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domingo, junho 05, 2016

Sobre os deuses, sobre os gatos, sobre a arte, sobre os ETs. sobre os pequenos seres que somos nós
Ao som de Blues and Ballads


No outro dia passei pelo lugar que abaixo se vê e fotografei aquela parede ao fundo. Eram, então, apenas riscos pretos. Um traço de tinta que se agigantava em negro sobre a parede branca. Gostei.

Hoje percebi que o pintor tinha apenas desenhado os contornos. Mas sabe quem já alguma vez se deu à liberdade de pegar num pincel e com ele cruzar uma superfície em branco, o prazer que é desenhar movimentos que correspondem a algo que apenas vai existir a partir daquele momento. O movimento do braço a desenhar os contornos é o verdadeiro momento de felicidade, o momento iniciático. Eu não sabia que eram contornos, gostei mesmo assim, mas hoje, ao ver o produto final, fiquei maravilhada, como se do céu tivesse caído uma liana azul, e nela tivesse pousado uma cereja gigante que logo tivesse atraído um insecto guloso e igualmente gigante.







Não há opiniões unânimes nem gostos coincidentes e, portanto, aceito como natural que alguém olhe esta pintura e ache que o autor sujou a parede ou que fez uma coisa sem graça. A mim agrada-me imenso. Gosto de arte e acho que uma das formas mais nobres e generosas de fazer arte é fazer arte de rua, disponível para quem passa.

E sei que ao designar isto como arte também não obterei concordância total pois o que é ou não arte é daquelas questões sobre as quais muita gente, e gente preparada para o fazer, fala, escreve, reflecte mas em que, naturalmente, não há consenso possível. A história de um par de óculos que um adolescente deixou no chão do museu só para observar as reacções dos visitantes correu mundo. A maioria achou que os óculos eram uma peça de arte.

Já em tempos aqui contei sobre aquela vez em que os meus filhos, no Guggenheim de Bilbao, comeram um bocado de uma obra de arte. Bizarro.

Enfim. Por mim, o critério é simples: é arte aquilo que eu acho que é arte. Ponto.

Claro que há construções de uma beleza notável; beleza e delicadeza, elegância, harmonia. Mas, se ninguém as fez, se se fizeram a elas próprias, não são arte. São milagres da natureza.


E, depois, quem somos nós -- ou, em particular, eu -- para colocar carimbos: isto é arte - isto não é arte?

Li que, em breve (dentro de, o mais tardar, 20 ou 30 anos), os cientistas estarão em condições de comprovar a existência de vida noutros planetas. Podem ser apenas bactérias ou pode ser vida inteligente. O que somos nós, pequenos e indefesos pequenos seres habitando a superfície de um pequeno planeta perdido no vasto e desconhecido universo, para podermos classificar de forma definitiva questões que se prendem com aprecisções pessoais?

Por isso, por tudo isso, de que tipo de superioridade pode alguém arvorar-se para decretar, de forma pretensamente definitiva e estupidamente arrogante, quem é que cumpre ou não mínimos olímpicos para estar à altura de compreender ou deixar de compreender ou apreciar ou deixar de apreciar o que quer que seja? Só mesmo pessoas desprovidas de inteligência (racional e emocional) é que podem julgar-se ungidos com dons que apenas os deuses, esses seres inexistentes, poderão possuir.


Deuses -- como os espíritos que há quem julgue habitar o corpo dos gatos. Esta manhã, invejei a deusa dolente que, ao sol -- sob um céu muito azul e junto a um rio que cheira a mar -- se limitava a sentir o sol, de olhos fechados, apenas os abrindo de quando em vez e logo voltando a fechá-los pois a realidade não lhe devia parecer mais interessante do que os seus suaves sonhos brancos.

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As fotografias foram feitas este sábado entre a Casa da Cerca e o Ginjal

Lá em cima, o Brad Mehldau Trio interpreta "Little Person" de Jon Brion do album Blues and Ballads que um Leitor, a quem muito agradeço, me enviou. Um som magnífico. Tenho estado a ouvir e estou encantada.
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Já cá volto com uma reportagem fotográfica sobre a Feira do Livro. E já vos mostro os livros que trouxe.
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E aceitem, por favor, o meu convite e desçam até a um vídeo que a mim me incomoda um bocado. É a malta da Porta dos Fundos a brincar, uma vez mais, com a Igreja. Mas que a história possa um dia deixar de ser ficção não é cenário que devamos afastar em absoluto.

segunda-feira, março 21, 2016

As musas inspiradoras


Ora bem, vamos lá para o terceiro post da noite. Quando começo, estou sempre imbuída dos mais nobres propósitos de contenção -- que vou escrever apenas meia dúzia de linhas, que não me vou deixar desviar do foco da questão, que não vos vou maçar e etc. Afinal distraio-me, ponho-me aqui como se estivesse na conversa, deixo-me levar para caminhos laterais. Vocês aí tão caladinhos e eu aqui feita tagarela, que coisa feia.

Mas, portanto, a ver se agora isto vai certinho, direitinho. Se no post abaixo já vos mostrei um pouco dos jardins e da vista da Casa da Cerca, agora vou mostrar-vos um pouco da exposição que está no edifício principal: Musas Inspiradoras.




O que significa ter inspiração? De onde vem? Como a conseguir? Como a manter?


É um tema que me interessa muito. Gosto de perceber o que inspira os criativos ou quais os mecanismos que levam a que uma pessoa ou uma coisa toquem as cordas que fazem nascer, em alguém, palavras, músicas, pinturas, cores, movimentos, sonhos.
Eu própria gosto de perceber o que, em mim, que sou nada como criadora, me leva a querer aqui falar disto ou daquilo ou, quando pinto ou fotografo, o que me leva a escolher este ou aquele motivo. Gosto de perceber mas a verdade é que nunca cheguei a nenhuma conclusão. 
Sei apenas que o que, geralmente, me interessa é o que é diferente ou insolente ou belo.
Também vos digo -- e que não pensem que estou vaidosa por isso, porque não estou -- que sei o que é ser fonte de inspiração para alguém. Contudo, mais do que musa, sinto que o mais correcto será considerar-me allumeuse, porque inacessível.
Quem se deixa inspirar por alguém, frequentemente quer ter, para si, a sua musa, quer senti-la sua, tomá-la entre os braços. Por isso, digamos que sempre fui mais de 'iluminar' à distância do que ser uma musa presente na vida de quem, por mim, escreveu palavras ou músicas. Para mim, sempre foi um peso que não quis suportar, o de ser quase a razão de ser da vida de outra pessoa. Sempre preferi ser como um pássaro que voa, livre. E quem quiser que o olhe, pinte, invente músicas. 
Que eu ou o pássaro, logo que nos apetecer, vamos voar talvez para nunca mais voltarmos. Ou talvez voltemos. Nenhum de nós o sabe. 
-- E isto é o que sempre gostei de pensar.

Mas a inspiração de um criador não é forçosamente uma outra pessoa: pode ser uma luz, uma sombra, uma música, uma paisagem, uma palavra, um sentimento, uma dúvida, uma provocação, um desejo, uma aragem na saia de uma mulher, um sorriso inconfessável no rosto de um homem, um susto exclamativo, um medo silencioso, um jardim secreto, um labirinto inventado, um gato azul, uma rosa transparente, uma casa abandonada, um sussurro, um poema dito, umas mãos que se querem tocar, uma escultura inesperada, uma luz branca tombada sobre um rio, um desafio que se sente latente, o respirar de alguém aí desse lado.


Sou ávida consumidora de literatura, de pintura, de música. De tudo me aproximo como amadora, como leiga, como criança inocente. Não quero conhecer a obra, a técnica. Apenas quero extasiar-me como alguém que vê ou ouve pela primeira vez. Sou também ávida consumidora de palavras de quem sabe transformar a inspiração em obra e aprecio sobretudo que a surpresa do que dizem me apanhe desprevenida.

A blogosfera é meio fértil: circulando por aqui deparo-me com textos perfeitos, com fotografias inesperadas, com alusão a filmes que ignorava. E conheço músicas que de outra forma não conheceria. É um meio muito rico, de onde se sai mais sabedor, mais atento.

Contudo, é óbvio que há também muita, muita coisa, que não interessa. Há que mondar. Afasto-me do que é vulgar, fútil, eco do eco do eco, mediania emproada. Mas atraem-me as frases elegantes, as ideias insólitas, as confissões emocionadas, atrai-me a húbris descarada quando tem a marca do talento, sinto-me devedora de agradecimento perante textos depurados, sentimentos expressos na sua forma essencial, sentimentos puros como gotas raras de óleos perfumados.


A exposição Musas Inspiradoras tem obras que pouco me dizem e tem outras bastante interessantes. Mas é assim mesmo e é dos contrastes que nascem as nossas opções. Mas, para além das obras expostas, há também o edifício em si que é notável. É um lugar de serenidade e contemplação. 

Como quase todos os belos lugares onde a arte é posta à disposição dos portugueses, eles não querem saber. Não paguei nada, não sei se por ser domingo ou se é sempre assim. O que sei é que, enquanto aqui estivemos, nós dois éramos as únicas pessoas que aqui andavam. Custa a perceber isto. No entanto, a sensação de visitar um espaço destes em silêncio e sossego não tem preço. Se pensar de forma egoísta, reconheço que prefiro assim. Mas, se me deixar de egocentrismos, tenho pena. Lugares destes deveriam ser usufruídos com assiduidade e devoção.


E depois, para além, do edifício em si, há ainda a vista que dele se tem. Magnífica. Dali se vêem os jardins, o Tejo, as pontes, Lisboa, o azul, a luz. É um lugar, só por si, inspirador.


E eu estou a escrever isto, tentando manter-me fiel à minha determinação de me conter, de não desatar a escrever mais um lençol mas, ao mesmo tempo, desejando partir para a evocação de artistas e suas musas ou de provocadores que gostam de causar espasmos de aflição nos críticos de arte que tentam encontrar explicação para o que é inexplicável. Mas vou deixar isso para outro dia.

Hoje fico-me mesmo por aqui, sugerindo aos que puderem que vão visitar a Casa da Cerca e o seu grande e belo jardim. E digo-vos, ainda, que as laranjeiras do pátio de entrada estão floridas. O perfume das suas flores é intenso, maravilhoso. E os bolinhos que se podem comer na esplanada enquanto se vê a bela paisagem também têm que se lhes diga.

E é tudo, por agora.
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A música é daquelas que a mim me inspira: "Blessed is the Man" que é parte de: Vespers Op. 37 de Sergei Rachmaninov, numa interpretação a cargo de Mikhail Ivanovich Glinka Choir.

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E deixem que vos recorde que, no post abaixo, falo do referido jardim e da paisagem que dele se avista e, no outro a seguir, mostro parte da vista da minha janela e enuncio as receitas do que fiz para o jantar.

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A beleza do jardim da Casa da Cerca




Como já contei no post abaixo, não consigo ficar fechada em casa durante muito tempo. Pior: não consigo suportar que o dia não contenha um espaço ou um momento que eu ache que, só por isso, já valeu a pena. Eu sei que tenho companhia e suporte e meios para poder ir atrás do que me apetece e que muita gente também gostava de poder mas não pode. Mas, mesmo sem companhia e mesmo a pé, o que não falta são lugares onde se pode ir à procura de alguma beleza.

No entanto, ao escrever isto penso nas mulheres que vivem fora das grandes cidades. Quando no outro dia estive em Moura, uma coisa me surpreendeu: nos cafés só vi homens e à porta de alguns, nos passeios ou no largo, vi grupos também só de homens. Agora em Arouca, em alguns cafés e também à porta, o que vi foram sobretudo homens. Habituada que estou às grandes cidades, não me ocorre que ainda há terras onde pode haver alguma segregação ou que as mulheres que se afoitem, sozinhas, a passear ou a sentarem-se sozinhas num café se sintam olhadas.
Mas o que digo é que se sentirem olhadas pois azarinho, que olhem. Daí não deve passar e, com o tempo, os que olham acabarão por se habituar. Não vão vocês, Caras Leitoras nestas condições, sacrificar o que vos apetece fazer em nome de nada que valha a pena. Mas, enfim, isto sou eu a dizer. Sei que, como disse no outro dia o Fernando Lopes, nas terras pequenas é toda uma outra vida.  Eu, por exemplo, se vou ao restaurante ao fim de semana ou em férias, vou completamente à vontade, vestida na maior informalidade, jeans, ténis, cabelo apanhado. Pois, e agora só para falar dos dois casos mais recentes, se vou ao restaurante ao fim de semana numa terra como Moura ou Arouca, surpreendo-me por ver como as pessoas vão vestidas e penteadas quase como se fossem para um casamento. São vivências, hábitos, rituais que só quem lá vive os percebe e compreendo que eu, que tenho uma outra experiência de vida, possa aqui falar sem saber que nada disto é válido noutras circunstâncias. Que me perdoem, nesse caso. Mas que não se resignem a viver como nos primórdios do século passado.
Bem, teorias à parte, estava carente de sair para o ar livre, fotografar, espairecer.


E, portanto, com o meu compagnon de route sempre a tentar que eu me torne ajuizada e prudente mas sem ter sorte nenhuma, lá fomos, eu sem as guletas, meia coxa mas já bem melhor e a sentir-me como se fosse de férias, apesar de ser para um passeio de pouco mais de uma hora. Fomos de carro, bem entendido, e só lá andei a pé.

Dizia eu, em minha defesa, que, tendo entrado na Primavera, nem me sentia bem por não ir ver em que param as modas nos jardins. E se estão bonitas as flores e as paisagens cobertas por esta luz tímida que começa a aventurar-se agora que março já vai subido.

A Casa da Cerca foi o nosso destino. É um lugar muito belo, com uma vista majestosa, e em cujo edifício há, geralmente, exposições. Tem também um café com esplanada, um lugar muito agradável e onde há bolinhos mesmo muito bons. Hoje comemos umas miniaturas, uma de bolo de agrião com cobertura de chocolate e uma de laranja, mesmo boas, pouco doces, saborosíssimas.

E, por lá andei, a ver as vistas, a fotografar, encantada, tudo tão bonito, tudo tão tranquilo. Um país tão lindo, este nosso.


Depois o céu toldou-se ao de leve, começou a chover ao de leve. Uma chuva ligeira, boa, fresca.
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A seguir venho mostrar-vos a exposição sobre as Inspirações. É que isto das inspirações tem que se lhe diga.

E permitam que vos informe que, caso vos apeteça ver o rio que vejo da minha janela e saber as receitas do que fiz para o jantar, poderão deslizar até ao post já a seguir.

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segunda-feira, junho 08, 2015

Volvo Ocean Race: bye bye Lisbon-la-belle


Almoço em família ao ar livre, um déjeuner sur l'herbe, tal e qual excepto no que se refere ao dress code. Estendemos toalhas na relva, sob a copa das árvores: toalhas lilases onde se dispõe a comida, colchas e toalhas de pano florido para nos sentarmos ou deitarmos todos em volta. É muito bom isto: a simplicidade da partilha dos alimentos, dos sorrisos, conversas tranquilas, os cheiros bons e o verde da natureza. Depois os meninos brincaram e nós ficámos a descansar. Ela trazia uma caixa de maquilhagem que uns amigos do pai ontem lhe ofereceram e maquilhou-me a mim, à mãe, à tia. Depois escreveu palavras num livro que eu lhe levei. Já conhece o alfabeto todo, já escreve palavras letra a letra que lhe ditam e já sabe, por si, algumas palavras. Gosta muito de escrever. Os rapazes jogaram à bola, treparam a uma árvore, correram. E o bebé, que tem uma dicção perfeita e um vocabulário incrivelmente vasto, fazendo jus à sua fama de macaquinho de gibraltar, entreteve-se a assaltar carteiras: sacou óculos, caixas de pastilhas, porta-moedas, telemóveis, etc. 

Mas depois, a meio da tarde, veio aquele momento especial. A Volvo Ocean Race despedia-se de Lisboa e despedia-se em beleza. Uma regata frente à baixa da cidade e depois, num imponente deslizar, os belos e enormes veleiros escoltados por muitos outros de dimensão normal, todos deixando um rasgo de espuma nas águas ou o reflexo das suas cores, afastaram-se em direcção ao horizonte. Depois destes dias em Lisboa, a bela, eis que os impressionantes veleiros partiam para se fazerem ao mar.

Não vou escrever mais e vou pedir-vos desculpa por aqui colocar tantas fotografias, ainda por cima sabendo que as fotografias não conseguem transmitir a beleza assombrosa que o olhar, ali, teve a possibilidade de testemunhar.

Poderão reparar pela sequência das fotografias que o tempo, entretanto, começou a virar. Aos poucos o céu toldou-se, o ar começou a ficar abafado - e, de facto, um pouco depois dos veleiros se afastarem, levantou-se uma ventania, começou por haver uma chuva de folhas douradas e, pouco depois, começou a pingar - e regressámos a casa.







Esta fotografia panorâmica não é de minha autoria:
é da G. a quem agradeço que ma tenha enviado e permitido que a aqui a partilhe convosco










































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Acabado de receber de Leitor a quem muito agradeço, um vídeo sobre o Volvo Ocean Race em Lisboa:



Live recording: Leg 8 start - Lisbon - Lorient (gravado no dia 7 de Junho de 2015)


(... para quem tenha tempo...)


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Lá em cima a música é Mischa Maisky interpretando Rachmaninoff - Vocalise

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segunda-feira, outubro 20, 2014

Sábado na casa nova-velha do meu filho e domingo na Casa da Cerca


No post abaixo já me interroguei sobre a motivação de Portas ao permanecer neste governo descredibilizado, odiado, e sujeitando-se à pública humilhação a que o láparo o submete. Os jornais põem-no nos Baixos, desenham-no como um defunto político, gozam-no, as sondagens mostram um partido que se diluíu na voragem da desgraça causada por Passos e nada parece justificar a sua continuação no governo. Contudo continua. Alguma coisa que desconhecemos o prende? Não sei. Isto intriga-me.

Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra. Muito outra.


E, uma vez mais, se estiverem de acordo, vamos com música.

Sonia Wieder-Atherton - Song In Remembrance of Schubert







Já ontem vos tinha dito que estava para vos falar da empreitada dos pimentinhas a estucarem a casa nova-velha do meu filho. Por isso, cá estou a fazê-lo.

Fim de semana de temperatura amena, este domingo já verão, e a família reunida para alegria dos meninos e nossa.

Já vos contei da casa a cair de podre que o meu filho e a minha nora compraram (por isso, lhes chamam a casa nova-velha). Estava ao abandono, até ocupas lá viveram e até fogueiras devem ter feito dentro de casa. As paredes estavam acabadas, escavacadas, o chão escalavrado, tudo rebentado, o telhado esventrado, o quintal uma lixeira. O preço reflectiu o estado da casa e essa foi uma das partes boas do caso. Dir-se-ia, de resto, ser um caso insolúvel tal o estado miserável em que a casa se encontrava; mas a localização da casa é boa, a área folgada, e a estrutura original da casa simpática. Penso que se trata de casa da primeira metade do século passado.

É esta casa que, ao princípio metia medo, que tem vindo a ser reconstruída aos poucos, à medida da disponibilidade dos donos, e com muito esforço (incluindo esforço físico) do meu filho - o que faz com que, também por isso, eu me orgulhe muito dele.


O sótão, onde falta pintar o tecto.


A casa agora já está outra. Por dentro já está quase pronta, faltam algumas pinturas e pequenos acabamentos, montar as casas de banho, coisas rápidas. 


As salas que comunicam umas com as outras
(as paredes estão direitas, a fotografia é que está torta)


A cozinha onde conseguiram conservar o mosaico hidráulico original


Faltam também ainda pinturas no exterior, falta acabar a cave (que está a ser toda arranjada por eles, isto é, sem intervenção de profissionais, embora com alguma ajuda do meu marido), e falta fazer o jardim e a hortinha, 

É neste quintal parcialmente ainda em bruto que os pimentinhas adoram estar. Mal chegam vão logo a correr para aqui. O ex-bebé é um trabalhador braçal, tem força de homem e gosta de carregar pedras, areia, fazer construções.




Uma vez que o irmão mais velho é mais bola, conta sobretudo com a ajuda do bebé que também gosta imenso de brincar com o primo. Aliás gostam imenso os dois um do outro. Volta e meia o ex-bebé abraça o primo mais novo e dá-lhe um beijo na bochecha fofa.




A bonequinha (se repararem, também com um corte de cabelo Bob), única menina no meio das brincadeiras de rapazes, volta e meia tenta alinhar com eles mas, de facto, jogar à bola ou carrinhos de mãos carregados de pedras e areia não são coisas que a interessem muito e, portanto, arranja as suas próprias brincadeiras. Este sábado trouxe a sua Barbie-Mariposa e entreteve-se a despi-la e a andar com ela por ali. No fim, a boneca já estava ensopada, teve que lá ficar a secar.




Já vos contei ontem como os três rapazes andaram a estucar a cave e como ficaram imundos mas, enfim, há uma mangueira providencial ali ao pé do poço que permite que tirem alguma porcaria. De qualquer forma, mal chegam a casa vai tudo para a barrela, incluindo os sapatos.

Desta vez, para além do lanche habitual, houve um motivo suplementar de festa. Os donos da casa resolveram fazer ali mesmo, em cima do poço, um petisco. Num fogareiro pequeno, o meu filho assou castanhas e um chouriço, operação que foi seguida com interesse por todos.




No fim, sentámo-nos na escada que dá para um pequeno terraço de onde se acederá à sala e à cozinha, e ali mesmo lanchámos: castanhas quentinhas, chouriço alentejano assado e bem saboroso.


No domingo, optámos por um programa de festas que nos poupasse um bocado, isto é, onde não houvesse tantos motivos interditos (fazerem cimento, mexerem no gesso, andarem com ancinhos e pás, abrirem a torneira e encharcarem-se ou ficarem atascados em lama ou outras coisas onde se possam magoar ou sujar), ou seja, sobreduto, do qual as crianças não viessem completamente imundas. Apenas os homens foram trabalhar lá para a casa e as mulheres e as crianças foram para um dos lugar mais lindos à superfície da terra: a Casa da Cerca.

Quando chegámos, o bebé vinha a dormir pelo que ficou deitado em cima de um casaco e tapado por outro. Dormiu ali uma sesta que foi um regalo.




O mais crescido é maluco por bola. Para onde vai, lá vai de bola. Agora, para além da bola, já entrou na fase das cadernetas de cromos da bola. 

Andam os dois na escolinha do Sporting e no sábado já tem torneio. O irmão ainda não liga muito ao lado competitivo da coisa (aliás, aquilo é para maiores de 4 mas, como ele é grande e tem destreza e, sobretudo, para não ficar triste por o irmão andar e ele não, apesar de ter três e meio, lá o deixaram entrar). Mas o mais crescido, onde chega começa logo a cravar toda a gente para ir treinar com ele. No sábado, surpreendi-o com os meus dotes mas, este domingo, dado ser um lugar público, achei que não deveria dar show. Então, quem alinhou foi a minha filha, Contudo, felizmente, apareceu um menino que quis jogar à bola e, portanto, tivemos folga.


Não se vê mas estava com as chuteiras que os tios lhe ofereceram e que ele acha que são o máximo


Os primos do meio, amigos, estiveram a brincar um com o outro, descalços. Estava um sol macio, um quentinho bom, um daqueles dias de verão quase outono e é bom estar-se descalço na relva. Eu também me descalcei. E parece que esta segunda feira estará mesmo dia de verão.


Lisboa, o Tejo, um ar muito limpo e fresco, uma visão absolutamente magnífica


Mas há ali um ponto de irresistível interesse. Por mais que digamos que vão brincar para outro sítio, é para a beira do lago que acabam sempre por querer ir. Os nenúfares, as folhinhas, descobrir um pau para afastar as flores, e, sobretudo, o ser interdito, faz com que tenhamos que estar sempre a chamá-los e de olho neles.

Se repararem, na fotografia acima, verão a camisa que o ex-bebé tinha por cima da t-shirt (e que depois despiu, com calor) e o pólo verde que o bebé tinha vestido.




Se repararem agora na fotografia abaixo, verão como o bebé teve que sair de lá já com outra indumentária. Por pouco não ia de mergulho para dentro do lago, um perigo. Tanto se debruçou que foi por um triz. A mãe deu uma corrida e pescou-o a tempo - mas o pólo ficou todo molhado. Portanto, despiu o pólo e herdou directamente a camisa do primo. Aliás, a roupa e os sapatos são usados em cascata, do mais velho para o mais novo e, do mais novo, para o primo. E como tem outro primo rapaz, do lado da mãe, herda pelos dois lados.




E viemos de lá já por volta das seis ou depois, nem sei bem - e ainda fomos ver as exposições -  e dali ainda fui a casa para me juntar ao meu marido-trolha que tinha ido tomar banho e ainda fomos, depois, para casa dos meus pais.

Como sempre, o meu pai já estava num desatino, que já era muito tarde, já queria que a minha mãe tivesse ligado a saber o que se passava. E, mal me viu, disparou logo, Sempre atrasada! e quando a minha mãe se zangou com ele, Atrasada? Mas ela tem horário? Tinha algum compromisso? Ora. desculpou-se que não gosta que andemos na estrada àquela hora da noite. A partir das seis e tal, todos os dias, quer ir para a cama, diz que é de noite e que não gosta de estar levantado até tarde. Por isso, na cabeça dele tudo o que seja depois disso já é noite avançada.

Mas, portanto, resumindo e concluindo, foi um belo fim de semana. Não descansei muito e só consegui ler o Expresso no sábado à noite, esforçando-me para não adormecer, e o Público de domingo (grande artigo de Cristina Ferreira sobre o BES!) aos bochechos, mas, enfim, isso é pormenor. Bom, bom, é estar com os meus amores, vendo-os felizes, amigos.

E, com esta conversa toda, já me alonguei outra vez disparatadamente.


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Deixem que relembre: sobre Paulo Portas e sobre o papel dele nisto tudo e, ainda, a propósito do interessante artigo de Vasco Pulido Valente sobre o futuro deste governo, é descerem, por favor, até ao post que se segue.


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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa semana a começar já por esta segunda-feira.


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domingo, junho 22, 2014

Receber o Verão na Casa da Cerca em festa, de frente para Lisboa, a Bela, ao som da música dos The Soaked Lamb. Haja saúde e alegria e que venham daí esses longos e quentes dias de estio.


No post abaixo dou a palavra a uma menina inteligente, a Mariana Mortágua, uma economista de fala clara, limpa, que ali invoca o espírito merceeiro da Dama de Ferro para ajudar a explicar aquilo a que a burrice de uma seita muito esquisita está a conduzir. Não deixem de ler porque é de leitura acessível e todo o texto é muito auto-explicativo.

E tendo falado disto, mergulho, no post seguinte, no verdadeiro mundo dos ricos. Com a minha costela sherlockiana não apenas quase desvendo o mistério do iate ancorado a meio do Tejo, como vos faculto o caminho para os interiores do barquito.

Bem, isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra. E vai ser rápida porque são duas da manhã, estou cansada, e este domingo a alvorada é cedo porque vamos de excursão, com mantimentos já meio preparados (estive a cozinhar esta noite e amanhã é só meter tudo na geleira e em sacos - esta é a história da minha vida: andar carregada de um lado para o outro): vamos todos passar o dia ao campo.



Hello, Bang Bang, Goodbye


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Este sábado foi o dia mais longo do ano, o primeiro dia de verão. E nós fomos viver o solstício de verão em festa, pois claro.


O local é dos mais belos à superfície da terra pela vista. E é bonito também em si, isto é, não apenas pela vista. E, quando está cheio de gente, torna-se um local mágico. Refiro-me à Casa da Cerca em Almada, um local aprazível com uma vista soberba sobre Lisboa.


A família reuniu-se lá e alguns amigos juntaram-se-nos. Éramos um grupo grande entre muita gente que, na relva, junto às árvores, com uma vista fantástica, comia, bebia (havia lá imensas barraquinhas com petiscos, bebidas e bolos óptimos) e conversava e, depois, cantava, batia palmas e dançava.

Um good feeling no ar.

Estou agora a falar do concerto ao ar livre, no anfiteatro natural, dos The Soaked Lamb do qual faz parte, entre outros, o escritor Afonso Cruz.

Li que: uma vez que todos os membros da banda exercem outras profissões, as gravações tinham lugar aos domingos. Como o dono da casa preparava, ocasionalmente, ensopado de borrego, foi graças à ementa de domingo que a banda ganhou o seu nome.

A música é deliciosa (tal como seria, certamente, o ensopado de borrego), as interpretações deles um prazer, uma boa onda contagiante.

As pessoas estavam não apenas no pequeno anfiteatro, como espalhadas pelo jardim, deitadas no amplo relvado, e uma senhora ao nosso lado pintava aguarelas, grupos petiscavam, outros conversavam e muita gente dava o seu pezinho de dança (eu incluída, claro).

De todos os pimentinhas, o que me acompanha na dança - mas com uma pinta que só visto - é o bebé.

Que belo pé de dança se está ali a formar. Baixa-se, dança com o corpo todo, faz gestos com os braços, com as mãos, uma pintarola. E sempre a rir, um bacaninho palrador.

Cada vez mais, parece que as pessoas começam a ganhar o gosto em juntar-se, em festejar em conjunto as pequenas coisas da vida, em desfrutar a natureza.

Estar assim, num espaço aberto como este, de onde a vista é maravilhosa, a ouvir música, num ambiente descontraído, junto daqueles por quem sentimos mais afecto, revermos pessoas que não víamos há algum tempo, estarmos à conversa, na boa, sem poluirmos a conversa com temas desagradáveis nem falarmos de gente desqualificada, é do melhor que há.

Quando há pouco abri a caixa de correio tinha uma dúzia de mails com artigos, dicas, links para sites onde se fazem denúncias importantes. Mas a verdade é que a minha cabeça estava mesmo noutra. Tirando o artigo da Marianita, tirando um vídeo que hei-de divulgar amanhã e um inesperado mail de uma Leitora a quem responderei ambém amanhã, não consegui interessar-me por mais nada (nem, uma vez mais, consigo responder: já é tão tarde). Que me desculpem os que tão generosamente me enviam informações, munições, não me levem a mal. Mas há dias em que a nossa cabeça só quer frescura.

Talvez que esta minha reacção tenha o seu quê de alienação. Mas e daí? Há-de uma pessoa estar sempre arreliada, preocupada?

Se está num espaço lindo, a ouvir uma música que nos faz ter vontade de dançar, se está entre família e amigos e estão todos sorridentes, bem dispostos, não é isso uma coisa boa?

Eu acho que sim.

Isto ainda me dá mais vontade de lutar para que a vida seja uma coisa boa e não um tormento. Quando penso nas pessoas que não arranjam trabalho ou que ganham miseravelmente ou que receiam não ter dinheiro que lhes chegue até ao fim do mês e que, portanto, não têm paciência ou ânimo para estar em ambientes distendidos assim, ainda me sinto mais determinada a tudo dizer e tudo fazer para ajudar a que haja uma qualquer reviravolta nesta política perversa que rouba a alegria de viver a tanta gente.

Depois, já o sol se estava a pôr, regressámos. Almada já começava a iluminar-se e na velha Rua Capitão Leitão, cheia, já se assavam sardinhas e febras e já tocava alto a música para os festejos dos santos populares.

Haja alegria. Pelo menos enquanto a alegria não pagar impostos.


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E por aqui me fico. Relembro: abaixo há mais dois posts que talvez gostem de ler. E um alerta: não consigo energia para reler o que acabei de escrever (nem este nem os dois posts abaixo). É mais que certo que haja letras trocadas ou a mais ou a menos, vírgulas saltitonas e outras incongruências. Relevem, sim?

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo domingo. E um bom Verão!
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segunda-feira, maio 20, 2013

O que devemos fazer quando tudo arde?


No post abaixo falo da irrelevância das pessoas à medida que nos distanciamos delas. Falo e demonstro-o através de uma fotografia.

Mas isso é no post a seguir. Aqui, neste, interrogo-me. Podia fazê-lo em silêncio. Mas, ainda assim, interrogo-me em voz muito baixa.

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Que farei quando tudo arde? pergunta o escritor. Que faremos? Ou melhor, o que deveremos fazer?

Se desanimamos, o caminho fica livre para aqueles para quem não passamos de um empecilho ou da crua demonstração da sua ignorância. Se deixamos de acreditar, fica tudo tão mais fácil para quem prefere caminhar sobre um chão de cinzas. Se lutamos sem saber a favor de quê, podemos vir a sofrer desilusões ou podemos ser manipulados. Que fazer então? Que fazer quando tudo arde?

Somos frágeis. Estamos indefesos. Uma rede de homens sem rosto, sem ética, sem moral, inimputáveis, cerca-nos. O medo paralisa-nos, a dúvida tolhe-nos.

Pelas nossas casas adentro chegam vozes de pretensos sábios. Conheço pessoalmente alguns. Sei bem que são umas nulidades, nada fazem, apenas falam. Dizem uma coisa ou o contrário. Sempre sérios, até displicentes, como se falassem altruisticamente, do alto da sua sabedoria. Mas fazem opinião. Quem não os conheça é facilmente levado a acreditar nas suas palavras artificiais. 

Depois há outros, igualmente umas nulidades. Não estudaram, nunca trabalharam, formaram-se na escola do paleio barato, do ardil, do jogo, da esperteza, das palavras vazias de sentido e de humanidade.

Há ainda outros, os que não conhecem a vida, nem a História nem as pequenas histórias de pessoas concretas. São os que vivem entre as paredes das universidades, fazendo papers, lendo papers, académicos experimentalistas. Incultos, ambiciosos, frios.

E há os que veiculam todas estas vozes, veículos passivos. Ou vendidos.

São essas vozes que entram pelas casas, que manipulam a opinião das indefesas pessoas. Que as assustam, as calam, as desanimam.

E há os poucos que têm de facto o poder. São poucos. Estão na trilateral, nos grandes bancos: é a alta finança. São, de facto, poucos. Mas rodeiam-se de gente que facilmente se deixa domesticar - uns por ganância, outros por servilismo, outros por mimetismo. Apoiam governantes, escolhem-nos. Fantoches úteis. Depois, quando deixam de servir, largam-nos, tornam-se um peso inútil.

O que a população sofre não interessa. De facto, não interessa.

Mas só agem assim porque encontram pela frente gente vencida, rendida. Uma imensa multidão sem força, sem vontade, sem ânimo.




Agem assim porque não sentem, de facto, qualquer resistência, porque as casas vão ficando pobres, vazias. Porque as casas vão sendo invadidas pelo medo, pela vergonha, pela pobreza, pela insegurança.

As casas estão a ser tomadas pela destruição. O edifício que pensávamos ser sólido, o edifício da democracia, do estado social, parece ser, afinal, um edifício frágil, no qual a erosão exerceu irremediável corrosão.

Como chegámos aqui?

Desde há algum tempo deixei de ser capaz de ler os livros de António Lobo Antunes. Mas hoje é de títulos de livros dele que me lembro, como se fossem premonitórios, como se houvesse alguma maldição a pairar sobre nós:


Conhecimento do Inferno 
                        Auto dos Danados
                                             Exortação aos Crocodilos
                                                            Não Entres Tão Depressa Nessa Noite Escura
                                                                                                       Que farei quando tudo arde?
                                                                                                                             O Arquipélago da Insónia
                                                                                                                                                    Comissão das Lágrimas 


Um mundo de inferno, tomado pelos danados, dominado por insaciáveis crocodilos, e nós perdidos numa noite escura, o mundo que amavámos a arder, e nós aqui andando vergados como uns condenados, perdidos em ilhas e caminhando insones, em lágrimas.

Como foi isto possível?

Como nos tornámos irrelevantes figurinhas?

Como nos deixámos transformar em pequenos objectos dóceis, que se deixam dobrar, vergar, dominar, manipular?




Não sei. Aos poucos, fomo-nos rendendo, fomo-nos tornando dóceis, rasteiros, facilmente pisáveis, quase invisíveis.

No entanto, ainda me forço a acreditar que nos podemos voltar a erguer. Talvez um dia, em breve, nos ergamos, nos unamos, e juntos, de pé, caminhemos e expulsemos das nossas vidas todas as sinistras criaturas que, em má hora, deixámos entrar nas nossas vidas, destruindo o mundo em que acreditávamos.

Acredito nisso, forço-me a acreditar.

E olho, como exemplo, os inteligentes seres que se mantêm livres, indomados, certamente felizes.





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A música é Tabula Rasa, I, de Arvo Pärt,  interpretada por Adele Anthony e Gil Shaham, no violino, Erik Risberg, no piano, com a Gothenburg Symphony Orchestra. A imagem que ilustra o vídeo é uma pintura de Vieira da Silva.

Duas das fotografias foram feitas este domingo no Ginjal e a do meio na Casa da Cerca (não registei o nome do autor da pintura e não consegui obter essa informação no site).

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Relembro que, abaixo, continuo o meu lamento. Caso queiram fazer-me companhia, é descerem até ao post seguinte.

No meu outro blogue, o Ginjal e Lisboa, a love affair, levada pelas palavras de Maria Rosário Pedreira, entro num templo e, atrás de mim, entra alguém que, dizendo o meu nome, quase me faz morrer de amor. Sou uma sentimental. A música é uma vez mais uma maravilha. Descobri há pouco tempo a música do Mali e fiquei fascinada.

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E quero desejar-vos uma semana muito boa a começar já por esta segunda feira. Saúde e felicidades!