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sexta-feira, abril 14, 2017

O feiticeiro mentiroso


Há coisas de que não quero aqui falar. Se tenho isto de não me identificar não é para, depois, vir para cá relatar situações incómodas, com detalhes que podem levar a identificá-las.

De resto, calma, não tenho conhecimento directo de nada que tenha provocado danos alheios ou que configurem ilicitudes.

Bernie, Ruth e os filhos quando eram uma família feliz



Mas já tenho testemunhado situações em que alguém por fútil fanfarronice, por mesquinha ambição ou, apenas, por pura burrice, embarca numa situação cujos contornos não são tão lineares quanto é suposto.

Muitas vezes, a coisa é detectada e morre logo ali. Mas acontece, por vezes, que, porque naquelas circunstâncias convinha que aquela ficção fosse uma ideia viável ou porque se não quer apear as expectativas de quem lançou as sementes do embuste, quem teria o dever de cortar, cerce, a ficção, a deixe caminhar.

E, por essas circunstâncias, por vezes difíceis de explicar, a ficção começa a caminhar como se tivesse pernas de verdade.

Quem lhe é externo e não conhece da história o suficiente para a desmascarar, nada diz. Não tem o que dizer. E, quem teria a capacidade para a desmistificar, por vezes, ao fazê-lo, é apodado de desalinhado, de avesso à mudança. E, por vezes, é afastado.

Acontece também que cada vez mais pessoas comecem a trabalhar para dar corpo à ficção. A essas não convém desmascará-la pois a sua vida passa a depender disso. E, quem a conduz, cada vez tem mais dificuldades em assumir que está a alimentar uma fraude pois já envolveu muita gente, e já muita gente depende de se fazer crer que está tudo bem.

Pode ainda acontecer que a comunicação social comece a louvar a 'empresa', que muita gente comece a apostar nela, que as forças vivas da região divulguem o sucesso do empreendimento.

E acontece que o tempo vá passando, o embuste seja cada vez mais difícil de esconder mas, na directa proporção, cada vez é mais impossível assumir, fazer o mea culpa, deixar que tudo se extinga, aceitar o vexame de passar publicamente por mentiroso, por desonesto.

Então, quem está metido nela, embarca em optimismos que parecem louváveis, mostra resiliência, produz discursos articulados nos quais assume, com o que parece ser uma desarmante  sinceridade, dores de parto, dores de crescimento, mas, garante, o futuro é promissor e vamos todos dar as mãos e seguir em frente que o caminho se faz caminhando  e em equipa somos todos mais fortes. Um líder.

E, quem conservou algum distanciamento e, por isso, se encontra distanciado do inner circle do poder, assiste perplexo ao que se passa. Cegueira colectiva? Protecção mútua entre culpados? Instinto de sobrevivência? 

Talvez tudo junto.


Já quando aconteceu a queda do BES eu falei nisto. Do que conheço de meios relativamente parecidos (embora, como referi, sem o mesmo impacto e sem os mesmos contornos), penso que, ao mais alto nível, não há a ideia de querer prejudicar alguém. Pelo contrário, tudo farão para que ninguém saia lesado. O móbil diário passa a ser manter a máquina em movimento, não deixar que pare porque, se parar, morrerá. E não deixar que se descubra: E empurrar os problemas com a barriga, evitar o opróbrio generalizado, fazer de conta. Fazer de conta. A vida passa a ser, acima de tudo, isso: fazer de conta.


Do pouco que, na altura, li sobre Madoff, penso que foi mais ou menos isto que terá acontecido. 

Bernie Madoff geria uma empresa próspera. A mulher e os filhos não conheciam o âmago da questão. Para eles, Madoff era um bem sucedido homem de negócios. Viviam uma vida luxuosa e a sociedade não regateava o reconhecimento perante tão simpática e generosa família.

Até que veio a crise e o dinheiro deixou de entrar. Pelo contrário, os clientes começaram a querer resgatar os seus investimentos.

Como qualquer esquema Ponzi, isso é o que faz cair a pirâmide pois o que mantém a ilusão de bom funcionamento é o dinheiro entrante com o qual se vão pagando bons rendimentos aos que antes o lá meteram.

Daí ao fim foi um ápice. Madoff confessou à mulher e aos filhos o que se passava antes de o confessar às autoridades. Sempre assumiu integralmente toda a culpa.

Perderam toda a sua fortuna. A mulher passou pela vergonha de ver as casas e os bens vendidos. Os filhos ficaram arrasados. Um suicidou-se. Outro morreu tempos depois. Ruth, a mulher que era feliz e milionaríssima perdeu os filhos, tem o marido preso e anda agora sozinha às compras deslocando-se num pequeno carro

Michelle como Ruth
Ruth Madoff agora




O caso está agora em filme e o elenco promete: Robert de Niro e Michelle Pfeiffer.



The Wizard of Lies será lançado a 20 de Maio



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Talvez até já para vos mostrar por onde andei a cirandar ao fim do dia.

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terça-feira, julho 28, 2015

A entrevista televisiva de Portas e a evolução do seu apêndice nasal. Salgado e as bolas de Berlim da Comporta. E a mulher que quer casar com o cão.


Leitor amigo enviou-me uma sucessão de fotografias respeitantes a Paulo Portas. Supostamente mostram a sua evolução fisionómica ao longo de uma entrevista recente na televisão.

Afastada que ando destas barrelas cerebrais não sei se o fenómeno aconteceu mesmo ou se há alguma manipulação fotográfica. Estive a olhar com atenção e parecem-me verídicas. Apenas a última me oferece algumas dúvidas. Não sei se aquelas bagos suspeitíssimos serão os adenóides que se esvaíram narinas abaixo ou se houve por ali algum fenómeno de sucção ou qualquer outro fenómeno estranho. Que é uma coisa bizarra, lá isso é. Mas com o vice-irrevogável tudo é possível pelo que já não digo nada.

Não sei qual o afortunado fotógrafo que captou o caso pelo que aqui não posso mencionar os devidos créditos mas, seja quem for, está de parabéns, 
Portas, o nosso irrevogável-vice, é um artista: mal se lhe dá palco, improvisa, histrioniza, supera-se na arte de tudo fazer para agradar ao público, podendo fantasiar-se de velhinha, de pobrezinho, de alentejano, de pescador do arrasto ou, até, de varina rabina. 
E que o apêndice nasalar se alongue à medida que a representação se adensa não é de espantar, é dos livros que isso acontece. Nunca tinha era sido tão objectivamente retratado. Ora vede, meus Caros.

1º minuto de entrevista


10 minutos de entrevista 


20 minutos de entrevista


Fim da entrevista
Vendo com atenção, dado o tamanho, só podem ser os adenóides
(Que outra coisa teria ele no corpo deste bom tamanho? Não vejo o quê. São os adenóides, só pode).


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Outro Leitor também me enviou uma foto, presumo que esta, sim, seja manipulada porque duvido que o pobre Ricardo Salgado possa escapulir-se da sua maison -- tantos os boys de guarda que tem à perna (e nós a pagarmos...) -- para ir vender bolas de Berlim para a Comporta, a ex-praia dos Espíritos. 



Mas aqui a coloco na mesma como alerta para os riscos de perturbação de inquérito por permitirem que não use pulseira electrónica ou que não esteja no chilindró. Até porque, se anda há um ano a fazer o que quer, quem nos garante que já teve tempo de fazer tudo e não é agora que vai destruir provas ou perturbar o inquérito? Quem nos garante que as bolas de berlim não estariam recheadas de obras de arte ou de extractos comprometedores? Sei lá...

Se o super-judge Alex o quis com resmas de boys de guarda à porta, alguma razão deve ter. 
Claro que pode não ter razão nenhuma, ter apenas uma grande pancada naquela cabeça. Ou pode o calor pode ter-lhe fundido os miolos (fundido; eu disse fundido, atenção). Mas admito que faz tudo muito sentido, a malta é que é lerdinha e não alcança os raciocínios do omnipresente e omnisciente super-judge Alex.

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Como este post até aqui só tratou de coisas vulgares, apeteceu-me ter aqui um pequeno apontamento fora da caixa. Procurei e não demorei a dar com uma notícia, essa sim, um bocadinho difícil de acreditar. 



Uma mulher holandesa quer casar com o seu cão. Dominique Lesbirel, de 41 anos, esteve "casada" com um gato, mas depois de Doerack ter morrido a holandesa conheceu Travis, um cão. O casamento será celebrado virtualmente através de um site criado pela própria Dominique.

“O Travis já está comigo há vários anos. Ele estava abandonado e eu salvei-o quando vivia na Grécia. Deixava-lhe comida e água. No começo, ele escondia-se nos arbustos, até que começou a ter coragem para chegar até mim. Um dia ele roubou-me os sapatos e, com isso, roubou o meu coração”, explicou a holandesa, citada pelo "Mirror".

De acordo com o "Mirror", o casamento vai ser celebrado através do site  Mary Your Pet, criado pela holandesa, em 2003. No site, Dominique aprova pedidos de matrimónio solicitados por pessoas que desejam casar com os seus animais de estimação. 


Olha, afinal parece que esta notícia também é verdadeira. Que seca.

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segunda-feira, março 23, 2015

Marques Mendes e Marcelo Rebelo de Sousa, os comentadores pimba






Não sei porque os vejo. O meu marido insurge-se, 'vou tirar este gajo daqui', mas eu insisto, quero sempre ver o que dizem estas pessoas que têm mais de um milhão de pessoas a vê-las, quero sempre ver até onde são capazes de ir.

Manipuladores, macacos de rabos pelados, fazem de conta que são isentos, conduzem a conversa de forma a estabelecer empatia e, depois, pelo meio, lá vão ardilosamente levando a água ao seu moinho.

No sábado, foi aquele Marques Mendes que tem uma habilidade de se lhe tirar o chapéu. Volta e meia aparece ligado a coisas pouco abonatórias mas, na maior limpeza, aproveita o púlpito para as sacudir de cima, e aí vai ele, ladino, sorrisinho laroca, a fazer de conta que não é de cá, e lança um veneninho aqui, insinua uma coiseca ali, ensaia uma mordidela acolá. Enquanto o ouve, a Maria João Ruela sorri com ar derretido. Não sei que raio de programas são estes.


Ontem, no meio de gracinhas, sorrisinhos, lá espetou ele mais uma farpa envenenada. Começou por mostrar desdém por Ricardo Salgado - não há cão nem gato que agora, do alto da sua cobarde pesporrência, não se dê ao luxo de dar um pontapé no corpo caído por terra em que, aos poucos, Ricardo Salgado se vai tornando - e, logo de seguida, não resistiu a comparar Ricardo Salgado a José Sócrates. E sorriu, um sorrisinho alarve.

À noite espreitei os jornais on line, e já lá estava Marques Mendes: Sócrates e Ricardo Salgado são almas gémeas. 


Uma vergonha. Eu acredito que, tal a lavagem ao cérebro a que as pessoas são submetidas - Quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado lhe vem, um discurso moralista que se vende como justicialista, e tudo se mistura, os maus de um lado, os que querem viver à grande, os que não pedem desculpa, os que ainda bem que todos lhes caem em cima, e que apodreçam na prisão, e nós, os comentadores, os deputados, os juízes, os amorins, todos a cuspir-lhes em cima - que, se chega a um ponto em que já tudo parece normal, em que já parece razoável que se enlameiem todos, a mesma lama, o mesmo gozo alarve.

E não há um Provedor da Decência que impeça estas lavadeiras de roupa suja de por aí andarem a espalhar veneno.
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Hoje a mesma coisa: o meu marido não queria ouvir o Marcelo e eu, outra vez, 'mas deixa lá ver'. E, logo de início, a conversa mole do costume, as pessoas escrevem a pôr-lhe perguntas como se ele fosse aquela senhora do tarot ou o zandinga. E ele dá-se a todos os desfrutes. Seja sobre o que for, aí está o Marcelo a opinar, a fazer previsões. Hoje perguntavam-lhe ou foi o José Alberto Carvalho, já nem sei, sobre a reportagem da TVI que mostrava os dois senhores que vivem debaixo de uma ponte no Jamor. Vi a reportagem e de facto fiquei impressionada com a generosidade, coragem e dignidade daqueles dois amigos. Vi depois que se gerou uma onda de solidariedade em volta daqueles dois. Mas, ó senhores, como aqueles dois há mais mil e cada um tem a sua história, os seus motivos. Mas mal se vê uma coisa destas parece que logo se desperta a tentação generalizada de quase adoptar as pessoas quase como se fossem cães abandonados e como se todos os males do mundo estivessem naquelas específicas pessoas. E tanto é com estas pessoas como foi um cão maltratado ou um cão que era para ser abatido. 



Mas a isso já eu estou habituada. Agora ver o Professor Marcelo a dissertar sobre o assunto, a dizer que telefonou ao presidente da Câmara de Oeiras, o Vistas, e lhe perguntou se não dava para construir um casinhoto ilegal debaixo da ponte... Bolas. E digo bolas para não dizer um palavrão. Onde chega a demagogia, o populismo mais barato e miserável. Construir um casinhoto, ilegal, junto à água, debaixo da ponte? Ridículo, absurdo. Vá lá que o presidente lhe disse que não podia abrir esse precedente.


Mas fiquei chocada - para não dizer enojada - com aquela conversa, com ele ter a lata de telefonar a um presidente de Câmara a sugerir uma parvoíce daquelas.

Uma coisa é lutar pela dignidade de todos, pela defesa do direito ao respeito por parte de todos, pelo trabalho, pela assistência aos meus desfavorecidos. E assim, sim. Agora descer ao ponto de querer fazer barraquinhas debaixo das pontes para alojar os desabrigados da vida?

Um populismo, uma vergonha, uma pimpalhice descarada.

Provavelmente o milhão e tal de pessoas que o ouvia comoveu-se com os instintos caritativos desta demagógica criatura... E um dia destes ainda corremos o risco de termos este manipulador e fazedor de factos políticos, este populista, em Belém. Gaita para isto.

O que vale é que a minha filha me ligou nessa altura e, como sempre, o telefonema foi longo e, portanto, não vi mais nada. Quando acabou, perguntei ao meu marido que mais tinha dito o Marcelo, ao que ele respondeu que obviamente tinha logo mudado de canal. Fez bem.

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As imagens provêm de We Have Kaos in the Garden

A música só podia ser Desgarrada entre Quim Barreiros e Canário.

sábado, março 21, 2015

A solidão de Ricardo Salgado


No post abaixo já deixei, em vários fascículos, a minha receita de homem e já mostrei um vídeo com uma selecção premier do tipo de homem considerado mais bonito em cada um de vários países onde o casting decorreu.

Mas isso é a seguir e, se calhar, deveria ficar-me por aqui, que isto é fim de semana, não é tempo para uma pessoa se desgastar com assuntos sérios. Mas, enfim, tenho vontade de dizer o que se segue.




Várias vezes aqui falei de Ricardo Salgado, do BES, do GES e de Carlos Costa (tão elogiado pelos papagaios das televisões e jornais quando eu já aqui tão abertamente o criticava).

O meu texto que até hoje teve mais visitas (mais de 23.000) versava justamente as relações do Grupo Espírito Santo com a envolvente, nomeadamente com os media. Um outro, em que falei das castas e dos empregados dos senhores da terra mereceu igualmente um número significativo de visitas.

Sobre a gestão em empresas como as dos Espíritos, a PT e outras, que adoptam todo o tipo de modas, que estão permanentemente assessoradas por consultores de todas as cores e paladares e que recebem toda a gama de prémios de excelência também já aqui falei muitas vezes. É minha opinião que, com alguma frequência, quanto maior o aparato, menor a substância e menores as verdadeiras competências de gestão.
E que pessoas do calibre de João Duque se enganem tanto tantas vezes, também só diz da presciente inteligência, passe a quase redundância, do João Duque e das pessoas que ele gaba e a quem, uma vez caídas em desgraça, insulta.

Voltando a Ricardo Salgado (e que não diferirá muito do que acontecia com Henrique Granadeiro, Zeinal Bava e tantos outros). Pessoas habituadas a um abastado nível de vida, que se repartem entre reuniões, visitas, recepções, têm, forçosamente, que tomar grande parte das decisões apenas pela rama, confiantes de que há quem lá esteja a acautelar. Ora, não raras vezes, na prática, há uma delegação de poder muito descontrolada, muito poder disperso por outsourcings e consultorias e, de facto, deixa de haver tempo e apetência para análises cuidadas, para verdadeiramente pôr as mãos na massa. Quem acaba por pôr e dispor são muitas vezes quadros de segunda linha, gente ambiciosa que quer mostrar serviço, ainda sem grande competência e experiência e com um não muito apurado sentido ético de gestão.


Ricardo Salgado, oriundo de uma família que Portugal inteiro reconhecia como ungida pelo divino Espírito Santo, amigos de reis e presidentes, ele mais do que habituado a meter políticos e jornalistas no bolso, ter-se-á habituado, com o tempo, a tudo poder. Para tal, é sabido que sempre contou com solidariedades estrategicamente colocadas e pareceres de advogados de todas as especialidades. Através de contratos de tudo e mais alguma coisa, grande parte das empresas que lhe poderiam ser hostis estavam dominadas (empresas de auditoria, de consultoria, órgãos de comunicação social, por exemplo). 

Daí até se tornar normal socorrerem-se de toda a espécie de estratagemas, grande parte deles legais (por exemplo os que são enquadrados por esse ramo da ciência que dá pelo nome de optimização fiscal) não vai passo nenhum. Faz parte. E daí até se arranjar maneira de haver prestações de serviços, para canalizar verbas para empresas dos accionistas, também não vai passo nenhum. Faz parte. Remunerar principescamente accionistas e os gestores au pair claro que também faz parte. Uns precisam dos outros.
Pôr o dinheiro lá fora, qual o mal? Trazê-lo de volta e usufruir de benesses fiscais, perfeito. 

E tudo está bem enquanto vai bem.

Mas para a frente dos negócios com uma expansão razoável, em que é preciso contratar gestores para estar à frente de actividades espalhadas por diferentes geografias, nem sempre se pode garantir que é tudo gente do mais sério que existe. E neste jogo de facilitismos, toma lá mas depois abre-me esta porta, e ok, agora sou eu, amanhã és tu, começam as teias a ensarilhar-se.

E, uma vez mais, tudo está bem enquanto vai bem.

Mas eis que vem a crise, a liquidez a secar, a economia a baquear, as insolvências a multiplicarem-se, os créditos malparados a dispararem, as imparidades a imporem-se, as baixas de rating a complicarem tudo, os consequentes  juros mais altos e, aí, a coisa começa a descontrolar-se. Se há, e sempre há, gestores menos leais ou menos sérios, geralmente é por aí que a coisa começa a romper-se.

Mas, até certo ponto, parecia não ser fatal: too big to fail, sempre se disse.


Mas a coisa não correu bem: as coisas a complicarem-se e o pânico a instalar-se à vista desarmada.  Poderia ter havido pés na terra, sangue frio. Mas não. Na banca a confiança é o principal activo. Fazer de conta que tudo está bem para que o dinheiro não comece a fugir, parece ter sido o que norteou até ao fim Ricardo Salgado.

Para fazer de conta, mais estratagemas. E mais estratagemas para ocultar os estratagemas. A isto, como é sabida, chama-se fuga para a frente. E a fuga, neste caso, foi até ao abismo.

E tudo se passou debaixo do supostamente apertado escrutínio da troika, do Banco de Portugal e da CMVM, já para não falar dos auditores e revisores de contas, e debaixo de loas à excelência da gestão e da solidez financeira por parte de grande parte da comunicação social, da universidade, do Governo e, até, do Cavaco.

E depois tudo mudou. A queda foi súbita e descontrolada. Todos os que antes tinham avalizado o que se passava, lhe tiraram o tapete. Um grupo com um prestígio centenário ruíu debaixo da maior ignomínia, o banco foi incompreensivelmente (ainda hoje não percebo) estraçalhado, e, perante a debandada geral de ratos, um homem ficou sozinho: Ricardo Salgado.

O leopardo ficou sozinho no salão de baile.

Que houve ali graves erros de gestão e certamente alguns actos dolosos isso parece claro e os processos vão decorrer nos tribunais apropriados para ajuizar tal. E, em minha opinião, é aí que deverão decorrer, no recato normal, com respeito pela dignidade dos visados.

Ou seja, que Ricardo Salgado agiu mal parece não haver dúvidas. Mas que, com ele, muitos outros também agiram muito mal também não tenho. E que uma parte importante da responsabilidade pelo ruinoso e absurdo desfecho deve ser atribuída ao Banco de Portugal também não tenho.

Mas, como sempre acontece nestas ocasiões, aqueles que antes incensavam Ricardo Salgado, ao verem que os ventos viraram, vêm agora, quais abutres, comer a carniça, tripudiar, humilhar.

Já o disse aqui algumas vezes: não sei para que serve a Comissão Parlamentar de Inquérito. Aquilo mais me parece um julgamento popular sob os holofotes da populaça, um vergonhoso pelourinho - e carrascos não faltam.

Assistir àquilo a que assisti na sexta feira durante o bocado em que vi televisão revolveu-me as entranhas. Não gosto de ver humilhar ninguém. A forma como em especial Carlos Abreu Amorim se dirigiu a Ricardo Salgado pareceu-me uma total afronta à dignidade de uma pessoa que está a passar por momentos dramáticos. Ter 70 anos, ter perdido tudo incluindo o seu bom nome, e saber que vai passar os últimos anos da sua vida a penar pelos tribunais e provavelmente a viver numa cadeia não é coisa que se deseje a ninguém e Ricardo Salgado sabe que é isso que o espera. Será correcto que alguém aproveite tal fragilidade para o pisar, para lhe cuspir em cima?


É certo que Ricardo Salgado ainda tem a sua casa e dinheiro para garantir o desafogo financeiro dele e da família enquanto tantos inocentes ficaram sem as poupanças de uma vida. Mas, para isso, devem os culpados ser encontrados, julgados e, se for caso disso, condenados, garantindo-se na medida do possível a indemnizações às vítimas.

Expor uma pessoa à humilhação de se ver insultada, gozada, ofendida em público não resolve nada, apenas degrada ainda mais a forma como a sociedade portuguesa se vai entregando à indignidade.

Não nutro nem nunca nutri simpatia de qualquer espécie por Ricardo Salgado e claro que acho que, se se vier a provar que foi culpado de crimes, então deve pagar; mas uma coisa vos digo: se eu pudesse de alguma forma poupá-lo ao que se passou na Assembleia da República eu faria qualquer coisa para o conseguir.

E outra coisa vos digo: mais valia que, em vez de a matilha andar tão encarniçada em volta de Ricardo Salgado, houvesse uma atenção a sério para garantir que a permissividade e a balda que permitiram que isto acontecesse não ia voltar a acontecer. E isso não vejo eu.

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A música é o Adagio de Albinoni por David Garrett

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Para receitas de homens e para homens bonitos de todas as cores e feitios, é descer, por favor, até ao post já a seguir.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo sábado.

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quarta-feira, dezembro 17, 2014

Os Espíritos continuam a assombrar a Assembleia e eu, farta de os ouvir dizer que não sabiam de nada e treuze, piquenos e outras pérolas, mudo de assunto e, de lingerie, ousadamente, sem medo de provocar os deuses, entro numa casa com umas regras muito próprias pela mão do Agent Provocateur.




Não estou muito afim de comentar os senhores que, como estou farta de saber, falam todos com o mesmo tom de voz, pronunciam as palavras da mesma maneira, dizem treuze, têm uma certa dificuldade em acertar na gramática e todos, por igual, dizem desconhecer o que se passava dentro do barco.

E não estou afim porque sei que é tudo demasiado assim e isso dá-me pena porque a verdade é que navios desta envergadura com uma enorme tripulação e inúmeros passageiros a bordo são conduzidos por quem pouco sabe da coisa e que confiam todos uns nos outros, fiando-se que alguém há-de saber ou estar atento caso dê para a borrasca.

Até ao dia em que, atónitos, percebem que a coisa já descarrilou demais.

E, ainda assim, confiam que alguém há-de ter a solução para o sucedido - o contabilista, o advogado, o professor, alguém que o primo arranje. E, sobretudo, acham, na inocência dos simples, que o que há que fazer é tentar esconder o que se passa porque o que se passa em casa, em casa deve ficar, e os dramas domésticos não são para vir para os jornais até para não haver pânico, e para que o prestígio e o nome da família não se enlameie, e há que esperar que a coisa se componha porque ninguém há-de ser tão inconsciente que vá fazer com que todos os accionistas mesmo os piquenos percam tudo ou que milhares de empregos se percam, trabalhadores tão bons, tão fiéis, quase tão bons como a criadagem. 

Mas o drama é que o País está mesmo entregue a gente inconsciente e leviana (e aqui refiro-me às mais altas instituições do Estado), e, se calhar, nem é bem leviana, é mais levezinha, porque leviano é coisa de outro calibre e este é mais na base da inconsciência, é gente que confunde o género humano com o Manuel Germano, que aceita embarcar em aventuras, que confunde ideologia de cão de caça com conceitos de gestão e, na maior irresponsabilidade, aceita ser cobaia e, na volta, ainda agradece ter sido escolhida para cobaia mesmo que a experimentação provoque queda de membros ou colapso de órgãos vitais.

E, então, perante o pasmo geral, de um dia para o outro, tudo se perde, tudo se desmorona. Ninguém percebe porquê mas as televisões logo se enxameiam de gente que afirma cetegoricamente que isto não tem nada a ver com o BPN, que isto não é caso de polícia. Os comentadores e os jornalistas-levezinhos são outra das pragas que atordoam os portugueses.

E agora todos eles, dos vários ramos da família, os primos Espíritos, aparecem, desconcertados, a confessar que receberam milhões mas não sabem bem porquê nem de quem e a reconhecer que assinavam de cruz porque confiavam no primo, e são todos primos dos primos e, de facto, ninguém sabia de nada porque se habituaram a que o primo é que sabia e que não era preciso saber mais que isso, a vida já é trabalhosa demais mesmo sem ter que se saber, muito menos trabalhar: há a vida de sociedade, as viagens, os almoços, tudo isso que dá trabalho e se resolve com dinheiro que aparece na conta sem ser preciso perder tempo com minudências como números, mapas, balancetes, maçadas que se deixam para os empregados, coitados, tudo gente tão boa.


E assim caíu o BES, caem as empresas do Grupo GES, cai a PT, tudo grandes empresas, exemplos de boa governance, tudo empresas com manuais de ética, de sustentabilidades, certificadas sob todas as normas, empresas que pagavam chorudos bónus e elevados prémios de gestão, viagens a jornalistas, bilhetes de futebol lá fora a outras prebendas a clientes - e que, afinal, caem redondas que nem tordos.


Por isso, interrogo-me: comentar o quê? É assim a vida em algumas das grandes empresas em Portugal.

Sempre aqui tenho repetido, quase carpido: o problema deste pobre país nunca foi a legislação laboral que sempre deu para tudo e para o contrário, muito menos os feriados ou a modorrice dos pobres trabalhadores, ou os seus ordenados, sempre tão baixos.

O problema deste País sempre residiu nas suas fracas elites, empresários que tantas vezes não têm formação nem estão habituados a trabalhar, apenas têm pedigree (quando a gente sabe que, para sobreviver com mais saúde, se saem melhor os rafeiros) e cagança, gente que disfarça a sua ignorância contratando assessorias e consultorias (que, na prática, valem menos que zero e apenas servem para se exibir as modas que se seguem). São as fracas elites no empresariado, na gestão, na política, no jornalismo, é a falta de liderança que tudo entorpece, é a cobardia e é também a mesquinhez generalizada. É isso que impede que Portugal cresça.

Um fraco rei faz fraca a forte gente.
(...) esteve perto
De destruir-se o Reino totalmente,
Que um fraco rei faz fraca a forte gente.

Estou a escrever isto e a pensar no que ouvi quando vinha no carro: o Alberto da Ponte no Parlamento. Para começar não percebo o que é que agora anda tudo a explicar-se no Parlamento. Coisas de gestão ou coisas disciplinares em vez de se resolverem no sítio certo, lá vai tudo lavar roupa suja para a Assembleia. 

Depois, o desnorte deste governo de anedotas é tal que demitem uma administração e a administração diz que devem estar mas é a brincar, que se vão catar, que não se demite nem se deixa demitir e ai de quem ousar chateá-los. E eu, já aqui o disse muitas vezes, não sou fã do Alberto da Ponte mas, face a este desvario do Poiares Maduro e à baderna armada pelo Conselho Independente - onde pontua o António Feijó que pode ser inteligente e perceber de literatura mas, ó caraças, ouve-se o senhor a falar e só apetece dizer que esteja calado, é um lírico que olha para a gestão de uma empresa como um boi olha para um palácio - e tenho que achar que ele, Alberto, está a fazer o que é lógico: a defender o seu brio profissional. Já alguma vez o Feijó do AO tinha visto antes um plano estratégico de uma empresa para dizer que está mal feito? Pensaria ele que ia encontrar uma tese de doutoramento com laivos de semiótica e tempero de epistemologia?

Uma paródia, este episódio da RTP. 

A falta de produtividade do País resulta destes encostos, destes malas, destes atrasos de vida, destas nulidades que pululam na gestão de topo, nos ministérios, nas comissões, nos conselhos, nessas tretas, tretas por todo o lado - e não da ronceirice de um ou dois trabalhadores, coitados.

Não tenho, por isso, paciência para gastar com estes fracos reis que fazem fracas as fortes gentes e que quase fazem deitar a perder este país tão pobre e desmoralizado, que aceita ser governado por gente mentirosa, desqualificada, impreparada.


Por isso, meus Caros, permitam que mude de rota.




Mercúrio acompanha a
entrada do ano
indiferente
diurno e
masculino

por isso não se perca tempo com quem
não merece

e tempo será de
um inverno áspero    e os que
nascem neste ano terão
mãos esbeltas e
dedos compridos

procurem com eles dominar
a pedra ou
o metal

sejam
ousados


Sejamos, pois, ousados. Vamos entrar em casas de alto risco. E vamos entrar acompanhados por agentes provocadores. Mas, primeiro, deixem que vos diga quais as regras do Salon.

Nº 1 - Não há reservas 
Nº 2 - As inibições são desencorajadas 
Nº 3 - Deve estar preparado/a para alargar horizontes 
Nº 4 - Os limites são estabelecidos por cada um
Nº 5 - A curiosidade é encorajada 
Nº 6 - Seja você mesmo/a: a discrição é garantida 
Nº 7 - Vista-de de acordo com a ocasião 
Nº 8 - Os espíritos livres são bem vindos
Nº 9 - As Regras da Casa são para ser quebradas
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Raparigas quase nuas divertem-se numa mansão
(sessão fotográfica para o Agent Provocateur)



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não provoques os deuses    ouvi
alguém dizer    e por isso
não houve perguntas para
o teu regresso

que também não durou mais
que um solstício de verão
a cair no rio

um sinal na rua
a passar do vermelho
ao verde
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Se o sinal passou a verde, avancemos então.


Agent Provocateur Outono/Inverno 2014 - Le Salon ‘House Rules' 

(com as modelos Ashley Smith & Dioni Tabbers).



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Os poemas são de Alice Vieira in Os Armários da Noite. O primeiro poema chama-se Borda D'Água. O segundo não tem nome.

NB: O pequeno excerto de um poema em que se refere que fraco rei faz fraca a forte gente é de Camões.

Os vídeos referem-se à marca de lingerie Agent Provocateur. As fotografias que usei para ilustrar o post mostram Naomi Campbell, a gazela negra que mede 1,77 m e tem 44 anos, e que é agora a imagem da marca.


A fotografia das rosas metidas dentro de gelo é de Kenji Shibata.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa quarta-feira. 
A vida recomeça todos os dias.

terça-feira, dezembro 16, 2014

As férias de luxo de Marcelo Rebelo de Sousa na mansão à beira-mar no Brasil ou no veleiro, o amigo Ricardo Salgado que as pagava, Zé Maria Ricciardi, o primo traidor e eterno enfant terrible e o coelhinho que não largava pêlo, o urso malandreco e o leão de rabo pelado. Tudo histórias com muita moral.


No post abaixo já deixei a receita para um casamento sem discussões. Não posso dizer que seja muito instrutiva nem que deva ser reproduzida mas, enfim, dêem o devido desconto.

Mais abaixo tenho uma entrevista ainda quentinha com uma beldade sexy e, mais abaixo ainda, falo da ama do meu filho, do filho dela, do meu filho e mostro um vídeo com um mar muito grande.

Mas tudo isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra.


1. Sobre BES e GES, sobre os primos e assessores jurídicos, comentadores, companheiros de administradoras, e etc.



Foi com algum incómodo mas não muita surpresa que li mais uma do primo Zé Maria, aquele que tem boa imprensa, o que faz rir os deputados e os jornalistas, aquele a quem todo o crédito é dado porque, segundo estes, num ápice desfaz a narrativa tão cuidadosamente estudada pelo Ricardo, o tal de coração de leão e pele de leopardo que virou bombo da festa, aquele a quem muita gente, em especial os que antes o veneravam, gosta agora de insultar, pontapear e cuspir em cima. 

Desta vez, porque,  na sua homilia semanal na TVI com a Judite, o Professor Marcelo - essa velha raposa que, com ligeireza e sem grandes pruridos, urde intrigas, costura argumentos e fala com sabedoria de literatura, futebol, justiça, tácticas e estratégias políticas, conluios partidários, economia, arrufos entre socialites e feitos de agremiações recreativas - tinha, uma vez mais, poupado o grande amigo Salgado para o chamuscar a ele, Ricciardi, nem pensou duas vezes. Naquele seu estilo de lavadeira (de roupa suja, claro), enviou um comunicado onde não foi meigo. Em tom de ameaça, disse esperar que Marcelo não voltasse a mentir já que, a seu respeito, já ia na segunda mentira e, para que Marcelo não tivesse vontade de se levantar do tapete, ainda atirou: 



Eu compreendo que o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa tenha muita mágoa em não poder continuar a passar as suas habituais e luxuosas férias de fim de ano na mansão à beira-mar no Brasil do Dr. Ricardo Salgado, mas essa mágoa não o autoriza a dizer mentiras a meu respeito e do banco a que presido, conforme fez no seu comentário de ontem
Marcelo, apesar de conhecer o espírito truculento do menino Zé Maria, até deve ter engolido em seco. 

Em sentido contrário ao dos ponteiros do relógio:
O leopardo, o primo que dizia que era irmão e um dos Sousas
Há ovelhas negras em todas as famílias e que apenas são gente fina enquanto o argumento (leia-se: guião) que lhes é dado lhes permite simular a pose. Mal ficam por sua conta e risco mostram que o sangue que lhes corre nas veias é tão azul como o de um qualquer vulgar arruaceiro e que o seu argumentário está ao nível de uma pregoeira do Bolhão. Ricciardi costumava dizer que o primo Ricardo era um irmão mas há irmãos que se odeiam e estes é o que se vê.



A procissão ainda vai no adro e o desfiar de farpas, os golpes baixos, o destapar de carecas e o lavar de roupa suja em público já começa a incomodar. Mas, enfim, a imprensa vibra com isto e os jogos estão feitos. Ricardo Salgado não é flor que se cheire, nunca foi. Mas ao seu lado e co-responsáveis pela gestão que levou ao descalabro, estiveram todos os outros que hoje sacodem a água do capote, saltam como ratos e fogem como cobardes. Podem vir dizer que não sabiam mas, se não sabiam, deviam saber e, portanto, dizendo-o, confessam, em cima de tudo o resto, a sua incompetência ou irresponsabilidade.


2. Sobre o Super-Alex que não deixa que Sócrates use do seu direito de falar, tendo proibido entrevistas a partir da cadeia



Já uma vez o disse: que um culpado ande à solta acho perigoso. Mas que um inocente seja injustamente condenado e pague, com a sua liberdade, por crimes que não cometeu parece-me ainda mais perigoso e desumano, de uma injustiça dificilmente reparável. 

O Super-Juíz Carlos Alexandre que põe e dispõe
sem que a gente perceba se o que ele faz é mesmo legal
Mas José Sócrates ainda nem foi julgado. Ainda andam à procura de provas que o incriminem. Os jornais tudo têm feito para o crucificar na via pública e é raro o dia em que não apareçam, a conta-gotas, novos factos, coisas que espremidas não deitam nada, apenas ódio ao homem. Até o pobre do motorista já é tratado como o 'cúmplice' de Sócrates.

Agora impedem José Sócrates de conceder as entrevistas que lhe solicitaram. Está preso para poderem procurar pistas à vontade mas é mais do que isso: sem que tenha ainda sido condenado, já está privado até da sua liberdade de falar.

Se é esta a liberdade que queremos ter no nosso país, um país que supostamente é livre e democrático, então vou ali e já venho.


Face a este estado das coisas, nada como uma história que me foi enviada por Leitor a quem agradeço e que contém uma moral profunda que deveria ser pensada pelos Zé Marias, Alexandres, jornalistas e quejandos desta vida (and sorry for my french - que, mesmo assim, já foi suavizado face à versão original).


3. O coelhinho, o urso e o leão 




Um coelhinho felpudo estava a fazer as suas necessidades matinais quando olha para o lado e vê um enorme urso fazendo o mesmo.

O urso vira-se para ele e diz:
- Hei, coelhinho, largas pêlo?
O coelhinho, vaidoso e indignado, respondeu:
- Nem pensar, venho de uma linhagem muito boa...

Então o urso pegou no coelhinho e limpou o cu com ele.




  MORAL DA HISTÓRIA

  Cuidado com as respostas precipitadas. 
Pense bem nas possíveis consequências antes de responder.

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No dia seguinte, um leão, ao passar pelo urso, diz:
- Aí, hein, seu urso! Com toda essa pinta de bravo, fortão, bombado...! Bem te vi ontem dando o cu para um coelhinho felpudo. Já contei a toda a gente.


  MORAL DA MORAL

  Você pode até sacanear alguém mas lembre-se que existe sempre alguém ainda mais filho da mãe do que você.

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A GRANDE MORAL DA HISTORIA


O  problema de Portugal (o problema ou a sorte, consoante a perspectiva) é que quem elege os governantes não é o pessoal que lê jornal, mas quem limpa o cu com ele!

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Relembro: já que este que acabam de ler foi o 4º post da noite, há por aí abaixo mais 3 e são para todos os gostos, de algum são capazes de gostar.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela terça-feira.


domingo, dezembro 14, 2014

Presentes de natal originais, 2º post. Desta vez as recomendações de Um Jeito Manso são: Gorros de Tricot; Meias; Trinchas; Fruta; mais Enfeites para a Barba; Pintura de Parede; Árvores de Natal; Strip Burlesco. E, se acha que (quase) tudo isto lhe soa a convencional, espreite para ver. No fim, confidencio uns rumores que por aí correm sobre Sócrates e penso um bocadinho nos primos Espíritos.


Ontem tinha dito que, se calhar, durante o dia ia conseguir aqui vir. Mas não. Saí de casa antes de almoço, andei a fazer compras de Natal, levei horas, depois fui a casa dos meus pais e, como de costume, só consegui regressar à hora de jantar. Agora estive aqui de castigo a escolher fotografias para oferecer pelo Natal (e ainda não concluí o trabalho; todos os anos é isto, um never ending suplício, rever milhares de fotografias e tentar compilar um best of e depois fazer uma escolha por pessoa para, de seguida, me ir meter noutra confusão para as imprimir; depois, quando as for buscar, novo castigo, separar por envelopes - ... horas!).

Ou seja, é quase meia noite, ainda não peguei no jornal, ainda não acabei isto das fotografias, já estou com sono e a energia já me começa a faltar.

Seja como for, o prometido é devido é hora de sugestões e, portanto, vamos lá:


1. A quem é habilidoso no tricot, recomendo que faça gorros imaginativos para os amigos.


Gorro de tipo passa-montanhas mas que apenas pretende simular um cabelão e uma barba das que estão tão fashion

Gorro para oferecer a alguém que tem a mania que é só brain,
 um intelectual a quem algum bocadinho de cérebro a mais não fará mal nenhum

Um gorrinho para o cão dos amigos ficar a parecer uma rena. Útil.
Mais: aqui.


2. Para quem faz mesmo questão de oferecer meias, aqui vão umas sugestões para que, ao menos, seja criativo. Poderá pintá-las ou confeccioná-las, consoante o tipo.

Meias pintadas para oferecer a senhoras que gostem de oferecer sainha curta

Meias pintadas para oferecer a jovens alternativas e que vão lançar a confusão
(refiro-me às meias não às jovens alternativas: toda a gente vai discutir, polemizar, fantasiar: porquê um olho aberto? e porquê o outro choroso?)

Cá está: para pessoas habilidosas que se ajeitem a fazer meias, 
meias que apelam à evocação de fruta. Aqui melancias.



3. Para quem queira oferecer presentes mesmo em conta: trinchas que replicam damas da história da pintura, conforme as idealizou Rebecca Szeto.

Devo dizer que acho o máximo e estou a falar a sério.
 Esta estou eu capaz de me atirar ao trabalho. Trincha-Mulher com brinco de pérola. Uma pequena maravilha


Está é o máximo. O cabelo pode ser feito em madeira ou cortiça. Gosto mesmo.

Mais: aqui.


4. Para os mesmo muito tesos e que têm amigos com sentido de humor. Devo dizer que acho a criatividade desta gente uma coisa fascinante: fruta simulando animais, conforme inspiração da espanhola Sandra Suarez.


Caracol feito com uma banana e uma maçã. Uma graça.

Peixinho cor de laranja feito com laranjas. Lindo.
Mais: aqui.


5. Complemento o post anterior sobre presentes de Natal, com mais enfeites para barbas. Os que aqui tinha partilhado eram convencionais e eu sugeria sininhos, luzinhas, etc. Pronto, já encontrei. Cá estão para que aos barbudos não lhes falte brilho e graça.

Cá está a estrela de que eu sentia a falta.
Este senhor também recebeu de presente a tinta em pó que eu tinha sugerido para o gato
e, como se vê, já está com o pêlo verde.


Cá etsão as luzinhas multi-cores, pisca-pisca.
E o lacinho ali ao meio da barba parece-me francamente bem.
Mais: aqui.


6. Pintura na parede junto à porta de entrada. Mesmo que seja num prédio, ouse: ofereça aos seus amigos ou família uma pinturinha mural junto à porta de casa. Aqui ficam umas ideiazitas (da autoria do espanhol que se assina como Pejac). Pela calada da noite, avance com pincéis e tinta. Estas que aqui deixo são simples e basta tinta de uma ou duas únicas cores.


Espantalho e pássaros. O humor e a poesia voando em conjunto

Esta ficará melhor no muro de entrada de uma moradia e é a mesma coisa: 
a graça, o humor e uma certa leveza quase poética

Mais: aqui.


6. E há ainda as Árvores de Natal originais. Já no outro dia aqui partilhei algumas e hoje tenho mais três.


Para os amantes da sustentabilidade e da reciclagem, 
Árvore de Natal feita com embalagens de ovos pintadas com dois tons de verde.

Árvore de Natal feita com rolhas de cortiça pintadas

Árvore de Natal feita com folhas de jornal
Mais: aqui.


7. Para quem não seja dado a estas ceninhas de artesanato, poesias e outras frescuras e, em contrapartida, aprecie cenas de burlesco, sugeriro que prepare um conjunto de vídeos com a Grande Dama do Burlesco,  Dita Von Teese. Deixo aqui um como exemplo.

Crazy Horse - Dita Von Teese 



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Atendendo ao adiantado da hora e ao facto de que amanhã também pouco tempo vou ter para mim, fico-me por aqui.

Espero que possam aproveitar alguma das ideias. Simples, baratas, de sucesso garantido.

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A ver se amanhã consigo algum tempo para ler o jornal ou ver as notícias. É que hoje não consegui mais do que ver as gordas da primeira página do Expresso.

Se calhar a esta hora, sem eu o saber, vai por aí fora, a caminho de Évora, um comboio de carros, uns cem, para aí, quiçá até mais, cada um guiado por um amigo de Sócrates, todos carregados com malas de dinheiro. Também ouvi dizer que o Alberto da Ponte é outra das muitas barrigas de aluguer da fortuna do Sócrates e que, portanto, de facto, é este que está por trás da compra, por parte da RTP, dos direitos para transmitir o futebol da Liga dos Campiões. Mais, consta que o Pires de Lima e o seu Bond de mão, o Sérgio Secretário de Estado, estão a agir como testas de ferro forçando a venda da TAP a um desconhecido que é, nem mais nem menos, do que o próprio Sócrates. E a maior bomba, o segredo melhor escondido de Portugal, é que esta horda de chinocas que tem vindo a inundar o País comprando tudo de roldão, desde casas, lojas, electricidade, bancos, hospitais e seguros é constituída não por chinocas de verdade mas, sim, por hologramas. O verdadeiro dono disto tudo, nomeadamente do dinheiro que tem vindo a comprar Portugal de atacado é, já devem ter adivinhado, Sócrates em pessoa. Também consta que aqueles donativos todos que financiaram a campanha de Cavaco (os cerca 100.000 dos lados do BES, os cerca de 150.000 do Zé Grande e outros) provinham afinal de uma conta secreta de Sócrates - mas isso já me parece um bocado de exagero pois é sabido que Sócrates ao Cavaco nem com molho de tomate. Mas sabe-se lá, já não digo nada.


Mas, enfim, a ver se amanhã consigo pôr-me a par das últimas para ver o que é que esse manganão para aí tem andado a aprontar. Seja como for, faço-vos uma confidência. Tenho andado a amestrar um pombo que vinha aqui defecar na minha varanda para ver se o torno pombo-correio pois tenho aqui uns molhos de notas que tenho que fazer chegar a uma certa pessoa que está num certo sítio em Évora - e da columbofilia acho que ninguém vai desconfiar.

Quantos aos primos Espíritos e às manas doceiras também não sei de nada. Esses claro que estão à solta, na boazinha, não há risco de rasgarem papéis nem de dificultarem o apuramento da verdade: por um lado, já tiveram mais do que tempo para rasgarem tudo o que estivesse a precisar disso e, por outro, limitam-se a dizer o que o seguinte desmentirá e, de resto, também não têm culpa de nada: ou não sabiam um pêlo catroguiano do que quer que fosse ou, então, sabiam e faziam queixinhas. Ou seja, em qualquer dos casos, no problem, conscienciazinha tranquilésima.

Enfim, assuntos sobre os quais a ver se amanhã consigo deslindar o que se passa. E sobre outros também, que é capaz de haver para aí outros assuntos sobre os quais talvez convenha a gente manter-se atenta.

Mas passa, e bem, da uma e meia da manhã e eu estou é a precisar de dormir que já não digo coisa com coisa, é o que é.


Desejo-vos, meus Caros Leitores, um bom domingo.

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