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sábado, março 18, 2017

Caso Sócrates. Digo: Caso Marquês -- as últimas!
A Procuradora-Geral Joana Marques Vidal fartou-se do Rosário Teixeira.
Fala-se que as suas preferências vão para a Sara Antunes de Oliveira e para Micael Pereira.
E mais surpreendente ainda: parece que Sócrates ficou louro!


Não quero ser cá apodada de viúva do Sócrates senão ainda me põem sob escuta e ainda descobrem que quem pagou o meu colar de pérolas da Parfois foi o Zeinal Bava por conta do Bataglia a mando do Mão de Ferro que, por sua vez, não era mão de ferro coisa nenhuma, o que ele era era o testa de ferro da Sofia Fava que, como é sabido, foi casada com o Sócrates. 

Ou seja, falo apenas na mera qualidade de espectadora do Expresso da Meia-Noite na Sic Notícias. 


E foi aí que fiquei a saber das últimas: que a anibaleira Joana Mana do Vidal está que não pode, farta até à raiz dos cabelos desse verdadeiro empata-cópulas que dá pelo nome de Rosário Teixeira, aquele tipo de pessoa que nem dança nem sai da pista. 

Tentando relembrar -- e fazendo um esforço para não deixar pistas de fora e respeitar a ordem cronológica (embora não seja fácil já que o Rosy Boy é o rei da confusão e atira em todas as direcções, incluindo para os próprios pés):

Rosário Teixeira começou a desconfiar dos negócios de Sócrates com a Venezuela, passou para Angola, fixou-se em Leiria, intercalou com os compradores dos livros, depois desandou para Vale de Lobo, a seguir passou para o BES, para a PT, para a CGD, pelo caminho foi deitando a mão a este, àquele e ao outro -- e a caldeirada está montada, já com vinte e tal arguidos, alguns dos quais, ao que parece, sem qualquer ligação ao marquês, e a coisa já vai em 91 volumes, 452 apensos e 13,5 milhões de ficheiros informáticos (13.500.500!). Nem cinquenta humanóides davam conta de tal profusão de peças para apreciação. 

E ao fim de quarenta e tal meses de investigação -- sem serem capazes de produzir uma acusação -- parece que vêm agora dizer que ainda lhes falta saber quem é que cochichou ao ouvido do Bava numa reunião em que estavam representantes de outros accionistas e mais uma carta de não sei o quê e mais a cor das meias que o motorista Perna usava num dia em que levou um envelope ao marquês e que o melhor era fazerem outra vez buscas à casa do Granadeiro e, por via das dúvidas, também aos balcões do BES que já fecharam e ao caixote do lixo da casa de campo do Zeinal, já para não dizer que, bom, bom mesmo, era investigarem um bocado melhor onde é que a mulher do amigo rico comprava os sapatos e se os pagava com dinheiro dela, do marido ou do primo do Sócrates que isso, isso sim, isso explicaria muita coisa.
(Não sei se foi exactamente isto que disseram porque, confesso, estava a escrever um post sobre a minha virilidade e com um olho no burro e outro no cigano e, portanto, posso ter percebido mal alguma coisa. Mas, se não foi exactamente isto, foi qualquer coisa nesta base o que, para o efeito, vai dar no mesmo já que o que não deve faltar, no meio daqueles milhões de documentos, é muita maluqueira do género.)


O que sei é que, ali no Expresso da Meia-Noite, fiquei a ver como deve ser mesmo verdade o que a rádio alcatifa anda a propagar: que a Procuradora Joana tem desabafado que, se em vez do Rosarinho Teixeira, a investigação estivesse nas mãos da Sara Antunes de Oliveira e do Micael Pereira a coisa já estava mais que resolvida.  E consta que alguns que por aí andam lhe dão toda a razão e vão até mais longe: que nem valia a pena perder-se tempo com julgamentos, recursos e essas frioleiras: era prisão directa para o Sócrates e era já -- e ponto final. 

E deixem que comente o que me foi dado observar. Que casal de falcões de aviário que ali está, sim senhora: Sara & Micael não têm dúvidas, sabem tudo, conhecem os meandros do processo, sabem o que este disse e o que o outro não disse, não há indício que lhes escape. Eram meninos para passarem por cima de toda a folha, sem darem trabalho nenhum nem ao Amadeu, nem ao super-judge Alex nem à mana Joana. 

Estão para a Justiça como o colega Gomes Ferreira está para a Economia: de jornalistas passaram directamente a especialistas-doutores em disciplinas que nunca estudaram e sobre as quais opinam com a segurança de sábios encartados.
Creio que foi o Nicolau Santos que tentou tirar a limpo: se agora fossem fazer uma acusação, fá-lo-iam com base em quê, em provas ou indícios? Sem hesitar, a Juíza-Procuradora-Falcoa Sara Antunes de Oliveira respondeu que apenas indícios, que nestas coisas não há provas, ninguém vai à Conservatória registar um acto de corrupção.
Nem mais. Não há provas mas o que não falta são suponhamos. No big deal. Sempre a abrir.
Já Micael me pareceu mais nervosinho. Onde Sara parece uma justiceira implacável, capaz de pôr atrás das grades, de vermelho directo, quem ela ache que possa ter pensamentos pecaminosos ou sonhos imorais, já o Micael estremece ao falar, parece querer ficar ofendido ao perceber que ninguém tem medo do tanto que ele sabe, parece irritadiço, à beira de uma crise de tipo PMS. Mas, pronto, acredito que, aos olhos da mana Vidal, até um Micael seja melhor que o ensarilhado Rosarinho.

[Quem destoou, para além do equilibrado Nicolau -- que deve ver-se e desejar-se no meio dos frangos justiceiros de que está rodeado -- foi o advogado João Nabais, uma voz lúcida no meio de tanta pangalhada. Investigações sem prazo, prisões preventivas com base em 'indícios sólidos' para, ao fim de anos, ainda não haver uma acusação, fugas de informação, jornalistas a saberem mais dos processos do que a Defesa, julgamentos na praça pública antes sequer de haver acusação formulada, e outras aberrações do género não incomodam? - perguntou, indignado. E perguntou bem.]


Mas, mais surpreendente do que tudo isto, é o que aconteceu ao próprio Sócrates. Parece que se auto-clonou, um clone siamês agarrado a ele pela barriga, e que deu em se apresentar louro de tipo platinado. Mais um bocado e avolumava a popa para ficar com um penteado à Trump. Pelo menos é o que eu vejo na fotografia do Expresso. Claro que o penteado pode ter mãozinha do Micael, já que vejo que é co-autor do artigo e, pensando bem, até pode acontecer que, tão versátil como parece ser, ele tenha uma certa vocação para cabeleireiro, Juíz-Procurador-Cabeleireiro Micael.



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E, portanto, para atalhar razões: ainda não foi desta que, depois de tanto chocarem, nasceu algum pinto. E aí temos mais uma voltinha, mas uma viagem -- prossegue o baile e, no fim de Abril, a Srª Drª Joana vai ver em que param as modas para ver se lhes dá mais uns meses para eles continuarem a brincar aos espiões zarolhos, se mais uns anos a ver se se tornam racionais ou se vai mas é para casa -- que aturar incompetentes destes deve dar cabo da paciência a qualquer um, até a ela que tem cara de santa. (Não tem? Não sejam mauzinhos. Eu acho que tem)

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Here it goes again

Ok Go


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E viva a Justiça em Portugal!

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terça-feira, junho 16, 2015

Afinal os compradores da TAP vão pagá-la com o pêlo do cão? --- pergunto. Pergunto e gostava de saber a resposta. Todas as respostas (porque tudo o que se vai sabendo é de nos deixar de cabelos em pé)


Pareceu-me ouvir dizer num noticiário que apanhei a meio que a TAP vai vender aviões para arranjar o dinheiro de que precisa. E, se ouvi bem, depois aluga-os a quem os comprar. 


Engenharia financeira para que o dinheiro de que se falava provenha afinal da própria empresa e não dos accionistas. Se for isto, estaremos perante aquilo que, na gíria, se chama pagar com o pêlo do cão. Uma habilidade daquelas que tem servido, ao longo de anos, para descapitalizar empresas. 

Ora, se bem tinha percebido da conversa redonda e nebulosa dos nossos desgovernantes, todo este negócio feito à pressa justificar-se-ia pela necessidade urgente de meter dinheiro fresco na empresa para fazer face aos problemas críticos de que padecia.

Afinal, se o que me pareceu for mesmo isto, vou ali e já venho. Espero bem que os partidos peçam esclarecimentos urgentes e se munam do que for necessário para verem se o negócio tem pernas para andar ou se é um nado-morto.

Entretanto, em busca de confirmação para o que me pareceu ter ouvido, não encontrei o que procurava mas encontrei outras pérolas:


Diz Nicolau Santos no Expresso

Um dos principais financiadores e futuro acionista da TAP será o BNDES, o Banco Nacional de Desenvolvimento do Brasil, instituição financeira pública e a principal fonte de financiamento para o crescimento de indústrias estrategicamente importantes daquele país e para a sua internacionalização. Por outras palavras, enquanto o Governo português vende a sua companhia de bandeira, o Governo brasileiro apoia uma empresa privada a comprá-la.


Leio no Público

Ainda não passa de uma carta de intenções, mas pode ser a primeira etapa para a entrada no capital da TAP do Estado brasileiro. O secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, afirmou esta segunda-feira que o banco estatal brasileiro BNDES tem intenção de se juntar ao consórcio vencedor da privatização da TAP. “No agrupamento Gateway há uma carta sobre a intenção do BNDES de olhar para a possibilidade de participar na operação o que é importante, porque é um novo credor ou accionista, mas a companhia é sempre liderada por um empresário nacional”, afirmou o governante, citado pela Lusa.
(...) O Brasil nunca escondeu o interesse estratégico da privatização da TAP. Na visita que fez a Portugal, em Abril, o vice-presidente brasileiro, Michel Temer, admitiu que esse era um dos temas na agenda. (...)
O BNDES, banco público brasileiro, é accionista de referência em várias empresas brasileiras consideradas estratégicas. É assim que se explica a sua presença no capital da Petrobras e é também assim que se percebe a sua participação no capital da Oi –  a empresa que foi parceira da PT e onde agora tem uma participação de quase 28% a PHarol SGPS, a holding que reúne alguns dos antigos accionistas portugueses da operadora, como o Novobanco, a Ongoing e a Visabeira. Mas, apesar de a PHarol ser a maior accionista da Oi, é ao BNDES, com os seus 5% no capital, que cabe a palavra decisiva.
O BNDES é também accionista da Embraer (que tem uma fábrica em Évora e é accionista maioritária das OGMA), com cerca de 5,37%. Tem ainda 19% da Eletrobras, a eléctrica que em 2011 concorreu à privatização da EDP, um dossiê que motivou mesmo a visita a Lisboa do presidente da instituição, Luciano Coutinho.


E leio no Dinheiro Vivo

O volume de dívida bancária da TAP, que ascende a quase 700 milhões de euros, é uma das preocupações de David Neeleman e Humberto Pedrosa. Os dois investidores assinalaram, contudo, na sua oferta que pretendem renegociar prazos e evitar pagamentos entre 2017 e 2020. O limite vai variar consoante a facilidade em obter financiamento.
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Uma vergonha. O País a ser despachado à pressão, de qualquer maneira, a quem quer que seja, a empresários duvidosos, a Estados sejam democráticos ou não, a pés-rapados, a gente duvidosa, seja quem for.

Caraças! E, perante isto, como é que as sondagens não dão uma maioria absoluta alargada mas mesmo muito alargada à oposição, em especial ao PS - alguém me diz? Só pode ser por manifesta falta de jeito deste raio deste PS! Caraças. Que raio de País este em que os seus habitantes parece que gostam de ser violentados de toda a maneira e feitio... e nem piam. E parece que há muitos que até gostam. Bolas para isto.

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Já agora deixem que vos informe que, no post abaixo, há um vídeo impressionante sobre Berlim em Julho de 1945, no rescaldo da Guerra.

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quarta-feira, janeiro 07, 2015

Alô, alô Nicolau Santos do Expresso! Explique lá, se faz favor, mas explique devagarinho e, de preferência, com números, porque é que o Paulo Macedo é um bom ministro.


Não quero cavalgar a onda do alarmismo nem tomar a nuvem por Juno.

Mas, analisando o estado da saúde pública agora, com médicos em sobrecargas desumanas (ouço falar em cerca de 18 horas seguidas! Como não errar ao fim de tantas horas seguidas a trabalhar?), médicos que se recusam a colaborar numa coisa assim deixando as urgências desprovidas, enfermeiros explorados até à exaustão, uma assustadora desorganização nas urgências dos grandes hospitais públicos tantas vezes transformados um verdadeiro caos, como dizer que este ministro tem sido competente?

Como dizer que é competente um ministro responsável por esta situação?

Como dizer que é competente um ministro que faz com que os hospitais e centros de saúde sejam espremidos até ao tutano para, a seguir, em desespero de causa, partir para a contratação de médicos pagos à hora, a 45 euros à hora?

Como dizer isso, Nicolau Santos?


Filas de espera de doentes nas urgências de horas e horas, acompanhantes a dormir debaixo das macas dos doentes, já dois doentes que morrem nas macas enquanto esperam por atendimento depois de estarem horas nos corredores sem serem observados, o bastonário a dizer que devem ser mais os mortos nestas condições (os familiares é que nem se têm apercebido), vacinas que falham e sei lá que mais... e Paulo Macedo é um bom ministro?


Poupe-me Nicolau Santos!



PS: Costumo estar de acordo com o Nicolau Santos mas acho que desta vez lhe passou uma coisinha má pela cabeça pois deu-lhe para louvar o deplorável (e não me estou a referir apenas a Paulo Macedo). Mais uma destas e junto-me ao meu marido: deixo de ler o Expresso e, deixando ambos de o ler, deixamos de o comprar.

Chatice para isto, que parece que os jornalistas, mesmo os mais sérios, volta e meia se deixam contagiar pela conversa dos spin doctors do governo, parecendo até desrespeitar pela inteligência dos leitores. Que farta que começo mesmo a estar do Expresso.

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Como dá para ver, a imagem provém do blogue We Have Kaos in the Garden.

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domingo, outubro 26, 2014

Passos Coelho acha que os jornalistas e comentadores são preguiçosos, marias vão com os outros, não estudam as matérias, dizem coisas patéticas e deviam pedir desculpa ao País. Ora bem, temos, portanto, Passos Coelho em versão Dominatrix. Ui. ///// E que dirá ele da versão de Carlos Mendes sobre "O Crato"?... Será que vai também exigir ao Carlos Mendes que peça desculpa ao País...? Ui... que o Carlos Mendes já deve estar aflitinho da vida.




Vinha eu no carro e, às horas certas, pusemos o rádio na TSF. Pois não é que lá estava Passos Coelho, voz empolgada, a perorar contra os mandriões que invadem a comunicação social a dizer que a sua governação tem sido um fracasso? Que nada, tudo melhor, a dívida um miminho, o desemprego ainda melhor, o PIB ora, ora, de vento em popa, a confiança dos empresários também do melhor, a situação do ensino, da justiça e de tudo o resto boa, boazona como nunca antes... e esses calões a papaguearem a conversa uns dos outros. Patético. Deviam ter a humildade de pedir desculpa.


Transcrevo uma parte do que o Público descreve:

O momento mais inflamado do discurso – que encerrou as jornadas parlamentares da maioria PSD/CDS – aconteceu quando o primeiro-ministro atacou comentadores, depois de se ter referido a jornalistas também. “Todos os comentadores e jornalistas podem olhar para os números e saber o que eles dizem”, afirmou, para logo lamentar: “Pena que para neste exercício de coerência muitos sejam preguiçosos e às vezes orgulhosos. Têm-se dito no debate público inverdades como punhos”.

(...)

“Chega a ser patético verificar a dificuldade de gente que se diz independente tem de assumir que errou, que foi preguiçosa, que não leu, que não estudou, não comparou, que não se interessou, a não ser em causar uma boa impressão de dizer ‘Maria vai com as outras’, o que toda gente diz porque fica bem”, afirmou, arrancando uma forte salva de palmas.


Passos Coelho no seu melhor, portanto. 

Ora eu já estou como o Der Terrorist: também acho que grande parte dos jornalistas e comentadores são preguiçosos, papagueiam o que os funcionários e assessores dos gabinetes comunicação dos ministérios dizem. Mas não era a esses que ele se referia. Cá para mim referia-se, isso sim, a Manuela Ferreira Leite, a Pacheco Pereira, a Pedro Marques Lopes, ou a Nicolau Santos, a Pedro Santos Guerreiro e a todos quantos ousam desdizer o discurso oficial.

Já no Expresso tinha lido que a chefe dele, a Pinókia, se tinha apresentado no outro dia no Parlamento toda mandona, castigadora, dominadora, dando ralhetes aos deputados e tudo.

Depois das cenas de Perdoa-me que mandou o C-Rato e a Cruzes-Canhoto fazerem, eis o Láparo de volta ao seu número preferido: ele e a sua Mestra como um grupo de castigadores, cada um armado em dominatrix. Cuidado com eles.


Estão danadinhos para distribuirem tau-taus a torto e a direito. 

Ui....




E nada de serem piegas, senhores jornalistas e comentadores. Apanhem e mostrem que gostam.


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Recebi agora por mail um vídeo com Carlos Mendes a dedicar uma canção a Nuno Crato e a outras adjacências. Vou já divulgá-lo embora receie que o Láparo Dominatrix ainda um dia destes dê uma desanda no Carlos Mendes, umas chibatadas verbais, e o obrigue a ajoelhar e pedir perdão.


Por isso, en garde, Carlos Mendes.





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Volto de novo a este mail para lhe juntar o início do artigo de Nicolau Santos no Expresso online de segunda-feira a que ele deu o título de : O dr. Passos nunca errou. Só ele é que vai com o passo certo.




Ao dr. Passos não lhe bastam a cumplicidade entusiástica do dr. Marques Mendes, porta-voz oficioso do Governo. Ou o criticismo benevolente do Prof. Marcelo e do dr. Morais Sarmento. Ou os elogios firmes do dr. João Carlos Espada. Ou a cobertura científica dos professores João Cantigas Esteves e João Duque. Não. O dr. Passos é ambicioso. Queria mais.


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sábado, outubro 18, 2014

Alguém me explica porque é que ainda há quem convide um tal José Sá Carneiro para opinar...? Estou a vê-lo no Expresso da Meia-Noite e estou parva com o que ele diz. Há com cada mistério. Olhem, para me abstrair vou antes ver cenas que valem a pena.


Há notícias relevantes? Coisinhas que valham a pena? Não dou com elas.

O Secretário de Estado não sei das quantas plagiou ou esqueceu-se de referir os autores daquilo que disse? Pois, não estou nem aí.

As trapalhadas do BES continuam? O outro, não sei se era o comandante, disse que estava na altura de usarem o porta-Moedas? Também não estou nem aí.

Gravaram as reuniões, gravaram telefonemas, desbocam-se por todos os lados, divulgam actas, alcovitam, chibam-se e bufam-se por todo o lado? Não me admira. A gente fina vira gente grossa quando sente que o chão lhe está a fugir.

O Vítor Bento, temente à ética e bons costumes, esteve no BES enquanto membro do Banco de Portugal, tendo-se anunciado que não? Qual o espanto?

Mais, contem-me mais a ver se conseguem que eu me admire.

Nada.

O Nigel, um papagaio americano com sotaque do mais britânico que havia, desapareceu e apareceu ao fim de uns tempos a ladrar e a falar espanhol? Também não me admiro nada. Já aqui contei como a tia de um amigo meu, médico, teve um AVC, perdeu a fala e quando, ao fim de uns tempos, recuperou a fala, para espanto de toda a família só falava espanhol. Por isso, qual a admiração com o papagaio inglês que nem AVC teve?

A Michelle Obama pôs-se a dançar com um nabo em frente a uma câmara e o vídeo tornou-se viral?




Michelle Obama Dances in Healthy Eating:  Turnip For What?




Que é que isso tem? Quer ver que só dançamos com gente esperta, nunca com nabos. Ora.

Por isso, olhem, não me parece que haja coisa que valha uma prosa a propósito.

Estava para aqui a ver se me abstraía daquele sujeito que está ali na SIC Notícias e que não diz coisa com coisa, que faz (com ar convicto) afirmações que não batem certo com nada (a Manuela Arcanjo, depois de já o ter corrigido várias vezes, já está mortinha por gozar com a criatura e compreende-se) e que, para cúmulo, tem ar de pessoa do século passado e a única coisa que me ocorre é a seguinte: será com este artista que o Ricardo Costa se aconselha? Ou será conselheiro do Henrique Monteiro? Algum motivo tem que haver para trazerem esta criatura para a mesa. É de doidos.

Bem, vou partir para outra. Para alguma coisa que valha a pena. Se é para a paródia, então que seja com pândegos a sério.



Monty Phyton - Demonstração de mau humor


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Ouvi agora o Nicolau Santos dizer que este sábado explicam no Expresso que descaminho levaram os outros dezasseis milhões das comissões dos submarinos - e com isso estou curiosa. Na volta foram donativos para a caixa de esmolas da igreja.



Ouvi-o também a dizer que o Expresso vai contar que o láparo escondeu não sei o quê do vice-irrevogável, talvez tenha sido aquilo de não irem acabar com a sobretaxa, e que este saíu da reunião para falar com os ministros da sua facção. Há quem tenha dito que foi dar uma perninha, quiçá dançar com um nabo. Há também quem diga que, qual Nigel, reapareceu a ladrar, a rosnar e a falar espanhol mas pode ter acontecido que apenas se tenha ido aconselhar com o tal José Sá Carneiro. Seja como for, o láparo ficou a rir-se como um perdido por ter obrigado os do CDS a engolirem mais umas quantas promessas mas o vice-irrevogável já transformou o sapo que deglutiu à força e já o ouvi, com ar de filósofo, a dissertar em público, falando em crédito de imposto diferido, uma cena qualquer imperativa, essa sofisticada forma de criatividade orçamental.

Bem amanhã logo leio o Expresso (se conseguir, claro) que o dia promete.


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segunda-feira, julho 28, 2014

Os homens do Expresso e Ricardo Salgado, o BES, o Grupo Espírito Santo: Nicolau Santos, Pedro Santos Guerreiro, João Vieira Pereira. E Miguel Sousa Tavares. E João Duque. E outros de outra comunicação social como Marcelo Rebelo de Sousa. E o Correio da Manhã (mas isso não sei se é bem jornalismo). E os Partidos. E não só.


Volto a um assunto de que já tantas vezes aqui falei: a decadência de um poderoso Grupo económico português que se tem vindo a precipitar a velocidade acelerada, mostrando como entre a glória e a ruína vai um curto passo. Uma família Espírito Santo, até há pouco tão rica, rica demais para poder tombar, é hoje, certamente, um grupo de pessoas em aflição, consumida pela desconfiança e pelo ódio.





E volto ao assunto porque a imprensa, antes tão servil, é agora um cão esfaimado pronto a saltar ao pescoço daqueles a quem, antes, tanto venerava. E, ao lançar confusão e areia, a imprensa tablóide corre o risco de desviar a atenção daquilo que importa.

Por isso, vou começar no Correio da Manhã mas não por muito tempo pois penso que presta um mau serviço ao país e vou antes centrar-me no Expresso, no qual há, apesar de tudo, alguns jornalistas de qualidade. E digo alguns porque outros, jornalistas ou colaboradores, uns por uma razão, outros por outra, nem tanto (e agora estou a cingir-me, em particular, ao mediático caso Espírito Santo).


O Correio da Manhã, que parece estar umbilicalmente ligado ao Ministério Público, revela que o BES emprestou alguns milhões aos Partidos, com o CDS à frente (5.5 milhões?). 


Não sei como é feita a gestão económica e financeira dos partidos. Presumo que tenham como fonte de receitas o que os militantes pagam, que não deve ser muito, e algum apoio vindo do Orçamento de Estado. Como despesas, devem ter rendas e outras despesas de funcionamento da sede, incluindo pagamento de ordenados a funcionários, publicações e publicidade, etc. Não sendo empresas com fins lucrativos, diria eu que deveriam ser capazes de viver com o que têm já que não poderão fazer, como as empresas, diversificação de actividades, 'penetração' em novos mercados. Por isso, causa alguma estranheza que precisem de se financiar em milhões. Por exemplo, o CDS, um partido tão pequeno, precisa daqueles milhões para quê? Não sei. Mas, enfim, parece ser mais um caso de gestão do que outra coisa. Uma organização ou uma pessoa pedir empréstimos à banca não tem nada de mal, sobretudo se os conseguir pagar. Por isso, a capa do Correio da Manhã a mim não me diz nada: parece-me, isso sim, puro populismo jornalístico.

A questão é mais outra: quase toda a gente que exerce uma actividade em Portugal parece que não sabe gerir sem ser com recurso a capitais alheios. Ou seja, tal como digo aqui desde sempre e como fica cada vez mais claro, não foram as pessoas individualmente que viveram acima das suas possibilidades mas sim alguns, poucos, os muito privilegiados de sempre, e as organizações, especialmente as de gestão privada (provavelmente, partidos incluídos). 
Portugal vive em cima de dívida e isso, sim, é um grande problema. Há tempos li na entrevista que Anabela Mota Ribeira fez a António Nogueira Leite uma coisa com a qual estou absolutamente de acordo. Referia-se ele ao contacto que tinha tido com o patrono do Grupo Mello:
O Sr. José Manuel de Mello via sempre à frente de todos os outros. Há uma série de coisas que estão a acontecer que, ditas na linguagem encriptada que ele usava, e que quem trabalhava com ele percebia, anunciou. Refere, candidamente mas de uma forma frontal, que em Portugal as pessoas não gerem activos, gerem dívida – que até aí ninguém tinha dito.

É verdade. E, quando se vive em cima de dívida, vive-se no arame - dependente de tudo, vulnerável, as fracas economias que a actividade vá gerando a serem devoradas pelo serviço da dívida. E vive-se sob o jugo de quem tem o poder para ir dispensando mais uma pinguinha, mais um pózinho. 

Porque se chegou a este ponto? Ter-se-ia que recuar muito na História de Portugal para encontrar as causas e nem seria eu a pessoa mais habilitada para falar nisso.

Um Estado em geral ocupado por fracas elites, por gente que se deixa manipular, incapaz de regular o que quer que seja, o poder na mão de uns quantos, poucos, e muita corrupção, grande e pequena mas disseminada, dinheiro circulando por muitos corredores - esta tem sido, de facto, mais coisa menos coisa e salvo em alguns curtos períodos de excepção, a história da vida deste pobre país.

As empresas francesas, quando orçamentavam grandes projectos para venderem em Portugal, incluíam sempre uma rubrica designada por frais latin. Luvas. Soa humilhante para nós mas era (e até há pouco tempo era assim; agora não sei) indispensável para que se conseguissem ganhar grandes concursos.
Não havia grande negócio que se fizesse que não tivesse que contemplar dinheiros para este, para aquele e para aqueloutro. Por vezes, as benesses percorriam a hierarquia de cima a baixo, tudo agilizado (oleado) de forma generosa. Repito: escrevo no passado porque desconheço o que se passa nos dias de hoje.

E, portanto, uns porque pagaram, outros porque receberam, outros porque trabalham em empresas que são fornecedoras e que não querem perder negócio, outros porque são colaboradores e devem fidelidade à empresa, outros porque são amigos ou familiares, ou por mil outras razões - não puderam falar e, mesmo hoje que tudo se escancara em escândalo e revolta, há pessoas de quem se esperaria que denunciassem ou criticassem factos e o não fazem. 

Numa altura em que o assunto que grita no País é o escândalo e o drama da queda do império Espírito Santo, Miguel Sousa Tavares sempre tão atento à actualidade, não toca no assunto GES/BES. Compreende-se: a sua filha é casada com um Espírito Santo. Eu também teria dificuldade em arrasar publicamente um compadre meu. 



Marcelo Rebelo de Sousa já o disse publicamente várias vezes: é amigo pessoal de Ricardo Salgado, já passaram muitas férias juntos, e é sabido que a sua namorada de longa data, Rita Amaral Cabral, é administradora do Grupo. Como poderia ele falar abertamente? Como poderia ele lançar alertas públicos? Fala apenas em geral, em termos globais e fala agora. Ouvi-o há pouco dizendo que já em 98 afrontou Ricardo Salgado mas não tenho ideia. Desconheço se teceu críticas privadas ou quase privadas mas em privado tudo é possível porque, supostamente, as paredes não têm ouvidos. Sobretudo, é inconsequente. O que importava, perante as dramáticas consequências para tanta gente, era que, atempadamente, se tivesse tentado impedir que tanto mal acontecesse.


[Nota: Falar agora é fácil e meio mundo o faz como se já soubesse deste brutal escândalo há mil anos. Mas a coisa é ainda mais desagradável quando o falatório assume contornos de conversa de vizinha. É o que achei da recente conversa de Paes do Amaral. Paes do Amaral foi casado com uma irmã de Rita Amaral Cabral e, portanto, quase cunhado de Marcelo Rebelo de Sousa. A forma deselegante como, na entrevista que concedeu ao jornal Dinheiro Vivo a propósito da privatização da TAP, envolveu Marcelo Rebelo de Sousa na teia de Ricardo Salgado soou-me a vingança, a mau feitio, a coisa feia, a coisa muito pouco nobre - mas, enfim, por estes dias a nobreza parece andar pelas ruas da amargura]

Continuo. Falo agora não de jornalistas ou comentadores mas, sim, de gestores tidos por excelentes, verdadeiros opinion makers junto de quem se interessa pela boa governance de sociedades. Henrique Granadeiro ou Zeinal Bava eram presença frequente em seminários ou debates, casos exemplares. Contudo, estão nas administrações de empresas que têm como accionista os Espírito Santo - como podem falar, se estão onde estão pela confiança que merecem junto do ex-dono disto tudo? Não podem. Aliás, de forma incompreensível, atiraram para a lama a sua própria reputação, a reputação da PT e estoiraram com as economias dos que acreditavam neles. Um caso difícil de entender e que ainda irá dar que falar.



São exemplos, simples exemplos, porque as ligações são poderosas e inúmeras.



Nicolau Santos recordou na sua crónica do suplemento de Economia do Expresso de sábado: em tempos falou das suspeitas e indícios envolvendo Ricardo Salgado e, por causa dessa ousadia, o Expresso sofreu uma quebra de receitas publicitárias no valor de 3 milhões. O BES é um grande anunciante, uma fonte de receitas relevante para toda a gente que precisa das receitas publicitárias. Não é fácil a uma empresa como aquela que gere o Expresso encaixar uma perda de receitas de 3 milhões. Por isso, antes que alguém falasse, que pensasse bem. Assim funcionam estas coisas.


Por isso, foram poucos os que, em momentos difíceis, tiveram a coragem de romper o cerco. Nicolau Santos, como já antes o disse, tem sido exemplar na forma como rompe os cercos do medo. Esta semana não apenas recorda os que valorosamente têm posto o dever de informar acima de medos ou interesses, como tem a coragem de enunciar as actuações tíbias de Carlos Costa que tem sido tão elogiado por meio mundo e cuja actuação, na prática, tem sido tardia, pouco eficaz, e, sejamos claros, pouco credível.

Nicolau Santos fala também em Pedro Santos Guerreiro, um jornalista de primeiríssima água. Claro na expressão, directo, honesto, pela sua mão têm sido escritos dos mais claros artigos sobre a ruína da família Espírito Santo.


Esta semana, Pedro Santos Guerreiro, faz uma antevisão do que vai acontecer às empresas do Grupo (falências, depreciações, venda, prejuízos para os fornecedores e demais credores, muito desemprego), ao BES (perda de valor, perda de dimensão, provável aquisição por parte de outro banco, anulação da marca BES) e para a família (perda de tudo, ser processada, desagregar-se). Ler Pedro santos Guerreiro é ler a realidade sem photoshop.


Nicolau Santos fala ainda de João Vieira Pereira que acompanhou algumas investigações.

Confesso que, em geral, não me revejo na escrita e nas opiniões de João Vieira Pereira. Parece-me frequentemente errático nas suas apreciações, injustificavelmente crédulo (o que parece acontecer sempre que as promessas vêm do lado da actual coligação), só reagindo perante evidências, aparentando pouca consistência nos seus juízos de valor. Mas, de vez em quando, tem assomos de clarividência e escreve de forma directa, sem brandura. É o caso do que escreve esta semana no seu Bloco de Notas. Não sei exactamente a que se refere quando fala de links mas presumo que ele saiba e, por isso, transcrevo:

O Grupo Espírito Santo era claramente extractivo. Extraía para alguns. Para os seus. Família ou amigos. Não havia bem comum. Havia o bem de um.

Sobre ele girava um império. Os links estão todos feitos. A Durão Barroso, a Paulo Portas, a José Sócrates, à EDP, à PT, e até ao Benfica. Os casos sucederam-se durante anos. Sempre com o memsmo denominador. No palco ou nos bastidores.


Mas a culpa é tanto dele como de quem lá o deixou ficar. Durante anos houve um pacto que ninguém ousou quebrar, ninguém.Por mais que agora venham dizer que sempre avisaram, é mentira! Ninguém teve coragem para o fazer. Ninguém com o poder de acabar com a vergonha.

A vergonha de haver um poder económico que não trouxe prosperidade. E que ajuda a explicar por que razão continuamos na cauda da Europa. O valor criado era apropriado por alguns, os eleitos. E foram muitos os que ganharam no jogo.


Não posso estar mais de acordo. Só lamento que, com a presciência que agora revela, João Vieira Pereira não tenha tido a mesma lucidez nas vezes em que o vi defender, com unhas e dentes, as medidas estúpidas com que Passos Coelho tem vindo a destruir a economia, a aumentar a dívida e a atacar trabalhadores, como se tivessem sido estes últimos os responsáveis pelo estado do País. Mas, enfim, se finalmente, caíram os véus que, por vezes, pareciam toldar-lhe a vista, só posso ficar contente. O país precisa de um jornalismo isento e lúcido.


Exemplo de um cata-vento que diz o que calha consoante sopram os ventos é, em minha opinião, João Duque, justamente o da 'confusion de confusiones'. Chega a ser patético. Esta semana escreve uma crónica, naquele seu estilo que tenta ser humorístico, mostrando que, com a estrutura accionista e a estrutura organizativa (e fiscal), as empresas do Grupo Espírito Santo formam uma teia impossível de rastrear. Pois. Têm razão Nicolau Santos e João Vieira Pereira quando dizem que agora é fácil pisar quem já está no chão. Pois não foi João Duque que, à frente do ISEG, concedeu mais uma distinção a Ricardo Salgado? Em 2013, Ricardo Salgado  não foi prestigiado com o doutoramento "honoris causa" por serviços prestados à economia, cultura, ciência e à universidade?


Transcrevo uma parte de uma notícia de Julho de 2013, assinada por Maria Teixeira Alves,sobre o discurso de agradecimento de Ricardo Salgado ao ser agraciado :
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"Hoje em dia não se pode falar de emprego e crescimento sem ter conta uma visão estratégica sobre o que se passa no mundo", disse [Ricardo Salgado] defendendo a internacionalização. Elogiou o papel do BESI na internacionalização do banco.
"Agrada-nos muito ter contribuído para o aumento das exportações portuguesas", disse.
Ricardo Salgado reforçou o papel do Estado no equilíbrio das finanças públicas para poder reduzir a austeridade ao mínimo e promover o crescimento económico". O banqueiro realçou ainda a importância da União Bancária.
Finalmente elogiou o papel do ISEG, presidido por João Duque, no conhecimento.

Por isso, quanto a João Duque, estamos entendidos.



Mas volto ao muito esclarecedor artigo de Nicolau Santos e, para abreviar razões, limito-me a transcrever:

O BES foi seguramente, nos últimos anos, o banco que mais investiu em publicidade na comunicação social. Essa estratégia nunca foi inocente. Na sua mão tinha sempre a espada de Dâmocles, que levava o director de cada rádio, jornal ou televisão a pensar duas vezes antes de publicar algo desagradável para o banco verde.

A esta actuação aliava uma outra: o convite a jornalistas para irem a conferências de uma semana em estâncias de férias de neve na Suiça ou em França, onde de manhã se ministravam cursos de esqui na neve e à tarde se ouviam especialistas na área económica e financeira. E no verão repetia-se a dose: uma semana num barco algures no Mediterrâneo, acompanhando a Regata do Rei, até que num dos dias se subia a bordo do veleiro (ou será iate?) onde estava Ricardo Salgado para uma conversa descontraída sobre o banco.



Poderia eu acrescentar: Meu Caro Nicolau Santos, acha que esta prática era exclusivamente dedicada a jornalistas ou a estâncias de neve ou náuticas? Quantos directores ou administradores de empresas foram assistir a jogos de futebol aqui, ali e acolá, com viagem de avião, deslocações, almoços e jantares tudo incluído por convite do BES? Poderia juntar alguns exemplos para além do futebol como, por exemplo, torneios de golfe aqui e além mar, ou outros, mais mas isto está longo para além da conta e eu sei que a vossa paciência tem limites.


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Seria bom que se pudesse fazer uma limpeza nos bastidores da política, da economia e das finanças de Portugal, especialmente acabando de vez com a teia que perigosamente, ao longo de muitos anos, se foi entretecendo entre os seus vários agentes. Mas seria bom que isso não implicasse o sacrifício de muitos inocentes. E é disso que tenho receio, é isso que me preocupa. Mas tudo se há-de resolver e, com sorte, os efeitos colaterais não serão dramáticos e a justiça correrá célere para punir os culpados de tanto atraso de vida.

E até lá, até que a justiça faça o que tem a fazer, que haja decência e respeito (inclusivamente por parte da Justiça e dos seus agentes).





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As músicas são, respectivamente, as bandas sonoras dos filmes 'O Padrinho' e 'O silêncio dos inocentes'.

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Nota escrita na manhã de quinta feira, dia 7


Este post, à data a que escrevo isto, já foi lido mais de 22.000 vezes o que me surpreende imenso. Aos que aqui vierem agora permito-me sugerir a leitura do que, sobre o tema, escrevi entretanto, depois de ter escrito o que acabaram de ler:

Aqui

Aqui

Aqui

Aqui

e, já sobre o NOVO BANCO, aqui, e depois disso já outras dúvidas, perplexidades e catatonias de que seria fastidioso continuar a pôr a aqui os links pelo que o melhor, caso queiram, é irem direitos ao blogue em geral, sem destino definido (mas vão com cuidado pois - vou já avisando -, por vezes, perco-me por maus caminhos).


[Já agora: desde o início que venho escrevendo sobre o tema BES mas para não estar aqui a pôr todas as ligações, caso esteja interessado, sugiro que nas 'etiquetas' do lado direito, lá mais para baixo, clique em BES]. 


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sexta-feira, julho 11, 2014

O BES e o Expresso. O BES e a Política. O BES e o BdP. O BES e a solidez da Banca Portuguesa. O BES e a Troika. O BES e a pouca sorte dos portugueses. E Ricardo salgado e Bernie Madoff.


No post abaixo já levei os Leitores de Um Jeito Manso até Saint-Tropez onde poderão refrescar-se mergulhando nas águas tépidas e azuis do mar enquanto podem deitar o olho às seis mais requisitadas top-models da actualidade, de entre as quais se conta a portuguesíssima Sara Sampaio. Belas e desnudadas, elas estão ali melhor do que eu, que estou aqui cheia de calor enquanto elas estão ali à fresquinha.


Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é ainda sobre o BES. E quem diz BES diz GES, Grupo Espírito Santo.

E quem diz Grupo Espírito Santo diz a família Espírito Santo, diz Ricardo Salgado, o ex-todo-poderoso Ricardo Salgado.



Antes de eu dizer o que quer que seja, peço-vos que vejam o vídeo abaixo, que vejam a tranquilidade de um homem que escondia o dinheiro em offshores, que fugiu pessoalmente ao fisco no valor de milhões (enquanto a grande maioria da população do seu país vive com dificuldade, uns sem emprego, muitos com pensões e salários cortados, quase todos esmagados sob o peso dos impostos, muita gente com ordenados penhorados, muitos sem casa), que pelos vistos recebia presentes no valor de vários milhões (e pergunto eu: uma pessoa de negócios receber presentes de 14 milhões não é corrupção?!?!? E da grossa?!?!?), em cujas sociedades se camuflavam contas, fugiam ao controlo dos auditores, enganavam reguladores, accionistas, colaboradores, investidores e depositantes - e que, no entanto, se apresenta como um vencedor, um impoluto gestor, alguém que sabe mais do que qualquer outra pessoa à superfície da Terra.

Vejam como, tranquilamente, com aquela pose de banqueiro sólido, afirma que o Banco resistiu à crise, que foi o banco que melhor aguentou o embate da crise. Visto agora - agora que assistimos ao desmoronar de um império que estava assente em cima de dívida, de imparidades, de incobráveis, de créditos concedidos sabe-se lá a quem, de dinheiro que rolava sem que se soubesse bem por onde, para quem - é sinistro. A hipocrisia, a impunidade, o sentimento de superioridade, de que vale tudo, de que o dinheiro compra tudo, é o que justifica tudo o que está a acontecer.


(No título do vídeo fala em Laurinda Alves mas não: como seria de esperar é Maria João Avillez. Who else?)





Quantas pessoas já estão hoje mais pobres porque acreditaram na solidez do nome Espírito Santo e compraram títulos, fundos, acções?

Quanto do aumento de juros da dívida pública resulta da desconfiança que os investidores têm no que se passa em Portugal em que uma coisa destas acontece nas barbas da Troika, do FMI, do Banco de Portugal? E com razão: que raio de testes de stress, que análises pagas a peso de ouro é que tantos especialistas da troika e do FMI andaram a fazer que não deram por nada?

E quem mais, senão nós, os contribuintes, vai pagar estes juros acrescidos?

O facto é que o Grupo Espírito Santo desmorona-se de dia para dia, o BES desvaloriza-se de dia para dia, as empresas caminham a passos largos para a insolvência - e vamos ver onde é que isto vai parar.


Carlos Costa, a sumidade, a esperteza que tinha obrigado a sair os elementos da família para lá meter gente da confiança dos mercados (Vítor Bento, Moreira Rato), que diz agora com a negociação de acções em bolsa suspensas, tamanha a hecatombe? E de que vai servir ao BES, perante este desmoronamento, ter à frente do Conselho de Administração um homem que sabe mais dos segredos do País do que toda a Secreta junta? 


Trafulhices, conluios, esquemas e papagaios - são os ingredientes desta história.

Maria João Avillez, José Gomes Ferreira e tantos outros não têm feito outra coisa senão estender a passadeira vermelha a todos os senhores da nação que até aqui têm achado que, se querem, então podem e mandam. Ao louvarem, ao tecerem loas, ao mostrarem servil reverência perante pessoas como Ricardo Salgado, estes jornalistas mais não têm feito do que legitimar, perante a opinião pública, toda a política criminosa que tem vindo a esbulhar muitos para que uns quantos possam viver como nababos.

Neste processo, honra seja concedida a Nicolau Santos que, no Expresso, desde há tempo, vem alertando para as fragilidades e comportamentos desviantes do BES, e para Pedro Santos Guerreiro que, como um cão de fila, tem avançado na peugada das pistas que indiciavam fraude e falência, desvendando, um a um, (quase) todos os podres.


Tirando estas e talvez mais algumas (poucas) excepções, ao longo de três anos ouvimos que vivíamos acima das nossas possibilidades, que éramos piegas, pouco produtivos, que tínhamos que empobrecer, que o País não podia suportar escolas no interior nem postos médicos com médicos lá dentro. Durante anos a política tem sido a de espezinhar o ensino e a investigação, escorraçar os jovens, esvaziar o País, vendê-lo ao desbarato a chineses, angolanos, russos, brasileiros. Durante anos a política tem sido a de retirar direitos aos trabalhadores, tratá-los como ociosos. Durante anos a política tem sido desprezar os idosos, apresentando-os como um grupo de gente que suga a seiva dos novos.

E tudo abençoado por Ricardo Salgado, o senhor do Espírito Santo. Com Passos Coelho, o executor desta política, à frente do Governo e com uma criatura diminuída em Belém que nada faz em prol do bem dos portugueses e da honra de Portugal.


Ninguém sabe o que vai acontecer ao GES ou ao BES. Provavelmente vai ser tudo vendido e sabe-se lá a quem. Angolanos, venezuelanos, chineses, japoneses, quem calhar. Pelo caminho ficarão as vítimas, os danos colaterais do costume.

Numa altura em que se impunha um comunicado que tranquilizasse os detentores de acções ou títulos, nada se substancial e credível diz: o Grupo está paralisado, ninguém se pronuncia (com excepção para Ricciardi que já ninguém leva muito a sério) e, do lado do Banco de Portugal, o que nos chega é também um estranho silêncio. Carlos Costa, a sumidade, para além de surdo e cego agora parece que também emudeceu.


Ao ouvir, naquele vídeo, o Ricardo Salgado, fez-me lembrar o Madoff, na altura em que era todo-poderoso, um caso de sucesso. Reparem, no vídeo aqui abaixo, como falava com descontração e segurança de como eram as operações, como diz com ar sincero que era tudo tão regulado que ninguém jamais poderia cometer alguma coisa vagamente fraudulenta já que seria inevitavelmente pelo apanhado pelo regulador. Dava aulas de boa gestão, explicava como se ganhava dinheiro, fazia humor. Descarado, vaidoso, achando-se imune.

Ao seu lado um dos filhos. Aparentemente os filhos não sabiam de nada. Ninguém sabia de nada. Era uma das empresas mais importantes de Wall Street - e, no entanto, era uma fraude monumental, um vulgar esquema da pirâmide, uma D. Branca. E ninguém sabia de nada.

Enquanto Madoff ria, cavava-se a ruína de muitas pessoas que acreditaram nele e lhe entregaram a gestão das suas economias. Enquanto, poderoso, se sentia acima da moral comum, o mundo começava a ruir tal como o conhecíamos.

Tantas as mentiras, tantos os esquemas, tanta prepotência, tanto rei na barriga - e sempre tantos sabujos e atrasados mentais prontos a servir os senhores do dinheiro, prontos a papaguearem aldrabices, conveniências.

Madoff acabou preso, um dos filhos suicidou-se, não sei se aquele que ali ouvia as gabarolices do pai. Não sei como vai acabar Ricardo Salgado. Provavelmente vai viver para o Brasil e viverá rico e de consciência tranquila.

Mas, nada do que aconteça a Madoff, Ricardo Salgado, Oliveira Costa ou João Rendeiro anula a ruína que causaram em tantas famílias.




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Recordo: se descerem até ao post seguinte, sairão do fogo do inferno financeiro para mergulhar nas belas águas em que se banham as seis mais belas e sexy top models da actualidade, entre as quais a nossa Sara Sampaio. O dress code é: de preferência nada em cima.

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Daqui a nada tenho que estar a pé que esta sexta feira a alvorada é com os galos ou antes de isso. Rumo a norte e vai ser jornada longa. 

Portanto, por hoje, fico-me por aqui e, uma vez mais, já não consigo reler o que escrevi. Como estou a escrever a grande velocidade porque já é mais tarde do que eu queria, antecipo letras trocadas, vírgulas fora do sítio e toda a espécie de barafunda. As minhas desculpas.

Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa sexta feira!


domingo, outubro 20, 2013

Recapitulando - a crónica de Miguel Sousa Tavares no Expresso deste sábado sobre o inexequível, absurdo e nefasto OE 2014 e sobre a quota parte de responsabilidade, na destruição de Portugal, dos 4 partidos que, unidos, trouxeram a troika para Portugal (a saber: PSD, CDS, PCP e BE). E ainda a uníssona opinião de Nicolau Santos, dos arrependidos Daniel Bessa e João Duque (e, de raspão, a balofa opinião de Marcelo Rebelo de Sousa que não gosta, não gosta, mas aplaude a inteligência de Cavaco Silva ao, provavelmente, evitar uma crise política, deixando passar o aborto do OE)


Mais uma vez o Governo falha todas e cada uma das previsões: o PIB, o consumo, o investimento, o défice e a dívida - e todos vamos pagar por isso.


É uma vergonha que, todos os dias, todos os membros do Governo continuem a justificar o continuado desastre desta política com a herança de Sócrates.

A realidade, porém, é que, depois de dois anos e meio de austeridade, depois de 35.000 milhões de euros roubados à economia, depois de 400.000 postos de trabalho destruídos e milhares de empresas levadas à falência, o défice é praticamente igual ao que herdaram e a dívida pública não fez senão aumentar.


Pode ser que um dia eles acabem por ter razão, mas sobre as ruínas de um país devastado, depois de terem desqualificado para sempre o valor do trabalho como factor de produção, depois de terem enviado para a emigração os melhores do país, comprometendo para sempre o seu futuro, depois de terem vendido tudo o que tem valor estratégico e económico, e sepultado qualquer veleidade de modernização na economia, na investigação, na energia. E mantendo, intacto, o mesmo Estado que o país não consegue suportar, porque confundiram o corte de salários e pensões com o corte permanente da despesa do Estado.

Espero bem que o país não se esqueça de ajustar contas com essa gente um dia. 

Esses economistas, esses catedráticos da mentira e da manipulação, servindo muitas vezes interesses que estão para lá de nós, continuam por aí, a vomitar asneiras e a propor crimes, como se a impunidade fizesse parte do estatuto académico que exibem como manto de sabedoria. 

Essa gente, e a banca, foram os que convenceram Passos Coelho a recusar o PEC 4 e a abrir caminho ao resgate, propondo- -lhe que apresentasse como seu programa nada mais do que o programa da troika — o que ele fez, aliviado por não ter de pensar mais no assunto. 


Vale a pena, aliás, lembrar, que o amaldiçoado José Sócrates, foi o único que se opôs sempre ao resgate, dizendo e repetindo que ele nos imporia condições de uma dureza extrema e um preço incomportável a pagar. 


Esta maioria, há que reconhecê-lo, conseguiu o seu maior ou único sucesso em convencer o país que o culpado de tudo o que de mal nos estava a acontecer foi Sócrates — o culpado de vinte anos sucessivos de défice das contas públicas, o culpado da ordem vinda de Bruxelas em 2009 para gastar e gastar contra a recessão (que, curiosamente, só não foi cumprida pela Alemanha, que era quem dava a ordem), e também o culpado pela vinda da troika. 

Mas, tanto o PSD como o CDS, sabiam muito bem que, chumbado o PEC 4, o país ficava sem tesouraria e não restava outro caminho que não o de pedir o resgate. Sabiam-no, mas o apelo do poder foi mais forte do que tudo, mesmo que, benevolamente, queiramos acreditar que não mediram as consequências. 

***

  • O texto acima resulta de excertos da crónica semanal de Miguel Sousa Tavares no Expresso deste sábado, dia 19 de Outubro de 2013, crónica que ele designou por 'Recapitulando'.

  • Poderia aqui juntar também excertos do arrependido Daniel Bessa, antes tão apoiante deste Governo e agora já tão desiludido,

Quando tudo isto começou, pensei que subir impostos, baixar salários e reduzir pensões poderiam fazer parte de soluções intercalares, mas não fariam parte da solução definitiva. (...) 

  • ou excertos da crónica de Nicolau Santos, 'Anatomia de uma ficção desesperada', 

A proposta de lei do Orçamento do Estado para 2014 é uma ficção desesperada, controlada por funcionários estrangeiros de segunda e elaborada por uma ministra com alma de contabilista (sem ofensa para a classe...)

  • ou excertos da crónica de um outro arrependido, João Duque, crónica que intitulou 'Vender os anéis e ficar sem os dedos'

Talvez o Governo esteja a prever que o 'prego' seja a saída para muitas famílias, mas recordo que no próximo ano, depois de nos terem esturricado os dedos, o castigo vai continuar, porque é isso que o nosso desequilíbrio impõe na ausência de crescimento económico, embora para o ano já não existam anéis...
  • ou poderia referir todos os outros cronistas ou jornalistas que mostram nesta edição do Expresso, como ultimamente em todas, o mais profundo repúdio pela destruição e injustiça irreparável que o desGoverno de Passos Coelho e Paulo Portas está a levar a cabo no País - mas tornaria este post ainda maior, mais aborrecido de ler.

Mas não posso deixar de referir Marcelo Rebelo de Sousa no seu exercício semanal na TVI com Judite de Sousa (hoje mais bonita, melhor encarada e, sobretudo, melhor maquilhada) pelo seu cinismo, pela inutilidade dos seus comentários, tão cheios de artificialismos, de manobras e conselhos e contra conselhos - e tão desligado, de facto, da dura vida real.

Marcelo Rebelo de Sousa, mestre dos jogos de sombras, interpreta tudo à luz do tacticismo e dos jogos partidários, como quando acha inteligente que Cavaco Silva deixe passar o Orçamento e apenas se limite a enviá-lo para fiscalização sucessiva de modo a que os resultados só saiam para o ano que vem, evitando desta forma uma crise política. Para pessoas que se deixam dissolver nos cenários que conjecturam, como é o caso do comentador Marcelo Rebelo de Sousa, a vida real das pessoas que, por cada mês que passa, mais se degrada, nada conta. O que conta para ele são as habilidades palacianas - e isso é muito revoltante. A desgraça e a insegurança das pessoas deveriam merecer-lhe mais respeito.


Passos Coelho pode mandar detonar o país inteiro, Portugal pode estar devastado, numa irreversível derrocada, as pessoas podem estar a asfixiar debaixo das ruínas, que Marcelo Rebelo de Sousa vai continuar a dar as tácticas para que Cavaco Silva se saia bem e para que se consiga evitar que a responsabilidade caia em cima de Passos Coelho. E, por inverosímil que possa parecer, haverá ainda alguns que continuarão a dizer que a culpa foi de Sócrates (quiçá até por ter, um dia, perguntado, a um tal de Luís se, na televisão, ficava melhor de um lado ou de outro).  

Mas fazer o quê? O mundo é mesmo assim, cheio de coisas e de gente que não dá para entender. Gente que gosta de ver tudo ao contrário ou que gosta de atirar areia para os olhos dos outros sempre haverá. Nada a fazer.

quarta-feira, agosto 07, 2013

Eu não disse que os lombinha briefings dão azar a este governo? É que, quando está tudo a correr tão bem, vêm os lombinha briefings e desata tudo a correr mal. Esta terça feira o inteligente Pedro Lomba quase demitiu - ele mesmo e ali mesmo - o Mr. Swap, Pais Jorge. Agora, vem a Miss Swap dizer que isto é tudo uma cabala, que o documento que a SIC mostrou é forjado e o escambau e que fazem o favor de não lhe retirarem o amigo raposinho do Citigroup do Tesouro (é que ainda há algumas galinhas para depenar). E, imagine-se, como se a coisa não cheirasse já demasiado a esturro, agora vem à baila que Gonçalo Barata, administrador da AdP, também veio do Citigroup. E que Paulo Dray, o responsável pela Stormharbour, empresa contratada pela Albuquerque para empatar o caso dos swaps, também veio do Citi. Como é que o lombinha pode aprender a comunicar no meio de uma bagunça destas?!? ---- [texto revisto e aumentado]


No texto a seguir a este o tema é estival: conto a minha ida aos saldos de verão e mostro uma toilette muito em conta. Digo onde comprei, quanto custou, e mostro como combino as coisas a meu gosto. 

(Mas não digo que isto sou eu a brincar aos pobrezinhos porque os pobrezinhos nem dinheiro têm para comprar livros para os filhos, quanto mais para frescuras destas: isto sou eu a mostrar, simplesmente, como sou).

Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra.

Há uma série deliciosa na RTP 2 ao domingo à noite que se chama em inglês The thick of it e que, na tradução portuguesa, deu 'O centro da questão'. Aqui há dias Pedro Mexia já se tinha referido a ela no Expresso. É do melhor que há como, de resto, são geralmente as sérias britânicas. Parodia o funcionamento do governo inglês, mostrando como tudo se faz em função do que passa ou não e da forma como passa para a comunicação social.





No episódio desta semana acontecia uma bronca tremenda numa Secretaria de Estado, pouco tempo depois da Secretária ter tomado posse. Todos em pânico. Mas, explicava o responsável pela comunicação, o fantástico Malcolm Tucker, que tinham que abafar a bronca pois um Secretário ou Ministro sair ao fim de algum tempo é problema seu mas, sair logo ao fim de poucas semanas, é problema de quem o nomeou. E, portanto, havia que fazer tudo para que isso não acontecesse. Jamais comprometer ministros ou o primeiro-ministro.


É o que se passa com este desgraçado Governo. A bronca começou logo com a Miss Swaps, a Pinokia Albukerka. Depois de ter andado a empatar para, no fim, passar parte do fruto do nosso trabalho para os bancos por via do que com eles negociou, foi ao Parlamento explicar-se e, para sacudir a água do capote, disse mentiras, manipulou, jogou com as palavras, o nariz a crescer, a crescer, já a furar a parede oposta - e ela, como se não fosse nada com ela, impávida e serena. Uma fria manipuladora (para não dizer mais). 

Mas, de facto, se fosse corrida - depois de tudo aquilo porque o Governo passou, com Paulo Portas a demitir-se irrevogavelmente por causa dela e, depois, a ter que meter a viola no saco com a promessa que a dita cuja ia ficar a modos que à sua guarda, depois do Cavaco ter armado a barraquinha que armou para nada - seria a gargalhada geral se, ao fim de dois dias desta cegada toda, fossem correr com ela.

Por isso, apesar do clima de suspeita que paira sobre ela (o que a levou a empatar tanto o assunto? para que, com tanta gente válida nos ministérios e nos institutos,  foi contratar a peso de ouro uns consultores externos para avaliar os contratos?* e porque é que, ao contrário do que eles recomendaram, em vez de avançar pela via jurídica, passou o dinheiro para o lado dos bancos?) e apesar de ter comprovadamente mentido no Parlamento, aí anda o Passos Coelho e o Cavaco a aguentá-la com muito cuidadinho, a ver se a malta se esquece dela.

Mas qual quê? Aquilo ali parece um cão que veio para ferrar o dente nos contribuintes doa o que doer, para ver se fica bem na fotografia, para agradar aos bancos.

Por isso, por algum motivo que conviria que alguém investigasse (como se já não bastasse uma amiga dos bancos como ministra das finanças), eis que a dita pinokia, resolve reforçar o team, indo buscar um partenaire, o Mr. Swap, o dito Pais Jorge, que vendeu vários produtos ditos tóxicos e, inclusivamente tentou vendê-los ao anterior primeiro ministro, aliciando-o com o disfarce do défice e da dívida.


O dito artolas, aquele de quem Nicolau Santos pergunta se é tolinho, não contente com o terem-lhe descoberto a careca, resolveu apresentar-se num dos mal-afamados lombinha briefings.

Ora, claro está, estatelou-se ao comprido, trocou-se todo, disse e desdisse, suou fininho, gaguejou por todos os poros. Que tinha estado nas reuniões sem saber o que estava a fazer, que não sabia o que estava a vender, que quando vai às reuniões é para fazer de morto, que não percebe nada de coisas que tenham a ver com produtos financeiros.

Claro que logo ali alguém lhe deveria ter baixado as calcinhas e dado um valente par de açoites, então se não sabe nada de coisa nenhuma, como é que aceitou ser secretário de estado do tesouro, ó seu palerma? Mas claro que não. Do lado do governo, todos caladinhos a ver se a coisa passa. Ser corrido ao fim de poucos dias é problema de quem o nomeou, lembraria o Malcolm.

Mas a comunicação social não o poupou e logo surgiram comprovativos de que tinha estado nas reuniões onde dissera que não tinha estado.

A seguir, depois de lhe terem mostrado a careca, veio o artolas confirmar: afinal já se lembrava, tinha lá estado, sim senhor. 

Oopsss.... Mais um mentiroso nas Finanças.

Esta terça feira mais um lombinha briefing e novo chorrilho de lombinha nonsenses. É que o lombinha não é o Malcolm. O lombinha é um piu-piu que até dá dó.



O lombinha dos briefings, o grande causador destes desastres todos

Ou ele pára com os briefings ou, então, tem que passar a levar nos bolsos uma pata de coelho (mas não do Pedro, já agora, para não termos um primeiro ministro maneta) ou uma cabeça de galinha (mas avisem-no não vá ele confundir a pinokia com uma galinha, e logo ela de que se diz que tem algumas parecenças com um equídeo, mas já se sabe que o lombinha é despistado), pois parece que estas coisas afastam o mau-olhado e, acho que já ninguém tem dúvidas: o lombinha deita mau olhado aos colegas do governo



E então, para além de perguntar aos jornalistas - com ar de lombinha com dentes tortos e barba mal parida, olhos meio estrábicos e uma cabeleira mesmo a pedir que eu lhe meta uma tesoura - se não queriam saber mais nada porque, disse ele: 'mais nada? é que eu tenho aqui muitas perguntas para muitas respostas... muitas coisas...'. Os jornalistas mandaram-no bugiar.

Mas antes tinham-no praxado uma vez mais, não o largando com os swaps e com o artolas do Joaquim Pais Jorge - se este tinha mentido, se não tinha mentido. 


Vai o lombinha com aquela vozinha púbere, risinho nervoso, queixa-se que lhe estão sempre a perguntar a mesma coisa mas que as inconsistências problemáticas do artolas iam ser investigadas, que ia tirar tudo a limpo, e que ainda nesse mesmo dia uma conclusão ira ser retirada e comunicada ao País.


Os jornais declararam: Pedro Lomba demite Secretário de Estado Pais Jorge.


O Poia Madura deve ter dado um saltinho para trás, soltado três guinchinhos; mas nada a fazer: o mal estava feito. O lombinha tinha-se esticado.

O mal estava feito?? Ná. Aqui em Portugal, quanto mais mentirosos e mais palermas, melhor se acomodam no Governo.


Mas o dia chegava ao fim e nada: nem conclusões, nem comunicados. Até que...

Antes das doze badaladasqual cinderela, a Miss Swap, mais conhecida pela Pinokia, ou alguém por ela, pôs ovo.  Ficou a saber-se o resultado da investigação levada a cabo pela intelligentsia lombar e albukerkiana: afinal um dos documentos mostrados tinha sido forjado. Sim? Não me digam... Vamos de ficção em ficção. 


Então, depois do artolas ter confirmado que sim, que tinha estado nas reuniões para vender a Sócrates produtos daqueles que têm andado tanto na berra e que tão caro estão a custar aos contribuintes, vem a pinokia dizer que o documento que prova que ele lá esteve é forjado? Ai...

Um romance (infantilóide) é o que esta porcaria já parece. 

Ou seja, uma vez mais, imperou o princípio do Malcolm. Se o artolas for corrido, alguém vai lembrar-se de perguntar: mas esperem lá... mas quem é que o escolheu? e escolheu-o sem saber qual a actividade dele no Citigroup? ou foi justamente por isso que ele foi escolhido? e o Passos Coelho e o Cavaco estão-se nas tintas para estes antecedentes profissionais? Ou nem se lembram de validar? ou, esperem lá: sabiam...? 

Por isso, vamos lá fechar os olhos, fazer de conta que isto foi tudo resultante de uma confusão, ver se a malta se esquece.

Mas hoje ficou também a conhecer-se que Gonçalo Martins Barata, administrador executivo da Águas de Portugal, nomeado por este Governo para esta apetitosa empresa na calha para a privatização, veio, nem mais nem menos, também do Citigroup onde era também responsável pela venda de swaps tóxicos, daqueles forjados para esconder dívida pública.


Coincidência ou talvez não?


* - E quem é o responsável por essa dita empresa externa de consultoria contratada por Maria Luís Albuquerque, esse modelo de transparência e lisura?

Segundo consta, é Paulo Dray o responsável da consultora Stormharbour (grande nome o desta empresa...!). E de onde veio Paulo Dray?, perguntarão vocês que são uns curiosos como nunca vi. Pois bem, eu digo: também ao que consta, veio do Citigroup onde era, justamente, o director executivo do Citi para Portugal. Em conjunto com Joaquim Pais Jorge, vendia swaps para todos os gostos, incluindo para maquilhar contas públicas.


Mais uma coincidência?

Começa a parecer-me que não. Acho até que é caso para dizermos: eles andem aí...


PS: Enquanto isso, o infatigável Três-cabelos-em-pé, o inefável Rosalino, continua a fazer das dele: cortes de cabelo nas reformas (ou haircuts, para a coisa ficar a condizer com os anglicanismos da gíria financeira). É Agosto, pode ser que isto (isto e tramarem outra vez os professores) passe despercebido.



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Bom. Para a rubrica da moda e das compras, é descerem até ao post seguinte.

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E, esperando que não se descubra que toda a malta que foi nomeada pelo Governo de Passos Coelho para tudo o que é coisa veio do Citigroup ou do Morgan ou do Goldman Sachs ou desses sítios finos que deram cabo do País e de todos os Países do chamado mundo ocidental, me despeço por hoje.

Já passa das 2:30, tenho sono, amanhã tenho que me levantar cedinho e, por isso, uma vez mais não consigo rever o que escrevi. Se detectarem erros chatos só vos peço que me avisem; se forem vírgulas ou letras estrábicas, relevem, está bem? é por causa do lombinha, deixa-me de olhos trocados.

Tenham, meus Caros leitores, uma bela quarta feira!