José Castelo Branco, nascido em Moçambique em 1962, veio para Portugal quase criança, trabalhou como modelo e, mais tarde, foi Tatiana Romanova, drag queen no Trumps. Casou-se, teve um filho, divorciou-se. A sexualidade ambígua, o corpo torneado, as feições exóticas e um temperamento extrovertido levaram-no a festas sociais onde conheceu artistas plásticas, de quem acabou por se tornar quase agente e, daí, até se tornar marchand foi um passo.
Por essas andanças, foi conhecendo cada vez mais pessoas, foi entrando no mundo do dinheiro. Há cerca de 15 anos casou-se com a riquísima Betty Grafstein, dona de uma empresa de diamantes e design de jóias, a Grafstein Diamond Company que herdou do marido, um judeu americano já falecido. A firma é gerida pelo filho que, naturalmente, não vibra com o casamento da mãe. Lady Betty é muitos anos mais velha que José Castelo Branco mas não se conhece ao certo a sua idade. Residem entre Sintra e Nova Iorque.
Parece que agora meteu na cabeça ser artista, fez um disco, quer participar em espectáculos e à-vontade, graça e sensualidade são coisas que não lhe faltam. Faltar-lhe-á talento vocal mas isso, para ele, é pormenor e, se calhar, para o género, também é irrelevante. A Tatiana Romanova ainda lhe está na massa do sangue.
As festas em que ambos participam, os reality shows em que ele tem sido estrela dominante, o aspecto de ambos, feitos e refeitos em muitas plásticas, tornam-nos um casal mediático e objecto fácil de ridicularização generalizada.
Ele parece cada vez mais mulher, a última cirurgia que se lhe conhece, segundo ele, foi para fazer umas pommes. Diz que, quando a mulher morrer vai 'para um convento de bichas'. O aspecto dela também a torna alvo fácil de piadas. Tantas plásticas já deve ter feito que o rosto parece ter cristalizado num sorriso patético.
Agora estão ambos envolvidos em mais um filme: José Castelo Branco terá participado em orgias sado-masoquistas em hotéis de luxo, com a Senhora Dona Lady assistindo. Ela diz que não, que mal pode andar.
E toda a gente goza, dizendo que ele é um oportunista, que aquilo é um casamento interesseiro.
Pois eu acredito que sim, tal como todos os casamentos, cada um à sua maneira. Cada um que se casa pensa que vai para melhor. E cada um valoriza os factores à sua maneira (afecto, estabilidade emocional, estabilidade financeira, luxo, apenas amizade).
Ele, que gosta de luxo e de boa vida, beneficiará com o casamento mas acredito que sente carinho por ela. Mas ela tem, certamente, ao lado dele, um suplemento de juventude, de alegria, de vontade de ser bonita, de se arranjar. Com quem, se não com José Castelo Branco, ela circularia em festas animadas, com cantorias, roupas bonitas, maquilhagens, certamente toda a gente a dizer-lhe que está óptima, fantástica? E que mal tem isso, se ela se sentir feliz assim?
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Cayetana de Alba, conhecida por Duquesa de Alba, possui mais títulos do que qualquer outro nobre: é cinco vezes duquesa, dezoito vezes marquesa, vinte vezes condessa, viscondessa, condessa-duquesa e catorze vezes Grande de España.
Teve, no entanto, uma infância triste. Cedo ficou orfã de mãe. Depois, com o pai, exilaram-se em Inglaterra durante a Guerra Civil espanhola; mais tarde, sofreu na pele a 2ª guerra mundial.
Quando voltou a Espanha casou-se, num casamento divulgadíssimo, de luxo. Desse primeiro casamento nasceram os seis filhos.
Depois de enviuvar, em 1978, Cayetana voltou a casar-se com um ex-sacerdote onze anos mais novo que ela, causando na altura bastante escândalo. Mas foi um casamento feliz, o relacionamento entre ele e os filhos dela foi tranquilo, muito bem aceite por todos. Mas em 2001 Cayetana, Duquesa de Alba voltou a enviuvar.
E em 2008 começou a prenunciar-se o namoro entre ela e Alfonso Díez, vinte e cinco anos mais novo, ex-funcionário da Segurança Social. E agora, como amplamente divulgado, no dia 5 de outubro casaram-se.
Mais uma vez, há especulações, há boatos, fofoca, mas o que eu vejo é um casal feliz.
Claro que o rosto da Duquesa - que parece desfigurado provavelmente devido a excesso de plásticas ou enchimentos labiais a botox - se presta a piadolas.
Mas convém que se saiba que é uma mulher muito interessante, ligada às artes, foi modelo, musa e mecenas de pintores, apoia e dança o flamengo e é grande aficcionada de touradas. Ela própria pintava. Possui uma valiosíssima colecção de pintura de que fazem parte, é apenas a título de exemplo, Chagall, Renoir, Picasso.
E, ao ver as fotografias do casamento, com Doña Cayetana feliz, sorridente, um vestido mimoso e elegante, um bouquet tão bonito nas mãos, dançando flamengo, alegre, plena de graça e vitalidade, o marido batendo palmas, olhar carinhoso, o que vejo é um casal que vive a sua vida da melhor forma. Haverá algum mal nisso? Não vejo.
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Marguerite Donnadieu, cujo non de plume é Marguerite Duras (1914 - 1996) foi escritora, dramaturga e cineasta. Nasceu na Indochina francesa, depois dos pais terem ido para lá na sequência de uma campanha que houve em França aliciando os franceses a irem para trabalhar para esse território longínquo.
Contudo o pai adoeceu e morreu, era Marguerite ainda muito novinha. A mãe, que era professora, insistiu em ficar lá com os três filhos. Investiu os haveres numa propriedade remota no Camboja, mas o investimento correu mal e viveram em situação de pobreza.
Foi por essa altura que Marguerida, jovem adolescente, se enamorou por um chinês adulto tendo vivido um apaixonado romance. Deste amor, nasceram várias histórias (algumas relatando situações contraditórias, de alguma ambiguidade, mas sempre francamente sensuais) das quais a mais conhecida é O Amante, Prix Goncourt 1984, também passado a cinema, um filme muito interessante, carregado de um erotismo poético, digamos assim.
Aos 17 anos voltou a França para tirar o curso de Matemática mas desistiu, cursando antes Ciências Políticas e Direito. Adere ao Partido Comunista (de onde, mais tarde, viria a ser explulsa) e enceta uma activa vida política. Casa com um activista, que é deportado. Mais tarde divorciar-se-ão.
Marguerite começa a ter problemas de alcoolismo mas consegue manter-se intelectualmente activa. Entre livros, teatros, filmes, alguns relacionamentos, Marguerite conjuga estas actividades com problemas recorrentes com o alcool. Numa dessas crises, em 1980, telefona a um jovem admirador, que tinha tido contacto com a sua obra quando ainda estudante de filosofia, e que ela tinha conhecido uns meses antes. É Yann Lemée a quem ela tratará por Yann Andreas e que nos últimos cinco anos lhe tinha escrito inúmeras cartas, fascinado pelos seus livros, por ela.
Começa então uma relação de amizade, amor, dedicação, cuidado e carinho. Yann tem menos 38 anos que Marguerite e adora-a.
Durante dezasseis anos cuida dela, apoia-a, inspira-a. Talvez mais que uma relação meramente amorosa, é também, ou sobretudo, uma relação literária.
Yann começou também a escrever mas o reconhecimento apenas veio mais tarde, com o livro em que fala do amor que viveram. Chama-se 'C'est amour là' e foi também adaptado a cinema.
Pego agora nesse livro e leio-vos as primeiras palavras.
"Gostaria de vos falar disso: desses dezasseis anos entre o Verão de 80 e o dia 3 de março de 1996. Desses anos vividos com ela.
Só consigo dizer ela.
Continuo a ter dificuldade em dizer a palavra. Não consigo dizer o nome dela. Só escrevê-lo. Nunca consegui tratá-la por tu. Por vezes ela teria gostado. Que eu a tratasse por 'tu', que a chamasse pelo seu nome. Não me saía da boca, não conseguia. Desenvencilhava-me para não ter que pronunciar essa palavra. Para ela era um sofrimento, eu sabia-o, via-o, e contudo não conseguia fazer de outra maneira. Acho que aconteceu duas ou três vezes, tratei-a por 'tu' por distracção. E vejo o seu sorriso. A infância. Uma alegria perfeita. Por eu me ter permitido chegar a essa proximidade. "
Depois, perto do fim do livro, já depois de Marguerite ter partido, escreve:
"Estou só na cidade, de manhã, à tarde, à noite. À tarde e pela noite dentro, por vezes, tenho pena de estar assim, de não ir no automóvel preto ao longo do Sena, tenho pena de não ouvir o meu nome chamado por si, Yann onde está você, Yann, é preciso ir às compras ao mercado de Buci, Yann já não posso mais consigo, fique, não se vá embora, não fique triste quando eu morrer. Não acredito por um só momento em todas essas histórias da eternidade. (...) Sim, por vezes, a certas horas do dia e da noite, tenho esta saudade. Como uma tristeza que passa. Como um desgosto que volta a certas horas. Imprevisível. E depois escrevo-lhe."
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