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terça-feira, abril 08, 2025

A casa da Anitta

 

Como sabe quem por aqui me acompanha, gosto bastante de apreciar belas obras de arquitectura. Tenho tido a sorte de ter visto de perto o que a arte e o engenho dos (bons) arquitectos conseguem fazer. Não apenas sabem apreender o espírito do lugar como o sentir de quem para lá vai. De espaços pequenos, por vezes com 'morfologia' antiquada, conseguem criar espaços amplos, modernos. De espaços 'apáticos' e banais conseguem fazer nascer espaços únicos, marcantes. De espaços que pareciam sem vida e sem nada que os salvasse conseguem fazer lugares maravilhosos de lazer e convívio. E conseguem trazer a luz para dentro de casa em espaços acanhados e sombrios.

Temos a sorte de ter em Portugal grandes arquitectos e temos a possibilidade de poder admirar grandes obras de arquitectura quer a nível residencial ou empresarial quer a nível urbano.

A casa que aqui mostro não tem o tipo de decoração que mais aprecio pois, embora tenha a grande virtude de parecer de fácil manutenção, parece-me um pouco monocromática, um pouco monótona. Mas a arquitectura é qualquer coisa... E a implantação no terreno parece-me uma maravilha. Aliás, o exterior da casa parece extraordinário.

É da cantora Anitta, que não conheço de ver actuar mas apenas de nome. Parece-me humilde e simpática e gosto do painel de azulejos que está na entrada para  ilustrar a vida na favela, as crianças, os anjos que as protegem. E gostei de ver como ela descreve a interacção que teve com os arquitectos. Acomodar as suas pretensões e sugestões dela deve ter sido um desafio e tanto para eles.

A casa de Anitta na encosta da montanha do Rio de Janeiro

 | Open Door | Architectural Digest

quinta-feira, janeiro 23, 2025

Não tenho muito a dizer

 

Hoje haveria vários temas divertidos para abordar, desde a possibilidade de termos um deputado larápio, um upgrade dos que fanam carteiras no 28, até à graça de ter o delfim Musk a criticar no X uma das mega decisões do Trump.

Mas não estou muito para aí virada. Faz um ano que o telefone tocou à noite trazendo a notícia que eu mais temia. E ainda não consigo perceber como é que já passou um ano nem consigo passar por cima deste grande paradoxo que é a vida humana, tão efémera, tão destituída de lógica. E parece que ainda não há muito andava eu a tentar convencê-la a tomar os comprimidos para aquilo que afinal nem era o principal problema, a rebater os seus argumentos sobre efeitos secundários, efeitos esses que, de tão variáveis e tão erraticamente empolados, eu achava que eram fantasia mas que provavelmente era apenas a sua maneira de desviar a atenção do problema sério que ela escondia, provavelmente até dela própria.

E depois há as saudades. A falta.

Mas o tempo corre, a vida continua. É assim mesmo.

Neste momento, mais dois familiares próximos estão internados e eu espero, espero, que se ponham bons. Mas sei que bons, bons, bons como antes, dificilmente ficarão. 

Mas, ao mesmo tempo, novas crianças vão entrando na passadeira rolante, crianças que riem, que brincam, que aprendem. E adolescentes que se estreiam nas artes do amor. Jovens adultos que progridem na sua vida. 

Portanto, há que saber conviver com memórias, com perplexidades, com preocupações, com saudades e com expectativas e esperanças e com alegrias.

Apesar de estar bem consciente disso, hoje não estou propriamente inspirada ou motivada para grandes conversas.

Mas vi um vídeo que me agradou imenso e que aproveito para partilhar convosco. A dona da casa é artista que admiro e com quem simpatizo. E a sua casa é fantástica.

Isabel Teixeira expõe literatura, arte e história em sua casa! | Pode Entrar | GNT

O lar de Isabel Teixeira se resume à história. Seja de seus avós ou de sua própria caminhada, a atriz tem desde o piano de sua avó, passando pelos livros autografados de Guimarães Rosa de seu avô até a fotografia de seus bisavós❣️

Dias felizes.

E não nos esqueçamos que a vida é para viver.

quarta-feira, novembro 06, 2024

Só não digo que os cogumelos in heaven são lindos de morrer, porque, enfim, andamos a apanhá-los à força toda para que não aconteça nenhum desastre.
Também há o tema da grande vitória do Sporting que é de gritos.
Depois há a expectativa do caraças sobre os resultados das eleições nos States.
Para me manter serena, vou antes ver a casa de Taís Araujo e Lázaro Ramos

 

Como tem sido hábito nestes últimos dias, o meu marido, depois de ter tomado o pequeno-almoço, foi para o campo com uma pequena pá e um balde apanhar cogumelos. Quando chegou, vinha a bufar, que estava farto da m.. dos cogumelos, que rebentam da noite para a manhã seguinte, que não se dá conta de tanto cogumelo.

Depois estava a chover e não pude ir andar por lá. 

Quando fui, para onde deitava o olho, via um cogumelo. Acho que nascem de hora para hora. 

Voltei para trás para buscar a pá e o balde e fui eu apanhá-los. O meu marido já me tinha dito: ao princípio, nos primeiros dias, apareceram os grandes cogumelos castanhos e os brancos, agora estão a aparecer cor-de-laranja e amarelos. Já ontem os mostrei. Pois, não imaginam. Hoje, quase só desses coloridos mas em tamanho pequeno. Uma gracinha de cogumelos. Parece que brotam a todo o instante.

Tirei uma fotografia a uns quantos já dentro do balde, a fotografia que está lá em cima. Não são tão lindinhos?

Na fotografia estão sujos pois quando enfio a pá, enterro um bocado para apanhar o pé e, portanto, depois trago também a terra, os musgos.

Tirando isso, posso dizer que o meu marido está contentíssimo com o resultado do Sporting. É obra.

Quanto às eleições nos Estados Unidos, espero mesmo que ganhe Kamala Harris e que ganhe por uma margem que não permita ao alarve-mor vir com as suas habituais e prometidas patranhas.

Neste compasso de espera, se me permitem, vou antes entreter-me a ver casas bonitas. E esta, aqui abaixo, é uma maravilha. Um apartamento amplo, luminoso, tranquilo, com móveis com um belo design.

Taís Araujo e Lázaro Ramos abrem o seu apartamento muito brasileiro 

| CASA VOGUE

[Por defeito, acho que vem dobrado em inglês. Para falar com a voz deles é escolher o português, no audiotrack nas definições]

E que os próximos dias nos tragam e confirmem boas notícias

Be happy

quarta-feira, outubro 30, 2024

Quais as causas para haver, em simultâneo, em vários países, uma crise na Habitação?

 

Até há relativamente pouco tempo não se ouvia falar em crise na Habitação. 

Aliás, há uns anos, antes da 'acalmia', mais concretamente em 2008, houve uma crise mas de sinal contrário. Se agora, o problema é a escassa oferta e, consequentemente, os preços muito elevados, há uns anos o que aconteceu foi o contrário: era área de forte investimento até que a dita bolha imobiliária rebentou, deixando os bancos entalados e, logo, o sistema financeiro a tremer.

Mas agora não é apenas em Portugal mas em vários países, alguns com ainda maior premência do que por cá, que as pessoas vêm para a rua gritar pelo direito a uma habitação digna. Casas não as há, quer para vender quer para alugar, pelo menos a valores compagináveis com os rendimentos da classe média baixa. Parece que as casas 'económicas' desapareceram. Há, sim, casas milionárias ou milionaríssimas que, estranhamente, também se vendem e arrendam bem, embora certamente a outra camada da população, se calhar, até, a estrangeiros.

Há pouco, estávamos a jantar e a ver, na RTP 3, o Jon Stewart com Josh Shapiro, Governador da Pennsylvania. E, para meu espanto, um dos temas abordados foi também o da crise da Habitação.

Ora o que há de comum entre Portugal, Espanha, França, Irlanda, Reino Unido... e Argentina, Canadá, Austrália, Estados Unidos... para que não haja casas disponíveis para a classe média e média-baixa?

A população está a aumentar de forma rápida, não orgânica? 

Em Portugal, o número de imigrantes é de ordem a justificar a escassez de casas? Até pode ser. Felizmente, a demografia anémica de Portugal está a ser compensada com os imigrantes. Já aqui o referi muitas vezes: tomara que por cá se mantenham e se instalem e formem família, de preferência com muitos filhos. Mas, na realidade, são centenas de milhares de pessoas que têm que ser alojadas.

Ou a crise da Habitação tem também a ver com o advento do turismo fora do âmbito hoteleiro? Estará a crise relacionada com a implantação de plataformas como o Airbnb (escrevo no plural pois não sei se não haverá mais)? Por todo o lado há casas que saíram do mercado do arrendamento tradicional ou em que provavelmente os donos desistiram de as pôr à venda pois o rendimento que obtêm com o alojamento local é bem mais atraente.

Gostaria de ver um estudo exaustivo sobre este tema, identificando, por um lado, o número de casas que seria necessário para alojar o acréscimo de população e, por outro, o número de casas que foram subtraídas do mercado habitacional por transferência para o mercado turístico. Creio que estes dois factores são transversais a todo o mundo dito ocidental (que acolhe imigrantes e turistas).

Penso que, com um estudo fundamentado e com números exactos e uma distribuição geográfica das carências, seria mais fácil encontrar soluções.

O que me confunde é que ouço frequentemente dizer que o problema não é a falta de casas. Não sei se há nuances semânticas nisto. Não vale dizer que há casas, são é de gama alta. Se a população que se queixa de falta de casa é gente com fracos rendimentos, o facto de haver casas de 1 milhão ou com rendas de mais 2 mil euros não vem ao caso. Nem vale dizer que há casas, por exemplo podem usar-se conventos ou quartéis, pois instalações dessas poderão ser reconvertidas para hotéis mas dificilmente para apartamentos (digo eu).

Ou seja, penso que tem que haver um mapeamento exacto do que falta e das suas características e localização. 

E também não vale a pena tentar travar o que não é travável, tal como o turismo que se se instala em alojamentos locais. Quando muito consegue racionalizar-se, mas não travar. Pode, também quando muito, tornar-se o arrendamento habitacional mais atractivo para os senhorios (impostos mais baixos, por exemplo). Mas nunca a solução passará por aí.

Seja como for, em abstracto, creio que o que há é fomentar a construção rápida, económica e bem pensada de construção de habitação, não direi social mas para uma população de baixos rendimentos. E isto deveria ser pensado de forma articulada, discutido, entregue a quem sabe: equipas mistas de arquitectos, sociólogos, engenheiros civis e engenheiros urbanistas. 

Não pode ser feita uma coisa às três pancadas, na periferia. Não queremos, certamente ter mais bairros sociais, indistintos, nos limites das cidades, futuros ghetos. 

Creio que há técnicas de construção económicas e seguras que não têm que ser necessariamente ruinosas para os empreendedores. Ainda agora vi que em Estarreja, numa fábrica, estão a apostar em técnicas económicas e sustentáveis para a construção. Tem que haver investigação e investimento forte nestas áreas.

Não creio que tenha que ser construção pública. Pode ser. Mas não tem que ser forçosamente pois as naturais limitações orçamentais do Estado não devem ser um travão para a resolução deste grande problema. 

Agora que se perceba de que é que efectivamente se está a falar, quais as causas, de que é que se precisa exactamente. E que se perceba que isto é um tema global. Que se aprenda com os outros, no que for de aprender. 

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Partilho um vídeo sobre o tema. Contudo não são abordadas possíveis causas que me parecem bastante prováveis como as que referi (o disruptivo e não linear crescimento da população pela incorporação de imigrantes no tecido social e o grande afluxo turístico que se aloja em casas que antes eram habitacionais).

The Global Housing Crisis in 5 Minutes

The global housing market has reached boiling point. Prices are going through the roof, home-ownership rates are at all-time lows, and supply is consistently below what is needed. As we go through multiple global cities, we investigate the main problems with the housing market, as well as the possible solutions.


terça-feira, outubro 15, 2024

O primeiro cogumelo, um pesadelo, o stress de domingo de manhã.
E, para um momento simpático, a bela casa de Daniela Mercury e Malu Verçosa

 

Já vi um primeiro cogumelo grande e, por sinal, já um pouco danificado. Antes já tinha visto alguns pequeninos, surgidos com as primeiras chuvas. Mas este prenuncia que muitos mais estão para vir. Isso enche-me sempre de felicidade pois vejo como esta terra se fez mulher, parideira, fértil, generosa, dando vida a muitos seres.

E choveu muito. Estávamos na rua quando desabou uma carga de água. O cão chegou a casa feito um pinto. E depois foi a tourada do costume primeiro que me deixasse limpá-lo: tenta arrancar-me a toalha, salta, rodopia, põe-se de pé com ela na boca. Uma festa.

Mas, tirando esse momento de super energia, como em todas as segundas-feiras em que, no domingo, temos a casa cheia, o cão só quer dormir. Assim estou eu. É que, ainda por cima, acordei muito cedo com um pesadelo e depois não voltei a adormecer. Foi outra vez aquela cena em que desespero com o que tenho para fazer temendo não me despachar a tempo. Desta vez estava fora, tinha ido em serviço. No dia de vir embora, uma carrinha ia buscar-nos para nos levar ao aeroporto. E eu não dava a mala feita. As coisas não cabiam na mala. E encontrava camisolas e casacos do meu marido e não percebia como era possível, achava que tinha trazido, por engano, uma mala dele. Por isso, as minhas coisas não cabiam. Depois, para me maquilhar, ia a uma casa de banho no corredor pois tinha espelhos e luz. Mas estava cheia, tinha que desistir. Depois não tinha tempo para tomar o pequeno almoço e tinha visto uma mesa que devia ter sido de pequeno-almoço descentralizado, no hall junto aos elevadores, mas já só tinha pastéis de nata. Eu ao pequeno almoço só como fruta e iogurte mas não tinha outro remédio senão comer um pastel de nata. E já estava na hora da carrinha partir e eu ainda tinha a mala por fechar, queria lavar os dentes, arranjar-me minimamente e não conseguia. Quando acordei ainda estava nesta azáfama e a tentar perceber como é que tinha tanta roupa do meu marido na minha mala.

Enfim. isto deve ter sido porque no domingo, precisando eu do forno para os meus cozinhados, o meu marido, que tinha resolvido fazer uns bolos que viu no programa da Joana Barrios no 24 Kitchen, ainda estava de roda deles quando fui para a cozinha e mobilizou o forno para ele, fazendo com que os meus tabuleiros só fossem para o forno quase uma hora depois da hora que eu queria. Gosto de fazer tudo antes da hora para, quando o pessoal chega, estar tudo pronto, pratos, acompanhamentos, molhos, saladas, frutas, etc. E, portanto, fiquei em stress com os meus planos atrapalhados. E gosto de estar sozinha, a mexer-me de um lado para o outro e não tê-lo a lavar louça quando preciso de lavar legumes. Portanto, deve ter sido isso que me deu a volta ao miolo e, de noite, deu naquela confusão.

A ver se amanhã ou outro dia conto como fiz os rolos de carnes, um recheado com maçã e farinheira e outro com mozzarella fresca e transparências de bacon. E também os doces que o meu marido fez. Hoje estou cheia de sono...

Mas, antes de desligar o computador, deixo-vos com a simpática casa do simpático casal Daniela Mercury e Malu Verçosa. É sempre bom visitarmos uma casa bonita.

Tour pela casa repleta de afeto de Daniela Mercury e Malu Verçosa | CASA VOGUE


domingo, setembro 15, 2024

Há casas e casas...

 

Enquanto escrevo, estou a ver um programa fantástico na RTP 1, 'Em casa de Amália' em Elvas. Muita gente na rua a assistir a contagiantes momentos de partilha com o António Zambujo, o Buba Espinho e o Luís Trigacheiro, apresentado por um José Gonzalez que eu não conhecia mas que é um tipo bem simpático. 

Muito bom. Penso que o país caminha no bom sentido quando se fomentam momentos assim, de comunhão em torno de uma língua comum, em que as pessoas saem à rua para ouvir cantar, quase tudo canções que toda a gente canta, em que há sorrisos no ar. O cante alentejano é maravilhoso. 

Mas não tem que ser o típico cantar alentejano. Canções que muita gente conhece, melodicamente ricas, em que se toda a gente se junta a cantar, são uma riqueza cultural inesgotável.

E estes três jovens cantam lindamente. Estou impressionada. Por exemplo, não conhecia bem o Luís Trigacheiro e tem uma voz e um poder de interpretação extraordinários. Neste momento está a cantar uma que não é muito conhecida (digo-o pois não o acompanham a cantar) mas que é uma canção linda. Estou encantada.

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Mudando de assunto. Ontem à noite, sem querer, dei com um documentário tocante. Fiquei a ver até ao fim. Foi na RTP 2. Feito pela Charlotte Gainsbourg sobre a mãe, Jane Birkin, mulher de uma inocência e franqueza totais.

Se não viram, sugiro fortemente que ponha a box para trás e o vejam. Partilho o trailer só para se perceber o género. 

Jane by Charlotte - Official Trailer (2022) Charlotte Gainsbourg

Watch the trailer for Jane by Charlotte, a documentary by Charlotte Gainsbourg about her mother, Jane Birkin. It features intimate conversations between parent and child, as well as footage of Birkin performing onstage, and explores the emotional lives of two women as they talk about subject matter that ranges from the delightful to the difficult: aging, dying, insomnia, celebrity, and their differing memories of their shared past, which includes Charlotte's father and Jane's husband, Serge Gainsbourg. 

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Como estou com um olho no burro e outro no cigano (e espero não ser censurada pela utilização deste ditado popular), não me dá para me pôr para aqui agora com divagações. Vou já direita ao assunto.

A forma como as pessoas vivem por esse mundo varia de uma maneira que se calhar não julgamos possível. Eu, se fizesse programas educativos, incluía o conhecimento de hábitos, dificuldades, excentricidades e gostos ao longo de todo o planeta. Penso que é bom que tenhamos noção das disparidades, da diversidade. O que aqui podemos observar atesta a criatividade humana quer a nível arquitectónico, quer tecnológico, quer estético ou económico quer a nível da própria sobrevivência.

Pode ser difícil de acreditar, mas as pessoas realmente moram nestas casas


A tod@s desejo um belo dia de domingo

sábado, agosto 03, 2024

Depois dos caranguejos chegam os leões. Tempo de festas e pré-festas.
Isto na companhia de um cão e... de um rato...
Uma selva...

 

Por estas bandas, leões são também muitos. E como os há a irem de férias, fazem-se já as pré-comemorações. Depois se farão as comemorações. Hoje uma das leoas tentava fazer a contabilidade às vezes em que já estivemos juntos esta semana, uma das quais comemorando aniversários de caranguejos que já tinham festejado parcialmente mas não em conjunto. 

Estivemos até às dez da noite (ou mais?, não sei) até porque alguns ainda tinham muito que fazer antes de amanhã saírem para férias. Não cantámos os parabéns a você, claro, pois parabéns podem dar-se e festejar-se depois mas, ao que parece, não antes. Mas estivemos felizes da vida, à volta da mesa e à conversa.

Mas estou com muito sono. Deito-me sempre tarde pensando que compenso dormindo até mais tarde. Pois às sete da manhã, o telefone: alarme in heaven. Vistas as imagens, conclui-se que foi um insectozão a passar em frente da câmara. Mas espertei.

Passado um bocado, o meu marido levantou-se, foi passear com o cão. 

Estava agendada a vinda de um técnico da e-redes. Pelo horário referido, intuí que deveria vir lá para as nove e tal. Pensei que, antes disso, o meu marido regressaria. Portanto, com a pancada de sono com que estava, poderia eu dormir mais um pouco. Qual quê? Passado um bocado, a campainha da porta. Era o homem. Tive que me levantar à pressão e ir ter com o senhor. Ou seja, sono para que te quero? Devo ter dormido quatro horas e tal. 

Depois, quando cá estão todos, desperto. O pior é quando se vão embora. Sento-me no sofá e tenho que travar uma luta para não adormecer instantaneamente.

Nisto, noto o peso da idade. Dantes aguentava-me em forma, a trabalhar na maior, mesmo pouco dormindo durante dias e dias a fio e sujeita a pressões de todo o lado. Agora está bem, está... Os meus meninos têm uma energia inesgotável, saltam, correm, brincam horas a fio. Os rapazes já tinham estado de manhã a jogar à bola (rapazes dos sete aos quarenta anos) até chegarem a casa imundos e de tarde continuavam como se estivessem frescos e descansados. Esta energia permanente e esta capacidade de instantaneamente a reporem só pode ter a ver com a juventude. 

Tirando isso, devo ainda aqui deixar registo de um outro facto. Estávamos a jantar no terraço pois é onde geralmente preferimos estar. A mesa está colocada debaixo de um telheiro. Essa área tem um desnível. Na parte mais baixa está um sofá grande com zona de chaise-longue e cadeiras e cadeirões. E, por detrás, está uma vedação de treliça. Atrás dessa vedação há uma sebe alta. E, por detrás, um muro alto que separa da casa ao lado. Pois, muito bem. Eu não vi mas vários dos presentes viram: um rato a passear nesse muro. 

E volta e meia anda lá um gato. Mas, pelos vistos, não intimida o rato. Nem se intimida com o barulho de tanta gente ali tão perto. Claro que o cãobeludo, mal dá por ele, põe-se logo em guarda, a olhar muito sério. No outro dia, fez-lhe uma perseguição que vi jeito de haver ali uma chacina. Mas o rato não se torce nem se amolga. Pelos vistos acha que também é um pet da família.

Sinceramente, já não me incomodo nada, já sei que o rato deve morar ali para trás pois volta e meia dá as caras. Mas nem todos reagem tão indiferentemente. O meu marido diz que vamos ter que tomar providências. Não percebo porquê, pois o ratinho não faz mal nenhum. O meu marido diz que qualquer dia entra para casa e depois sempre quer ver o que fazemos.

Cenas.

Ah, é verdade. O meu marido tem andado a arrancar ervas do lado da horta (aliás, ex-horta, pois não a mantivemos e ela soçobrou) e veio de lá com dois marmelos grandes. E diz que há mais. Não sei como mas a verdade é que eu não tinha dado por eles. Mas fiquei com vontade de fazer marmelada (literalmente falando) mas o diabo é o pormenor do açúcar. Não sei se ficará boa se não se puser açúcar. Claro que poderei pôr mel, mas o mel tem açúcar na mesma. E já não bastam os bolos dos anos, os biscoitinhos que vão trazendo e que cá ficam..., a fruta... Como posso perder os quatro quilos que ando a perseguir há séculos e eles a correrem à minha frente...?

Bem.

Nada mais tendo a acrescentar, vou limitar-me a partilhar um vídeo que gostei muito de ver, muito inspirador.

Inside Cath Kidston’s Art-Filled Notting Hill Terrace | Design Notes

The house is nestled away and backs onto a large private garden square with views of a forest of old London plane trees filled with flocks of parakeets. “I have a theory that it takes seven years for a house to feel really lived in, and I feel very settled in here,” insists Kidston


Dias felizes

domingo, julho 21, 2024

Paz de espírito

 

Hoje era para ser outra vez dia de festejo mas, porque a covid voltou a atacar a família, a comemoração foi adiada. 

Quer o meu filho quer a minha filha, ao ligarem ao fim do dia, perguntaram o que tínhamos feito. Aparentemente nada e, dito assim, 'nada', temo que dê a ideia de vazio. Ora não. Foi um dia bom, muito agradável, preenchido de bons momentos.

Ao pôr-do-sol, sentada num banco de jardim que pouco tenho usado, a ler um livro de que estou a gostar bastante ('O meu pai voava' da Tânia Ganho), pensei que parece que só agora estou verdadeiramente a desfrutar o prazer de habitar esta casa.

Continuamos com os trabalhos de jardim. Dá ideia que agora que o jardim está, na íntegra, por nossa conta, é que o sentimos como verdadeiramente nosso. Olhamos em volta e há sempre o que fazer. Por exemplo, quando fui abrir a janela do quarto dito 'das meninas' vi um pássaro grande a andar ali em baixo e fiquei feliz, observando-o, mas reparei também que há, por baixo da janela, um arbusto que corta um pouco a luz. Amanhã iremos ajeitá-lo. Reparei também que há guias da glicínia que se estenderam até à armação do balouço e achei isso encantador.

Mas, ao sentir que parece que só agora estou a descobrir o grande prazer de andar aqui pelo jardim, fiquei intrigada pois a verdade é que está a fazer quatro anos que aqui moramos.

Fiz, então, o exercício de descobrir a que se devia isso. 

Não foi difícil. 

O primeiro ano foi o da mudança. Comprámos a casa no início de Agosto e logo de seguida, antes de nos mudarmos, a casa entrou em pinturas. Depois gastámos todas as férias com a mudança. Foi um verão estafante, estafante, estafante. Trabalhava, na altura, em duas empresas, não tinha tempo livre, não conseguia tempo para desfrutar a casa e havia sempre coisas para arrumar.

No ano seguinte, continuava afogada em trabalho, tanto mais que a pessoa com quem dividia a responsabilidade numa das empresas adoeceu, foi operada, depois fez uma bateria de tratamentos. E continuou a trabalhar salvo os dias de internamento ou os dias em que tinha exames médicos ou em que os tratamentos o deitavam abaixo. E, por sua opção, não quis que na empresa se soubesse. Por isso, desdobrei-me até mais não poder para que todos os assuntos dele mais os que eram dos dois continuassem a ser geridos sem que ninguém percebesse o que se passava. Não me sobrava disponibilidade mental para estar em paz a gozar a casa.

No ano seguinte, eu estava com responsabilidades acrescidas numa empresa que estava a atravessar um processo profundo de reestruturação e, no verão, esse meu colega, ao fazer novos exames, recebeu a notícia que mais temia: a doença tinha-se espalhado. Teve que fazer muitos exames, foi-se um bocado abaixo, e, finalmente, teve que se submeter a tratamentos muito agressivos. E continuou a não querer que se soubesse. Eu, que já tinha ideia de deixar de trabalhar, por solidariedade e amizade para com ele adiei os meus planos e desdobrei-me ainda mais, passando por períodos muito complexos, de quase exaustão (e sem querer que ele percebesse pois problemas de mais já ele tinha). 

A acrescer a isso, a minha mãe, por não tomar os medicamentos que devia (sem que eu o soubesse), foi internada pela segunda vez. A seguir, ao ter alta, quis ir para uma residência assistida. Mas foi ainda pior. Regularmente eu ia buscá-la e ia acompanhá-la às consultas de cardiologia e depois levava-a de volta. Foram quatro meses terríveis pois, como não queria tomar os medicamentos, todos os dias ia ao médico da residência com toda a espécie de sintomas na esperança que os médicos suprimissem a medicação a que ela atribuía todos os seus males e, nas consultas de cardiologia, descrevia como andava a passar mal por estar a tomar aqueles medicamentos. Como eu estava com ela, ouvia o que ela dizia, o que as enfermeiras e médicos diziam, desmontava as suas intenções para que se tratasse e percebesse que, se não tomasse os medicamentos, correria risco de vida. Era para ela (e para mim) um pesadelo. 

Todos os dias ela estava como estivesse em estado de emergência. Por fim, só queria voltar para casa. Falava da residência, que era um verdadeiro hotel de luxo, como uma espelunca. Queria ir para casa para não ter quem a controlasse. E voltou mesmo. Mas quase todos os dias tinha sintomas de qualquer coisa em que eu não sabia se era caso de chamar médico a  casa ou levá-la ao hospital. De início eu ia buscá-la e trazia-a para minha casa mas ultimamente já não queria, arranjava mil desculpas. Por vezes lá assumia que tinha medo que os miúdos a contagiassem. Nessa altura, ela já sabia o que estava a miná-la por dentro mas nós não. Pensávamos, na família, que sofria de ansiedade e de hipocondria (em relação a doenças e a efeitos secundários dos medicamentos) e convencemo-la a ter sessões com uma psicóloga mas não descansou enquanto não deixou de ir.

Por isso, esses tempos foram para mim tempos de permanente intranquilidade. Em momento algum eu sentia paz de espírito. No final do ano passado, o seu estado de saúde agravou-se e o desfecho acabou por ser tristemente rápido (se calhar, felizmente rápido) mas, pelas razões de que aqui falei algumas vezes, foi, para mim, um processo traumatizante, angustiante. 

Depois de tantos anos a sofrer o lento declínio da saúde do meu pai e sempre a recear o desfecho que esteve tantas vezes iminente e depois destes tempos de ansiedade e angústia pelo estado da minha mãe, não foi imediatamente que consegui tirar de dentro de mim o estado de ansiedade e medo que vivia permanentemente dentro de mim. Ainda agora, se me falam em ir a algum lado, involuntariamente acontece-me pensar que é melhor não, para não estar longe, não vá acontecer alguma emergência. Só depois me ocorre que esses meus medos já não têm razão de ser. E muitas vezes me vem à cabeça a preocupação em que eu sempre andava sem saber se alguma evolução nos sintomas aconselhava a cuidados médicos imediatos. Só depois penso que já não faz sentido sentir essa preocupação. Nessas alturas, sinto uma grande tristeza ao pensar que é tão estranho que a minha mãe, que tanto gostava de viver, já não exista.

Mas, enfim, aos poucos estou a conseguir assimilar que os meus pais, em especial a minha mãe que era uma presença constante na minha vida (por ser a cuidadora do meu pai e por ultimamente ter sofrido uma alteração tão abrupta na sua maneira de estar que tantas preocupações me trouxe), já cá não estão, já não estão doentes, e que, por isso, já posso viver mais tranquila.

E talvez por isso agora dê por mim a sentir-me admirada por sentir uma paz de espírito tão boa. Estou no jardim, olho para a copa das árvores, olho para o céu, ouço os pássaros, e sabe-me tão bem, tão, tão bem, estar aqui sossegada, a ler, a desfrutar o prazer deste jardim tão bonito, tão tranquilo.

Parece que, finalmente, estou a aproveitar a minha reforma, estes belos dias de ausência de turbulência profissional e em que os meus pais, libertos do seu corpo humano, também estão em paz. 

E isso é muito bom.

...  _______________________________________  ...

E porque do prazer de estar em casa falo, penso que pode fazer sentido partilhar o vídeo abaixo sobre uma casa muito bonita em Melides, em que se sente que por ali paira uma grande serenidade. A casa tem uma decoração simples e, ao mesmo tempo, requintada, recorrendo a artigos de artesanato, alguns dos quais portugueses.

Inside Carolina Irving’s Coastal Retreat Secluded on Portugal’s West Coast | Design Notes

Carolina Irving welcomes us into her romantic retreat in an unspoilt coastal region of Portugal. When Carolina purchased the property nearly 15 years ago, there was barely one wall left standing from the previous structure. She accepted the challenge, undaunted, and has created a home that is perfectly compact, where nothing is unaccounted for. 

Not simply a weekend pied-à-terre, Carolina’s house had to function as a year-round escape from her home in Paris — for herself, her partner, French documentary producer Bertrand Devaud. Watch the full episode of ‘Design Notes’ as we tour Carolina Irving’s Portuguese home from home.


Desejo-vos um belo dia de domingo

segunda-feira, maio 13, 2024

Cidades-esponja

 

As imagens que nos chegam do Brasil, Rio Grande do Sul, um mundo devorado pela água, são impressionantes demais. À data de hoje, mais de cem mortos, mais de cem desaparecidos, centenas de milhares desalojados. Casas destruídas, as águas a inundarem os primeiros andares das casas que resistem, as estradas desaparecidas. Um pouco por todo o lado (Afeganistão, Indonésia, China, etc) tempestades, inundações ou, no verão, o reverso, temperaturas insuportáveis, incêndios que não se conseguem apagar.

O cenário apocalítico que em tempos pensámos que seria algo a ameaçar apenas as gerações futuras já aí está, a bater-nos à porta.

O tema das cidades esponja, que não é remédio santo mas, ao que parece, uma boa ajuda, é algo de que provavelmente ouviremos falar com cada vez mais frequência. Pelo menos, assim o espero.

Retiro do DN, um artigo interessante de 2022:

Cidades-esponja. O que são e como podem ser resposta às cheias e secas em meio urbano

Mais do que resolver os desafios dos fenómenos extremos, peritos apontam soluções de adaptação que as zonas urbanas devem adotar para melhor gerir chuvas intensas e ondas de calor. Alterações climáticas intensificam os fenómenos, mas não devem servir como justificação para a falta de ordenamento.

"(...) o cenário de catástrofe provocado por fenómenos climáticos extremos vai repetir-se. E, apontam os especialistas, com uma intensidade e frequência cada vez maiores. Importa, por isso, alterar o comportamento reativo para uma atitude progressivamente mais preventiva. "  José Carlos Ferreira, doutorado em Ambiente e Sustentabilidade.

Ultrapassadas as dificuldades do momento, o professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT-Nova) afirma que facilmente "nos esquecemos que estes fenómenos existem e que se estão a intensificar".

(...) O coordenador do mestrado em Urbanismo Sustentável e Ordenamento do Território da FCT-Novaacredita que a resposta está na alteração do modelo de desenvolvimento das cidades e na concretização de soluções que "transformem o território, ocupando-o de forma ecológica". Este caminho passa, sobretudo, pela alteração dos planos diretores municipais (PDM), para que evitem a construção em zonas de perigo, como em leito de cheias, mas também que integrem estratégias relacionadas com o conceito de cidade-esponja.

O termo foi cunhado pelo arquiteto paisagista e urbanista chinês Kongjian Yu e refere-se, essencialmente, a cidades ambientalmente adaptáveis que apostam em planos de gestão integrada da água. As soluções adotadas variam consoante a realidade hidrográfica das zonas urbanas e a sua configuração, mas podem incluir pavimentos permeáveis, jardins biodiversos e edifícios com coberturas verdes. É uma forma de "incorporar, de forma plena e holística, o ciclo da água no ordenamento dos espaços urbanos", explica Rafael Marques Santos.

O professor e investigador da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa detalha que o urbanismo sustentável permite "intervenções cirúrgicas" em áreas com "grandes erros estruturais", sempre com o objetivo de reduzir os impactos, por exemplo, em cheias. Umas são mais fáceis, outras mais complexas e dispendiosas, como demolições pontuais em zonas particularmente perigosas.

"Não vamos conseguir retirar toda a urbanização de Alcântara ou de Algés", aponta. Mas a criação de elementos de contenção é uma opção, desde logo com bacias de retenção nos pontos mais altos das cidades que "atrasem" a chegada da água, a grande velocidade, às partes baixas. O essencial, esclarece, é "olhar de forma muito atenta para a água numa perspetiva de todo o ciclo" e implementar medidas que cumpram dois objetivos de uma só vez - prevenir os riscos de momentos em que existe água em excesso, assim como atenuar situações de seca.

"Os edifícios podem ter espaços de cisterna para acumulação de água que podem ser úteis", afiança. Se em tempo de chuva intensa os edifícios conseguem guardar alguma dessa água e evitar que seja escoada para a rua, noutros momentos esse recurso pode ser usado para regas, lavagens e outros fins.

O mesmo poderá ser feito em estruturas municipais e há bons exemplos de como isso pode ser feito. Em Roterdão, nos Países Baixos, a Waterplein Benthemplein é uma praça de betão usada durante todo o ano para atividades de lazer dos habitantes, mas é pensada para que em época de chuva intensa possa inundar e evitar a sobrecarga dos sistemas de escoamento da cidade.

Outra ferramenta complementar é a criação de jardins alagáveis, biodiversos e compostos por plantas com capacidade de absorção da água. Estes locais podem inundar e continuar a servir como espaço de recreio, bem como ajudar a refrescar as cidades durante o verão - exemplo disso são cidades como Taizhou, na China, ou Nova Iorque, nos EUA.

Em Setúbal, refere João Carlos Ferreira, o Parque Urbano da Várzea foi "muito eficaz nestas cheias", apesar de aquela cidade piscatória ter tido 30% mais chuva do que Lisboa. "Foi todo redesenhado para ser uma grande bacia de retenção e não inundar a Baixa de Setúbal. Esteve no limite, mas está a funcionar e a cumprir o seu propósito", atesta.

Ambientalistas, arquitetos e urbanistas concordam ser preciso agir, revendo os planos de ordenamento, criando estruturas verdes e multiusos nas cidades, mas, acima de tudo, implementando estratégias de longo prazo diversas e adaptadas à realidade de cada local. "Estes momentos de crise também servem para as adaptações necessárias", remata Rafael Marques Santos.

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How China is designing flood-resistant cities

These "sponge city" designs resist floods and increase biodiversity to help us adapt to a changing climate.

From rising sea levels in Mumbai to unbearable heat in Houston, cities around the world are feeling the effects of climate change. Unfortunately, they don’t always have the right infrastructure to handle its impacts — which is one reason why cities are beginning to reimagine urban design. One of these designs is a “sponge city.”

Although one city design certainly won’t save us from the effects of climate change, “sponge cities” can help with how we live with it. 


Votos de uma boa semana

domingo, abril 21, 2024

Coisas boas e bonitas

 


Desta vez, quando atingi um número redondão, não me apeteceu festejar. Estava desinspirada, sem cabeça para pensar em cenas festivas. Por isso, passei pelos 7 milhões como boi por vinha vindimada. (É boi ou cão? - engano-me sempre nos provérbios, Mas tanto dá, boi ou cão, o que quero dizer é que fui deixando passar os dias e os 7.000.000 já vão em 7.146.009 (neste momento)). Por isso, agora, já foram.

Mas, ainda assim, agora que aqui estou, quero dizer que continuo surpreendida por aqui ter chegado, tanto milhão de visualização, e agradecida por ter a vossa companhia. Quero que saibam que não é palavra de circunstância. É mesmo de coração.

Penso muitas vezes que nada me obriga a continuar a vir aqui todos os dias pelo que poderia conceder-me (a mim e a vocês...) umas tréguas, umas férias, um descanso. Mas, para mim, estar aqui é estar de férias, é descansar a cabeça. Venho aqui por prazer, não por obrigação. E, muito sinceramente vos digo, espero que convosco aconteça o mesmo.

De vez em quando, ao ver qualquer coisa bonita, fotografo para partilhar convosco ou penso que poderia falar nisso.

Depois, à noite, aqui, penso que são coisas insignificantes, que não faz sentido estar a ocupar espaço e a maçar-vos com banalidades.

Em alturas de guerras, destruições, ou em período de instabilidade política ou degenerescência ética, que sentido falar de pequenas coisas, iguais para todos? 

Mas, também, pode alguém estar permanentemente motivado para falar de coisas sérias e preocupantes? Eu não consigo. Posso ser fútil, mulherzinha desocupada, dondoca (como aquele meu fofo arqui-inimigo me chama). Mas sou o que sou e não me apetece vir para aqui fingir que sou diferente.

Estando com a família estou protegida, rodeada de alegria e boa disposição. Ainda ontem, à conversa com amigo de longa data, pusemos a conversa em dia e, apesar de também falarmos de acontecimentos tristes nas nossas vidas, logo falamos de coisas boas, rimo-nos, combinamos um almoço. E agora estou a preparar outro encontro bom. E tudo isso me transporta para um espaço no qual há paz, canto de pássaros, flores crescendo em liberdade, sorrisos, afectos.

Por isso, por vezes, dói-me sair do aconchego da minha zonazinha de conforto e falar de gente que não me interessa, de gente má, ou, pior ainda, das suas vítimas inocentes.

Por comodismo, fico-me por florzinhas, por vídeos de decoração, pela vontade de abraçar o mundo inteiro e deixar-me ficar a ouvir o canto dos passarinhos, a sentir o perfume dos flores, a ouvir os meus amores e amigos a conversarem à minha volta, envolta em paz e sossego.

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Por exemplo, um vídeo que mostra um lugar muito bonito onde deve ser maravilhoso estar

At Home in Marrakesh with Meryanne Loum-Martin

Join Susanna in Marrakesh, Morocco as she visits renowned hotelier Meryanne Loum-Martin at her stunning property containing both her renowned boutique hotel Jnane Tamsna and her own residential refuge in the heart of Marrakesh’s Palmeraie district. Both places are just seamless steps from one another and resonate with Loum-Martin’s penchant for blending culture, history and design.

Born in Cote d’Ivoire, Loum-Martin worked in Paris as a lawyer before moving to Morocco in 1996.  She built the property in 2001, after creating its buildings and outfitting its unique rooms with furniture and objets culled from her extensive travels. Her ethnobotanist American husband fashioned the native gardens and their bounty helps feed the many guests who seek their generous hospitality from all over the world. 
The hotel’s interiors are as singularity exotic as the rooms in Loum-Martin's home, both filled with art, textiles and antiques and she and Susanna explore each.  You won’t want to miss how Morocco’s only Black female hotelier determinedly brought her vision of creating a destination for world travelers and for her own family, to life.

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Desejo-vos um belo dia de domingo

Saúde. Alegria. Paz.

terça-feira, abril 02, 2024

Filigrana de pedra, o Spiritu Sancto, a suposta crise em Portugal, o IRS e etc.

 

Muito frio a partir do meio da tarde, em especial quando a aragem nos fustigou. Choveu mas muito menos do que se anunciava. À noite, frio mas, como não havia vento, talvez mais suportável.

Mas isso é pormenor. A cidade é o que se sabe: muito bonita. 

Quando lhe dá o sol mostra-se quase dourada. A pedra é macia e tem aquele tom suave do ocre tingido de patine.

O que agora me surpreende, e não tem nada a ver com as vezes anteriores em que aqui tínhamos estado, é a quantidade de portugueses. O hotel está cheio deles. Nas ruas, a todo a hora se ouve falar português. Onde anda a crise que a ex-oposição mais os seus arregimentados comentadores e jornalistas apregoavam?

Em Lisboa, quer ir-se a um restaurante, só reservando. Os concertos, esgotam quase instantaneamente. As agências de turismo dizem que nunca venderam tantas viagens como agora. Os hotéis estão cheios. E chego aqui e há portugueses por todo o lado.

Das duas uma: ou a malta que hoje é governo mais os que os apoiam ou fingem que apoiam está toda redondamente enganada, e isso é chato, ou são os números oficiais que mostram uma coisa e a realidade é outra, o que não é menos chato. Cá para mim é um misto pois não tenho dúvidas que a economia paralela faz parecer o que não é e só quem não pode fugir ao fisco é que não foge, fazendo girar muito dinheiro não declarado. 

Já agora, outra coisa. Não tem a ver com economia paralela mas com fisco. Tenho aqui defendido amplamente que o IRS deve baixar, mas isso ao mesmo tempo que deve haver uma verdadeira caça à economia paralela. Hoje muita gente não paga IRS pois recebe oficialmente pouco mas 'por fora' recebe, se calhar, outro tanto. E os que pagam, sobrecarregados e revoltados, fazem contas à vida antes de trabalharem mais. Já aqui falei de amigos médicos que dizem que continuar a trabalhar não lhes compensa. Muitos reformaram-se e, nos casos em que ainda trabalham, não fazem mais que 10 horas por semana senão ficam prejudicados. Com a falta de médicos que há... E é lógico que assim raciocinem. O que não é lógico é que os impostos para este tipo de rendimentos sejam o exagero que são. O Fisco trata a classe média como se fossem bandidos capitalistas que devem ser espoliados até ao tutano, e ala moço, vá de espetar com eles no escalão dos ultramilionários. Seria bom que este Governo agarrasse o assunto mas agarrasse a sério, sem demagogias, com cabeça.

Mas, pronto, hoje não me apetece falar mais em impostos.

Hoje apetece-me é partilhar imagens de filigrana em pedra. Tudo muito sereno e belo.








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Desejo-vos um dia bom
Saúde. Boa disposição. Paz.

quinta-feira, fevereiro 22, 2024

Coisas e loisas.
[E decoração da colorida e criativa]

 

Vão-me aparecendo assuntos para tratar e, desabituada que quero estar de ter a agenda preenchida, fico logo como se estivessem a estragar-me o programa de festas. Até há cerca de um ano tinha não sei quantas reuniões por dia, recebia não sei quantos telefonemas, geralmente de gente que vinha comunicar-me problemas, esperando que eu os resolvesse, e não tinha outro remédio senão condensar os assuntos pessoais para os resolver de atacado, a correr, quando houvesse tempo. Estava saturada, ansiando por descanso e tranquilidade. 

Agora, quando acabo um dia, anseio por não ter nada para tratar no dia seguinte. 

Mas tenho tido. Ainda por cima, do tipo de assuntos de que nem sei bem por que ponta pegar e que, seja qual for a ponta, é coisa que não me é familiar. que me parece complexa, demorada, exasperante.

Por exemplo, a minha prima lembrou-se que, se calhar, deveríamos tentar regularizar a situação do terreno que temos no Algarve. Mas lá está: temos? 

Era do meu bisavô. Não sei se já havia registos naquela altura, princípio do século passado. Quando fugiu (e já sei, a minha prima confirmou, que foi para a Argentina), depois de ter perdido tudo, afinal ainda deixou o dito terreno, a casa em que a mulher e os filhos viviam e, se calhar, mais qualquer coisa. Dado que não havia certidão de óbito dele, as partilhas foram-se arrastando. A minha bisavó lá deve ter determinado a distribuição disso pelos filhos, cabendo ao meu avô o dito terreno. Mas nada disso foi registado.

A minha prima tem ideia que, a dada altura, alguma coisa fizeram. Mas não está certa. Eu tenho ideia que não fizeram. A estar em nome de alguém, cá para mim, ainda deve estar em nome dessa minha bisavó, cujo nome só agora soube. 

Ora como é que se passa disso, longínquo, impreciso, para um terreno devidamente registado em nosso nome? Parece-me um salto quântico...

Ela diz que, quando ia ao Algarve, se calhava irem também os pais, às vezes iam lá ver o dito terreno. E que ainda lá está. Diz também que lhe parece que o vizinho do terreno mais acima deve andar a mexer nos marcos pois parece que estão cada vez mais para baixo.

Eu não sei. Sei que encontrei um desenho do terreno, com medidas e tudo. Talvez venha a ser útil embora não saiba para quê.

E não sei se, para tratar de alguma coisa, poderei fazê-lo remotamente ou se terei que me mudar para lá, coisa que, obviamente não acontecerá.

Lembrei-me de ir à Loja do Cidadão. Quem me atendeu, perante a explicação, ficou na dúvida se poderiam resolver ali alguma coisa mas disse-me que, se quisesse tentar, teria que ir de manhã cedo para tirar uma senha. Ou, então, que sempre poderia fazer marcação no siga.marcações. Tentei. Mas, caraças, a dita aplicação... mandou-me para a Conservatória Predial do concelho a que o terreno pertence. 

Também estive a tratar do seguro da casa da minha mãe. Vencia-se agora. O valor, um balúrdio. Pedi uma nova proposta na mesma seguradora. Mais baixo mas, ainda assim, muito caro. Pedi na seguradora onde tenho os meus seguros. Mais em conta. Portanto, tive que tratar também disso, cancelar de um lado, fazer um novo noutro lado.

E etc.

Enfim. Conforme me disse o Conservador, na brincadeira, quando fui tratar da habilitação de herdeiros, só tem maçadas destas quem tem coisas para herdar... É um facto.

Quando os meus filhos me falam das suas vidas profissionais ou quando um amigo, como hoje aconteceu, me fala dos seus contratempos empresariais, quase me parece coisa de um outro planeta, coisa da qual eu, em boa hora, me pus a milhas. Mas, em contrapartida, aparecem-me destes pincéis para os quais não tenho um mínimo de competências...

Felizmente, esteve algum sol e consegui reclinar-me um pouco à hora de almoço, a banhar-me em vitamina D.

E é isto...

Por sorte, há pouco apareceu-me um vídeo giríssimo, uma casa cheia de cores e de ideias inusitadas, que vou partilhar. Pode parecer demasiado fora da caixa mas vejo ali ideias engraçadas.

Senão não fosse isto, o post de hoje não passava da indigência que acabaram de ler. É que ele há dias...

House Tours: 550 sq ft Custom Chelsea Studio

  • Location: New York, NY
  • Size: 550 Sq Ft / 51 Sq Meters
  • Type of Home: Studio Apartment
  • Years Lived In: Owner, 1.5 years

This colorful, custom and retro studio apartment in Chelsea is a labor of love and mad skill, all crafted by Helena, a props fabricator and designer for theater and film. Helena has turned a dull pail studio apartment into a jewel-toned ultra-functional home and hangout destination. Nearly every inch of her apartment has been carefully outfitted with custom furniture, handmade textiles, art objects, and playful paint patterns. In this house tour she shares not so obvious tips for constructing a Murphy bed, painter’s tips for color blocking, and how to make a studio apartment a welcoming destination for her and her friend’s weekly Dungeons and Dragons game night. See why Helena won Apartment Therapy’s “Cleverness Award” in the 2023 Small/Cool Contest!


Um dia feliz

Saúde. Boa disposição. Paz.

quinta-feira, fevereiro 08, 2024

O Montenegro quer baldar-se, os polícias metem baixa e a Joana Amaral Dias comenta --
e eu, perante este malsão panorama, acho mais saudável virar-me para as coisinhas domésticas

 

O meu marido diz sempre que temos coisas a mais cá em casa. E, no entanto, a casa está longe de paracer 'atafulhada'. Há muito espaço livre. 

Mas não consigo arranjar espaço para cá ter mais nada sem que pareça despropositado. 

A minha filha diz que, por exemplo, devíamos mesmo arranjar maneira de aproveitar a grande escrivaninha que está na sala maior da casa dos meus pais. É um móvel grande, largo e alto. Tem grandes gavetas e depois tem um alçado considerável que se fecha com a porta que, aberta, assenta em dois suportes, tornando-se zona de trabalho. Sempre me lembro daquele grande móvel e os meus filhos também. Para eles, era uma arca do tesouro. Há lá de tudo. Os meus netos também tinham o hábito de, mal lá chegados, quererem que o 'tampo' fosse aberto para descobrirem canetas, lápis, carimbos, molas, plasticinas, moldes, clips, papéis, autocolantes. Nem sei o que para ali há. 

Mas nem a minha filha tem onde colocar móvel com aquele arcaboiço nem o meu filho nem eu. E não vou pô-la na garagem. Seria um fim pouco digno para um móvel tão icónico.

Eu, que gosto tanto de decoração, sinto-me completamente limitada pois não apenas o meu marido, por ele, teria a casa quase vazia como eu própria me sinto mal em casas com coisas a monte.

Uma das noites em que quase não dormi, incomodadíssima, foi quando fomos visitar um familiar cuja casa pós-divórcio ainda não conhecíamos. Aquilo transtornou-me de uma maneira difícil de descrever. Uma grande moradia numa quinta. Mora ele e a actual mulher. Só os dois e os cães. A casa é enorme, tenho ideia que térrea mas, sinceramente, não tenho a certeza que não tenha um piso superior. Sei é que tem uma cave com a mesma área que o piso térreo. E tudo cheio que nem um ovo. Sempre lhe tínhamos conhecido gosto por algumas coisas. Por exemplo, relógios. Pois tem salas pejadas de relógios, relógios de toda a espécie e feitio, em prateleiras, de chão, vitrinas com relógios mais pequenos e delicados, até as paredes todas cobertas com relógios de parede incluindo um de uma estação de comboios. Depois tem miniaturas de comboios, linhas de comboio montadas, carruagens, máquinas, cidades e montanhas para servirem de cenário aos comboios. Salas pejadas de comboios. E por onde passávamos havia muito de tudo. Mesmo a casa, no piso térreo, tinha móveis, sofás, cadeiras, cadeirões, mesas, cadeiras, aparadores, escrivaninhas, estantes, tapetes, quadros, relógios, tudo, tudo em excesso. Uma pessoa sente-se esmagada. E, no entanto, ele estava orgulhoso. 

Eu andava por entre aquela avalancha e só pensava que uma casa assim é impossível de limpar. É que nem consigo imaginar como se mantém uma casa tão grande, tão, tão, tão cheia de tudo. 

Por aqui, por estas bandas, as pessoas de vez em quando devem redecorar as casas, desfazendo-se do que têm. Nas noites em que o carro da Câmara passa a recolher monos, por vezes, quando ando a caminhar, vejo coisas que me deixam cheia de vontade de as levar, eu, para casa. No outro dia vi um cadeirão largo e baixo, em veludo, num tom de azul alfazema escuro, em perfeito estado. Tinha uma forma elegante, pouco usual, o género de peça que pode ser o focal point a nível decorativo de uma divisão. Nem ousei dizer que gostava de ficar com ele senão o meu marido rifava-me. Mas, também, não teria onde pô-lo. No entanto, que pena uma coisa assim estar no passeio, desprezado. Numa outra vez vi uma estante alta, de boa qualidade, bonita. Quem é que se desfaz de uma estante assim? Com a falta que as estantes sempre fazem... E houve uma vez que nem queríamos acreditar. O passeio cheio de mobílias boas, móveis de excelente design e madeiras, sofás em perfeito estado, muitos. Nem percebíamos se teriam posto ali para serem transportados para outra casa. Depois compreendemos que não, pois, no dia seguinte, ainda lá estavam. Eram 'monos'. Provavelmente alguém quis vender a casa sem móveis e não se deu ao trabalho de lhes arranjar melhor destino. 

E, no verão, num pinhal aqui perto, apareceu um conjunto completo de sofás de veludo, sofá de três lugares, sofá de dois e dois individuais. Impecáveis. Até parecia que alguém, como elemento provocador, mais do que decorativo, tinha resolvido ver o que as pessoas faziam ao darem com uma espécie de sala a meio do pinhal. Ali estiveram talvez uma semana. Depois desapareceram.

E, se estou com isto, é porque ando cansada demais e sem grande pachorra para falar do Montotónegro que agora teve a peregrina ideia de se fazer representar pelo Baldasmelo* nos debates com aqueles que, pelos vistos, eles acham que é malta da equipa B.

Muito menos tenho pachorra para a tropa fandanga das polícias e afins que, entre baixas a pontapé e ameaças de toda a espécie e feitio, resolveram fazer o papelão que, antes, os professores -- a toque de caixa do baderneiro do Stop e do social-baderneiro Nogueira -- faziam. Com a diferença que, enquanto os professores se limitavam a prejudicar os alunos e as famílias e a fazer cartazes em que o Primeiro-Ministro aparecia com cara de porco e lápis espetados nos olhos, as chamadas Forças da Ordem têm a particularidade de andar armadas e de chegarem ao ponto de ameaçar com a não realização das próximas eleições. Gente fina.

Muito menos tenho inspiração para comentar o surrealismo que vi de passagem, estando a Joana Barbie-Kitada Dias a comentar os debates ou lá o que é que ela estava a comentar. Há coisas do além que a gente ainda consegue aguentar. Mas esta não.

Portanto, desculpem-me mas só me apetece dizer o mesmo que a mãe de um amigo meu, prima de umas conhecidas manas benzocas de sangue azul e já aqui algumas vezes referidas: 'Não tenho idade nem condição social para aturar isto'.

Portanto, penso que conseguirão compreender e desculpar-me: aos costumes digo nada e viro-me mas é para a arquitectura, para a decoração e coisas afins.

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Simplicity and Sophistication: TJ Residence by Lucas Takaoka 
| ARCHITECTURE HUNTER

TJ Residence, situated in Barueri, Brazil, was designed by architect Lucas Takaoka, especially for his parents. Takaoka's thoughtful choices and intricate details weave a narrative of responsibility and personal expression into the very fabric of the house, serving as a testament to the architect's profound connection to home. Dive into The Panorama of Residence TJ!


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Um dia bom
Saúde. Paciência. Paz

quarta-feira, fevereiro 07, 2024

Certidão permanente, caderneta predial, teor do artigo ou artigo do teor, matriz e o escambau.
Coisas que não sei como é que o Kafka deixou de fora
Salva-se, desta problemática, a maravilhosa casa de João Vicente de Castro

 

Continuo na minha tentativa de cumprir com as diligências. Mas parece que, em larga percentagem, me saio sempre mal.

Tento fazer como manda a lei mas não é fácil perceber o que manda a lei. Depois, faltam-me os termos e o conhecimento dos meandros das coisas. Não percebi ainda a diferença entre certidão urbana permanente, caderneta predial urbana, artigo de teor (ou teor de artigo?), matriz predial, etc.

Acontece que a casa em que viviam os meus pais, em termos dessas coisas está um bocado baralhada.

A história é a seguinte. Quando os filhos eram jovens, creio que talvez quando atingiram a maioridade, os meus avós paternos ofereceram-lhes um terreno. Os dois irmãos embrenham-se na construção de uma moradia dupla. Desenharam, contrataram técnicos e projectistas, acompanharam a construção. O meu pai orgulhava-se de que a casa levou muito mais ferro do que necessitava, queria que fosse boa construção. Eram muito jovens, os irmãos. Mas ambos levaram tudo muito a sério.

Não ligaram muito foi ao lado burocrático.

O terreno tinha uma determinada área e, depois de implantada a área habitacional, sobrou o terreno do qual fizeram respectivamente, atrás hortas e à frente jardins, uma divisão feita entre eles, daqui para ali, daquele lado da casa é meu e, de lá para acolá, deste lado, é teu.

Depois, tiveram o cuidado de ir à Conservatória desanexar a casa de cada um do edifício inicialmente registado como único. Ou seja, fizeram a divisão da coisa comum, por aquisição um ao outro. Isso está registado. Mas só desanexaram do artigo inicial, que era um todo, as respectivas zonas habitacionais especificando a área e depois escrevendo 'e logradouro', mas esqueceram-se de especificar a área de cada logradouro. Ou seja, o terreno remanescente, o chamado logradouro, em termos da certidão ou da caderneta ou do teor ou sei lá do quê, permaneceu comum já que não especificaram a área de cada logradouro que deveria ter sido desanexado tal como a zona habitacional.

Mas para eles estava tudo bem.

Além disso, em termos de IMI, cada um pagava o seu, ou seja, o correspondente à sua casa.

Até que um certo dia, na sequência da informatização nas Finanças, começou a aparecer como se as duas casas fossem uma única e em que cada um era dono de 50% de cada.

A minha mãe falava disto en passant. Chegou a ir às Finanças dizer que se tinham enganado. Presumo que não deve ter percebido nada do que lhe disseram pois, por algum motivo, se calhar por não estar esvaziada a área do artigo inicial, não corrigiram. O meu pai tinha tido o AVC e as prioridades e os problemas dela eram outras. E das minhas nem se fala. Ouvia falar disso como coisa remota, desinteressante.

Quando o meu pai morreu e se teve que fazer a habilitação de herdeiros, apareci como dona de uma parte da casa dos meus pais e de uma parte da casa dos meus tios. Um disparate. A minha mãe disse-me que vinha desse 'erro' das Finanças. E, creio que nessa altura, falou com os meus tios que também estavam admirados com tudo aquilo. A minha prima, sem tempo para coçar, muito menos tempo teve para se preocupar com tal coisa. E eu idem. Ficou.

Quando a minha mãe estava internada fui eu que paguei o IMI dela. Lá estava a pagar 50% do IMI da casa dos meus pais e 50% da casa dos meus tios. Falei com a minha prima que foi ver e disse que com os pais acontece o mesmo mas que, no conjunto, pagamos o valor correcto portanto, mais coisa menos coisa, 'que se lixe'...

Concordei. Preocupada, aflita e angustiada que andava quis cá eu saber disso.

E agora estou nesta situação absurda e sem saber por que ponta pegar. Nas Finanças falam-me em pôr em propriedade horizontal. O Conservador ri-se: 'Mas propriedade horizontal de quê? Isso era antes de eles, nos idos de 1900 e troca o passo, terem desanexado cada um a sua casa...'. Portanto, estou nisto.

Provavelmente terei que contratar um solicitador. Mas tem que ser ao mesmo tempo que os meus tios. E eles são idosos, isto deve fazer-lhes confusão, o lógico é que não sejam perturbados. E a minha prima, cheia de trabalho, ainda menos pachorra deve ter para isto.

Só que, nestas circunstâncias, para o que quer que seja, não consigo fazer nada da casa pois, para todos os efeitos, em termos de Finanças, sou dona de apenas uma parte da casa e os meus tios donos do restante. Um absurdo de todo o tamanho.

Ao ouvir-me queixar desta trapalhada, o Conservador ria-se : 'Se não tivesse recebido nada em herança não teria trapalhada nenhuma...'. Pois. Mas herdei.

Liguei para as Finanças e fiquei desconcertada, desanimada. Falaram-me em ir à Câmara. Liguei para a Câmara, expliquei. Pediram-me uma série de coisas, escritas com as siglas. Tive que ir descodificar. Mas olho para o que tenho e não percebo o que corresponde a quê. E na Câmara dizem-me que o não sei quê que devo apresentar, se quiser fazer não sei o quê, deve ser actualizado. Pergunto-lhe se está a falar daquele livrinho escrito à mão, na Conservatória, e parece que ela nem sabe de que é que estou a falar. Às tantas apetece-me desistir. Não tenho pachorra, não tenho conhecimentos para tão exigente empreitada, não tenho tranquilidade para pesquisar ou pensar nestas coisas.

E acho que tenho prazos para tratar destas coisas e receio não conseguir encontrar o caminho deste emaranhado, a tempo e horas.

Enfim. Uma seca de todo o tamanho.

E continuo com avaria de comunicações desde segunda de manhã. O operador tinha mandado mensagem a dizer que devia ficar resolvido esta terça à tarde. Nada. O meu marido ligou e agora dizem que talvez na quarta a virar para quinta. Nem televisão, nem internet, nem telefone. Só o telemóvel funciona nesta casa. É da rede do telemóvel que estou a alimentar o computador.

Está bonito, isto, está mesmo.
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Salva-se deste relambório chato para caramba, o vídeo da lindíssima casa de João Vicente de Castro. Fico perplexa com tamanha e tão bela casa. Não por acaso a Vogue faz reportagem com ela. Só conheço o João Vicente de Castro da Porta dos Fundos. Não sei se é daí que vem o budget para um casarão tão impressionante mas, verdade seja dita, é coisa que não me diz respeito.

Espero que gostem. Garanto que merece muito a pena.

Tour pela casa sofisticada de João Vicente de Castro | CASA VOGUE

No Jardim Botânico,  Rio de Janeiro, a casa de 500 m² do ator João Vicente de Castro, com reforma recém-finalizada pelo Estúdio Orth, ficou exatamente do jeito que ele imaginava: confortável, convidativa e contemporânea. Faça um tour!


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Desejo-vos um bom dia

Saúde. Ânimo. Paz.

domingo, janeiro 28, 2024

Falamos junto à luz


Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.

Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.

Será o mesmo brilho, a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta.

Sophia de Mello Breyner Andresen, em ‘Dia do Mar’


De tarde, chamados pela luz suave e dourada, pelo prenúncio de primavera que nos trouxe temperaturas muito aprazíveis, e, sobretudo, pelo menos pela parte que me toca, pela necessidade de oxigénio, fomos para a beira do rio.

O prazer de andar e conversar num dos lugares bons da cidade, a diversidade de gentes com que nos cruzamos, o sol sobre o rio, a boa companhia, tudo isso é remédio certo para lavar a alma.

Em tempos fotografava pessoas. Adorava. Sentia-me sempre uma observadora clandestina e, ao mesmo tempo, transparente. Já conseguia antecipar os movimentos das pessoas, as suas expressões. Estava de tocaia e, quando a ocasião se proporcionava, disparava. E, aparentemente, ninguém dava por nada.

Tenho muitas centenas ou, melhor, provavelmente, milhares de fotografias de pessoas. Mas depois temia sempre publicá-las pois receava que estivesse a pisar o risco da privacidade. É certo que há mesmo a modalidade de fotografia de rua e muito do que era a sociedade em tempos mal documentados se conhece através do trabalho de fotógrafos de rua. Mas, por via das dúvidas, encolhi-me. E, se não posso mostrar, para quê estar a fazer?

Portanto, agora tento evitar a presença de pessoas. Contudo, por vezes, é impossível deixá-las de fora. Mas, como sempre costumo dizer quando aparecem pessoas nas minhas fotografias, se alguém se reconhecer aqui e não quiser cá estar, bastará que mo diga.

Fomos lanchar ao CCB, depois fui lá tratar de um assunto e, de seguida, fomos passear para a beira do rio. 

O que abaixo partilho é parte da arte de rua que por aqui se pode ver. Escultura de homenagem ao pessoal clínico em tempos covid, a escultura Central Tejo, os big e engenhosos trabalhos da Joana Vasconcelos (se é arte ou gigantes trabalhos que incorporam design e montagem isso não sei), o mural em que vários artistas homenageiam o 25 de Abril, os belos murais de azulejos com poemas de Sophia, o próprio edifício do MAAT que é escultural.

A última fotografia não foi feita hoje nem é em Lisboa. É em Setúbal, no belo PUA, e é uma homenagem a José Afonso. A minha filha estava lá à frente mas, com o corrector, retirei-a. Não ficou perfeito mas como a escultura é algo 'incerta' a modos que disfarça.

Em dias como estes, é bom sair de casa, andar a passear, a laurear, a flanar, a desopilar, a vadiar, a turistar, a espairecer, a espanejar, a dar ar à pluma. Mas, para quem não possa fazê-lo, aqui fica um cheirinho.


























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E vi este vídeo de que gostei e que gostaria de partilhar. Já não é Green Renaissance mas Reflections of Life e são sempre tão tranquilos, transmitem serenidade, a vida a ser vivida com vagar, o contacto com a natureza, o prazer de existir de forma simples.

BELONGING - Finding Connection

Quando somos incompreendidos e sem apoio, é fácil sentir-nos sozinhos, como se não nos encaixássemos no mundo que nos rodeia. Mas algo lindo começa a acontecer quando entendemos que nossa singularidade não é uma falha, mas um motivo de comemoração.

À medida que aprendemos a valorizar e a partilhar os nossos dons individuais, reconhecendo a beleza das nossas diferenças, encontramos uma ligação renovada com o mundo - semelhante à harmonia encontrada na natureza, onde cada elemento contribui para a beleza geral da paisagem.

Inspirando-nos no mundo natural, entendemos que abraçar as nossas diferenças é um presente que podemos oferecer ao mundo, tornando-o um lugar mais bonito para todos que nos rodeiam.

A resposta reside em colmatar lacunas, cultivar a empatia e revelar a vibrante tapeçaria da nossa experiência humana partilhada através do reconhecimento e da celebração da diversidade.

Filmado em Singapura

Com Kathleen Yap


Desejo-vos um bom domingo
Saúde. Serenidade. Paz.