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segunda-feira, setembro 05, 2022

O secretário-geral comunista considerou que os Estados Unidos, Bruxelas e a NATO, "com a cumplicidade do Governo português", tudo estão a fazer para continuar a guerra na Ucrânia

 

Leio a notícia do DN (de onde extraí o título deste post) e, apesar de julgar já estar preparada para tudo, fico perplexa. 

(Daqui)
Como é possível? Estão a falar para quem? Para gente que vive noutro planeta e que pode ser enganada? Ou para mentecaptos? Ou julgam que conseguem fazer dos outros parvos? Ou acreditam mesmo no que dizem?!

Não foi a Rússia que começou a guerra? Não é a Rússia que, com as patas a pingar sangue e enfiadas em solo ucraniano, está a prolongar a guerra? Não é a Rússia que tem dizimado um país independente e com direito a ser livre, matando, destruindo, arrasando vidas e património,  impedindo o funcionamento das suas infraestruturas e causado uma brutal crise mundial? Não é a Rússia? Não é a Rússia que merece repúdio? Não é o ímpeto imperialista de um psicopata como Putin, que age como um criminoso à solta, que merece ser vaiado, punido, isolado? Não é?!

Mais do que cegueira, esta posição do PCP é estúpida, tão estúpida que é incompreensível, tão estúpida que até dói.

Leio isto (e há pouco ouvi um pouco na televisão) e sinto uma repulsa quase física. Quase não: completamente física. Uma profunda repulsa.

Esta gente do PCP é gente alienada, alucinada... ou hipócrita? São mentirosos e manipuladores, como Putin... ou é gente perturbada? 

Se o Putin resolvesse invadir e dizimar Portugal, colocar-se-iam do lado de Putin? Se Putin alegasse que o fazia porque pertencemos à Nato e porque temos cá uns grupelhos nazis, usariam os argumentos do criminoso para o desculpar e para defenderem a nossa rendição? Provavelmente, sim. Se pedíssemos ajuda para nos defendermos, tudo fariam para que a ajuda nos fosse negada? Se calhar, sim. Se víssemos as nossas casas destruídas, a nossa família espalhada pelo mundo, se nos matassem os filhos, continuariam a dizer que a culpa era nossa por não nos termos rendido às mãos dos russos? Continuariam a dizer que quem viesse para nos ajudar estava a prolongar a guerra? Se calhar, sim. Parece-me crueldade a mais mas, se calhar, é assim que são as pessoas do PCP. 

Não consigo perceber. Juro que não percebo. Ou estão em pleno exercício de suicídio político colectivo? Move-os a atracção pelo abismo? 

É este o fim político que Jerónimo de Sousa vai ter? Vai querer acabar como um mentiroso, um apoiante de criminosos, um manipulador, um perigoso populista? 

Que incomodada fico com isto...  Acreditem que não é exagero ou metáfora: fico mesmo fisicamente nauseada com estas atitudes do PCP. 

Não sei como é possível. Não percebo. Acho que não há explicação para isto. 

Gente assim é perigosa. De gente assim deve guardar-se distância. 

domingo, fevereiro 06, 2022

O PCP diz que vai encher as ruas e apela às massas.
Catarina Martins diz que não se demite e, em conjunto com o Cardeal Louçã, insistem em provar ao povo que o povo não os percebeu bem.
Ou seja, continuam a ir por bom caminho, eles. Não sei se são burros ou se padecem de autismo severo. Coisa boa não é.

Vou mas é colher inspiração noutras bandas

 

Ia no carro, distraída, quando ouvi o meu marido a dizer: Eh pá, estes tipos não atinam. Até dá pena.

Concentrei-me. Era Jerónimo de Sousa que falava, naquele seu tom simpático embora paroquial. Dizia que iam ser menos no parlamento mas mais nas ruas e falava mal do PS e do grande capital. O meu marido, disse: Pararam no tempo, ainda estão quarenta anos atrás. E voltou a dizer que até dava pena.

Eu ia preocupada com outra coisa. Dei-lhe razão mas não acrescentei nada. De resto, acrescentar o quê? Ainda não perceberam que as pessoas querem uma vida tranquila, estável, e não confusão nas ruas. 

E massas? Grande capital? -- continuam com o mesmo e estafado léxico. Será que a malta mais nova sabe a que é que eles se referem quando falam das 'massas'? Até eu, que pertenço à malta mais velha, tenho dificuldade em saber...

Passado um bocado, era outro. Está em todo o lado: na televisão, nos jornais, na rádio. É daquelas ervas daninhas que aparece all over. Era Louçã que falava do alto da sua cátedra, explicando que tudo o que se tem andado a passar resulta de uma conspiração orquestrada por António Costa. Passando um atestado de estupidez aos portugueses que não votaram neles, Louça inventou parvoíces numa tentativa vã de desviar a atenção para a barracada que tem sido a estratégia do Bloco. O meu marido insurgiu-se: Mas ninguém lhe pergunta quem é ele para andar a dizer isto? Aí fui eu que disse: Por duas vezes, foram de braço dado com o PCP, juntar-se à direita, abrindo espaço para a direita populista e, por duas vezes, os portugueses lhes mostraram o que pensam disso. O tipo, que é um perdedor e uma nódoa a definir estratégias, por aí anda a ganhar dinheiro para se gabar das suas teorias.

O meu marido insistiu. O que é necessário é que, quando ele estiver com estas teorias, alguém se vire para ele e lhe pergunte quem é ele para falar assim.

Conclusão: fizemos zapping radiofónico e fomos fixar-nos na Antena 2. 

E, agora que escrevo isto, ocorre-me que as Direcções de Informação das televisões, rádios e jornais também devem estar cristalizadas no tempo: alguém em seu são juízo, atento aos tempos que correm e com dois dedos de testa continuaria a contratar os mesmos de sempre? Quem é que insiste em contratar esta gente que já não sabe o que dizer, viciada na maledicência, destituída de capacidade de raciocínio, habituada a mastigar o que outros já regurgitaram? Provavelmente outros que tais.

Há paciência para aturar isto?

Por estas e por outras é que, nos meus tempos livres, cada vez mais me entretenho a ver vídeos ou as Gilde Ages desta vida.

Ou isso ou a colher ideias para cenas. Por exemplo:

Biquinis para anafadas
INSTAGRAM @_YUMI_NU
 

Blusinha de tricot em fio primaveril
Francesca Michielin


Maquilhagem combinada para aparecer no emprego sem passar despercebida
Des'ree Msasi

Ou a ver dança que nasce na medula dos bailarinos:

Girl Gone Wild - Madonna / 
Fredy Kosman ft Koharu Sugawara Choreography / Urban Dance Camp


Ou a ouvir/ver nova gente da música:

Crystal Murray - Other Men


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Desejo-vos um belo dia de domingo
Boas notícias. Boa sorte. Tudo a correr pelo melhor. Saúde e alegria.

quinta-feira, janeiro 27, 2022

Eleições Legislativas 2022 - Votos e Bandidos

E umas perguntas muito concretas ao João Lisboa

 



Sobre o que escrevi ontem, recebi um mail e uma mensagem. E, com a devida autorização do estimado Leitor que me enviou o mail e pressupondo que o meu filho não se vai aborrecer que eu refira o reparo que me fez, aqui segue então, em primeiro lugar o texto do mail (que agradeço):


Votos

Bom dia UJM. Faço meus os seus votos, por mil e uma razões !

Há aproximadamente 2 anos foi diagnosticada uma doença degenerativa à minha Mulher. Durante os 2 ou 3 anos anteriores, foi seguida no Hospital da Luz por uma especialista que cobrava honorários a peso de ouro. Um dia pedi-lhe um relatório médico que me foi solicitado pelo Centro de Alcoitão, para iniciar terapia da fala. A dita médica, depois de muita insistência minha, escreveu meia dúzia de linhas manuscritas de difícil compreensão. A técnica do CRA, classificou  o dito relatório, "no comments". Ao mesmo tempo, a dita médica, recomendou a realização de um exame no HL, sendo que o mesmo teria que ser com internamento de 3 noites. Aí eu desconfiei ....

Realizámos o dito exame da Ressonância magnética num laboratório conhecido, a preço muito acessível, e decidimos recorrer aos serviços do SNS no HEM.

Tudo mudou desde então. A abordagem pluridisciplinar que se impunha, começou a funcionar em pleno. Sabemos que é uma doença progressiva, contudo, para minimizar os impactos temos contado com uma equipa excepcional  do HEM e HSFX que tem agido de forma integrada. 

Várias vezes tenho referido aos membros da equipa, a nossa gratidão. Sinto que a equipa dos médicos, também aprecia a manifestação do nosso reconhecimento.

Interrogo-me e preocupa-me o que irá acontecer com o hipotético regresso ao poder dos que propõem a privatização do SNS.

Desculpe-me não publicar este meu testemunho no espaço dos seus comentários. (...) Se achar relevante, pode transcrevê-lo.

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Do meu filho recebi um reparo, primeiro por mensagem e depois, mais tarde, por telefone. Dizia-me ele que. se António Costa conseguiu formar Governo e governar bem durante seis anos e se foram feitos alguns avanços significativos em algumas áreas, tal se deve ao apoio dos 'bandidos' a que a avó se tinha referido.

Do que lhe conheço, ao falar nos ditos bandidos, a simpatia dele vai mais para Jerónimo de Sousa. Não lhe conheço qualquer simpatia para com o Bloco. Também eu sinto respeito pelo velho moicano. E também eu, desde o minuto zero, achei bem que António Costa governasse com o apoio da esquerda. E, apesar da frequente queda da Catarina e das Mortáguas (com o Cardeal na rectaguarda) para a traição, passei por cima disso e foquei-me no importante: a defesa de políticas justas, de desenvolvimento, de salvaguarda dos direitos dos que mais precisam de apoio. Mas quando Catarina Martins, o ano passado, num gesto de arrogância, de irresponsabilidade política e de ânsia por protagonismo, chumbou o Orçamento e quando este ano, um ano tão difícil, com um Orçamento equilibradíssimo e com inúmeros pontos de convergência com as pretensões desses dois partidos, resolveu chumbar o Orçamento, juntando-se ao seu companheiro de percurso PCP e juntando-se à direita reunida, PSD, ao CDS e ao Chega, a minha posição mudou. Mudou mesmo.

O meu filho diz que em democracia devemos aceitar que os partidos se manifestem. Claro que sim. Em ditadura, quem se manifesta contrariamente aos cânones é perseguido, detido. Em democracia não: em democracia os ajustes de contas fazem-se nas urnas. E é nas urnas que desejo que quem antes votou no PCP e no Bloco agora lhes vire as costas pela irresponsabilidade e pela traição.

O Bloco e o PCP podem fazer o que quiserem, são livres de o fazer. Claro que sim. Mas ao quererem agradar aos seus militantes mais fundamentalistas esqueceram os interesses do País. E, com isso, revelaram que lhes falta o sentido de Estado.

Ao argumentar assim ao telefone com o meu filho, ele lembrou-me que, há seis anos, contra um longo historial de aversão aos socialistas por parte dos comunistas, Jerónimo de Sousa aproximou-se de António Costa e, com esse gesto, viabilizou um Governo socialista.

É verdade. Foi um gesto corajoso e digno de um verdadeiro estadista. Louvo-o por isso. Louvei-o na altura e, ainda hoje, reconheço o valor e valentia do gesto

Mas critico-o por agora ter saltado fora na votação na generalidade deste Orçamento (que, na especialidade poderia ainda ser melhorado), juntando-se à direita trauliteira e revanchista que sempre fez de tudo para denegrir a Geringonça e o Governo apoiado pela esquerda.

O meu filho recordou-me que o chumbo do Orçamento não implicaria a dissolução da Assembleia e que, aí, quem se precipitou foi o Marcelo.

Concordo. Algumas vezes aqui o tenho dito: Marcelo precipitou-se. Também ele é refém do seu forte apelo pelo auto-protagonismo.

Mas, tendo ele anunciado que, se o Orçamento chumbasse, a Assembleia seria dissolvida, já não havia recuo possível. Portanto, o PCP e o Bloco, ao votarem como votaram, sabiam a crise que iam abrir no País. 

Faltou-lhes sentido de Estado, faltou-lhes o sentido de lealdade, sobretudo lealdade perante os portugueses. E a quem faz isso (pela 2ª vez) não deve ter servida de bandeja a oportunidade de o fazer uma terceira vez.

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Entretanto, num comentário, o João, reportando-se ao que escrevi sobre as virtudes do PS e de António Costa enquanto governante, pergunta-me pelo Cabrita, pelo ministro da Educação, pela fraca intervenção cultural, pelas cativações*. Percebo-o. Tem razão. Mas, João, há soluções perfeitas? Quadros em que são todos umas sublimes, excelsas e não-pecadoras criaturas só aquelas pinturas com santinhos sobre as nuvens, uma virgem (a tal do imaculado pipi) e passarinhos iluminados por abençoados raios. 

[Eu não incluiria as cativações nos episódios menos felizes. Cativações são procedimentos normais na gestão económico-financeira. O facto de estar previsto em orçamento não tem que significar que são verbas automaticamente disponíveis para gastar pois as circunstâncias podem mudar e há que ir aferindo da oportunidade ou da necessidade de se gastar]

Na vida real, seja em que situação for, há sempre o que não é tão bom como o demais. Mas há que sopesar cada aspecto, olhar para o conjunto, avaliar alternativas. 

Imagine, João, que não ganha o PS. Aí, vamos pensar no que acontece no dia seguinte. Ganhando o Rui Rio, vamos ver quem é que ele poria na Administração Interna. Na Defesa já sabemos que põe o Chicão. Coisa esperta, não é? Na Administração Interna, imagino que não vá repescar o Ângelo Correia. Mas vai buscar quem? O Silvano? Credo. A Mónica Quintela? O Rangel...? Susto... E na Educação? Quem? Qualquer nome que me ocorra é para ser um susto ainda maior... E na Cultura? Quem é que o PSD tem para pôr na Cultura... Aqui nem consigo imaginar. Que ideias é que o Rui Rio tem para a Cultura...? Sabemos o que foi o reinado dele na Câmara do Porto. Um desastre absoluto.  E na Economia? O José Gomes Ferreira...?

Ou seja: pensando numa equipa governativa liderada por Rui Rio, o João consegue perspectivar melhor equipa do que uma equipa que António Costa possa formar? 

Por isso é que acho que nem vale a pena a gente pensar muito. Mesmo que não se ame o PS de paixão nem se  se idolatre o Costa, há que reconhecer que, neste momento, as alternativas a um governo PS são de mal a pior, são para a desgraça. 

Portanto, mesmo que não seja por total convicção, mesmo que seja um mero voto útil (quimicamente puríssimo), qualquer pessoa que goste do País e dos portugueses e que se preocupe com o futuro, o seu e o do País, não tem grande alternativa. Por isso, espero que os hesitantes e os sonhadores e os distraídos caiam na real e vão votar. No PS.


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Desta vez as belas rosas fotografadas por Nick Knight vêm ao som de Silêncio e tanta gente de Maria Guinot

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Desejo-vos um dia muito bom

Muitas rosas e muitos sorrisos para todos

quarta-feira, janeiro 05, 2022

Jerónimo de Sousa versus António Costa; Ventura versus Rio; Catarina Martins, a loura, versus Ventura; Tavares versus Costa; etc, etc.

Com vossa licença, vou mas mas é aprender a Como não morrer

[E, de caminho, vou uma vez mais constatar que it takes two to tango]

 




Vi o debate entre Jerónimo de Sousa e António Costa. Jerónimo de Sousa, com ar vendido, sem viço, com uma conversa que frequentemente roça o populismo, usa um discurso vago, oco, dizendo verdades inegáveis mas sem apresentar uma única solução. O PCP disfarça o estado de exaustão ideológica dizendo banalidades. Não conseguiu explicar porque é que chumbou o orçamento quando era um orçamento que ia mais longe do que alguma vez se tinha ido na defesa dos direitos dos mais vulneráveis e na concessão de regalias aos mais carentes. Não consegui explicar, claro. Enunciou pretensas medidas inexequíveis e ilusórias mas enunciou-as de forma gasta, sem vida.

A questão do salário mínimo, por exemplo. Claro que toda a gente gostaria que o salário mínimo desse um valente salto. Mas... e depois? Iria encostar-se ou ultrapassar os outros salários? Esses teriam que subir. Mas... iam encostar-se ou ultrapassar os seguintes...?

E as empresas iriam aguentar o embate dessa subida generalizada dos custos de mão-de-obra sem repercutir nos preços de venda? Provavelmente não. Com as margens de lucro esmagadas como andam por quase todo o lado... Mas os clientes iriam suportar o aumento de preços...? Bom, se calhar não.

É que, como António Costa referiu, grande parte dos possíveis beneficiários não são funcionários públicos ou trabalhadores de empresas altamente lucrativas. Grande número das pessoas que usufruem do salário mínimo trabalha em pequenos restaurantes, pequenos cafés, pequeno comércio. Numa altura em que todas essas pequenas empresas estão tão causticadas pela pandemia, como infligir-lhes ainda outro golpe...?

Subir o salário mínimo, sim, claro. Mas de forma gradual, de modo a que toda a cadeia económica consiga adaptar-se. 

O PCP e o BE não percebem isto? Bom. Se não percebem isto, então, mais vale que se dediquem a outra actividade, não à política ou a qualquer função em que se exija algum sentido de responsabilidade.

E, se percebem isto e, ainda assim o defendem, então das duas uma: ou querem o mal do país ou acreditam que a malta não percebe a sua hipocrisia.

Agarrado a conversas velhas, sem vida, o PCP continua, pois, a sua trajectória descendente. Não tem nada a propor. Continua a exibir jargões gastos, bandeiras que não convencem ninguém.

Antes vi excertos do debate de Rui Rio com o Ventura, Rui Rio com a Catarina Martins, Catarina Martins com o Rui Tavares.

A única coisa nova nisto é o cabelo da Catarina Martins: agora está loira e com madeixas.

Tirando isso, mantém-se populista, demagógica. Mostra que a deslealdade lhe corre nas veias, em abundância. 

Tal como Jerónimo de Sousa, usa argumentos hipócritas para defesa das suas indefensáveis atitudes.

Fui defensora e, depois, apoiante de uma solução à esquerda, apesar de já antes o PCP e o BE se terem aliado à direita para abrirem a porta a um governo de direita, um dos piores de sempre, o de Passos Coelho e Paulo Portas. Mas achei que traição tão grave acontece uma vez na vida. Acreditei que as probabilidades de voltar a acontecer eram mínimas.

Afinal aconteceu uma segunda vez. Sem outra justificação que não a de ceder ao facilitismo de querer agradar ao seus militantes mais fundamentalistas, Jerónimo e Catarina uniram-se ao Rui Rio, ao puto Chicão e ao execrável André Ventura, abrindo uma incompreensível crise. Idem ao IL mas esse não conta. Só conta, como já o disse, porque acho o Cotrim de Figueiredo uma bela figura de homem, ainda por cima sempre elegantemente vestido. E sabe falar e apresentar-se. Ora, na política, isso é importante mas não chega.

Mas, voltando ao PCP e ao Bloco. Tenho lembrado amiúde a propósito do comportamento destes dois partidos: Roma não paga a traidores. Portugal também não. Não perdoamos a traidores, ainda por cima traidores reincidentes. Da parte que me toca, e não passo uma simples e insignificante votante, não apoiarei novo acordo que envolva partidos nos quais o Jerónimo de Sousa, a Catarina Martins ou as manas Mortáguas estejam ao comando ou que tenham o cardeal Louçã na rectaguarda. É gente em que não é possível confiar. Lamento mas é coisa que não consigo ultrapassar. Não perdoo actuações políticas desleais, irresponsáveis, hipócritas.

Claro que Rui Rio também não é flor que se cheire: que não haja dúvidas sobre isso -- é errático, incoerente, é um troca-tintas, um tangas, não tem uma linha de rumo firme. Já deu mil provas disso. Não tenhamos pois dúvidas. Mas, a ter que contar com o apoio de algum partido, e se o Livre e o Pan (partidos relativamente neutros e em que, apesar de alguns excessos a absurdos, parece haver algum bom senso) não chegarem, preferiria que se desse uma little e controlada hipótese ao Rui Rio do que esperar que a demagoga e populista Catarina Martins e o gasto e servil Jerónimo (servil perante a linha dura dos seus militantes) traiam uma vez mais os seus eleitores (e o eleitorado de esquerda em geral).

Claro que preferia que o PS atingisse uma maioria estável sem necessidade de ficar na mão de quem começa bem mas acaba a chantagear. Confio no António Costa e confio na sua capacidade para formar e gerir equipas competentes e sérias. Confio na sua visão humanista e europeísta, confio na sua capacidade de ajustar um rumo estratégico face às circunstâncias adversas que vão ocorrendo, confio na sua capacidade de introduzir temas inovadores e na sua capacidade de ouvir e articular partes contrárias. 

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E agora ainda vou ler mais um pouco. 

Tenho andado a ler à vez: um pouco do Para quê tudo isto?, biografia de Manuel António Pina e um pouco do Como não morrer.

Comprei o segundo livro para a minha mãe. O bom efeito da nutrição na prevenção e tratamento de doenças é o género de livro de que ela gosta, ainda mais escrito por um médico. Depois de o ter comprado, cá em casa folheei-o e pareceu-me bastante interessante. 

Pensei que seria interessante para nós, cá em casa. Então, lembrei-me de o oferecer ao meu marido pelo Natal. Ofereci-lhe também o Jerusalém, a biografia. E, então, no meio da confusão da abertura dos presentes, todos a darem presentes a todos, abre ele o pacote com o Como não morrer e eis que o vejo ficar com ar estupefacto e os filhos a rirem e, ao mesmo tempo, a acharem que era um presente disparatado. Não percebi porquê. Não sei se acharam que era alguma indirecta, assim como se fosse um livro que se dá a alguém que está quase a bater as botas, se quê... Se o livro fosse: Como morrer mais depressa eu ainda perceberia que houvesse desagrado e estupefacção. Agora... é justamente o contrário... Nem é um livro dedicado à terceira idade. Não. É um livro bem escrito sobre as principais doenças causadoras de morte e como a medicina tradicional as encaram vis a vis uma alimentação saudável e equilibrada e um exercício físico adequado para as prevenir e ajudar a combater. Vou lendo aos bochechos e, até ver, estou a gostar de ler. Até estou a pensar oferecer aos meus filhos. Acredito piamente que uma vida saudável e uma alimentação equilibrada são fundamentais. Não garantem a vida eterna -- e ainda bem porque a vida eterna deveria ser uma seca -- mas talvez ajudem a viver melhor.


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As pinturas de Odilon Redon não têm muito a ver com o texto mas também o Vejam bem do Zeca não tem e não é por isso que deixa de ser aqui muito bem vindo.

E, para provar que não há limites para o despropósito e para lembrar que são precisos dois para dançar o tango, trago aqui, uma vez mais, o belíssimo tango dançado por Al Pacino e Gabrielle Anwar no Perfume de Mulher.


E se é bom ver Al Pacino a dançar, imagine-se o que será dançar com ele...


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Desejo-vos uma boa quarta-feira
Boa sorte. Saúde. Boa disposição. Coragem.

terça-feira, setembro 28, 2021

Ascensão e queda de alguns. Ascensão e futura queda de outros.

 



Tenho a reconfessar que estas eleições não mexeram comigo. Do pouco que vi na televisão ou do que li, nomeadamente em alguns programas eleitorais, foi o que referi há dias: mais do mesmo.

No entanto, acredito que a vitalidade da democracia se mede também através da qualidade de vida nas cidades (ou vilas) e, para isso, é relevante a competência, a dedicação, o profissionalismo e a visão estratégica das equipas que conduzem os destinos autárquicos. E, talvez por isso, ouço o que dizem os candidatos e acho que deveriam ser todos (ou quase todos) rifados.

No que se refere ao Porto, não vivo dentro nem tenho acompanhado: não me pronuncio, pois. 

Mas sobre Lisboa tenho opinião. Lisboa está magnífica. Pode ter pontos de imperfeição ou pode ter coisas que não funcionam bem. Mas, no cômputo geral, está magnífica. É magnífica. 

A reviravolta no bom sentido começou antes do Medina. Vem de Sampaio, vem do Costa. Mas o Medina executou a estratégia e não desgraçou tudo. Pelo contrário, continuou a melhorar a cidade. Não falo dos bairros históricos transformados em alojamento local. Foi tendência geral, cá e em todo o lado onde o turista gosta de andar. Chama-se gentrificação e é fenómeno global. Não vale a pena armarmo-nos em beatos, querendo ver culpa no vizinho do lado, neste caso no Medina. Não. Voo barato e, portanto, muita procura tem esta implicação: aumenta a oferta. É o mercado, nada a fazer.

Para mim, o pior mesmo, o que o fez perder as eleições, foi a colagem excessiva à imagem do aparelhista bem comportado, o socialista linha soft, menino apertadinho, que vai à televisão falar em nome do PS. Mas quem fala assim, sem garra, fugindo assustado de problema, desfazendo-se em desculpas e mais desculpas mesmo do que não tem culpas, renegando o que for preciso para continuar na primeira fila, dedinho no ar, não pega. Junto do público feminino, então, não pega mesmo. Mulher não gosta de homem com espírito fraco. Ainda por cima, imagem televisiva semanal e monocordicamente gasta a desfiar comentário morno sobre tudo e sobre nada, cansa. A gente quer pensar que na autarquia está um gestor eficiente, um executivo incansável e não um principezinho bem comportado que se dedica ao comentário e ao falatório político. 

E depois tem aquilo das ciclovias. A Penélope explica tudo muito bem. Concordo. Ciclovia é, obviamente, uma boa ideia. Cidade limpa, ecológica, toda a gente gosta. Mas uma coisa é haver avenida larga, passeio largo, coisa planeada ab initio: o peão ou a bicicleta ser quase o rei ou a rainha e os carros um acessório. Isso é bom. O pior é quando o carro está por todo o lado, na estrada, no estacionamento (quando não no próprio passeio), e a estrada é reduzida ou o passeio é cortado ou cruzado por ciclovia e a gente nem saber bem se pode pôr o pé ou deixar criança andar à vontade.

E há mais: do que se comenta por aí, subsiste na Câmara o que de pior existe da velha escola dos boys socialistas, as assessorias pagas a peso de ouro que mais não fazem do que alimentar a intrigalhada partidária e a manha e a amizade ao trabalho de faz-de-conta. Ora isso já não está com nada. Isso e as mordomias que a Guida gorda gosta de ter. O eleitorado já não tem pachorra para isso. O eleitorado castiga.

Pode tudo isto não ser extraordinariamente significativo mas foi o suficiente para Medina ter perdido a Câmara. Como ele disse, por um voto se ganha, por um voto se perde.

A vitória caiu de bandeja no colo do Moedas. Uma ave-rara que promete aos lisboetas, em tempos de paz e de progresso, "sangue, suor e lágrimas", em condições normais levaria uma corrida em osso. Só um wanna be desfasado do realidade se lembrava de tal disparate. 

Dizem que foi um bom Comissário e até acredito. Mas foi também um fiel homem de mão de um inqualificável Láparo e disso eu não posso esquecer-me. Pode não ser totalmente incompetente, pode não ser gatuno, corrupto ou analfabeto. Menos mal. Mas parte do seu passado é negro e o seu presente não revela golpe de asa, visão fora da caixa ou sentido de modernidade. Tomara que consiga fazer um trabalho que não desmereça o legado dos seus antecessores na Câmara. A bem dos lisboetas e de todos quantos cá trabalham ou cá estão de visita, é bom que faça um bom trabalho e, nesse sentido, só posso desejar-lhe boa sorte.

Tirando isso, tenho pena pelo Bernardino. Não sei como foi a sua gestão mas tenho-o em boa conta. 

O mundo vai andando, umas vezes para a frente, outras para os lados, a maior parte das vezes aos tropeções. Mas ninguém suportaria que andasse para trás. E o PCP tem isso: quer ficar preso ao passado, à conversa do já era, aos ideais que já tombaram faz tempo. Pode até ser gente honrada e bem intencionada -- aliás, não tenho dúvida que o é. Mas são sectários ao porem-se do lado errado da trincheira, e errada porque a guerra já é outra. A população já não quer ouvir falar de coisas que já não lhes dizem nada. Aqueles a quem a conversa do PCP ainda diz alguma coisa já estão velhos e em minoria. O eleitorado, na sua maioria, já está noutra. Tenho pena, em especial pelo Jerónimo, o último dos moicanos, um homem digno e sério. Mas é a vida. 

As grandes lutas agora já não são as sindicais, com os sindicatos da função pública à cabeça, a luta agrária, esses temas de antigamente. As grandes lutas agora são as do ambiente, as da luta pela felicidade, pela qualidade de vida, as da demografia, as da diversidade e da inclusão. O PCP não sabe estar nessas lutas. Mesmo quando quer estar, usa um vocabulário de tempos passados. O PCP e essa abstracção chamada CDU voltaram a perder e o pior é que não sabem interpretar as derrotas. Para eles, as derrotas são sempre por culpa alheia. Aos poucos vão caminhando para o próprio fim. 

O Bloco de Esquerda também perdeu e é natural que tenha perdido. Com o viço com que apareceram há uns anos anunciando a diferença, atraíram os que estavam cansados de partidos velhos. Sol de pouca dura. Com esta direcção, Catarina & Manas Mortáguas, o BE vem revelando à saciedade que é sangue populista o que lhes corre nas veias. Num local, não sei onde, perderam um vereador e o Chega ganhou um. Um populista substituiu outro populista. É natural: populismo é populismo, vista-se de esquerda ou vista-se de direita. Não vão acabar bem.

Do CDS não vale a pena falar. Aliás, não há nada a dizer. O perfeito nulo.

Quanto ao PSD, o que tenho a dizer é que as hostes laranjas sabem mexer os cordelinhos autárquicos. Ou não fosse o burocrata Rio um homem do aparelho. Mas o aparelhismo tem perna curta e o ar de quem está permanentemente fornicado com qualquer coisa, seja lá o que for, faz com que a malta queira é vê-lo pelas costas. O ambiente fica pesado com o Rio por perto. Portanto, este balão de oxigénio é coisa que não cura o estertor, apenas o adia. 

Mas adia o tempo suficiente para que a galinha cacarejante tivesse cacarejado, uma vez mais, antes de tempo. Numa campanha de relançamento em que valeu tudo, até sair mediaticamente do armário, Rangel deixou-se embalar pelos que anteviam uma demissão de Rio na noite das autárquicas e, destravado como só ele sabe ser, atirou-se para a frente das luzes da ribalta. Correu-lhe mal. Portanto, dupla sensação de vitória para o sempre aziado Rio. 

Mas vai ser coisa efémera. 

Não sei se sobra alguém mas acho que não. Mas, mesmo que sobre, não teria mais nada a dizer.

Faz falta sangue novo, um olhar novo, um pensamento novo. Enquanto isso não aparecer, isto das autárquicas é uma grande seca.

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Volto para responder ao comentário sobre o Santana Lopes. Não sei bem que diga. Vida mais errática não há. O que ele já fez e desfez, a forma como se lança e depois se cansa, tornam-no não apenas imprevisível como pouco confiável. Há funções para as quais a determinação e persistência são fundamentais e a de presidente de uma câmara (ou de um governo) é uma delas. Ora, determinação e persistência são coisas que a ele não lhe assistem lá muito. Dá ideia que se move pela adrenalina, pelo prazer da novidade. 

Contudo, apesar de toda a aleatoriedade no seu percurso, ao chegar aos sessenta e cinco e continuar a ser assim, abalançando-se para estas coisas, voltando a percorrer uma etapa que já tinha ficado lá para trás no percurso da sua vida, há que lhe reconhecer algum mérito. Mostra que é sobretudo um personagem literário de que um dia alguém fará um filme. É um romântico. Deve ser respeitado enquanto tal. Um dos últimos românticos.

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Para ver se conseguia amenizar a aridez do texto, usei fotografias de Niki Colemont
e trouxe Birdy com Evergreen para nos fazer companhia

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Desejo-vos uma boa terça-feira.

Boa sorte. Saúde. Confiança.

segunda-feira, setembro 27, 2021

Autárquicas 2021: muito renhidas. Mas, no final, ganharam todos.

 

Depois do momento religioso e do momento de aconselhamento conjugal, já não sei com que mais encher o chouriço da espera pelos resultados finais. Por isso, venho só aqui para dizer que façam lá o favor de me desculpar mas vou dormir sem me pronunciar.

Falta saber Lisboa. E creio que também, já agora, Setúbal. Os resultados devem estar enguiçados pois nunca mais é sábado. Mas, de tudo o que se sabe, que é quase tudo, todos perderam um niquinho de coisa nenhuma mas ganharam muito mais em todo o lado. Como sempre, todos ganharam. Ainda bem.

TAgora uma coisa devo dizer. Toda a gente apareceu tranquila com excepção para o maluco do Rio que anda sempre fornicado, vá lá a gente saber porquê. É um enjoado e um mal disposto. Mas, apesar disso, podia disfarçar e mostrar-se contido e decente. Mas não. Está sempre furioso. Vá lá a gente saber porquê. 

Enquanto escrevo, vejo sinais de festa na sede do Moedas com a Madame Cristas da Coxa Grossa mais o seu devoto marido a andarem a espalhar sorrisos pelo pedaço. Mas de oficial não sei de nada. Provavelmente ganhou. Mas, seja o que for, dá no mesmo. Apertadinho por apertadinho, venha o diabo e escolha. O que posso dizer é que, se o Medina perdeu, perdeu bem, fez por isso. Se ganhar, é sorte.

Quanto às conclusões nacionais não as retiro. O voto autárquico tem pouco a ver com o legislativo. 

Quanto aos líderes dos partidos só posso dizer que o único que se aproveita continua a ser o Costa. De longe, muito longe. É um líder para todas as ocasiões. 

A seguir, pela dignidade, o Jerónimo. Mas o Jerónimo anda num filme que já não tem nada a ver com nada. 

Quem leva o troféu do pior líder é o Rio. Um totó. Insuportável. Totó e chato, uma mistura do mais desagradável que há.

O Ventura é uma nódoa mas engana bem os incautos. Portanto, é um perigo. Levaria o troféu do líder mais perigoso se eu estivesse para dar troféus a nódoas. Não estou. Era o que faltava.

O troféu para o líder mais populista vai para a Catarina Martins. Em qualquer situação, pula-lhe o pezinho para o populismo.

O troféu para o mais irrelevante vai para o Chicão. Um zero. Aproveitam-se os olhinhos azuis que são bonitos e os poucos apoios que obtém vêm certamente daí. Só pode.

E agora vou dormir que daqui a nada tenho que estar a pé. Devia escolher umas imagens e uma música para acompanhar isto mas o quê? Só se for a Rosinha mas a esta hora já não tenho saco para as pirolitices da Rosinha.

segunda-feira, setembro 30, 2019

Read my lips: a Catarina Martins é uma populista. Muito cuidado com ela.


Tenho a televisão ligada na RTP 1 e estão a passar imagens da campanha. 

A Cristas, com o seu séquito a reboque, anda pelas feiras e mercados e não sei se hoje algum militante do CDS terá dito o que disse no outro dia, que quer toda a ciganada a votar no PS. Aquela mulher não pode ser levada a sério. É alarmista, é desbocada, é despropositada, o pé está sempre a pedir-lhe chinelo. Desagradável.

Não vi nada no PSD. Não sei se o Rio estará a ver para que lado há-de aparecer virado na próxima aparição ou em que costas há-de espetar mais um punhado de facas ou se fui eu que estive distraída e não os vi em campanha. 

Vi o Jerónimo, digno como sempre, inteligente, com um discurso conciliador, civilizado. Posso não me identificar com a ideologia que têm no ADN mas reconheço no PCP um registo de parceria fiável. Já o disse e volto a dizer. Jerónimo de Sousa é um senhor. E só não escrevo senhor com maiúscula porque, apesar de simpatizar com ele, acho que também não é caso para o equiparar a Deus Nosso Senhor.

Vi o PS e estavam em Matosinhos, num espaço enorme, cheio de gente. Prestei relativa atenção ao Augusto Santos Silva e uma vez mais pensei que, apesar de ser uma pessoa inteligente, culta e de ser dono de um espírito suculentamente irónico, não faz bem o meu género. Ele gosta de uma boa polémica e de a agarrar com truculência. Seria uma boa pessoa para duelos aparatosos, supimpamente relatados por quem bem manejasse a pena. Só que os adversários de hoje não são gente de ir à luta de peito feito, são gente de falinha mansa, mamar doce. Por isso, não sei se o estilo Augusto Santos Silva terá a eficácia necessária.

E isso leva-me ao Bloco de Esquerda. Farejo perigo quando pressinto um populista. E esta Catarina tornou-se um concentrado de populismo. O que ela diz, naquela sua voz suave e bem cadenciada, é música para os ouvidos de quem a ouve. Se está numa terra em que fecharam serviços, ela diz que os quer abrir. Se for a um sítio em que a população tem rendimentos baixos, ela fala do apoio que o governo deu aos bancos. É como se uma foice tivesse cegado toda a compreensão económica e todo o sentido de responsabilidade que alguma vez pudesse ter tido e a única coisa que agora valesse fosse a palavra que cai bem. Se me vierem dizer que a reforma vai passar a ser aos cinquenta e que quem trabalhar mais do que isso receberá uma bonificação por cada ano a mais e se eu não fosse pessoa razoavelmente informada, se calhar também ficava cativada e me bandeasse para o lado dela. E o receio é este: que os menos informados caiam na esparrela das palavras ilusórias.

Além disso, tem mostrado ser desleal, uma pessoa que mostra querer o poder a todo o custo. Não era assim, ela. Dá ideia que lhe subiu o poder à cabeça. Ela e o Bloco a reboque dela. Tentam agarrar qualquer pessoa, até apelam ao voto nos descontentes do CDS (como, no outro dia, em Viana do Castelo). Ouço-os e fico arrepiada. Tomara que as pessoas percebam a tempo e lhes mostrem que em política não vale tudo. Este não é o Bloco do João Semedo. Nem o do Miguel Portas. Esta é uma degeneração, uma deriva populista. Já não são de esquerda nem de direita, são, simplesmente, populistas.

Aliás, estou em crer que um dos males do mundo e uma das maiores ameaças ao desenvolvimento sustentável e harmonioso dos países é a chaga do populismo.

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Entretanto, começou a entrevista ao Costa, na sede do PS, e a sua segurança e maturidade, a sua visão equilibrada e humanista e o seu vasto conhecimento da realidade nas suas diversas vertentes, confirmam porque é que vou votar no PS. Além do mais, pelos frutos os conhecemos.

terça-feira, setembro 24, 2019

No debate da RTP, a Catarina Martins perdeu uma boa oportunidade de estar calada.
Resolveu lavar roupa suja em público mas acabou por ter que pegar na sua própria roupa, fazer a trouxa e ficar com ela à frente da sua cara.
[E, de caminho, uma palavrinha a propósito sobre Jerónimo, sobre Rui Rio, sobre a Cristas e sobre o André.
E, claro, sobre o Costa]


Acabo de ver mais uma má jogada da Catarina no debate que está a passar na RTP 1. Resolveu armar peixeirada, atirar-se ao Costa da forma traiçoeira e deselegante e acabou por levar uma lição dele. Ficou mal, mal, mal na fotografia, esta Catarina. Acha que vale tudo, que os golpes de teatro são sempre eficazes e, afinal, ao ir longe demais, ao exagerar na forma e no conteúdo, estatelou-se a ao comprido. E, depois de levar uma valente e justa ensaboadela do Costa, em vez de enfiar o barrete e ficar caladinha, voltou à carga com uma regateirice que não lembra ao diabo. E agora, no final, vendo que a peixeirada lhe saíu mal, voltou ao tom da boa menina, de amiguinha do PS, de sonsa. Uma artista, em plena actuação. Para ela, a política é um palco e quer é receber palmas.
Não sei se há muita gente a ver o debate ou se há ainda gente oscilante quanto ao sentido de voto, mas, se houver, é bem capaz de a brincadeira lhe sair cara, é bem capaz de esta sua actuação, por mostrá-la como uma artista com défice de credibilidade, fazer perder votos ao BE. Seria bem feito.
Melhor, bem melhor, Jerónimo de Sousa. Um senhor. Tomara que o PCP fique acima do BE nas eleições. Pode defender uma ideologia datada mas uma coisa é certa: este homem é um homem honrado. E isso conta. E é sensato. E isso também conta. E o PCP é, todo ele, um partido de gente séria, gente de palavra. E isso, para os portugueses, é importante. Ou, pelo menos, devia ser.

Quanto ao Rui Rio, vejo-o divertido a assistir ao debate mas não sei se isso é determinante para alguém decidir votar nele. Talvez seja um homem espontâneo e honesto mas falta-lhe foco e sentido prático e, sobretudo, não tem mão no saco de gatos que é o seu partido e tudo isso, nas funções que desempenha, é grave.

Quanto a Cristas, nada de novo. Irrelevante. Fala, fala, mas nada de novo sai dali. Continua a ser uma flausina que debita casos, a verdadeira picareta falante. Ainda por cima, de dedo espetado. Incomoda. Cansa. Os portugueses estão cansados dela. Por isso, ou muito me engano ou, não tarda, fará parte do passado do CDS.

Sobre o André do PAN, nada a dizer. Tudo espremido, pouco sumo deita.

Escuso de fazer uma declaração de interesses. Como é sabido por quem por aqui me acompanha, não sendo eu filiada em nenhum partido, sou, em geral, votante no PS -- em especial nas legislativas. E António Costa é um grande líder, um socialista inteligente, muito inteligente, ágil e hábil, perspicaz, corajoso, paciente e determinado. E é um excelente governante. O que ele tem feito no País é notável. Portanto, será com todo o gosto e inteira convicção que votarei, uma vez mais, no PS.

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Uma palavra final para Maria Flor Pedroso: uma grande jornalista. Uma mulher de pulso. 
Ganda pinta.

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Costumo ter imagens nos meus posts e, desta vez, também as tenho. Não sei se têm a ver com o debate ou com as duas senhoras partidárias, uma conhecida peixeirona encartada e outra que, achando que os espectadores gostam de novelas que metam traições e cenas de faca e alguidar, resolveu lavar roupa suja em público, armando uma peixeirada que deixou a outra, a sister in populism, armada em superior perante tais sinais de baixeza.

Mas, se as imagens não tiverem a ver com isto ou com aquilo, também não faz mal. Vi no Bored Panda esta moda outono/inverno para galinhas e achei graça. Quem sabe não vai dar jeito a muita galinha desmiolada que por aí anda.

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E uma boa terça-feira a todos.

segunda-feira, setembro 09, 2019

Avante Camarada?




Recebi por mail uma fotografia -- a que encabeça este post. Sem qualquer texto ou legenda na fotografia, o mail tem apenas como título 'contribuição para o blog'.

É como receber um título e a gente que se desengome a parir uma redacção. Ou, quando frequentei um curso de uma certa língua que agora não vem ao caso, e a professora nos dava uma fotografia e a gente que escrevesse em não sei quantos caracteres o que ali via.  

Portanto, bem mandada como sou, aqui estou a divulgar a fotografia e a tentar compor um texto que a acompanhe. Não sei qual a intenção de quem ma enviou. Talvez mostrar que os apoiantes que ainda sobram no PCP são uns bacanos, malta mais ou menos nova e descontraída e que alguns são até bizarros, quiçá até alternativos (como o senhor da mochila amarela, casaco camuflado, banquinho desdobrável e um chapelinho de sol nas cores do arco-íris).

Vejo que, ao fundo, o Camarada Jerónimo discursa. Ouvi-o, ao fim do dia, quando vínhamos no carro. Naquele seu tom declamado, numa entoação tão característica e afastada dos hábitos urbanos de um eleitorado que já pouco sabe das lutas anti-fascistas, disse o de sempre, lançou suspeições sobre as intenções dos socialistas, apelou ao voto. Não traz nada de novo, cada vez trará menos.
Já ninguém acredita em amanhãs que cantam -- e os velhos ideais comunistas ruíram, deixando a nu que a defesa dos interesses do 'proletariado', sempre que existiu, foi feita à custa de repressão, à custa do condicionamento dos mais elementares direitos à liberdade, nomeadamente ao de expressão. 
Já ninguém, nos dias de hoje, aceitaria tal coisa nem os crimes cometidos em nome do 'povo' hoje poderiam ser escamoteados como foram antes. São tempos que pertencem ao passado.
Acresce que os trabalhadores, hoje, em especial os jovens que entram no mercado de trabalho, já estão longe das reivindicações das estruturas sindicais do PCP.  E, em geral, já ninguém, entre os que não viveram lutas antigas, tem paciência para conversas sobre velhos ódios, rivalidades do passado. Por isso, a sua base de apoio vai minguando à medida que os velhos militantes são desaparecendo. Está exígua essa base, daqui a nada é metade da do BE, esse partido errático que, apesar de algumas posições válidas e de algumas análises correctas, se estatela frequentemente, aliando-se a amigos impróprios, denunciando o seu forte pendor populista.

No entanto, apesar da fraca base de apoio comunista (já abaixo dos 7%), há que contar com a sua voz e há que reconhecer que Jerónimo de Sousa é um homem digno, um respeitável parceiro, alguém com quem se pode contar. E é um líder.

De resto, obviamente que o PCP está também tocado pelo compadrio entre correligionários. Não é um partido imune a 'cunhas', a 'jeitos'. Não são puros (e agora até me apetecia fazer um trocadilho com os charutos cubanos mas seria muito básico) e a sua implantação autárquica tem propiciado a distribuição de 'empenhos' entre amigos. E, portanto, também por isso, essa também não é bandeira que possam erguer.

Talvez por tudo isto, olha-se para a audiência de Jerónimo e, tirando, os funcionários das bandeirinhas, lá à frente, o que ali se vê é a escassez de gente, a escassez de entusiasmo. 

Juntam-se anualmente na Festa, há aquela mística do companheirismo, a graça de montarem e desmontarem as barraquinhas, de se encontrarem, de estarem uns com os outros naquele ambiente informal, tudo tu cá, tu lá, camarada para aqui, camarada para acolá. Misto de acampamento, de excursão, de trabalho de grupo, de despedida de solteiro, de encontro de reformados ou de ex-alunos, o ambiente deve ser pouco mais do que essa nostalgia, sentimento sempre tão bom para deixar morninho o coração -- mas pouco mais que isso. Ora, do que conheço, aquilo não colhe junto de quem não faz parte do grupo. Mantém, junto dos afiliados e simpatizantes, a ilusão de que o clima é de Festa! quando, na verdade, tende, desde há anos, para um irreversível fim de festa.

E digo isto com alguma pena. A esquerda faz falta.

Há muita gente que facilmente aderiria a uma formação política se ela desse resposta a questões que hoje partidos mais tradicionais deixam de fora. Estamos numa altura de clivagem tecnológica que acarretará uma clivagem social e não há quem se debruce sobre isso. Há a questão climática, séria, e o que se vê é os partidos à babugem da moda do tema e não a agarrá-lo pelos colarinhos. Há a percepção clara de que a globalização tem tanto de bom quanto de perigoso e há uma inquietação sobre como marcar uma posição que não seja idílica, tonta. Há a questão demográfica com elevados riscos associados e não há orientações sérias, estudadas, racionais, de como inverter a tendência que, a manter-se, terá sérias implicações de toda a ordem. E há outros hábitos como o de viajar, o do uso intensivo das redes sociais com os riscos que acarretam, etc, etc, e não há quem estude esses fenómenos e proponha regulação a sério, legislação virada para o futuro.

E não é o PCP, partido tão agrilhoado a causas do passado, algumas das quais completamente ficcionadas, não é o BE, partido tão vocacionado para surfar causas ou ir atrás da espuma dos dias, não é o PAN, partido talvez bem intencionado mas um partido de franjas, algumas perfilhando alguns conceitos questionáveis. O PS ainda será quem mais consistentemente tenta agarrar alguns desses temas mas o PS é um partido que sustenta quem tem que garantir a governação, quem tem que manter os serviços a funcionar, quem tem que assegurar que as pontas estão todas agarradas para que as contas estejam certas e o país a cumpir compromissos dentro e fora de portas. Deveria ser um outro partido, que não o PS, um partido mais livre de compromissos, um partido de reflexão e estudo, de disrupção, a puxar pela carroça da mudança. E o normal seria que fosse um partido de esquerda a fazer este tipo de agitação e separação de águas. E não há nenhum. Uma pena. E não é só pena: é preocupação, é caso para fazer tocar algumas campainhas.

O PCP, apesar dos homens jovens e bonitos que lá tem e de alguma gente competente, em especial na gestão autárquica, é um partido que não soube reinventar-se. Muito tem durado ele, é verdade, quando em comparação com o que tem acontecido noutros países europeus mas a grande diferença é que, enquanto os outros se afundaram a pique, este vai mais devagarinho.

E, portanto, sobre a fotografia, que agradeço, é isto o que tenho a dizer. E quem tiver coisa diferente a contrapor que faça o favor de se chegar à frente. Agradecida,

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E, estando a começar uma nova semana, desejo que seja boa, bela, bem disposta, frutuosa e que venha com saúde e alegria. A começar já por esta segunda-feira, bem entendido.

sábado, maio 04, 2019

Rui Rio só tem uma saída honrosa: demitir-se. Nem que seja naquela base do 'agarrem-me... senão demito-me'.
Que outra coisa pode um corno manso fazer?
Ou não é corno manso, é apenas um invertebrado descerebrado?
Ou nem isso? Um simples banana? E vai ficar a levar tareia e a deixar-se humilhar...?
Quanto à Cristas nada a fazer: nasceu mesmo para o exercício da palhaçada. Palhaçada chunga.
Vamos esperar pela cartada com que o omnisciente Marcelo vai salvar a honra do convento


No meio desta história ridícula há vários aspectos caricatos. Vários. E de um saco de disparates jamais pode sair uma coisa esperta. É que nada nesta história é coerente. Nada.
  • A luta dos professores em si pode parecer justa. Mas a seguir haverá a luta dos polícias que, quem achou que a dos professores é justa, não vai ter cara de dizer que a dos polícias é injusta. E a seguir virá a dos enfermeiros e aí, quem usou a palavra dignidade para falar da luta dos professores não vai ter cara para virar a cara aos enfermeiros e achar que não são dignos de solidariedade. E logo, logo, virão os pensionistas e dignidade maior não há que a deles -- e aí como não querer também apoiar a luta deles? E a dos outros todos?
  • E a dos silenciosos? Os que trabalham metade (ou mais) do ano para pagar impostos e contribuições e que foram esbulhados de toda a forma e feitio, nomeadamente através de uma sobretaxa que durou para além do admissível e que ainda continuam a pagar mais impostos do que se fossem ladrões a cumprir pena? A esses, o BE e o PCP tratam a pontapé, vão envolvê-los em falsos epítetos e vão virar costas. O costume. Mas o PSD e o CDS? Vão continuar de braço dado com a esquerda -- e com o Mário Nogueira às cavalitas -- e também tratar a classe média a pontapé? 
  • E quando o País estiver atolado em greves, em crises, em manifestações, em problemas orçamentais de toda a espécie e feitio, o que vão defender o BE, o PCP, o PSD e o CDS? Vão dar um tiro na cabeça e fugir para Espanha? Vão enterrar a cabeça na areia e fazer de conta que não tiveram nada a ver com o assunto? Hipócritas uma vez, hipócritas para todo o sempre, certo...? 
  • Mas se a esquerda fez o seu papel -- como dizem agora todos os comentadores (e até António Costa lhes deu essa colherinha de chá) --, avançando para esta marcha como uma desmiolada tropa fandanga, confiantes que o chumbo era certo pois o PSD e o CDS iriam manter-se coerentes com os seus programas e princípios e que saíriam da votação como perderdores-vencedores (os que tudo teriam feito para defender a luta dos professores mas que teriam sido derrotados pela infame direita), o que dizer destes dois partidecos de direita, partidecos da treta, PàFs sem vergonha, que, depois de terem quase levado o País ao tapete, vendendo empresas ao desbarato, depois de terem levado o país à pobreza e de terem corrido com os mais jovens, roubado rendimentos de todas as maneiras possíveis e imaginárias, agora viram o bico ao prego e levam em ombros o Jerónimo, a Catarina do BE e o sempiterno Nogueira? É isto compreensível por alguém com memória e dois dedos de testa?
  • Não perco tempo a falar da Cristas, essa que assinou de cruz o fim de um banco, essa que vive de 'mandar bocas', essa que aposta na peixeirada e que se está nas tintas para a coerència ou para a honestidade intelectual. Esqueçam a Cristas. Já era.
  • Concentro-me, antes, em Rui Rio. Sempre com semblante carregado, como se fosse um poço de virtudes sem paciência para aturar a plebe, como se apenas ele fosse bom de contas e todos os outros uns perdulários, Rui Rio deu o maior passo em falso da sua vida. Dificilmente dará alguma vez um maior. Abriu a gabardina e mostrou o palhaço que se esconde dentro dele. Uma vergonha. Uma vergonha para ele que, a esta hora, deve estar sem saber como sair desta. Aliás, qual corno manso, ainda deve estar a tentar perceber como se meteu nesta e, intrigado, a tentar adivinhar quem é que o traíu ou de quem é a culpa. Vergonha também para todos os correlegionários que não se revêem na linha galinha-rangélica. Vergonha para todos os que ainda sonham com a mirífica possibilidade de o PSD voltar um dia a ser um partido respeitável. Vergonha. Vergonha pura e dura. E fúria -- porque com coisas destas nunca mais haverá lugares para ninguém, nunca mais será sábado. 
  • E, no meio disto tudo, Marcelo?
Marcelo, o jogador, o fazedor de cenários, Marcelo, o omnipresente comentador, Marcelo, o efervescente, Marcelo, o que detesta águas paradas, Marcelo, o que adora o protagonismo, Marcelo que mostrou que a caixa de Pandora podia ser destapada, Marcelo que devolveu a caixinha mal fechada com uma piscadela e um post-it a dizer 'não querem ser criativos? não querem abrir a caixinha a ver o que sai de lá?' -- o que vai ele fazer?
Pois bem. Marcelo vai querer sair bem desta ópera bufa da qual nem ele nem os quatro da vida airada, os mesmos que voltaram a ir para a cama num bacanal inconsequente e ridículo, sairão bem. 
Mas com o Jerónimo, a Catarina do BE e a Cristas não se peocupa ele muito, sabe que saberão inventar desculpas ou que são cartas a caminho de ficarem fora do baralho. Agora o pobre do Rio? Esse pé que não sabe dançar nem sair da pista...? A esse há que dar uma ajuda senão afogar-se-á porque já provou à saciedade que não sabe nadar. Por isso, imagino que a esta hora Marcelo estará a ver como safar o Rio da barracada em que o PSD se envolveu, limpando ao mesmo tempo a barra do PSD e a dele, o totó de serviço que se viu ultrapassado pela força da estapafúrdia maré rangélica e daquela bancada que não tem eira nem beira. O óbvio seria convencê-lo a desandar. Mas claro que nesta altura do campeonato, com as eleições à porta, líder que se preze não pode demitir-se. Claro que Rui Rio é manga de alpaca, não é líder coisa nenhuma, quanto mais líder que se preze. Portanto, a bem da verdade, mais Rio, menos Rio, o PSD é um desastre e aguenta-se não pelo Rio mas pelas bases que não desandam enquanto alimentarem a esperança de voltarem aos seus postos de caciques e baronetes. Agora que seria mais uma barraquinha o Rio sair, lá isso seria.
Mas Marcelo é um mestre, um encenador de primeira. E, no meio de todo o frisson, penso que genuinamente gosta do País. Pode volta e meia deixar-se entusiasmar pelos enredos e dar uns passos duvidosos mas, no fundo, no fundo, não quer ficar mal para a História e, portanto, tudo fará para que a credibilidade do País não se estatele e para que a porta para o populismo não fique escancarada. Ele que abriu a porta a esta cegada, ele a fechará. Saberá fazê-lo. 
Mas ficarão feridas sérias desta macacada. Os quatro partidos que deram o braço para esta suruba chunga sairão molestados nas próximas eleições. Os portugueses não são burros, não gostam de ver pornografia de quinta categoria.

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PS: E não vale a pena dizerem, os quatro da vida airada mais os comentadores avençados, que o pré-anúncio de demissão do Governo é coisa do Costa para disfarçar que a campanha às europeias não estava a correr bem, Enganam-se. Enganam-se muito. Pedro Marques é um bom candidato, uma pessoa honesta, competente, humilde, trabalhadora, uma pessoa de bem. Toda a política fosse feita por pessoas como ele e o mundo seria um lugar bom para se viver. Enganam-se os comentadores e os políticos de meia tigela se acham que os portugueses preferem os palhaços, os penteadinhos de cabeça vazia ou os pintarolas. Enganam-se. Pedro Marques vai mostrar que o PS fez uma belíssima escolha.

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Quanto ao resto, thanks God it´s friday.