP 1, está a Fátima Campos Ferreira, com aquela sua voz que parece que quer disfarçar cumplicidades ou afectos proibidos (isto quando não fala como se estivesse a lidar com crianças), a falar com o Pauleta.

Ora, alguém me explique... o Pauleta não era um rapaz novo? Estou equivocada?

Agora está ali um que podia ser o pai dele mas que, pela conversa, se percebe que obviamente é ele.

Fui agora consultar os astros e vejo que tem 51 anos. Ora se ele deu um tal salto quântico, passando quase de súbito de jovem futebolista a um belo homem grisalho, cheio de patine, como posso eu continuar a ser a alegre e inconsciente teenager que por vezes julgo que sou...? Não posso, não é...?

Só visto. Há coisas que não se percebem. 

Enfim, nada a fazer. É o que é.

sábado, junho 18, 2022

Os seguidores do Frei Hermano e, para disfarçar, Hit The Road Jack

 

Ela mistura com graça e alegria a dança no varão com as artes performativas de projecção. Chama-se Kristy Sellars, tem três filhos e umas pernas bem fornecidas. E tem, sobretudo, força, sensualidade, capacidade para surpreender quem a vê.

Depois de ter visto na televisão parte do tresloucado discurso do psicopata, assassino, fora-de-lei e hipócrita-mor que dá pelo nome de Putin, abri o computador para ver qualquer coisa que me dispusesse bem. 

Felizmente, dei de caras com a Kristy. 

Entretanto, o meu marido ligou a televisão e demos de caras com um grupo também bacano. Estamos meio incrédulos a ver se descortinamos o racional da coisa. O programa chama-se Em casa d'Amália. É apresentado por um dos bacanos a quem parece faltar a parte redonda da cabeça atrás. Coitado, não tem culpa nem tem mal. Só o refiro porque, curiosamente, está ali sentado um outro, sentado muito direitinho, muito apertadinho, vestido de militar, mas que quase aposto que de militar não tem nada. Mas tem a particularidade de parecer ter a parte de trás da cabeça do outro colada à sua. Por isso, aquilo que me parecia uma boina é afinal tudo cabeça. Ao lado deste está um calmeirão vestido de cor de rosa na vertente fúcsia, cabelos compridos, e sobre quem perguntei ao meu marido se seria o Jesus Cristo em pessoa. Pois logo de seguida ouvi-o dizer que é o Nazareno. Pois claro, quem mais haveria de ser? Estava na cara. Ao lado, neste momento a cantar, está um muito bem vestidinho e com um cabelão que faz favor, um penteado todo muito armado. A tocar guitarra estão dois um bocado mal encarados, quase como se tivessem regressado da guerra.

Não sei o que é isto. O meu marido diz que parece que têm em comum cantarem coisas do Frei Hermano da Câmara. Não sei. Por acaso nem sei se não serão todos padres ou por lá perto.

Olha! Afinal está também aqui o Padre Borga. Está com aquele ar de quem gosta de andar da farra. Ia a dizer 'andar na borga' mas seria vulgar. Um bacanão, este Borga, sempre na maior informalidade. Cantar não canta nada mas tem aquilo de ser padre e isso parece que rende no mundo musical.

Agora, o Jesus Nazareno, todo exuberante, falou de um certo dia em que presenciou a aparição do Frei Hermano vindo de uma varanda e de como isso o fez chorar. Mas, acrescenta ele, já de si é de lágrima fácil. Olha, olha, o Nazareno-cavalão afinal é um choramingas.. 

É de mais. 

O meu marido prepara-se para fazer zapping e eu não vou impedi-lo. Presumo que vou perder bons momentos mas, ainda assim, deixa estar.

Que entre a Kristy. Assim como assim, a gente vê e também não percebe bem mas, parecendo que não, sempre parece mais normal e tem mesmo graça.


E até já.

terça-feira, maio 17, 2016

Rodrigo Queiroz e Melo e Nilza de Sena versus Alexandra Leitão e Daniel Oliveira no Prós e Contras
- Ou seja, Ensino com Contrato de Associação versus Ensino Público



Passei por acaso pela RTP 1 e vejo uma senhora com carinha de bonequinha-pafinha, com lábios debruados a cor de betinha, a dizer, com ar grandiloquente, umas coisas muito arrebitadinhas. Vi-lhe o nome. Nilza de Sena. Pela conversa percebo que é PSD. Condiz. Se calhar é deputada na especialidade ensino privado.


Não sei quem é a Nilzinha, nunca tinha visto, não sei a que propósito apareceu ali. Talvez seja a única deputada do PSD que consegue dizer duas palavras de seguida e, agitando-as guturalmente, dar-lhes o ar de conversa articulada.

Depois vi um senhor com ar atarantado e cujo fácies não deixa lugar a muitas ilusões. Vejo que se chama Rodrigo Queiroz e Melo e que é director da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo. Procurava arranjar um argumentário como quem anda, de cabeça perdida, à pesca à linha e só lhe aparecem botas da tropa arrombadas. Quase tive pena do senhor. 


Do que aquelas duas almas disseram não se aproveitou uma mas, porque apelaram ao sentimento e ao lado mais primário da raça humana, arrancaram saraivadas de palmas à assistência.

Vi, então, a brava Alexandra Leitão, a Secretária de Estado do Ensino de quem já aqui falei com admiração. Segura, combativa, uma mulher de armas. Fico, de novo, rendida. Esta, sim, é uma mulher que qualquer governo gostaria de ter nas suas hostes. Inteligente, certeira, uma guerreira. Tudo o que ela diz faz sentido e, depois do ministério do C-rato, sabemos bem a bênção que isso é.


Também ali estava Daniel Oliveira. Habituado ao debate, facilmente meteu no chinelo os pobres do balcão da frente. Enquanto ele falava, o outro rodopiava mentalmente à sua frente e a nilzinha alvoroçava-se na ânsia de poder ripostar com ti-ti-tis.

Mas, uma vez mais, concluí como é difícil, perante a opinião pública, desmontar o discurso direitolas. É que aquilo é gente que nunca se ensaia nada de ser pouco escorreita na escolha de argumentos: vale tudo, sobretudo tirar olhos - e quanto mais sound bites, falácias matrafonas, populices que facilmente caiam na boca dos papagaios ou façam soltar lágrima às senhoras dos programas da Fátima Lopes, melhor. 

Regra geral, parece que a malta de esquerda é intelectualmente mais honesta: documenta-se, é séria na esgrima, é caridosa na aplicação de golpes, não vai aos golpes baixos, tenta não magoar os olhos dos adversários, estuda a lição, sabe aritmética, usa de um verbo mais elaborado -- ou seja, nem toda a gente consegue acompanhar.

E, assim sendo, tenho cá para mim que a gente de esquerda deveria receber um banho de marketing e comunicação para aprender a fazer passar a sua mensagem junto de quem não deve muito à inteligência, já que esse parece ser o nicho-alvo dos direitolas de quinta categoria que hoje gravitam em torno dos ex-PàFs.

Quanto ao tema em debate, se eu tivesse filhos em idade escolar, depois de ter visto aquela fraca ave queirozeana, aquele desagradável rodrigoto, só se não houvesse alternativa à superfície da terra é que eu os deixava nalgum colégio que estivesse sob influência daquele senhor cuja inteligência deu ideia que escorregar do tripé de cada vez que a enérgica Alexandra lhe abria os olhos. Que coisa.

E pronto. Não falo mais nisto que é um tema meio parvo.

Faz sentido para alguém financiar o ensino privado em lugares em que existe oferta pública? 

Caraças.
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E agora vou ver se adivinho qual a continuação da minha primeira noite de amor (salvo seja, claro). 

Se não a publicar ainda esta noite, talvez saia durante o dia, quiçá lá para a hora do almoço, que volta e meio me perco na escolha das imagens)

(Nota: Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência)

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Entretanto, a quem queira conhecer os hits de momento, as notícias fantásticas que inundam as capas das revistas e primeiras páginas da actualidade -- tragédias, cenas secretas, paixões, mulheres peitudas e maridos de mulheres com histórias clandestinas -- convido a descer até ao post já a seguir.

...... 

sexta-feira, setembro 11, 2015

Cientistas dizem ter redescoberto um novo parente dos humanos: o 'Homo Passeli'
[E um conselhozito de pé de orelha a António Costa na sequência da entrevista a Vítor Gonçalves na RTP1]

Cientistas dizem ter redescoberto um novo parente dos humanos: o 'Homo Passeli'



Os investigadores responsáveis pela redescoberta acreditam que esta espécie pelos vistos ainda por cá anda, quando, por mero acaso, viram ontem o debate entre Passos Coelho e António Costa. 

Com recurso a modernas técnicas científicas, utilizando computadores avançados, puderam ver que, de cada vez que Pedro Passos Coelho se abespinhava com Costa, evidenciava este aspecto, embora não fosse perceptível aos olhos dos telespectadores. 


Esta espécie, que se julgava extinta há uns milhões de anos, tem cerca de metro e oitenta, pernas e pés parecidos com os nossos, ombros mais preparados para subir às árvores e cabeças com cérebros pequenos. Este é o retrato de uma espécie de hominídeos que cientistas dizem ter redescoberto agora em Portugal, para sua grande perplexidade! 

A espécie foi batizada de Homo Passeli, em homenagem a Pedro Passos Coelho, ou seja, do género Homo ao qual pertencem também os humanos modernos.


"Apresento-vos uma espécie do género humano, que se julgava extinta", declarou, animadíssimo, Lee Berger, o investigador norte-americano, numa conferência na Gulbenkian, logo a seguir ao debate, a que assistiu juntamente com os seus colegas, como convidados do CM. 

Berger explicou que foi através de umas lentes especiais, aplicadas a um computador XPTO (ainda não estão à venda em Portugal, ou mesmo no resto do Mundo, pois NASA não autoriza), que puderam constatar esta sensacional descoberta.

Segundo Berger, a anatomia interior de Pedro Passos Coelho mostra uma mistura estranha de características primitivas e dos humanos modernos. Por exemplo, as mãos e os pés são parecidos com os dos humanos, mas os ombros e o pequeno cérebro (do tamanho de uma laranja) remetem para os antepassados da espécie Homo. E a voz de barítono de PPC deverá ser semelhante ao dos sons guturais emitidos por aqueles seus antepassados directos, segundo os entusiasmadíssimos antropólogos norte-americanos.

O PM, que se encontrava acompanhado pelo José Gomes Ferreira e Miguel Relvas, ao que o CM apurou, terá ficado muito honrado com esta distinção, o de ser um hominídeo com cérebro do tamanho de uma laranja, pois imaginava que possuía um do tamanho de uma castanha.



Texto da autoria do leitor P. Rufino, a quem agradeço, inspirado no texto publicado no DN com o título:

Cientistas dizem ter descoberto um novo parente dos humanos: o 'homo naledi'  da autoria de P.J.

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PS: A propósito da entrevista de António Costa na RTP1, com Vítor Gonçalves.


Alô, alô, António Costa! Está tudo a correr bem, sim senhor, está a mostrar que está a anos luz do láparo, que trará de novo a competência e a decência à governação, que sabe o que quer para o País, que tem estratégias, que as tem fundamentadas, que quer o bem para Portugal e para os Portugueses, que é honesto na forma como foge a promessas fátuas, e que é assertivo, combativo, que tem sangue na guelra, tudo isso. Mas, ó senhor, modere lá essa genica. 
Na entrevista na RTP1, tinha mesmo que ser tão mauzinho com aquele pobre coitado do sonso do Vítor Gonçalves?
Isto, na campanha, ainda a procissão vai no adro pelo que vai muito a tempo de encontrar o tom e o modo certo para nos aparecer. Acutilância, sim senhor, mas, ó faz favor, escusa de dar tareia nos que lhe aparecerem pela frente com perguntas disparatadas. Porque, sim, as perguntas eram disparatadas, e, sim, pareciam encomendadas, e, sim, ou o Vítor Gonçalves é um pobre papagaio ou parecia ser um ponta de lança pafiento. Mas, em televisão, as coisas ganham uma repercussão que pode ser chata e qualquer coisinha pode ser aproveitada para outros fins. Por isso, numa próxima, respire fundo, sorria, tenha paciência e responda como se estivesse a responder à pessoa mais inteligente do mundo (não deixando de dizer tudo o que tem a dizer, claro!) - é que, do outro lado, não é só uma barata assarapantada que o está  a ver, é o país inteiro.

Contra os PàFs e a bem do PS, o eleitor agradece.

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quinta-feira, dezembro 18, 2014

Hoje revi o Lombinha! Yupi! Aleluia! Lombinha! Lombinha! - Estava na Assembleia da República (com o chefe Maduro) e estava a tapar a cara a ver se passava despercebido. Mas eu vi-o. Lombinha! Lombinha!


No post abaixo já divulguei anedotas sobre sedução, casamentos desavindos e, para terminar, partilhei um vídeo sobre Terapia de Casal. Foi o momento de humor do dia.

A seguir.

Mas, aqui, agora, a  conversa é outra.

Estava há bocado deitada no sofá a ler um livro quando ouço na televisão a voz de flautinha do senhor ministro Miguel - não a do saudoso Relvas mas a do letrado Poiares Maduro. 
Explicava-se ele sobre o fim do mundo em cuecas que vai para ali na RTP, ele, Poia, a querer correr com o Da Ponte e o Da Ponte a dizer que, se ele quiser um duelo, tê-lo-á e que se o Poia não o deixa em paz, vai queixar-se dele ao tribunal, assédio, perseguição paranormal, qualquer coisa - e a justiça que decida. 
E o pobre Miguelito, olhinhos descaídos, voz de aflição, barbinha mal semeada, ali estava desfiando queixinhas atrás de queixinhas, puerilidades que ninguém consegue levar a sério, uma coiseca de rapazolas que a gente já nem ouve. 
O Da Ponte goza que nem um perdido - e só pode - e ele, pobre académico, não consegue perceber que não é criando conselhos ou tretas que consegue eximir-se às suas responsabilidades e que gerir uma empresa não é a mesma coisa que brincar aos power points ou elaborar papers (e digo isto sem querer ofender os académicos mas é que um académico que queira tutelar uma RTP tem antes que se fazer homem, quanto mais vir de penacho erguido, directamente de um instituto lá para Florença onde andaria a fzaer flores).

Mas, então, estando eu quase com uma lágrima ao canto do olho, tanta a pena que estava a sentir daquela pobre figura, quando reparo que o coisinho Lomba também ali estava. Todo o tempo que o vi, esteve de lado, a mão tapando a cara. Pareceu-me que estava com medo que alguém pensasse que aquilo era mais um dos mal-afamados Lombinha's briefings, daqueles que davam um azar dos diabos, tanto que tiveram que acabar com eles antes que o Governo caísse todo. Acho que não abriu a boca.


O que andará ele a fazer? Aos anos que ali está sem que ninguém dê pela sua presença. Tão inteligente que era, o espertésimo Pedro Lomba, e agora, coitado, tais as tristes figuras que fez com aqueles estapafúrdios briefings que teve que passar à clandestinidade a ver se o País inteiro se esquece dele.

Quantos mais clandestinos se esconderão no seio deste desconexo desgoverno sem que a gente dê pela falta que fazem? É este, é o Maçães e são todos esses elementos decorativos que, sempre que fazem alguma, só sai disparate.

Este Lombinha mais o seu chefe Poia são bem o exemplo de que não basta ser inteligente: há que parecê-lo, é certo, mas há sobretudo que saber concretizar, há que saber a quantas se anda, há que ter jeito, ter traquejo, ter experiência, enfim, qualquer coisa. Caso contrário, bem podem limpar as mãos à parede. Já viraram anedota nacional e tudo o que façam só serve para despertar a galhofa. Temos pena.

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Para anedotas e terapias a la Porta dos Fundos é descer, por favor.

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sábado, dezembro 06, 2014

Alberto da Ponte demitido mas poucochinho. Agora tem 10 dias para se defender. Tudo na praça pública. Só se ele não quiser é que não dá um baile de criar bicho à pequena Poia, esse coitado que não pesca bóia de coisa nenhuma. A falta de liderança é isto: gente tão frouxa, tão incompetente, tão naba que nem demitir alguém sabe. Quem é que afinal manda na RTP para que simples actos de gestão quase tenham que ser sujeitos a referendo nacional? Ó pá, tirem-me esta gente da frente se faz favor. Poia, Láparo, Irrevogável, Loura da Cruz, C-Rato: todos para a rua já, se faz favor. É uma questão de higiene pública.


No post a seguir há humor - são os Leitores, a quem muito agradeço, que me vão fazendo chegar piadas, vídeos, imagens. Desta vez escolhi juntar duas peças que têm a ver com a mesma realidade, ou seja, casar ao telemóvel e o que isso prenuncia sobre o estado das fraldas quando vierem as crianças

Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra.


Adeus que me vou embora


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no outro dia aqui falei sobre o assunto da RTP, referindo que saber que pretender gastar 18 milhões com os direitos de transmissão dos jogos de futebol a mim não me diz nada. Se gastam 18 milhões e de receitas esperam ter 11, então a coisa será ruinosa, 7 milhões de prejuízo daí decorrente. Mas, se as receitas forem 25, então a operação traduzir-se-á num lucro de 7 milhões, será excelente. Portanto avaliar o que quer que seja só olhando para um dos lados da equação é burrice da pura.

Tontos que não sejam dados a números, raciocinam no ar e vão atrás de qualquer osso que lhes atirem. Gestores ou gente com capacidade de raciocínio, ao ouvir dizer que o gasto é tanto, perguntam qual o ganho e só depois, então, ajuizam.

Pelos vistos foi isto do futebol e apenas vendo a coisa pelo lado dos custos e, sobretudo, foi o facto das televisões concorrentes terem lançado o isco, que fez os mentecaptos que se alojam no governo ficarem com vontade de correr com o Alberto da Ponte (pessoa que, como disse no outro dia, não é das minhas simpatias mas a quem me custa ver sacrificada como se de um amador e burro se tratasse).

Mas este comportamento do lado das hostes laranjas não me admira. É sabido que é gente que não olha a meios para atingir os fins, gente habituada a campanhas negras que acabam com a reputação de qualquer um. São os de sempre os que agora já aí andam a dar cabo da reputação profissional de Alberto da Ponte.

Depois há falta de classe nesta gente. Como vulgares cobardolas, escondem-se atrás da parede de vidro que criaram, o tal Conselho Geral Independente (CGI), para poderem fazer de conta que a culpa é do dito Conselho e não deles. E aí andam a dizer que o Plano Estratégico está mal feito, usando expressões como débil qualidade do projecto estratégico. Se isto é coisa que se diga! Eu, se fosse comigo, ficaria ofendida e lhes garantia que iam acabar a levar um valente par de coices - e em público, a ver se gostavam.

Faz-me lembrar quando o Vítor Bento era o maior, sério, idóneo, conselheiro de Estado, a pessoa credível que ajudaria a moralizar o BES: só virtudes. Pois bem, passados uns dias, depois da Albuquerque ter obrigado o fraca-gente do Costa do BdP a dar cabo do banco, dividindo-o em dois e deixando o lombo para o Novo Banco (para o despachar a correr) e o osso para o BES, e tendo Vítor Bento batido com a porta, logo passou, na boca desta gentalha, de bestial a besta, a lírico, teórico, não-gestor. Caído, no chão, a levar pontapés na cara por parte desta gentinha desqualificada - tendo-se-lhes juntado de imediato, os jornalistas-papagaios, os comentadores-abutres: agora com o Stock da Cunha vamos ter um gestor a sério, alguém com experiência, alguém pragamático.
Mas adiante que esta minha memória até a mim me cansa. Voltemos à Televisão Pública.

É que a confusão não se fica por aqui já que os Directores e a Administração vieram a terreiro defender a sua dama, e fizeram muito bem, que isto de serem achincalhados na praça pública não é desaforo que se possa levar para casa. E, cereja em cima do bolo, a ERC também se pronunciou dando razão à equipa de gestão da RTP.

Pelo meio vai haver audiências na Assembleia da República e, pelos vistos, como se estivesse já na condição de arguida, a Administração tem um prazo para se defender.

Se isto não é a loucura total, nem sei o que é a loucura. Não tenho ideia de um tal festival de surrealidades.

Imagine-se que isto era uma empresa ou um quartel em que não se percebia quem mandava, em que meio mundo opinava, em que os trabalhadores ou as tropas, face à burrice e falta de maneiras das hierarquias, faziam o que queriam e ainda lhes sobrava tempo, em que a vizinhança era chamada a dar ordens ou a influenciar. Quem é que ficaria mal ma história? As hierarquias, claro. Ou seja, o infeliz Poiares Maduro e o chefe dele!

O que me espanta é como é que, com tanta burrice, tanta parvoíce que fazem, ainda têm cara para por aí andarem armados em gente séria. Só estou para ver se, no fim disto tudo, ainda têm que meter a viola no saco e engolir esse big sapo que dá pelo nome de Alberto da Ponte. O que eu me fartava de rir.



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E embora o ache um cagão insuportável, um daqueles a quem estes tratos de polé talvez até façam algum bem do ponto de vista pessoal, não posso deixar de me solidarizar com ele face à forma até ridícula como está a ser tratado às mãos desta gente que nem os conceitos mais básicos de lealdade sabe respeitar; e, por isso, daqui vai o meu apelo: vai-te a eles, ó Alberto! 

E que, no fim, ainda possas gozar com eles, pagar uma rodada a todos menos a esses criançolas que nem homenzinhos sabem ser.

Uma rodada à tua, ó Alberto!



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  • A música lá em cima é Adeus Que Me Vou Embora numa interpretação de Camané integrado no projecto Humanos.
Recordo que a banda é constituída por: Camané, David Fonseca, Manuela Azevedo e Hélder Gonçalves dos (Clã), Nuno Rafael, João Cardoso (Bunnyranch) e Sérgio Nascimento. As vozes estiveram a cargo de Manuela Azevedo, Camané e David Fonseca. Os restantes membros estão ligados aos instrumentos musicais.
As músicas cantadas pelo grupo são de autoria de António Variações e tinham sido entregues pelo seu irmão Jaime Ribeiro a David Ferreira, administrador da EMI, num caixote contendo diversas cassetes e bobinas que entretanto se 'tinham perdido' durante vários anos quando da mudança de instalações da empresa.
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Recordo: Humor sobre casamentos sob a nova forma de estar na vida é já a seguir. Mais abaixo há 'cenas' que metem uma mulher de 56 anos em topless e mais uns quantos escândalos.

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quarta-feira, dezembro 03, 2014

A ver se a gente se entende: porque é que aqueles 18 milhões que a RTP vai gastar para transmitir o futebol são maus para os contribuintes? E que raio de regabofe é este que este desGoverno anda a armar com a Televisão Pública, que já arranjou comissões, encomendou estudos, inventou órgãos, nomeou e desnomeou? Agora é o Alberto da Ponte que não presta? Mas porquê? - de tudo o que tenho visto por parte deste desvairado governo só posso invocar um velho ditado popular: 'A quem não sabe f... até os pêlos do cu atrapalham'. (And sorry for my french)


No post abaixo tenho uma história sobre o Coelho. Recomendo que leiam e passem ao próximo. Deve ser a primeira vez na vida que peço uma coisa destas. Sou completamente contra aquelas cadeias que aparecem sobre o cãozinho, a menina doente, a oração, e que, em regra, apenas se destinam a aumentar o tráfego na internet, atafulhando os servidores de lixo.

Mas, neste caso, fui sensível ao pedido. Não acredito en brujas, pero que las hay, las hay.

Mas isso é a seguir. Aqui a conversa é outra.


Calma. Esta não sou eu.
Esta é Pepper Sparkles que vai actuar no fim


Não tenho simpatia pelo João Duque a quem acho um catavento, uma mariazinha que se acha muito mas que se limita a ir com as outras, ao sabor da maré, armando-se em engraçadinho para disfarçar. Nem tenho simpatia por Alberto da Ponte a quem acho outro convencido e a quem já ouvi dizer as maiores banalidades como se de eruditas máximas de gestão se tratassem.

Mas, quer num caso, quer noutro, acho uma pouca vergonha a forma como foram (e estão a ser) tratados por este Governo no âmbito de uma coisa qualquer que querem que alguém faça à Televisão e que ainda não foram capazes de dizer o que é, sacrificando uns atrás de outros. 

Por estas matérias já andou o Vai-Estudar-ó-Relvas, agora é a pequena Poia Madura, e ainda me lembro do António Borges a anunciar, retórico e superior, qual o modelo a seguir para a Televisão. E nem consigo já recordar todos os nomes que este desGoverno sacrificou no altar da sua ignorância e incompetência, encomendando estudos, pareceres, arranjando teorias de cão de caça, sei lá - e tudo sem que ninguém perceba qual o objectivo. Desdobrar, privatizar, arrendar, subalugar, fazer franchising, what? Alguém sabe o que vai naquelas cabeças ocas?

Agora a coisa azedou com a polémica oferta por parte da RTP de 18 milhões (número que acho que a RTP desmentiu mas que a comunicação social continua a repetir) para transmitir aquilo da Champions. A concorrência berrou:


Aqui d'el rei! Vai uma televisão pública ficar com os direitos de televisão do futebol? Não pode ser! A gente é que quer! E quem é que vai pagar os 18 milhões? Os contribuintes? Roubo! Blasfémia! Punição aos culpados!

Claro que os jornalistas-papagaios, os comentadores-avençados e a meia blogosfera mal-pensante, a uma só voz, se apressaram logo a agarrar o osso, papagueando a poeira que os Canais concorrentes da RTP lançaram.

Vejamos. Volto ao exemplo do restaurante. Suponhamos agora que quero eu dedicar-me à restauração e alugo um edifício muito bem localizado e contrato um chef ultra-badalado. Entre renda e ordenados gastaria por ano, vamos supor 500.000 euros. 

Quem me quisesse denegrir, lançaria logo atoardas do género: Olha para aquela! Escândalo! Meio milhão de euros só para renda e ordenado de uma única pessoa! Deve ter andado a roubar para conseguir um soma absurda destas! Impeça-se! Investigue-se! Prenda-se!

Mas um gestor não olha só para o lado dos custos. Quem olha apenas para o lado dos custos e pensa que é olhando apenas para um lado da equação são os matemático-excluídos, os pouco-informados, os mal-intencionados e os passos-coelhísticos - não os gestores a sério ou as pessoas com dois dedos de testa.

Esses olham para o resultado final da operação aritmética:

  O que se recebe
-   O que se gasta
_______________

= Resultado 
(lucro se o resultado por positivo, prejuízo se for negativo)


Ou seja, se ele vai gastar 18 milhões mas, em receitas (via publicidade ou outros meios), vai empochar, vamos supor, 25 milhões, então vai ter um lucro de 7 milhões e os contribuintes só terão a agradecer-lhe.

Ora já alguém ouviu dizer, no meio da confusão que se instalou, qual a rentabilidade da operação? Eu ainda não vi.

E é isto difícil de perceber? Eu acho que não. E, por isso, acho muito bem que o Alberto da Ponte os mande bugiar, que se vão catar, e que, se não percebem isto e o tomaram de ponta, pois que tirem eles as consequências.

O antes poderoso Alberto da Ponte
ao pé do seu fraco chefe, o triste Poiazita Madura


Claro que não conheço o Plano Estratégico que foi chumbado. Pode ser que seja um chorrilho de calinadas, umas atrás de outras. Mas duvido. Alberto da Ponte é cagão mas não é burro. Inclino-me mais para que seja a Poia e o Láparo a fazerem mais uma das suas.


Já antes aqui o tinha referido. O meu amigo Luís, quando está em presença de burros encartados, daqueles que não acertam uma, que se enleiam nas trapalhadas que eles próprios criam, diz, por extenso: 'A quem não sabe f.... até os pêlos do cu atrapalham'. E, cá para mim, é o que acontece a esta gente que constitui o desGoverno do Láparo. (E desculpem-me a ortografia, se faz favor).

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Bom. Para não se queixarem que este post foi uma seca das valentes, deixem que introduza aqui um pequeno toque de burlesco.

Acho que burlesco rima bem com a actuação desta trupe que nos últimos 3 anos tem tido carta branca para destruir o País. Tão desconchavados são que, não fora a destruição irreversível que têm provocado em tantos sectores da sociedade e a infelicidade que têm trazido a tanta gente, seriam uns pândegos de primeira.

Começo com a primeira estrofe de os Canalhíadas da autoria de Luís Vais sem Tostões


As sarnas de barões todos inchados
Eleitos pela plebe lusitana
Que agora se encontram instalados
Fazendo o que lhes dá na real gana
Nos seus poleiros bem engalanados,
Mais do que permite a decência humana,
Olvidam-se do quanto proclamaram
Em campanhas com que nos enganaram!


E termino com a fantástica Pepper Sparkles no seu melhor, aqui interpretando "Mata Hari" 



...

Caso queiram seguir para bingo e acompanhar o enterro de um certo Coelho, sigam por favor até ao post seguinte.

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terça-feira, abril 08, 2014

José Sócrates dá baile ao papagaio pouco inteligente que teima em entrevistá-lo na RTP 1 enquanto, na TVI, Marcelo se queixa das colonoscopias sem sedação com que Passos Coelho tem andado a fustigar a população - e eu pergunto: porque não trocar ao domingo à noite o José Rodrigues dos Santos com a Judite de Sousa? Só para ver no que dava.


Há papagaios bem ensinados, há os que aprendem coisas a metro, há os que gostam é de espanejar e dar nas vistas, há de todo o tipo.

O que os papagaios deveriam ter presente é que, embora falem imitando outros, não são outros: são apenas papagaios. E, assim sendo, aconselharia a mais elementar prudência que medissem bem com quem se metem.

É que podem imitar um gato, um porco, um galo, podem cantar os parabéns a você... mas não sei se conseguem sair por cima se se forem meter com um animal feroz.

Vejamos um papagaio de um tipo mais evoluído: Einstein the Parrot, com quem o The Pseudo-Writer poderia ter umas sessões de coaching caso, armado em fera, persista em atirar-se à jugular do comentador. É que, assim como assim, já que não vai conseguir fazer sangue, ao menos sempre pode entreter-nos fazendo umas habilidadezitas.


E mais: talvez o papagaio Einstein o ensine que não se diz ter a haver mas sim ter a ver




Já em relação a Judite de Sousa, agora que anda mais cheiinha, toda bem maquilhada, toda gira e de bela perna ao léu, sugeria que fosse fazer uma cura de sono para acalmar os nervos que apanha à segunda feira, sempre que atura o chato do Medina. Hoje, então, antes do meu marido ter tido um ataque de fúria com o Vítor Bento que estava à desgarrada com o Medina, vi-a mesmo em palpos de aranha para pôr alguma ordem na mesa. Coitada. Deve sair dali com a cabeça feita em água. Ficava umas duas semanitas a banhos com o seu gato e deixava o terreno para uma certa experiência.

Eu punha o Bruno Nogueira a fazer a primeira parte do programa do Professor, tipo peão de brega. E isto na esperança de que entretanto tivesse adquirido maior perícia e desenvolvido alguma capacidade de réplica face ao que abaixo vos mostro.

E a seguir avançava então o papagaio orelhudo. Sempre queria ver se chegava carregado de folhas de arquivo e se desatava a fazer barulho e a arreganhar o dente armado em tigrão. 'Tenho aqui uns papéis a dizer que se encontrou com o outro num quarto de hotel'. 'Pois olhe que não é o que se lia na imprensa por altura da vichyssoise'. A ver se, de cada vez que o Marcelo abrisse a boca, o interrompia com uma treta tirada de um papel qualquer. 




Ou então o Marcelo a entrevistar o Sócrates - também teria graça. Com o pequeno Marques Mendes a apanhar bolas.

Ou o papagaio Einstein a entrevistar o Láparo. De cada vez que o Láparo respondesse, o Einstein desatava a rir-se à porco.

Mas, enfim, isto já é o meu olho para o negócio a pensar em fazer subir as shares se fosse eu a mandar num canal televisivo.

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terça-feira, março 25, 2014

José Rodrigues dos Santos no espaço de "opinião de José Sócrates", ou quando o moderador resolveu armar-se em protagonista (não em jornalista) no espaço destinado ao convidado: esclarecimento junto de alguns dos Leitores do Um Jeito Manso que comentaram o post abaixo e que, ao que me parece, não o compreenderam.


Tem graça isto. Sócrates divide as águas, disso não haja dúvidas. Ontem escrevi um texto sobre o que se passou na RTP (o ataque à má fila que José Rodrigues dos Santos lhe desferiu), e as visitas ao UJM não param e os comentários agitam-se.





Os ânimos exaltam-se de cada vez que o tema Sócrates vem à baila e há pessoas que perdem a tramontana. Odeiam o homem e, muito sinceramente, não percebo porquê. Não sei o que tem ele que esfrangalha tão facilmente a racionalidade de alguns (a menos que a dita racionalidade já seja, de si, escassa).

Tenho a dizer-vos, meus Caros, que não sou das áreas da metafísica, do jornalismo, ou de outras áreas dadas à efabulação. Não. A minha formação académica anda pelas áreas das ciências exactas e toda a minha (longa) vida profissional gira à volta de áreas exactas, números, resultados, gestão. 

Pelos frutos os conhecemos, disse o apóstolo e por isso me guio. Mas não analiso resultados independentemente do contexto. Invoco de novo a minha formação (académica e pós-académica) e toda a minha (longa) vida profissional para vos dizer que sei bem identificar as variáveis, as restrições, as relações de contexto, as tendências, as causas e as consequências, etc, etc.

Olho para as peças que mostram o desempenho de uma organização e interpreto-as e interpreto-as não em ambiente asséptico mas inseridas no contexto. E analiso-as com racionalidade, não com emoção, muito menos com paixão.

Tenho também experiência em negociação. Digo-vos: não é qualquer um que consegue dar-me a volta. Diz de mim quem me conhece bem: como adversária ela é temível.

Por isso, quando defendo Sócrates não o faço por paixão, por pancada, por pulsão irracional. Não. Louvo-o no que acho que é de louvar, critico-o quando é de criticar. Várias vezes o fiz durante a sua governação. Por exemplo, quando aumentou os ordenados dos funcionários públicos em 2009, muito o critiquei. Não havia, na altura, razões nem condições para o fazer. Também, quando aceitou cumprir cegamente alguns regulamentos europeus (made in Alemanha) nas obras do Parque Escolar, critiquei-o. Não o critiquei por melhorar as escolas, por gerar emprego local e não só, não o critiquei por apoiar a arquitectura nacional, a engenharia nacional, as empresas locais, etc. Critiquei-o, sim, por, obedecendo a regulamentos europeus, ter aceitado importar equipamento térmico inadequado para o País, fazendo o frete aos alemães - coisa de pormenor, no entanto, face à dimensão dos aspectos positivos. 

Mas elogiei-o quando o vi (e vi mesmo - read my lips) a apoiar a reindustrialização do País, quando o vi a puxar pelo ensino e pela investigação, quando o vi a tentar vender os produtos do país por esse mundo fora, quando o vi, in extremis, a lutar por uma economia que ameaçava parar. Cada um dos processos não terá sido isento de erros. Mas isenção de erros é coisa que não existe em lado nenhum. Há é que fazer o balanço e identificar a linha de rumo e, não tenho dúvidas, caminhava-se, então, no bom sentido.

Analiso os resultados da governação Sócrates e separo os exercícios, não observando da mesma maneira o período 2005-2008 e o seguinte, em que estava em minoria, dependente da aprovação de uma maioria hostil, e pior, com o País a sofrer as vicissitudes de um mundo ocidental em crise e de uma UE a mandar, primeiro, avançar uma política expansionista (como forma de evitar a retracção decorrente da crise financeira internacional) e, logo a seguir, a mandar retroceder a todo o vapor.

Sei distinguir as boas decisões e as menos boas, fruto de algum voluntarismo inflaccionado por se sentir acossado face a uma maioria hostil.

Sócrates é um lutador e quer o bem do País. Sócrates ama Portugal e os Portugueses e disso eu não tenho dúvidas. Sócrates quer que Portugal seja um País desenvolvido, com gente instruída, capaz de encarar o futuro com orgulho. Disso não tenho dúvida. E nisso estou do seu lado.

Sei também que Sócrates, sabendo que a economia flui em função da confiança, lutou até ao último pingo das suas forças para escamotear o estado periclitante em que a crise internacional e a maioria hostil estavam a deixar o País - pois sabia que, quando baqueasse, os mercados fariam ajoelhar o País e que uma intervenção externa seria inevitável. Contra isso lutou até ao limite do razoável. Não considero que escamotear a situação do País para tentar evitar o que já se adivinhava como irremediável seja uma mentira mas sim uma forma (extrema) de lutar.

Acho que Sócrates, se não estivesse em minoria (com um Parlamento cheio de hienas ansiosas por avançar para a carniça - e refiro-me a um Passos Coelho impreparado e perigoso, a um Portas, ambicioso e bailarino e que, curiosamente, contavam com o apoio de um Louçã a querer afirmar o BE e de um Jerónimo sempre do contra), teria lutado de outra forma e Portugal não estaria como está hoje. 

Uma vez que tinha o apoio da UE e da própria Merkel, teria conseguido aguentar a pressão dos abutres até que a Europa e o BCE erguessem o escudo protector.

Mas, quando ganhou as segundas eleições sem a maioria absoluta, cometeu um erro, Sócrates. Aceitou formar governo sozinho. Deveria saber que Cavaco não é flor que se cheire e deveria ter percebido que hienas como Passos Coelho e Portas não tardariam a atirar-se ao pescoço do País.

E isto é o que eu penso de Sócrates e do período em que foi Primeiro-Ministro.

**

Quanto ao que José Rodrigues dos Santos fez ontem na RTP, volto a dizer que acho que foi deselegante, mal educado, inconveniente. Repito: aquilo é um espaço destinado à opinião de Sócrates. A que propósito desatou a fazer-lhe uma entrevista relativa ao passado?





Aqui há algum tempo, fui convidada para ir dar uma aula livre mas sobre um determinado tema a uma universidade.

Quem me convidou acompanhou-me ao anfiteatro, apresentou-me e deu-me a palavra. No final, deixei espaço para perguntas e respostas e a pessoa que me tinha convidado, para desbloquear a normal inibição, colocou-me a primeira pergunta. Imagine-se se essa pessoa, ao invés, ao apanhar-me ali no palco, perante um anfiteatro pejado de alunos e de alguns professores, resolvia começar a fazer-me perguntas a ver se me apanhava em falso, ali à frente daquela gente que se tinha juntado para ouvir a minha opinião sobre um determinado tema. 

Era só o que me faltava. Eu aceder a ir ali e, sem mais nem ontem, quando dava por mim estava a ser interrogada por alguém que parecia querer ver-me ali estendida ao comprido. Das duas uma: ou perguntava a essa pessoa se estava com os copos ou se estava a gozar comigo. E, se a pessoa persistisse, levantava-me e ia-me embora. Claro.

Uma coisa bem diferente seria se me tivessem convidado para ser entrevistada sobre um determinado tema. Se aceitasse, sabia ao que ia, sabia que, quem vai à guerra, dá e leva, sabia ao que me estava a sujeitar.

Se José Rodrigues dos Santos queria fazer uma entrevista sobre a governação de José Sócrates deveria convidá-lo para isso - e estou certa que Sócrates ia de boa vontade. Não o apanhava à má fila, como fez neste domingo.


Rodrigues dos Santos não fez jornalismo, não deve ter sido isto que aprendeu na BBC, não foi acutilante, não foi a Oriana Fallacci dos pobrezinhos: foi simplesmente despropositado e malcriado. Quis o protagonismo para si como, de resto, sempre quer.





Mas volto a dizer: em boa hora o fez. Sócrates não se irritou, não se desnorteou. Manteve a calma, manteve a cabeça no lugar, respondeu a tudo e respondeu bem. José Rodrigues dos Santos, de facto, deu a oportunidade de que Sócrates gosta para o combate político, para afirmar as suas convicções.


Espero agora ter sido mais clara para que os Leitores não venham tresler o que eu escrevi, tirando conclusões de pernas para o ar.

Mas, meus Caros, caso queiram, contem comigo para isto. Não viro costas a uma boa divergência. 


*

NB: A quem aterrou agora aqui, lembro que, descendo um pouco mais, encontrará o texto da polémica, o que ontem escrevi e que já recebeu (até à hora em que escrevo) para cima de 2.700 visitas.


segunda-feira, março 24, 2014

José Rodrigues dos Santos atira-se a Sócrates como um cão raivoso. Num inusitado ataque cerrado, trazendo afirmações de arquivo para ver se entalava Sócrates, parecia estar a fazer um despropositado ajuste de contas: em vez de o deixar fazer o habitual comentário semanal, atacou-o de uma forma traiçoeira. Mas eis que, em vez de entalar Sócrates, lhe proporciona uma inesperada oportunidade de defesa. Só faltou ao Animal Feroz dizer ao Orelhas: 'make my day...'. Veja o vídeo.


Juro. Eu estava a ver e não estava a acreditar. É como se eu convidasse uma pessoa para vir a minha casa lanchar, para trocarmos uns dedos de conversa e, sem aviso prévio, na presença de outros convidados, lhe desferisse um pérfido ataque. 

José Sócrates, na RTP 1, como habitualmente preparado para tecer o seu comentário sobre a actualidade, viu-se de repente, em directo, sem aviso prévio, a ser alvo de um ataque cerrado. Como se estivesse num violento debate com um líder da oposição, Sócrates viu-se confrontado com acusações atrás de acusações. José Rodrigues dos Santos parecia estar possuído. Carregado de papéis com frases de arquivo, tentou apanhar Sócrates em armadilhas, confrontando-o com afirmações proferidas em anos anteriores ou com medidas tomadas enquanto era primeiro-ministro. Tentava, na dele, demonstrar contradições. A isenção ou neutralidade de quem deve moderar um comentário político foram atiradas às malvas. José Rodrigues dos Santos parecia ter virado um mastim mas dos rafeiros, dos que não conhecem regras mínimas de convivência. 


José Rodrigues dos Santos armado em cão raivoso com Sócrates
Ao abusador José Rodrigues dos Santos
saíu-lhe o tiro pela culatra:
Sócrates não é bichinho meigo
que se deixe apanhar com facilidade
Sócrates parecia nem estar a acreditar no que lhe estava a acontecer e até deixou sair um 'não vim preparado para isto'.

Mas Sócrates é um animal político e um animal feroz. Se se sente atacado, vira um infalível predador. Tem sangue quente, sabe o que disse, sabe o que fez, sabe o que quer e para onde se deve ir, tem energia para dar e vender, tem a mais o que o Totózero tem a menos, e, por isso, nem por um instante se assustou, se atrapalhou. Teve resposta pronta para tudo e devo dizer que acho que se saíu muito bem.

Diria mesmo que, no fim, só lhe faltou soprar o cano do revólver e pedir ao putativo escritor que lhe proporcione mais oportunidades destas.

E uma coisa posso eu dizer: se, por um lado, José Rodrigues dos Santos mostrou a raça de que é feito, uma raça desleal, deselegante e mal-educada, por outro, proporcionou um inesperado momento de televisão, deixando que ficassem bem claras as grandes diferenças entre quem defende uma austeridade cega e mortífera (Passos & Portas) e quem defende rigor orçamental a par de crescimento e de respeito pelas pessoas (Sócrates - e, vá lá, concedo, Seguro).

Não sei se Rodrigues dos Santos tinha as costas quentes para uma actuação destas, tão violenta e mal educada, e se é moda agora na RTP destratarem os convidados, tentarem apunhalar os comentadores. Nunca tive grande impressão deste sujeito mas hoje ficou bem claro que é mesmo de má raça; resta saber se agiu em conivência com as estruturas da RTP ou se foi apenas uma coisa má que lhe deu..

Mas revelou fraca inteligência: deveria saber que Sócrates não é um pateta qualquer que se deixe apanhar na primeira ratoeira.

Sócrates pode não ser Deus na terra, pode não ter vocação para pastorinho, pode não ser o sobrinho bem comportado que qualquer tia beata deseje, pode ser teimoso, obstinado, por vezes irascível, pode isso tudo. Mas sabe o que quer, deseja o bem do país e dos portugueses, é um lutador, e tem resiliência e coragem para dar e vender. Mil vezes o tentaram derrubar e mil vezes ele se levantou.

Não ia ser um orelhas qualquer que o ia intimidar ou apanhar numa curva.

E a questão não está nas perguntas que José Rodrigues dos Santos fez ou deixou de fazer: está no facto de Sócrates não estar ali para ser entrevistado. Se José Rodrigues dos Santos queria tirar a limpo tudo o que Sócrates fez ou disse desde que nasceu deveria convidá-lo para uma entrevista e não apanhá-lo à traição e à má fé num espaço dedicado a outra coisa (isto é, ao comentário à actualidade). 


É que, apesar de muita gente querer o contrário, não vale tudo.


[Continua aqui].


*

O vídeo intitulado 'miserável julgamento de José Rodrigues dos Santos no comentário de José Sócrates' que se encontrava disponível no Youtube já o não está dado que a RTP o mandou retirar, alegando direitos de autor.


Encontrei um outro vídeo mas aquilo é uma justaposição absurda, frases que se repetem desconexamente (há gente estranha que se entretém a fazer coisas esquisitas).

*

Sobre este mesmo assunto, poderão também ler o comentário, também em cima do acontecimento, no DN.


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Para lerem excertos de três artigos do Expresso que merecem uma leitura atenta (Pedro Santos Guerreiro, Maria Filomena Mónica e uma entrevista a José Félix Ribeiro) e, de passagem, para ouvirem um bom som, desçam, por favor, até ao post seguinte. Como um insignificante bónus, poderão ver, uma vez mais, a primavera em toda a sua graciosidade e força in heaven.


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Muito gostaria ainda de vos convidar a irem até ao meu outro blogue, o Ginjal e Lisboa, onde hoje tenho Eduardo Tornaghi dizendo, com a sua voz quente, o poema O Fotógrafo do grande Manoel de Barros. Muito bom.

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E, assim sendo, por aqui me fico por agora. Estava a preparar-me para vos falar de uma bailarina muito cá de casa, a versátil e talentosa Sylvie Guillem. Mas, quase no fim, fiz uma inflexão para escrever sobre o ataque do Rodrigues dos Santos ao Sócrates e agora já é tarde, estou com sono. Fica para amanhã, já que está quase pronto.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa semana, a começar já por esta segunda feira. 
Saúde e e bons momentos de felicidade é o que vos desejo.

terça-feira, março 11, 2014

Miguel Gonçalves, o bate-punho, no Prós e Contras: isto é o quê? um efeito colateral da ressurreição do padrinho Relvas?


No post a seguir a este, faço uma pergunta que, vendo bem, mais não é do que um conselho, ao pequeno dálmata da lista do PSD & CDS, o descabelado rangélico.

Abaixo ainda desse, regresso a Lisboa, a magnífica cidade que se desnuda ao sol, para mostrar duas fotografias que escolhi para acompanharem o poema Mignone, allons voir si la rose, ao som de Wagner.


Agora estava a preparar-me para começar a escrever sobre o meu heaven, quando dei uma espreitadela à televisão. Não queria acreditar. A insuportável criatura que dá pelo nome de Miguel Bate-Punho ali estava de novo. Não percebo a que propósito a Fátima Campos Ferreira se lembrou de respescar o alien que o Relvas pariu na sua encarnação grandoleira. 

A criatura fala como o Jorge Jesus ou o Cristiano Ronaldo, referindo-se a si próprio na 2ª pessoa do singular. Ou a si ou a nós, nem percebo. Dizia a criatura coisas como 'tu vais a qualquer lado e só os portugueses é que dizem mal de Portugal. Rebéubéu, rebéubéu. Tu isto, tu aquilo. Tu tens que ser profissional. Os meus clientes exigem profissionais. Rebéubéu'. 

Lugares comuns ditos como epifanias.

Não se aguenta.

Aliás, a gente olha e só de ver o gesticular da criatura fica logo doente.

Tirei-lhe uma fotografia para ilustrar isto. Mas até a fotografia incomoda. Tive que saturar as cores para conseguir suportar a ideia de poluir o Um Jeito Manso com tal figurinha.


Miguel Bate-Punho Gonçalves.
(Parece um palhaço, não parece? Porque será?)


***

Rápido. Fujam. Esta criatura não é boa companhia. É certo que a do post abaixo também não mas, enfim, esta gente parece formatada pelo mesmo figurino, que posso eu fazer...? 

Mas, um pouco mais abaixo, há ar puro. A sério. Desçam que se sentirão compensados (acho eu).

quarta-feira, outubro 09, 2013

Passos Coelho responde e 'O País pergunta' na RTP 1 - um palco perfeito para este Primeiro Ministro, sem contraditório


Quem aqui me costuma ler já sabe a dificuldade que tenho para ver algum programa de televisão de seguida especialmente se no programa aparecerem protagonistas foleiros. Não é que eu os queira ver mas às vezes dava-me jeito ver um bocadinho para perceber a extensão da foleirice.

Hoje aconteceu-me isso (e não me estou a referir às vinte pessoas que ali estavam a fazer perguntas). 


Por pouco não houve aqui uma pequena briga doméstica. Eu queria tirar uma fotografia a um artista que por ali se andava a pavonear e o meu marido, a cada dois segundos, fazia zapping e invectivava, não 'tou para ver este gajo!

Mas, enfim, depois de muita luta lá consegui ver um bocado de seguida e tirar duas míseras fotografias.



Passos Coelho respondendo às perguntas na RTP 1:
Só lhe falta cantar:
desloca-se, estende as mãos, trata as pessoas pelo nome próprio na maior intimidade,
só falta dar-lhes beijos na testa e segurar-lhes na mão.



Passos Coelho está na maior, nada lhe poderia ser mais favorável nesta altura do campeonato: as pessoas queixam-se e colocam perguntas - e ele, com aquela sua voz bem colocada, tom moralista, olhos compungidos, faz o número que fez para ganhar as eleições há dois anos. Dá razão às pessoas, percebe as dificuldades, diz umas lérias (e sempre a mesma conversa: estávamos na bancarrota, não há dinheiro, temos que fazer sacrifícios). E passa à pergunta seguinte. Ou seja, o ideal para ele: pode dizer as bacoradas que quiser que não há contraditório.


Fica a ideia que se sujeita a todas as perguntas e que responde a tudo. 



'O País pergunta' na RTP 1
Este programa é o modelo ideal para fazer lavagem ao cérebro das pessoas:
ouve o que lhe perguntam, responde, fala, fala, e ninguém o rebate,
ninguém o confronta com coisa nenhuma



Só que, não havendo contraditório, qualquer porcaria ou patranha que diga, com aquela sua voz de barítono, fica como a última palavra, irrebatível.

Ou seja, este programa de televisão é um barrete para épater le bourgeois.

quinta-feira, agosto 29, 2013

Manuela Moura Guedes volta à televisão, à RTP, agora como apresentadora do "Quem quer ser milionário". Faz-me lembrar aqueles jogadores de futebol que andam pelos principais clubes para depois irem acabar em decadentes clubes da 5ª divisão. Foram rosas, agora são cardos. [Nem sei porque, então, falo nisto quando há tanto assunto sério para se falar (o Governo que forneceu dados incompletos ao FMI e com base nos quais o FMI acha que se deve baixar ainda mais os ordenados; a intervenção militar na Síria não se sabe ao certo porquê nem para quê mas relativamente à qual já se ouve o rufo dos tambores; os alemães que acham que os gregos devem entregar património já que não podem pagar a dívida). Mas são assuntos sérios, tristes, e eu ando com dificuldade em carpir. Prefiro pairar como se não desse pelas coisas más. Vocês desculpem lá.]


Cheguei a casa há pouco. Mais uma noite de laré. Enquanto os dias ainda estão granditos e as noites amenas há que aproveitar. Tirei umas fotografias e agora poderia falar no que andei a fazer e mostrar-vos em que param as modas - mas o facto é cheguei a casa tão cansada e tão perdida de sono (isto vai-se acumulando, sabem; a ver se este fim de semana consigo recarregar as baterias) que agora não tenho energia para as passar para o computador, escolhê-las, reformatar as que quiser colocar no blogue, etc, não tenho mesmo (e não faço outra coisa senão bocejar, credo). Fica para amanhã ou depois. 

Além disso, já estou como ontem. Por um lado acho que deveria falar de coisas sérias mas, por outro, apetece-me é pairar com ligeireza sobre coisas que não interessam para nada.

E assuntos sérios é o que não falta. Um autêntico massacre:

  • O Governo, se facultou dados que espelhavam uma realidade incompleta e que percebia que, com isso, ia induzir o FMI em erro, dando-lhes a ideia de que ainda existe margem para mais cortes de ordenados, fez mal. Mas, se o fez (e é óbvio que o fez), não consigo ficar espantada. Acho que esta gente que nos governa é, no seu conjunto, um bando de feios, porcos e maus. Seja porque gostam de fazer sofrer a populaça, seja porque são desmazelados, seja porque a sua incompetência não dá para mais, o que se passa é que dali só espero mesmo que façam porcaria. Por isso já nem me apetece falar deles. É gente que lá não devia estar e ponto final. Por cada dia a mais que lá estão, de mais disparates se vai sabendo. Se o dono de um restaurante contratar um cão como empregado de mesa, alguém se pode espantar se o cão meter as patas dentro dos pratos? Estranho será o contrário. É como com estes: a gente espantar-se-á é no primeiro dia em que façam alguma obra asseada.

  • É como o iminente ataque à Síria. Sentimos que estamos em counting down e sabemos que muitas vidas se vão perder. Cirúrgica ou não, a intervenção vai sair cara em recursos de toda a espécie, incluindo os humanos. As consequências indirectas, neste caso, não serão inferiores às directas. Um perigo, esta brincadeira. E nem percebo quem é que vai financiar isto com os cofres americanos e europeus quase vazios. Tal como ontem referi, se houvesse alguma lógica nisto, dever-se-ia perceber em nome de quê e para quê se vai intervir militarmente num país - ainda por cima sabendo que isso vai perturbar o já de si instável equilíbrio de forças entre blocos de interesses económicos e geo-estratégicos antagónicos. Ninguém quer que se massacrem civis mas também ninguém quer que, sem provas (verídicas) e sem alternativas políticas conhecidas a priori, se avance à maluca. Mas parece que é isso que vai acontecer. Entretanto o governo sírio parece que entregou provas na ONU que demonstram que foram os rebeldes e não eles que usaram armas químicas. E, perante, divergências tão agudas e as inconsistências do costume por parte dos americanos, continua a assistir-se ao avanço, que quase parece irreversível, para uma guerra de consequências imprevisíveis. Não há dúvidas: o lobby do armamento e tudo o que tenha a ver com a indústria da guerra são vergonhosa e assustadoramente poderosos. É para isto que lhes dá jeito (a eles e ao sector financeiro) que nos governos dos países estejam zés-ninguéns sem miolos, joguetes fáceis, paus mandados sem moral. 

  • Também podia falar de uma notícia que me chocou (e devo mesmo ser muito parva para ainda me chocar com coisas destas). Transcrevo uma parte:

O presidente da Federação da Indústria Alemã (BDI), Ulrich Grillo, propõe como alternativa na resolução da crise grega que Atenas transfira parte do seu vasto património nacional para o fundo de resgate europeu, que poderá vendê-lo para se financiar. 

Acho isto asqueroso. Primeiro, para ter excedentes na balança de transacções, a Alemanha exporta ou força a que os outros países importem (por exemplo impondo regulamentos cujo cumprimento só é possível com recurso a equipamentos fabricados na Alemanha, como aconteceu, por exemplo, com os equipamentos de climatização obrigatórios para efeito de restauro escolar), depois, para que tenham dinheiro para o fazerem, emprestam dinheiro; a seguir, quando as contas dos outros começam a mostrar sérios desequilíbrios, fecham os olhos à maquilhagem das contas; a seguir fecham a torneira e exigem o pagamento da dívida; como não têm como pagar, impõem-lhes juros agiotas e, quando os pobres estão exauridos e na mais indigente míngua, pretendem sacar-lhes o património. É certo que isto é um déjà-vu mas o que é chocante é como décadas (ou séculos!) de história em cima de episódios vergonhosos como o que se volta a pretender levar a cabo não serviram para os povos se precaverem. É mesmo a lei do mais forte - porque, de facto, deixemo-nos de fantasias, isto é uma selva e o resto é conversa.
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Por isso, porque tudo isto me parece mau demais, previsível demais, inevitável demais, é compreensível que só me sinta bem com os pés na rebentação, naquele sítio em que não é água nem deixa de ser: uma espuma que vai e vem, não deixando rasto.

Ou seja, só me apetece falar de coisa nenhuma.




No outro dia, quando estava in heaven e meia a dormir, vi na RTP 2 a repetição do Lado B do Bruno Nogueira. Estava lá a Manuela Moura Guedes. 


O meu marido também estava entre o sono e a difícil vigília. Tenho ideia que quando fez zapping e foi ali parar, disse qualquer coisa como ‘coitada, olha para ela…’. Tenho ideia que levantei os olhos do Expresso que estava a tentar ler a todo o custo e que também fiquei impressionada. Fico sempre quando a vejo mas desta vez fiquei mais. Deixo aqui a parte inicial da entrevista, que tenho ideia que nem é a mais significativa daquilo que estou a dizer mas agora não consigo estar a ver tudo para escolher a parte mais obnóxia.





Mas não foi apenas pelo rosto insuflado – lá está: maçãs do rosto enxertadas, subidas, redondas, boca a transbordar de botox, arrebitada, esbardalhada, a disformidade do costume que, vá lá saber-se porquê, atrai tantas mulheres -, foi sobretudo pelos trejeitos dengosos, pelas boquinhas, parece que se estava a armar em boa, volta e meia toda ela parecia esponjar-se no braço do sofá, toda ela revirava olhos, boca, língua. Um disparate. E dizia coisinhas, parecia uma adolescente palerma – olhem nem sei.

Por mais do que uma vez o meu marido tentou tirá-la do ar, dizia que não conseguia ver aquilo. Mas as alternativas deviam ser piores, ou então era o nosso sono que nos deixava sem acção, pelo que por ali foi ficando.

Cheia de requebros, meneios, sacudidelas de cabelo, olhares lânguidos, queixava-se que estava sem trabalho, em casa, que gostava de voltar à televisão (e tudo isto, claro, à mistura com mostrar que se acha uma fantástica jornalista, acutilante, incisiva, brava, do melhor que há – quando era, sobretudo, mal educada, exagerada, incomodativa; as entrevistas conduzidas por ela eram um stress que não acrescentava nada à qualidade do que as pessoas diziam, pelo contrário, tinha vezes de quase nem as deixar falar).




Se eu fosse responsável por um canal de televisão também não a contratava. É conflituosa, cria atritos com os próprios convidados. Não é isso que a gente quer ver. Eu, pelo menos, chego à noite e quero é calma. Quero ser informada, sim, ouvir opiniões, sim, mas com bons modos, nem gritos, nem vozes sobrepostas, nem gente com modos arrogantes ou intempestivos.


Pense-se, por exemplo, na diferença para uma impávida mas incisiva Ana Lourenço, para uma serena e atenta Carla Moita

 ... ou, continuando apenas nas mulheres:

para uma tranquila mas certeira Clara de Sousa, e ainda para uma suave mas intransigente Paula Costa Simões.




Mas eis que vejo agora que a RTP a repescou mas, ó vã glória de mandar, ó tristes rasteiras do destino, já não para nenhum cargo de chefia, já não sequer para jornalista mas, tão só, para entertainer. Em vez do Malato, a Bocas Moura Guedes a apresentar um concurso, o Quem quer ser milionário


Fico sem saber bem o que dizer. Não posso esconder que sinto uma certa pena. A vida dá voltas…

Percebo que ela se aborreça de estar em casa, diz que jardinava, que fazia ginástica, que tinha um personal trainer que a ajudava a manter a forma, coisas assim: de facto muito pouca adrenalina para quem se alimentava dela. Acredito que a ânsia por sair de casa e voltar à pica de ter as câmaras à frente devia ser muita. Talvez isso justifique a decisão de ir apresentar um concurso na RTP.

Mas será que justifica mesmo? Não será isso uma forma triste demais de nos voltar a aparecer pela casa dentro? Não sei. Não sei mesmo.

Às tantas perdeu-se mas foi uma artista da rádio, TV, disco e da cassete pirata.


Foram cardos, foram prosas. 



Ou foram rosas e agora são cardos? É isso, não é...? Agora é chegado o tempo dos campos de cardos.



***

A ver se amanhã escrevo sobre a nossa Avenue, nomeadamente sobre o que se pode ver por lá.

Hoje fico-me por aqui e a ver se consigo ir a pé até à cama.

Resta-me desejar-vos, meus Queridos Leitores, uma bela quinta-feira!!!!!