No post abaixo falei de um assunto que tem estado a ser conduzido quase em segredo e que é do mais crítico que há. Refiro-me ao acordo transatlântico entre a UE e os EUA, o TTIP. Podem pensar que é uma seca de tema e que não vos diz respeito. Ora diz respeito, diz mesmo muito respeito. Mostro um pequeno vídeo legendado que explica de forma muito gráfica de que é que estamos a falar. Peço que vençam alguma eventual resistência e o vejam pois apenas despertos e elucidados poderemos defender o que nos espera.
Mas isso é a seguir. Agora, aqui, a conversa é outra.
Eu podia levar o assunto para a palhaçada que talvez fosse o plano mais adequado. Mas não me apetece. Pelo contrário, o que me apetece é falar a sério.
De facto, apetece-me mais do que isso, apetece-me pedir uma audiência a Cavaco Silva e pedir-lhe que demita de vez este Governo.
Há coisas que não suporto: a falta de educação, o comportamento abandalhado, a falta de respeito pelos outros e pelas instituições públicas, em especial pelo Parlamento.
O que eu acho deste governo sabem bem os que por aqui me visitam: é gente desqualificada, impreparada, muito incompetente e, alguns, francamente destituídos de capacidades intelectuais. Não percebem nada, são facilmente manipuláveis, têm-se mostrado uns joguetes nas mãos daqueles que sabem ao que vêm.
Se compararmos os objectivos acordados no memorando da troika com o que se atingiu após os 3 anos de sevícias a que o País foi submetido, ver-se-á a dimensão do fracasso. Destituídos como são, aqueles imprestáveis pensaram que, se havia um remédio a tomar, então poderiam aplicá-lo em regime de sobredosagem e, ao mesmo tempo, descurar parte das medidas complementares. Claro que a vítima quase soçobrou. Ou seja, arrasaram a economia, aumentaram a dívida e empobreceram a população que quase deixou de ter filhos e, em parte, fugiu para outros países.
Mais: nunca tendo percebido a origem da crise, continuam sem perceber porque é que sua receita falhou.
E são mentirosos e descarados, dizem uma coisa num dia, o oposto no dia seguinte, tudo com igual convicção e topete, e julgam que todos nós, que os ouvimos, somos tão burros como eles. Aliás, ainda a semana passada, ao falar da devolução do dinheiro cortado aos funcionários públicos, Passos Coelho disse uma coisa quando leu o papel que trazia e disse o oposto quando, logo a seguir, falou de improviso; e indispôs-se quando as pessoas manifestaram perplexidade, como se fosse normal dizer no início da conversa que se gosta muito de bacalhau com batatas e mais à frente dizer que se há coisa que se odeia é bacalhau, seja como for.
Vão ser corridos a pontapé sem perceberem porquê. Não percebem nada. E nem vale a pena a gente especular muito mais sobre isto. É um caso perdido, uma nódoa na nossa história.
Mas há uma coisa com a qual, apesar dos sérios indícios, eu não contava e que, muito francamente, acho inaceitável. Refiro-me à falta de educação, à falta de maneiras, à falta do mais elementar decoro.
Passos Coelho tem mostrado que, quando contrariado, tende a ser boçal. Aquela de se ter virado para uma senhora e lhe ter perguntado se não ia uma enxadinha mostrou o estilo rasteiro da peça.
A Albuquerque também vem mostrando que não se ensaia nada para dizer uma coisa e o contrário e ainda destratar quem não goste do que lhe ouve. Tem mostrado que é petulante, arrogante, que arreganha o dente com excessiva facilidade, tanta quanta a facilidade para franzir o narizinho e fazer-se de coelhinha. Mulherzinha perigosa, daquela que não olha a meios.
De Paulo Portas nem é bom a gente falar. A política para ele é um palco e faz de tudo para poder ter um lugar na peça em cartaz. Vende a alma a deus ou ao diabo, diz-se e desdiz-se, efabula, inventa, aumenta, empola, volta atrás, passa ao lado, passeia, diverte-se, vai à boleia, tira partido do que outros fizeram, congemina, conjura, intriga, passa entre os pingos da chuva, aponta o dedo - o que calhar. É irrelevante do ponto de vista da construção do que quer que seja. Devia ter sido actor e, em vez disso, meteu-se por caminhos errados e veio parar onde está, ao lado de um pacóvio que deve abominar.
E há o C-Rato que é um zero à esquerda, ou melhor, é um sinal menos, tornando negativo tudo aquilo de que se aproxima, inventando trapaças com tempos verbais, ofendendo de todas as formas possíveis e imaginárias a inteligência de quem o ouve.
E há a Cruz que não deve ser boa da cabeça, até dói pensar na leviandade do que faz e diz, uma pessoa que parece transtornada e que não se ensaia nada para inventar mosquitos na outra banda na tentativa de tapar a evidência da sua nulidade.
E há os outros.
Mas há também o Pires de Lima. Sempre o tive, apesar de tudo, por alguém que manteria uma certa compostura e um certo discernimento no meio daquela salganhada toda.
Mas eis que o tenho visto a derrapar num plano acentuamente inclinado.
Desafiador, manipulando os números, falando em tom trauliteiro do aumento inusitado da carga fiscal como se esbulhar a população fosse um feito, tem vindo a revelar-se mal educado, desagradavelmente mal educado.
No outro dia falou com um desprezo descabido das pessoas que pedem que se olhe para o drama da PT, chamou-lhes a brigada do resgate.
Mas mau, muito mau mesmo, foi o que se passou esta quinta-feira na Assembleia da República. Não tenho ideia de alguma vez ter visto um número assim.
É assim que um Ministro se porta na Casa da Democracia? É assim que um Ministro se dirige aos Deputados que supostamente estão ali a representar o Povo? São maneiras para um Ministro se apresentar em público? São modos que um adulto ostente?
É uma vergonha. Uma palhaçada.
Imagine-se o exemplo que um sujeito destes dá: quererá ele legitimar que os alunos se portem assim nas aulas, se dirijam assim aos professores? Quererá ele legitimar a bandalheira no comportamento social?
Não passa pela cabeça daquele malcriado que o País em peso o está a ver naquele despropósito, todo esbodegado na fala, coçando-se enquanto fala, todo arruaceiro, parecendo alcoolizado? É isto forma de mostrar respeito pelas instituições democráticas?
Digo-vos: fiquei mesmo chocada. Não sei se quis fazer-se de engraçado e se se descontrolou, se estava com os copos, como tenho visto referido por aí pelos sites, se esta é a maneira de ser dele e a gente é que não sabia.
Por todo o lado, nas televisões e jornais, se faz chamada de atenção para o momento insólito que Pires de Lima protagonizou na AR e a perplexidade é geral. Eu, mais do que perplexidade, estou chocada. Sinto vergonha.
Pires de Lima deveria demitir-se já. Ou ser demitido. Ou, se nem ele nem Passos Coelho percebem a imagem de abandalhamento que isto dá do Governo e da política, então Cavaco Silva deveria fazer qualquer coisa. A atitude de Pires de Lima foi má demais, foi ofensiva. Levou a política para o grau zero da decência.
Revejam, por favor, o vídeo com parte da triste figura do Ministro da Economia Pires de Lima na Assembleia da República. Insólito. Bizarro. Imaturo. Inapropriado. Inadmissível. Mal educado. E tomara que não estivesse alcoolizado que isso, então, seria o fim da picada. Perdeu o respeito dos portugueses com a palhaçada que armou.
Nota: a intervenção neste comprimento de onda foi muito mais do que isto, meteu de tudo até dizer que Catherine Deneuve se tinha atirado para a piscina com o ex-ministro Manuel Pinho, com certeza ao abrigo de algum contrato (misturando alhos com bugalhos, e reportando-se a uma altura em que o ex-ministro esteve no mesmo hotel que Michael Phelps e tirou uma fotografia com ele, a título pessoal).
Um disparate pegado, tudo o que ele disse e fez. Uma coisa que só vista, e de que este vídeo é só uma amostra. Pode ser que entretanto fique disponível o vídeo completo.
Entretanto, como seria de esperar, o gozo rapidamente se espalhou pelas redes sociais e é o sinal dos tempos assistir-se à falta de respeito que a população manifesta por esta gente que nem ao respeito se sabe dar.
* No meio da arruaça, Pires de Lima disse aos deputados do PS que estavam a armar um basqueiro e disse que sabia que Ana Paula Vitorino era uma deputada fina de Lisboa (e que por isso não conhecia a palavra). Um despropósito infantilóide, ou, de facto, uma bebedeira de todo o tamanho. Não será melhor, pelo sim, pelo não, montarem um controlo de alcoolemia à entrada da Assembleia?
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Tirando as animações com palhaços cuja autoria desconheço, e a última imagem cuja proveniência lá indico, as restantes imagens provêm do blogue We Have Kaos in the Garden.
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Relembro que no post abaixo falo de um assunto sobre o qual sabemos muito pouco e que, pela sua gravidade e impacto, deveríamos conhecer muito bem. Peço-vos que vejam o vídeo pois ajuda a tornar claro o que está a ser feito na maior obscuridade.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa sexta-feira.
Que bom, sexta-feira.
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