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quarta-feira, fevereiro 14, 2018

Pop-up





Não brinquei ao Carnaval. Só há pouco, ao ver o noticiário, reparei que as ruas de muitas terras se encheram de caretos, caraças, carantonhas, matrafonas e baianas.

Quando eu era miúda mascarava-me sempre. Eu e amigas e amigos brincávamos ao entrudo e entronchávamo-nos com roupas velhas que as mães punham à nossa disposição. E andávamos pelas ruas a rir e a fazer barulho (supostamente a pregar sustos a quem passava). Era um bairro de moradias e, ao tempo, o trânsito não era um perigo.

Penso que era por essa altura que faziam um boneco gigante, julgo que fariam a roupa e a enchiam talvez de papéis velhos ou de trapos. Tenho ideia que o suspendiam numa cruz e a cegada acabava com o homem-entrudo a arder. Festejos pagãos, acho eu. [Podia agora ir pesquisar para ver se há fundo religioso nisto. Talvez. Ocorre-me que talvez fosse a figura do Judas. Whatever]

Quando já mais crescida, adolescente ou jovem adulta, passei a ir a 'assaltos'. Mascarávamo-nos, então, mais a sério e havia festa rija e bailarico. Mais tarde, era um primo do meu marido que se pelava por forrobodós que passou a organizá-los em sua casa. A coisa dava-se na cave da sua moradia e era coisa a preceito. Ninguém devia ser identificável. Era bem divertido. Aparecia muita gente e, até tarde na noite, não sabíamos quem era quem. Durava até alta madrugada.

O bocado de tronco do meu pinheiro caído de que ontem vos falei.
Parece que, com o tempo, tem vindo a adquirir feições humanas
e está sempre com florzinhas ou ervinhas


Passei depois para ser a mãe de meninos que se mascaravam. Na altura havia quem alugasse fatos para crianças, mas eu nunca aluguei. Não só não sabia se aquilo estava limpo como me parecia piroso. Então, entre mim e a minha mãe, improvisávamos alguns disfarces para os miúdos levarem para a escola. A minha filha teria preferido ir de dama antiga ou espanhola como via algumas colegas mas nunca consegui vencer aquela minha barreira e, portanto, nunca consegui dar-lhe essa alegria. O meu filho não apreciava grandemente ir mascarado pelo que julgo que até apreciava que eu não o pusesse disfarçado de qualquer coisa que o fizesse sentir envergonhado. 

Contudo, já adolescente, lembro-me de o ver de personagem de Braveheart, kilt, cabeleira ruiva. Por essa altura, foi a minha filha que se tornou mais avessa a mascaradas.

Agora são os pimentinhas. No outro dia estava ela de espanhola, linda, mas, como sempre, superior, sem dar confiança, como se fosse normal andar assim, cheia de folhos, com flores no cabelo, toda maquilhada. O primo que é quase da idade dela estava de ladrão, todo vestido de preto e um passa-montanhas também preto que lhe deixava apenas os olhos de fora. Os outros dois rapazes vestiram-se de futebolistas pelo que o disfarce era relativo. O bebé estava apenas com um laço encarnado brilhante a fazer de papillon.


Mas pronto, aqui enfronhados nas nossas labutas, nem nos lembrámos do Carnaval. O mato e ramagens que debulhei, os montes que esmifrei para mais facilmente caberem no bidão... De novo, até de noite. O meu marido serrou ramos e ramos pois não queremos ramagens a roçar o chão porque acabam misturados com o mato. E queimou e queimou. Uma luta. Não é que o terreno seja infinito. Não é. As fotografias talvez induzam em erro ou as minhas palavras também. Não é daqueles latifúndios de que nem se sabe bem onde estão as extremas. Conheço pessoas que têm propriedades com largas centenas de hectares. Coisa a perder de vista, com barragens, habitação dos caseiros, caminhos largos, criação de animais, casas de hóspedes. Não é nem de longe nem de perto o nosso caso. Tem um tamanho bastante comportável e de tal forma que somos nós mesmos que tratamos dele. A questão é que tudo nele desatou a crescer desabaladamente. E por cada coisa que se serre há que transportá-la, cortá-la em bocados mais pequenos, queimá-la. Muito trabalho e um trabalho pesado. Pelo menos, para quem, como nós, não nasceu nestes meios nem está grandemente habituado a trabalhos braçais de sol a sol.


Do lado de lá da serventia e, portanto fora da vedação, há mais um bocado de terreno, coisa para pouco mais de mil metros quadrados e, do que me lembro, com uma bela vista. Mato pegado. Apesar de ser um bocado pequeno tem tal mato cerrado, árvores e moitas pegadas, que nós dois não conseguimos dar conta daquilo. Se tivessemos mais tempo, talvez. Mas só temos fins-de-semana minúsculos ou uns dois ou três dias de férias que, raramente, conseguimos enxertar no meio da vida na cidade. O vizinho do fim da rua veio ver. Estava muito admirado pois não lhe passava pela cabeça que aquele terrenozito também nos pertence. E logo ele que sabe tudo. Diz que tem um amigo que tem um tractor pequeno que pode vir cortar o mato. Salvaguardei que as árvores não e ele garantiu que aquela máquina pode poupar as árvores. E logo ali ligou para o outro, para ele vir avaliar e combinar connosco quando pode cá vir. Aí gostava eu de fazer uma casinha na árvore. A tal casinha. O meu marido tenta cortar-me a imaginação: 'Não inventes. Pára. Não estejas sempre com ideias'. Calo-me, portanto. Mas fico a imaginar uma escada de madeira a subir para uma casinha na alturas. Os meninos haveriam de adorar.


Bem. Com isto, como têm podido constatar, ando fora da actualidade. Não tenho assunto. Chego aqui à noite, salamandra a fazer quentinhos bons nesta saleta em que vemos a televisão, agora a beber um chá quentinho, a descansar. Estive a ver o programa do MEC com o Bruno Nogueira. Antes tinha estado a ver os vídeos que o YouTube tinha para me sugerir. E, uma vez mais, tinha alguns que mereceram o meu agrado. Partilho convosco este aqui abaixo, muito interessante. Há pessoas que se dedicam a actividades inesperadas. Há qualquer coisa de artístico e de oficinal nisto. Estava a ver e a pensar que eram origamis mas, afinal, são pop-ups. Há tantas maneiras boas para ocupar o tempo. E felizes aqueles que descobrem o que os deixa felizes. Pode ser cortar mato, escrever, fazer bolos, compor, pintar, fazer pop-ups, tanto faz.
Agora estou a ver um programa extraordinário na RTP 2 sobre falsários, pintores que fazem falsificações perfeitas. Agora Guy Ribes está a fazer um Matisse. É honesto na forma como fala, gosta do que faz e tem genuína admiração pelos pintores que falsifica. Interessante. Tenho visto bons programas na 2. 
Mas, enfim, não importa o quê. Bom mesmo é a gente sentir-se motivado e feliz da vida.


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O momento mágico em que o papel ganha vida -- segundo o autor, Peter Dahmen


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Como ontem e antes de ontem, as fotografias que aqui mostro foram feitas in heaven.

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sexta-feira, outubro 30, 2015

No dia da tomada de posse do novo e breve Governo de Passos Coelho, fico a pensar: Ora bolas, este governo de perna curta não vai ter tempo de dar mais nenhuma ajudinha aos banqueiros... Que pena!
Aos banqueiros, disse eu? Ou deveria ter dito aos banksters?
E o Carlos Costa (aquele que, numa escala de 0 a 10, teria uma nota de 8 ou 9 -- já que o 10 está reservado ao Diabo)? Vai continuar, na boazinha, no BdP?
Pergunto, só pergunto...


Nesta sexta-feira vamos ter uma rábula das boas. Um grupo de artistas vai fazer de conta que vai fazer um governo e um presidente da república vai fazer de compère, alinhando na paródia. Uma tomada de posse surrealista. Nem sei bem como deve a gente conviver com este número circense:
  • Assobiar para o lado e fingir que não vê, para não se rir? 
  • Por caridade, disfarçar que não percebe que aquela gente parece tonta? 
  • Aconselhar aqueles tristes a ir para casa pelo seu pé e, de carrinho, levarem o cavaco ao colo?

Não sei. 

O que sei é que, nos últimos dias, esta gente tem andado numa lufa-lufa criando cargos, nomeando gente e gente e gente e já lá vão mais de cem, e que, para cúmulo, o perspicaz Carlos Costa (o do Banco de Portugal, não o da Quinta das Celebridades) acaba de escolher o 007 das privatizações, o ágil Sérgio Monteiro, para ver se despacha o Novo Banco. Nem mais. Ou seja, com esta gente, até ao lavar dos cestos é vindima.


Sob o diáfano manto da protecção lapariana, Carlos Costa mostrou até que ponto pode chegar a nulidade na regulação bancária. Vejamos até quando vai ter carta branca para continuar de olhinhos bem fechados quando conveniente ou a carregar no acelerador quando a conveniência puxar noutro sentido.

(Parece a República das Bananas, isto. Ou melhor: dos bananas).

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Permitam-me agora recurar uns anitos.

Um país inteiro fica, sem saber bem como, à mercê dos mercados, vê os juros dispararem à bruta, fica toda a gente assustada, de repente a dívida fica descontrolada, é preciso mais dinheiro e, para o ir buscar, só pagando a peso de ouro. Os bancos aflitos com medo de já não poderem vir buscar o deles, e os juros upa-upa, e toda a gente a pedir o pescoço do primeiro-ministro de então e a implorar um resgate. E então junta-se o FMI, o BCE e mais uns trouxazitos burocráticos e vêm por aí, de pasta na mão, a pôr e a dispor enquanto se apressam a arranjar maneira dos bancos alemães e franceses tirarem de cá o deles. Em Portugal isto passou-se em 2011, era Sócrates primeiro-ministro que foi derrubado e passou a mandar Passos Coelho, o Pedro abridor de portas, o facilitador, aquele que quis ir além da troika. A partir daí foi o que foi, acompanhado de uma campanha permanente para que os portugueses, sempre mansinhos, pensassem que a culpa tinha sido deles, que tinham comprado televisões a mais.

Pois bem, acabo de ler uma notícia espantosa.

Peter Boone: O doutorado de Harvard que manipulou dívida portuguesa



Um ganho de 820 mil euros com a venda a descoberto de dívida pública portuguesa. Este terá sido o factor que fez soar os alarmes da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), e que, sabe o Negócios, levou à participação pelo regulador ao Ministério Público. Em causa está Peter Boone, economista reconhecido internacionalmente, que terá escrito vários artigos de opinião, influenciando negativamente os juros da dívida portuguesa. O Ministério Público quer agora, por isso, que seja julgado por manipulação do mercado.
"O Ministério Público requereu o julgamento de um arguido de nacionalidade canadiana e residente em Londres, pela prática do crime de manipulação de mercado, tendo por objecto a desvalorização das obrigações do tesouro portuguesas", informou a Procuradoria-Geral da Distrital de Lisboa, em comunicado publicado na quinta-feira, 29 de Outubro, no próprio site. O Negócios sabe que em causa está Peter Boone, economista doutorado na Universidade de Harvard e autor de vários artigos de opinião.
(...) O Negócios sabe que a denúncia partiu da CMVM em 2012, sendo que o regulador foi contactado como perito durante toda a investigação. "O próximo problema mundial: Portugal" é o título do artigo mais polémico, que escreveu com Simon Johnson, em Abril de 2010, no blog Economix do jornal The New York Times. Os autores apontavam os problemas da dívida pública portuguesa e defendiam que o país iria seguir o caminho da Grécia, pedindo um regaste internacional.
Tal foi o alcance do artigo que o então ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, chegou a pronunciar-se. (...)
Certo é que, logo após a publicação do artigo, a taxa de juro das obrigações portuguesas a 10 anos iniciou uma subida vertiginosa. Passou de 4,395% para um máximo de 6,285%, a 7 de Maio. Um desempenho originado pela queda do preço das obrigações, com a qual Peter Boone terá alcançado uma mais-valia de 819.099,82 euros graças a uma posição curta, diz o comunicado da Procuradoria. (...)


Gente fina esta que tão facilmente consegue despoletar uma situação em que, na maior facilidade, se leva um país a ficar de joelhos. Esteve bem a CMVM, mas é tudo tão lento que bem pode um sujeito destes dar cabo de um país que apenas 4 ou 5 anos depois se vê a contas com a justiça, numa altura em que os danos causados já são irreparáveis.

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Pois, nem de propósito, acabo de receber de leitor, a quem muito agradeço, um vídeo onde o autor do livro Banksters, Uma viagem ao submundo dos banqueiros (banker + gangster), Marc Roche, se pronuncia sobre Ricardo Salgado, Carlos Costa, Cavaco Silva e por aí vai.

O vídeo não é de agora, agora, mas é actualíssimo, especialmente numa altura em que se temem novos sobressaltos na banca portuguesa. Transcrevo parte da notícia que, por altura da sua vinda cá, também concedeu ao Expresso.

O caso Espírito Santo tinha todos os ingredientes de um desastre, precisamente os mesmos que Marc Roche, escritor belga radicado em Londres, viu no estoiro do Lehman Brothers em 2008. Foi esse choque que o motivou a desvendar os meandros dos seus "amigos" capitalistas financeiros. Para isso, escreveu "Banksters". 
(...) Só que, com o caso BES, o correspondente em Londres em assuntos financeiros para os jornais "Le Point" e "Le Soir", e até há pouco tempo para o "Le Monde", já não ficou admirado. Na Introdução para a edição portuguesa escreve que, no caso BES, a família de banqueiros com apelidos tão católicos cometeu seis dos sete pecados capitais bíblicos da finança - "opacidade das contas, cupidez, evasão fiscal, subtração à regulamentação, impunidade e orgulho". O verdadeiro choque teve-o há sete anos, o que o tornou um "desiludido do capitalismo", um "liberal que duvida", um "prosélito do capitalismo em crise de fé", como escreve no livro. (...)

Ricardo Salgado, um gangster de fazer inveja 



E, vendo o vídeo, lembrei-me de um outro que já antes aqui divulguei e que é interessantíssimo:

"O Banqueiro" poema de Craig-James Moncur, dito por Mike Daviot.



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Os origamis são feitos por Cristian Marianciuc

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No post abaixo falo dos símbolos que exprimem emoções e mostro dois vídeos, um mais para o doce e outro mais para o picante. Espero que gostem pelo menos de um deles.