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quarta-feira, dezembro 21, 2016

Casanova
(quem...?)





Quem é Casanova? 

(Não o Rogério mas o Giacomo)

Giacomo Girolamo Casanova (Veneza, 2 de abril de 1725 — Duchcov, Reino da Boémia, 4 de junho de 1798) foi um escritor e aventureiro italiano.

Interrompeu as duas carreiras profissionais que iniciou - a militar e a eclesiástica - e levou uma vida aventurada.

(...) Filho de uma atriz de 17 anos de idade e provavelmente do nobre Michele Grimani, proprietário do Teatro de San Samuele onde a sua mãe passou a actuar, Casanova teve uma vida apaixonante, tendo sido inicialmente orientado na sua educação para a vida eclesiástica.

Uma aura mágica envolve toda a sua vida de debochado, libertino, coleccionador de mulheres, escroque e conquistador empedernido que percorria os bordéis de Londres todas as noites para ter relações com mais de 60 meretrizes, aquele homem que conseguiu fugir das masmorras do Palácio Ducal de Veneza, com uma fuga rocambolesca pelos telhados do palácio, depois de estar prisioneiro durante 16 meses.

Tinha sido preso na madrugada de 26 de julho de 1755, sob a acusação de levar uma vida dissoluta, de possuir livros proibidos e de fazer propaganda antirreligiosa. Esperavam-no cinco anos de cativeiro. Na sua primeira cela minúscula, Casanova nem conseguia se erguer.

(....)

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Casanova não se movia pela alma feminina, mas sim pelo seu corpo. 

Não havia truques escondidos na conquista, pois o seu segredo estava precisamente na sinceridade do seu desejo. “Não é um sedutor, é um gozador. Ele gosta do prazer que lhes proporciona” escreveu Marceau a este respeito. 

Casanova também não fazia promessas nem quebrava corações: “…nunca contrai dívidas de alma, pois as suas relações são sempre leais, são simplesmente de ordem sexual e sensual. Ele não provoca nenhuma catástrofe, fez muitas mulheres felizes (…) todas saem intactas de uma aventura para voltar à vida quotidiana. Nenhuma delas se suicida nem se abandona ao desespero; o seu equilíbrio interior não é perturbado (…) Ele conquista sem destruir, seduz mas não desmoraliza.” defende Stan Zweig no livro "Casanova: a Study in Self Portraiture".


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quarta-feira, novembro 05, 2014

O paradoxo de John Malkovich. Casanova, Conde de Valmont, Lord Rochester, o sedutor que precisa de silêncio, o homem que recorda a dor como uma sombra ou como um vestígio a esbater-se, o perverso tranquilo que acha que o Porto é fisicamente deslumbrante e que Lisboa é luminosa, o homem com uma voz tremendamente envolvente.


No post abaixo transmiti a minha opinião sobre o aparente desacato da Merkel a propósito de Portugal ter licenciados a mais. Percebo-a. Quando firmo um acordo, também eu faço tudo para forçar o seu cumprimento. Mérito o dela, é o que me ocorre dizer perante a cambada de capachos que vendem Portugal e os Portugueses por dez réis de mel coado e ainda se deixam pisar como servos estúpidos.

Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra.




(Sobre o filme Casanova Variations que está prestes a estrear)


O que é que aprendeu?

Aprendi muito acerca do próprio Casanova que era o assunto da biografia dele ("Histoire de ma Vie"), embora ele tenha escrito de modo interessante acerca das viagens, das experiências, das pessoas, do século em que viveu. A sua autobiografia é uma grande leitura, e um registo muito interessante sobre o século XVIII. 
Ele pode ser engraçado... Tem uma memória fantástica para os detalhes, e expressa-se de um modo muito belo em muitas passagens.
Mesmo que, por hipótese, algumas situações nunca tenham acontecido, como alguns defendem, não se pode negar o interesse do que ele escreveu.

Aprendeu alguma coisa acerca da crueldade?

Não penso que ele fosse cruel.

E acerca do amor?

Não tenho a certeza de quanto é que cada um de nós pode saber acerca do amor. 
O que Casanova diz a propósito da dor é tremendamente certeiro.
Quando ele descreve o duelo ("O Duelo") que tem com o conde polaco conta como os dois ficam feridos e depois amigos. Esse episódio é recontado, de certa maneira, no filme, e o papel do conde é interpretado pelo grande tenor alemão Jonas Kaufman. Casanova diz que se lembra da dor no braço onde foi atingido, mas depois corrige [cita de cor]: "Ou melhor, lembro-me de que houve uma dor, um forte ferimento, como um clarão, um ferrão. Não conseguimos lembrar-nos da dor em si. Uma coisa natural é lembrarmo-nos de tudo relacionado com a dor que sentimos, mas a dor em si só pode ser recordada como a sua própria sombra, como um vestígio a esbater-se. A memória ilumina a maior dor com uma luz suportável. Do mesmo modo, não temos recordação da felicidade, apenas do seu reflexo".



Casanova Variations, por Michael Sturminger com John Malkovich


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(Sobre outra das suas várias facetas)


Começo a ficar curiosa acerca do tipo de direcção que dá aos actores.

Há um documentário, "Le Paradoxe de John Malkovich", sobre esse assunto. Vai passar em Portugal. Não lhes digo o que fazer e isso deixa-os loucos.



LE PARADOXE DE JOHN MALKOVICH 

um filme de Pierre-François Limbosch (França, 2014)




É um manipulador, como as suas personagens?

Não. Apenas não lhes digo o que fazer.

Porque não sabe ou porque espera ser surpreendido?

Adoro ser surpreendido. Sei o que quero, mas não sou eu que estou a interpretar. Que diferença faz eu saber ou não? Eles é que têm que saber. 
As pessoas não sabem as coisas apenas porque nós lhas dizemos. As pessoas sabem coisas quando emocional e intelectualmente as compreendem. Se lhe disser como conduzir aqui, você não sabe do que estou a falar. Saberá no momento em que estiver a conduzir aqui. Se disser aos meus filhos para não fazerem isto ou aquilo, eles não vão querer saber do que lhes digo. 
Porquê perder o fôlego? Tenho que deixá-los descobrir quem são as suas personagens, qual é a situação, o que é que aquela personagem sente... Consigo-o dando-lhes confiança, observando-os atentamente e dando-lhes atenção... 
Qual é a percentagem de realizadores que sabem o que é dirigir actores? Menos de cinco por cento! É muito raro encontrar algum que saiba. Eles não sabem nada. Sabem de filmes, de imagens, e podem saber um pouco sobre comportamento humano, mas não muito... Não sabem nada do que realmente significa construir uma performance passo a passo. Eu trabalhei com 78 ou 79 realizadores de cinema e poucos o sabiam.

Vejo algum paralelismo entre o cinema de Oliveira e a forma como fala, nesta conversa como nos filmes. Os longos silêncios, as pausas, o uso do tempo...

Sim, o que não se diz é tão importante como o que se diz. 
O silêncio é sempre muito importante, no cinema como no teatro. 
Não podemos cortar e colar tudo. Vou a um ginásio, não muito longe daqui, e não suporto a maior parte daqueles vídeos dos canais de música.... Cortam, cortam, cortam... São parvos de qualquer maneira. Aqueles vídeos estão editados como se todos tivessem transtorno do défice de atenção. Não tenho isso.

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(Sobre Portugal)


Foi Manoel de Oliveira que o levou a querer filmar no Porto?

Não. Tinha lá estado e pensei... o Porto é um lugar tão sonhador. Tem tanta beleza e ao mesmo tempo decadência e perda. Diria que é fisicamente deslumbrante.

Gosta mais de Lisboa ou do Porto?

Não consigo escolher. Gosto das duas cidades. São tão diferentes. 
Lisboa é tão luminosa, e o Porto não é luminoso, tem um núcleo de uma grande dureza. Há partes do Porto muito, muito bonitas, mas nelas não há luz. O Porto é o oposto da luz. Adoro essa natureza.

E porque é que ainda não se decidiu a mudar?

Para o Porto ou para Lisboa?

Qualquer um deles...

Oh, falamos nisso muitas vezes. Pode acontecer.

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O que acima se lê são excertos não sequenciais de uma invulgar entrevista que John Malkovich concedeu a Cristina Margato para o suplemento Actual do Expresso de 1 de Novembro de 2014. Está de parabéns a Cristina Margato: uma grande entrevista.



(As fotografias que aqui coloquei não são as que acompanham a entrevista. As primeiras duas são imagens do filme Casanova Variations e as restantes foram escolhidas a partir do vasto número de fotografias que os mais diversos fotógrafos têm feito dele.)

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Para finalizar - e porque a voz de Malkovich a dizer poesia é qualquer coisa - permitam que partilhe convosco:

A drowning swimmers dream - poema dito por John Malkovich 


(desconheço o autor do poema que aparece no filme Klimt, sobre Gustav Klimt)





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Relembro: se descerem até ao post seguinte, poderão ler a minha interpretação acerca da desagradável boca de Merkel sobre haver licenciados a mais em Portugal. E desculpem se não sou politicamente correcta mas não, não é na Merkel que eu bato.


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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa quarta-feira. 
Be happy.

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quarta-feira, novembro 13, 2013

E ali? No cantinho do muro? - Não. De pé não quero . . . . . . . . . . . . . . . . . [A química entre nós, aquela atracção quase magnética.]




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- E ali? No cantinho do muro?
- Não. De pé não quero.
Meio selvagem. Entre suspiros breves, gemidos fundos. Quase não fala - até hoje.
- Rapidinho, não quero. Seja uma vez só. Mas com tempo. Não de pé. Contra o muro.
(...)
- Quero te ver. Mais uma vez. Sei que dá em nada. Com vocês, homens. Faz o que quer. Depois nunca mais.
- Aí que se engana. Não eu.
- Te vejo sempre com outras. Sou novidade. Depois sem interesse. Só mais uma. Isso não me serve.
- Só depende de você. Mais que de mim.
- Agora eu vou.
Mil beijos loucos. As mãos duras por ali viajando.
- Te vejo de novo, baixinha.
- Qualquer dia. Qualquer hora. Sei lá.
- Estou sempre por aí.

[1]

Vê a ninfa
sair do bosque

Identidade intacta
como tem a rosa

O ruído e as palavras
tropeçam-lhe na língua

e no seu corpo desliza
o insaciável desejo

[2]



E no meio de tudo isso o amor em que explodíamos, um dentro do outro, na nossa cama de todos os dias e nas camas casuais de outros lugares.

A química entre nós, aquela atracção quase magnética.

Tínhamos modos de ser, sentir e pensar, estimulantes e compatíveis e, como pensei muitas vezes, também mentalmente éramos amantes.

Mas não posso negar que o corpo tinha uma sabedoria só dele e a cama era o lugar número um do mundo. Todos os amantes sabem disso.

Éramos felizes, achávamos, sem palavras. Queríamos continuar assim.

[3]


Pousa a mão
no chifre do Unicórnio

Descendo
os dedos em torno

Como 
se fosse...

A boca
do poço

A boca da face
A boca do corpo
[4]



Dois dias depois (...) vi-me frente a frente com o meu belo anjo.

Estava vestida de freira.

Como a nossa ternura recíproca nos fazia sentir igualmente culpados, imediatamente nos pusemos de joelhos um diante do outro. (...)

Como os perdões que tínhamos que pedir um ao outro não podiam explicar-se por palavras, consistiram apenas num dilúvio de beijos num sentido e no outro, cuja força sentíamos nas nossas almas apaixonadas, encantadas nesses momentos por não precisarem de linguagem diversa para explicar os seus desejos e a alegria que as inundava.

[5]




Seduziste-me
Senhora
e eu deixei-me seduzir

de bom grado

No sigilo de vosso
colo
na devassa de vosso espelho


[6]




Bom, afinal estávamos a ter um romance.

Não se tem destas conversas se não se está a ter um romance.

(Eu pelo menos pensei isso, não sei o que pensaram vocês).

E essa era mais uma razão para eu ficar triste. Com o romance vinham os equívocos. Os equívocos geralmente vinham antes do romance, quando nem sequer havia romance nenhum nem estava para haver, mas isso não impedia que houvesse equívocos associados ao romance.

Havia-os de certeza.

Foda-se.

[7]


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1 - Excerto de A Polaquinha de Dalton Trevisan
3 - Excerto de A Cidade de Ulisses de Teolinda Gersão
5 - Excerto de História da Minha Vida de Giacomo Casanova
7 - Excerto de Os Idiotas de Rui Ângelo Araújo

2, 4, 6 - Poemas de A Dama e o Unicórnio de Maria Teresa Horta


As fotografias foram obtidas na internet e não consegui detectar a sua proveniência original.

O vídeo mostra Elis Regina interpretando Me deixas louca


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A propósito: sobre a baixa de natalidade e o quão preocupante isso é, desçam por favor até ao post abaixo. 

(Espero que o post que acabaram de ler ajude, de alguma forma, a resolver o problema de que abaixo falo)

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa quarta feira!