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sábado, janeiro 15, 2022

António Costa e Cotrim de Figueiredo -- o debate.
[E, ainda, uma dúvida existencialista sobre um puto chamado Sebastião Bugalho que anda por aí a achar que ele é que é]

 

António Costa -- com uma grande segurança, com uma visão racional e realista, sabendo conjugar a ambição para um melhor país com as restrições objectivas e, ao mesmo tempo, com uma visão moderna e intergeracional, com uma preocupação virada para a juventude e para os seus desafios de futuro, dominando cada dossier, com todas as matérias na ponta da língua, não apenas as da sua área como as que constam no programa dos adversários. Uma vez mais, quase deixou o opositor desarmado parecendo conhecer melhor o programa do IL do que o próprio Cotrim. Como sempre, usou uma gravata verde.

Cotrim de Figueiredo -- mostrou presença, é bonito, penteia-se com estilo, veste bem. É utópico e irrealista mas é civilizado e, apesar de nervoso e de, por vezes, deixar perceber que estava a sentir que estava a perder o pé, manteve a urbanidade. Apresentou-se sem gravata (o que lhe fica muito bem)

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Entretanto, mal acabou o debate, arrancaram os debates nos balcões televisivos em que se serve comentário a copo. Convencidos que são eles, os comentadores, que têm o protagonismo e que são eles, os comentadores, que influenciam o sentido de voto dos eleitores, extraem frases do que ouviram tentando viralizá-las, interpretam silêncios, gestos e tons de voz mesmo os que existiram apenas na sua própria imaginação, distorcem, manipulam, vestem asas de anjinhos e pegam ao colo aqueles que protegem enquanto agouram e rogam pragas àqueles de que não gostam -- tudo sempre com o sorrisinho dos iluminados. 

Há muitos, a toda a hora, por todo o lado. Cá em casa fugimos dessa praga a sete pés. Felizmente, nem precisamos de pôr máscara ou lançar desinfectante, basta mudarmos de canal ou desligarmos a televisão. Mas, de vez em quando, sem querer passamos por eles e, nesse ínterim, damo-nos conta que algumas dessas aves raras estão por lá a pregar. Obviamente não me refiro à rainha das arrogantes descabeladas, Clara Ferreira Alves de seu nome, nem a tantos outros e outras que por aí andam a calejar o rabo enquanto nos tentam vender a sua rançosa banha da cobra. Esses de raro já não têm nada. Já nos cansam com a sua presença há séculos. Refiro-me a um que nos causa espécie e aversão, um puto que dá pelo nome de Sebastião Bugalho. Com o sorriso arrogante tão típico dos ignorantes e dos parvos dá-nos a entender que, se o não é, parece-o. É que não é apenas o sorriso, é, sobretudo, o que diz. Mostrando ser de direita -- mas daquela direita relha e revelha, uma direita conservadora, reaccionária e mumificada -- o puto vira do avesso o que se passou e sistematicamente dá a vitória àqueles que encaixam no seu espectro e a decreta derrota aos que não encaixam. Nada do que diz tem a ver com o que se passou na realidade. Convencido que pode tudo, não quer saber de rigor nem de respeito por quem o ouve. 

Agora uma coisa se pergunta: pela cabeça de quem passa ter ali um puto daqueles a comentar o que quer que seja? Não dá para perceber. Deveria era estar ainda em casa a receber educação da mãe (ai Patrícia Reis...), levando até uns bons tabefes de cada vez que fosse mentiroso ou desrespeitador.  .

Ainda há bocado o Der Terrorist manifestava a mesma dúvida: Um puto palerma levado ao colo para a mesa dos adultos, vá-se lá saber por quem e porquê.

Santa paciência. Santíssima paciência. 

Por onde paira o Jornalismo?

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Tirando isso, para já mais nada

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Desejo-vos um belo sábado

Ar livre. Saúde. Alegria. Boa sorte.

quarta-feira, outubro 27, 2021

A Catarina Martins, quase em lágrimas, quase implorou a Costa que a impeça de votar contra o OE.
O coração do PCP balança: não sabe se trame os portugueses ou se esqueça os comunas da linha dura.
Rui Rio porta-se como um alienado e nada do que diz pode ser levado a sério.
O CDS está à beira da estrada a ver se alguém os leva a dar uma voltinha,
O Ventura mostra, uma vez mais, que está aqui apenas para atirar foguetes.
O Cotrim, perante tudo isto, mostrou como é que deve vestir-se um deputado.
A Inês mostrou que o PAN pode não ser muito para se levar a sério mas que a ela devemos prestar atenção.

O título foi longo e poderia ficar-me por aí. Mas, como sou extrovertida, aproveito para responder a alguns comentários e mails e, de caminho, para acrescentar uns pontinhos.

Acredito que o Orçamento ainda pode ter pernas para andar. Convém termos presente aquela coisa da estupidez: a estupidez é uma burrice sem beneficiários. Ora, se a estupidez ainda não se materializou, ou seja, se a votação ainda não ocorreu, ainda pode acontecer que os que se meteram nisto armados em leões percebam que o melhor é saírem de fininho. Entrada de leão, saída de sendeiro. Melhor isso do que se atirarem da ribanceira abaixo.

Talvez recuem percebendo que não iam apenas prejudicar os portugueses em geral (coisa para a qual se estão a marimbar) como se iriam prejudicar a eles próprios. Talvez o PCP e o BE percebam que perderam a noção da realidade ao pretenderem que o governo altere a sua linha governativa legitimada pela votação obtida nas últimas legislativas para governar de acordo com a vontade deles que tiveram 6% e 9%. Talvez tenham um lampejo de lucidez e percebam que os 36% de eleitores do PS não querem ser governados segundo as suas arrogantes imposições. Talvez percebam que são pequenos e, em trajectória descendente, cada vez mais pequenos. Talvez percebam que, se voltam a trair a confiança dos poucos que ainda votam neles, então mais vale dedicarem-se à pesca ou a outra coisa qualquer. 

Ou pode acontecer que, num derradeiro acto de misericórdia, o Costa lhes atire um peanut qualquer para eles, perante os seus fiéis, poderem fingir que ganharam alguma coisa.

Depois de ter visto as imagens do Parlamento, com a bancada do Bloco de Esquerda toda tef-tef, margarida, desorientadas, e a própria Catarina, com ar aterrado, quase a chorar, a pedir que o Costa lhe pegue ao colo ou, pelo menos, lhe dê a mão, acredito que, pelo menos, o Bloco já percebeu que fez porcaria (só que agora não sabe como sair do beco em que se enfiou). 

Quanto ao PCP, acredito que o coração deles balança. Por um lado, a linha mais racional quer ter uma atitude responsável mas, por outro, a linha dura, a linha que gosta de manifs e punho erguido, quer é ter motivos para o protesto e, para isso, têm os portugueses que estar a ser bem lixados. Portanto, a ver o que o Jerónimo vai fazer: se opta por satisfazer os comunas de linha dura ou se opta por querer o bem dos portugueses.

Mas também acredito numa coisa. Se por uma bizarra convergência de burrices, houver mesmo eleições antecipadas, acredito que 

  • o PS ver-se-á reforçado já que nisto tudo é quem, a par do PAN, tem mostrado ter cabeça e sentido de responsabilidade;

  • o PSD levará uma tareia das valentes, ainda por cima destrambelhados como andam ;
  • o PCP e o BE, obviamente, levarão um valente chega para lá pois ninguém gosta de irresponsáveis, arrogantes e gente que se porta de forma estúpida;
  • o CDS quase desaparecerá do mapa; 
  • a IL talvez se aguente pois o Cotrim, para além de ter pinta e de se saber vestir, é elegante e educado;

  • o Chega deve subir, repescando os distraídos, os manipuláveis, os desiludidos e os destituídos que assim se juntarão aos desinformados, aos ignorantes, aos arruaceiros e aos patifes que já lá estão. 

Portanto, acreditando que, a haver eleições, o PS sairá reforçado, a verdade é que não me agrada nem um bocadinho que, em vez de haver uma oposição construtiva e responsável, se tenha apenas um bando de gente desorquestrada e de um Chega perigosamente circulando com via verde para fazer a porcaria que quiser.

Quanto ao Marcelo, ele sabe bem que, se houver eleições antecipadas, o seu nome ficará ligado ao reforço do PS, ao estilhaçar dos partidos à esquerda e à direita do PS bem como à ascensão do Chega. E o que se seguirá poderá não ser bonito de se ver. 

E essa não é, seguramente, a forma como quererá ser recordado. Marcelo sabe bem que a memória das pessoas é curta. Os últimos tempos do seu mandato facilmente apagarão os seus áureos tempos pré-pandemia, o tempo dos afectos, das selfies e dos beijinhos. 

Por isso, pode muito bem acontecer que esteja a pôr toda a sua habilidade de experiente jogador político ao serviço da aritmética que pode garantir pelo menos mais um ano de governação estável.

E depois há aquilo em que parece que ninguém antes tinha pensado e que pode ser saída para se seguir em frente. Em frente mas com uns a irem ao charco e outros enfiados num saco de gatos. Em frente mas com os comentadores todos em histeria, todos a terem epifanias -- uma coisa também muito difícil de suportar. 

Enfim, vamos esperar que, fruto de interpretações regulamentares, habilidades alheias ou arrependimentos próprios, haja quem, à última hora, consiga que não se perca tempo com frivolidades e que, pelo contrário, possamos concentrar-nos no que é necessário (desenvolver-nos, por exemplo).

E agora vou pensar noutra coisa para não cansar a minha beleza.