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segunda-feira, julho 13, 2015

A ditadura vergonhosa da Alemanha e dos seus apoiantes sobre uma Grécia humilhada e perante uma Europa acobardada. Um nojo. Uma vergonha. Um susto. E as palavras de Saramago a propósito de uma democracia sequestrada, condicionada, amputada --- E as palavras de Paul Krugman sobre a ameaça de morte que paira sobre o projecto europeu.


Depois de, no post abaixo, ter falado do meu domingo, tão perfeito, tão feliz, agora falo do assunto que está na ordem do dia: a Grécia. Um assunto, pelo contrário, bem triste.


Os algozes impondo o sacrifício dos pobres

Euclid Tsakalotos, Greece's new finance minister with Christine Lagarde, managing director of the International Monetary Fund, at the eurozone finance ministers meeting in Brussels on Sunday.


Assisto, aterrada, ao que se está a passar. Parece que uma perigosa demência colectiva está a alastrar entre a cambada de anormais que se aboletou nos postos de comando desta pobre e fraca Europa. 





Enquanto do lado de lá, os alertas não param:

A Greek Exit Would Be Costly

(The New York Times)





Although Greece makes up a small part of the overall European economy, the fate of the country is important.

A Greek default would cost European countries much more than extending emergency aid. And a deal is critical for Greece, which needs money to pay its significant debts and other bills. Without fresh aid, the country’s economy, which is already languishing, risks sinking even further. (...)


ou:

Killing the European Project - Paul Krugman


Suppose you consider Tsipras an incompetent twerp. Suppose you dearly want to see Syriza out of power. Suppose, even, that you welcome the prospect of pushing those annoying Greeks out of the euro.

Even if all of that is true, this Eurogroup list of demands is madness. The trending hashtag ThisIsACoup is exactly right. This goes beyond harsh into pure vindictiveness, complete destruction of national sovereignty, and no hope of relief. It is, presumably, meant to be an offer Greece can’t accept; but even so, it’s a grotesque betrayal of everything the European project was supposed to stand for.

Can anything pull Europe back from the brink? Word is that Mario Draghi is trying to reintroduce some sanity, that Hollande is finally showing a bit of the pushback against German morality-play economics that he so signally failed to supply in the past. But much of the damage has already been done. Who will ever trust Germany’s good intentions after this?

In a way, the economics have almost become secondary. But still, let’s be clear: what we’ve learned these past couple of weeks is that being a member of the eurozone means that the creditors can destroy your economy if you step out of line. This has no bearing at all on the underlying economics of austerity. It’s as true as ever that imposing harsh austerity without debt relief is a doomed policy no matter how willing the country is to accept suffering. And this in turn means that even a complete Greek capitulation would be a dead end.

Can Greece pull off a successful exit? Will Germany try to block a recovery? (Sorry, but that’s the kind of thing we must now ask.)


The European project — a project I have always praised and supported — has just been dealt a terrible, perhaps fatal blow. And whatever you think of Syriza, or Greece, it wasn’t the Greeks who did it.


do lado de cá, a Europa (onde, não nos esqueçamos, estamos integrados) continua entregue a totós que gostam de brincar com o fogo,


Eurogrupo quer transferir activos gregos para banco de Schäuble e Gabriel


A transferência de “activos no valor de 50 mil milhões de euros” detidos pelos contribuintes gregos para um “Instituto do Luxemburgo para o Crescimento” é uma das condições que o Eurogrupo procura impor à Grécia para iniciar negociações de um terceiro resgate. Este instituto é no entanto gerido pelo KfW, um banco estatal alemão, cujo "chairman" é Wolfgang Schäuble, ministro das Finanças alemão, e cujo vice-chairman é Sigmar Gabriel, ministro da Economia alemão.


(...) A polémica no entanto não fica por aqui. É que além de se tratar de um banco estatal, e além de ter a sua administração dominada pela classe política no poder na Alemanha, também o poder executivo desta instituição vem com um pedigree pouco recomendável: O CEO do KfW é Ulrich Schröder, que fez carreira no WestLB, banco que desde 2008 teve direito a um total de quatro resgates com dinheiros públicos.


A opinião pública mostra sinais de susto, as recordações de um passado medonho parecem aproximar-se. As imposições alemãs são absurdas, prepotentes, perigosas. Começo a recear o que possa estar para acontecer.



La directora del Fondo Monetario Internacional, Christine Lagarde, conversa con el prersidente del Eurogroupo, Jeroen Dijsselbloem.


Quieren que Atenas apruebe leyes de urgencia, en 48 horas. Reclaman endurecer las reformas y recortes que planeaba hacer Grecia en su petición de rescate (entre ellas, en pensiones y mercado laboral). Y plantean incluso la puesta en marcha de un fondo de venta de activos públicos por 50.000 millones, y bajo tutela de la UE, para forzar a Grecia a ir devolviendo la deuda a medida que vaya haciendo caja. La impulsora de esa idea y de la amenaza del Grexit, la canciller Angela Merkel, dijo a su entrada a la cumbre que en ningún caso habría “un acuerdo a cualquier precio”.

Los deberes que la UE pone a Tsipras


Fondo de privatizaciones. Es la principal novedad de las medidas discutidas ayer. Europa propone crear un fondo por valor de 50.000 millones de euros al que Grecia transfiera sus activos privatizables y cuyos beneficios sirvan para reducir la deuda. Aunque ese instrumento quedará en manos de las autoridades griegas, contará “con la supervisión de las instituciones europeas relevantes”, algo que puede resultar difícil de asumir para Atenas.
Cambios en las pensiones. La UE pide “reformas de pensiones ambiciosas” y medidas para lograr déficit cero en las cuentas públicas.
Mercado laboral. Las demandas europeas incluyen un endurecimiento adicional en las leyes laborales. Los socios abogan por “revisiones rigurosas” de la negociación colectiva, la política industrial y los despidos colectivos. Y sugieren “no volver a políticas del pasado”.
Sector financiero. Es el talón de Aquiles griego. Europa pide “medidas decisivas” en los créditos con riesgo de impago.
PrivatizacionesLos socios quieren más privatizaciones, incluida la red eléctrica, que Atenas pretende mantener en poder del Estado.

....

Um atentado. Uma vergonha. Uma coisa inadmissível.

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Mas ouçamos quem fala com palavras que vêem ao longe. Ouçamos José Saramago: 

"A democracia em que vivemos é uma democracia sequestrada, condicionada, amputada..."




.....

A mim, conforme referi no post abaixo, o que a intuição me diz é que a solução digna para a Grécia seria pedir apoio e tempo para sair do euro pelo seu próprio pé. 

O atentado à soberania grega deveria merecer um repúdio firme por parte de toda a Europa mas, sabendo que a Europa está em grande parte na mão de uma cambada de pegas, de beatas, de virgens, de vendidos, de sacristãos lambe-cus, de totós, de atrasados mentais, temo bem que nenhum mexa uma palha para se revoltar contra o que está a acontecer. E, face a isso, mais valia que os gregos dessem com os pés nesta tropa fandanga e recuperassem a sua dignidade.
Os gregos e nós e todos os que se têm visto vergados aos pés desta cambada que impõe sacrifícios absurdos à população apenas para benefício de interesses financeiros agiotas, transnacionais, poderosos de tão omnipresentes e invisíveis que são.
...

Lá em cima, o vídeo mostra Zorba, o Grego. Ballet por Mikis Theodorakis - 
- Sofia National Opera and Ballet

...

Relembro que, se vos apetecer espairecer e ver como estão grandes os meus meninininhos mais fofos, mais lindos, e saber como passei o meu domingo, podem descer até ao post seguinte.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela semana a começar já por esta semana.

Coragem, dignidade, firmeza, orgulho.

...

terça-feira, maio 28, 2013

Isto poderia ser uma Carta Aberta ao Henrique Monteiro se fosse provável que ele a lesse. Como acho improvável, é uma Carta Aberta a todos os que ainda não perceberam o que o (des)governo de Passos Coelho está a fazer a Portugal. Pensam que não há alternativa à austeridade. HÁ! HÁ ALTERNATIVA!!!!


Palavra que me apetece desligar durante uns tempos. Já me falta a paciência para ver tanta falta de coerência, tanta demagogia, tanta impreparação e incompetência - mas ainda me falta mais para andar aqui a pregar contra isso. No entanto, também me custa fazer de conta que não vejo o que vejo. Por isso, mesmo que já ninguém leia estas minhas investidas, volto à carga.
  • Paul Krugman, prémio Nobel da Economia, escreve alto e bom som que alguém tem que pôr fim ao pesadelo português, a esta sistemática e devastadora destruição da economia. 
  • O BEI (Banco Europeu de Investimentos) acusa a Comissão Europeia de bloquear fundos destinados ao financiamento de pequenas e médias empresas portuguesas e.... pasme-se: a Comissão Europeia acusa o BEI da mesma coisa. Inadmissível. Uns empata-fxxxx que não fazem nem deixam fazer e que se entretêm a acusar-se uns aos outros. 
  • Lá dizia a Merkel (que também deve ser esquizofrénica) que Durão Barroso é um incompetente que está a destruir Portugal com tanta austeridade em vez de desbloquear verbas disponíveis para estimular a economia. 
  • Pois bem. E, enquanto isso, o que fazem os alunos marrões da treta que nos (des)governam? Batem-se para que essas verbas sejam desbloqueadas? Usam os argumentos do Prémio Nobel e de todos os economistas que explicam à saciedade que a rota a seguir é outra que não esta? Não. Não fazem nada. Nada!

E porque venho agora com isto? Não apenas porque me revolto por ver o meu País a ser destruído, como me parece que há ainda muita gente que não acredita que HÁ ALTERNATIVA!!!!

HÁ! HÁ ALTERNATIVA!!!!!



Henrique Monteiro anda muito equivocado nas análises que anda a fazer.
Devia receber algumas explicações  de matemática


Um dos que todos os dias escreve crónicas em que revela que ainda não percebeu o que está a acontecer é o Henrique Monteiro. Até me dói, tanto o desconhecimento e o enviesamento de raciocínio. Escreve ele que as pessoas acomodadas querem viver bem em vez de abdicarem dos seus direitos, que deviam perceber que o dinheiro não chega para tudo, que é preciso cortar. Diz ele que os acomodados se deveriam estar a preocupar é com os desfavorecidos e com os desempregados em vez de estarem a defender privilégios.

Tudo mal. Parece bem mas está mal. A conversa dele, tal como a dos que ainda defendem a estupidez que nos caíu em cima, é a conversa de quem não percebe de números e facilmente se deixa levar pela moral judaico-cristã, da culpa, da expiação da culpa, dos bons, dos maus.

Ora a questão é mais simples que isso: é aritmética. (Claro que também é moral. Mas fico-me pelo mais simples: pelas operações elementares).

Por exemplo, querer que não se despeçam funcionários públicos, querer que não se cortem os ordenados aos funcionários públicos não é querer manter privilégios: pelo contrário, é defender os desempregados e os mais desfavorecidos

Porquê?

Porque os funcionários públicos, enquanto trabalham, pagam impostos, têm dinheiro para comprar coisas. Se ficarem desempregados deixam de pagar impostos, passam a receber subsídio de desemprego (enquanto o receberem) o que desequilibra as contas públicas, deixam de poder fazer compras, haverá mais lojas e restaurantes a fechar, etc.

Ou seja, defender os mais desfavorecidos é, por exemplo, defender a existência de uma classe média sólida, com excedentes financeiros (excedentes que irão para bancos, que precisam de dinheiro para financiar a economia, ou para o consumo, que é necessário para também manter a economia de retalho)

Para pessoas que não têm facilidade com números, há coisas que não entram bem. Para essas, vou dar um exemplo.

Imaginem os meus amigos que têm uma horta de onde apanham batatas. Suponha que são duas pessoas na sua casa e que ambos trabalham na horta. Todos os dias têm 8 batatas, 4 para cada um. 

Suponha agora que um de vós parte uma perna e deixa de trabalhar na horta. O outro dificilmente dá conta de tudo e as batatas começam a escassear. Agora já são apenas 6 batatas, 3 para cada um.  Ao fim de algum tempo, cansado e fraco, o que trabalha começa a dar menos rendimento e já só há 4 batatas, 2 para cada um. O Henrique Monteiro ou o Passos Coelho, se fossem a vossa casa, diriam que há gente a mais para o número de batatas e que o que há a fazer é um dos dois deixar de comer batatas. 

Tempos depois, um de vós, porque já não come, e o outro porque é o único a trabalhar e já não tem muito para comer, já ficam os dois de cama e, ao fim de algum tempo, já só há 1 batata por dia. Até que já não há batata nenhuma e um já morreu e outro para lá caminha.

(Este exemplo é a fingir e bem longe da vossa casa... e façam o favor de bater três vezes na madeira. Bolas, devia alterar o exemplo, credo, que mau gosto o meu, foge...)

Mas enfim, relevem, por favor. Voltando ao estúpido exemplo: a opção foi a errada. A solução não era comerem menos batatas porque, quando se entra num caminho descendente, é difícil saber onde parar, porque a redução alimenta a redução. A solução seria arranjar quem fosse ajudar a produzir mais. Produzindo mais batatas, haveria o suficiente para todos e talvez até houvesse excedentes para vender.

Mas a opção errada foi a que se seguiu em Portugal - com a agravante de que, apesar de se constatar o descaminho que tudo está a levar, apesar de perceber o desastre, se persiste na rota.



Só espero que os burros não se venham queixar por estar a associá-los
aos incompetentes que estão a desgraçar Portugal


Um bando de burros achou que a solução para reduzir o défice e a dívida era secar a economia, retirar o dinheiro de circulação (reduzindo ordenados, aumentando impostos, etc). Resultado: aconteceu o oposto do que supostamente era pretendido.

A solução para Portugal passa pelo oposto disso, passa por resolver o problema estrutural, ou seja, a debilidade económica. O que há a fazer é injectar liquidez (esses mil milhões que estão travados em Bruxelas davam uma boa ajuda), investir, atrair investimento (estrangeiro, se necessário for), de preferência investimento produtivo, de preferência de elevado valor acrescentado, de preferência virado para a exportação, e, em simultâneo, desenvolver (de imediato) programas de desenvolvimento de proximidade como, por exemplo, programas de reabilitação urbana, e fazer creches, fazer lares, ou seja, investimento útil e espalhado pelo país para absorver mão de obra em todo o país e para mover a economia em todo o país. E apostar com muita força no ensino, na investigação, na formação profissional. E apostar com muita força no turismo, não apenas no turismo apoiado na geografia mas também na história e na cultura, em reabilitação de monumentos, de acessos a monumentos, na dinamização cultural envolvente. E fazer tudo isto de forma articulada. E fazer já!

E deixar de atirar com pessoas para o desemprego!!!!!

E, no Governo, deixarem de contratar assessores, adjuntos, consultores, gabinetes de advogados. E acabarem com tudo o que seja redundante (institutos, fundações, etc): tudo aquilo que diziam que iam fazer e não foram capazes. Mas, até isso é relativamente secundário. O importante é mesmo o que disse acima: pôr a economia a mexer. O essencial é retirar pessoas do desemprego (não apenas por razões humanas, mas também porque isso causa um buraco tremendo nas contas): pô-las a trabalhar pois não apenas pagam impostos como põem a economia a funcionar.

Ou seja, Caro Henrique Monteiro e Caros Todos que não atinam com números: onde há que mexer é na parcela de cima, é fazer crescer o 'bolo' a repartir e não na parcela subtractiva pois, mexendo nessa, acabar-se-á também por diminuir a parcela de cima e o resultado será pior - e imparavelmente pior.

Será que me fiz entender? Para mim, que sou dos números, isto é simples. Mas, para quem é das letras e avesso a números, se calhar é difícil.

E calo-me já.

Daqui a nada já volto.


domingo, abril 14, 2013

Da ausência do 'Senhor Doutor Paulo Portas' (como Passos Coelho se referiu a ele) na tomada de posse dos novos ministros e outros inconsequentes arrufos, ao Gaspar que já é chamado pelos irlandeses o' Ministro das Finanças da Troika', passando pelo new look de Miguel Relvas, de gel no cabelo, na dita tomada de posse à qual Paulo Portas se baldou.




Paulo Portas - um homem preso no seu próprio labirinto

1. Uma dúvida sobre o papel de Paulo Portas no meio desta rebaldaria


Há uma dúvida que tenho. Paulo Portas não tinha ficado responsável por desarrincar cortes na despesa pública que somassem o tal número cabalístico dos 4.000.000 milhões? A reforma do Estado não lhe tinha sido depositada nas mãos? Pergunto.

Agora o inteligente Passos Coelho enviou uma carta à toika (assim se gere um país: o primeiro ministro define as grandes medidas de actuação, correspondendo-se com os funcionários da troika). Nessa carta parece que diz que já tem umas luzes: que pode sacar mais algum dinheirito aos desempregados e doentes, pode passar a definitivos os cortes temporários nos ordenados dos funcionários públicos e outras tantas coisas. Isso fazia parte do trabalho de Paulo Portas? Pergunto.

Se sim, porque é que isso não é dito claramente?

Se não, o que é que aconteceu? Nesse caso, das duas uma: ou o putativo Pasteleiro de Massamá se marimbou para o trabalho de Paulo Portas ou Paulo Portas se marimbou para a incumbência de Passos Coelho. Qual das opções é a verdadeira? Pergunto.

O que é que está a acontecer neste diabo de governação, que ninguém percebe nada do que anda a ser feito, ou de quem é que manda, se é o Passos ou o Gaspar ou ninguém (esta última hipótese não deve ser descartada: há organizações em que a liderança é tão fraca e os intervenientes tão medíocres que ninguém manda coisa nenhuma)? Que raio de palhaçada se está a passar? Pergunto.



Vítor Gaspar e o seu subordinado Passos Coelho:
Envergonhados? A dormir? A ver se passam despercebidos?

***

2. O triste papel a que Paulo Portas e o CDS se estão a prestar


Quanto às bocas do Pires de Lima dizendo que quer uma remodelação como deve ser, ou quanto às boquinhas sobre se Paulo Portas tinha ou não razões fundamentadas para se baldar à tomada de posse, só tenho a dizer uma coisa: outra palhaçada.



Vítor Gaspar a vender a sua banha da cobra
perante a passividade do  sujeito que se faz passar por Primeiro-Minsitro


Os meninos do CDS podem fazer fitas todos os dias que o resultado é o mesmo: Passos Coelho continua a fazer o que o Gaspar quer e o Gaspar não faz ideia do que faz, é um nabo, um incompetente que não acerta uma, um sujeito que arruina o país sem perceber o que anda a fazer (ou fazendo-o deliberadamente, o que também não abonaria a seu favor)- e o Paulo Portas faz parte disto. 

Se este governo continua a desmantelar o país e a desgraçar a vida dos portugueses, a ele, Paulo Portas, líder do CDS, também o devemos. Pode fingir-se muito agastado mas a verdade é que continua a ser conivente com tudo isto.

Patriotismo, Paulo Portas?! Não brinque com os portugueses. Poupe-nos.

Ou não é patriotismo? É medo?

Nestas coisas, quando se tem medo do que aí vem, o exercício a fazer é este: o que é o pior que nos pode acontecer?

Não sabe?

Eu digo-lhe. Step by step

Ia ter com a bela adormecida de Belém e dizia-lhe que já tinha dado demais para este peditório.

A bela adormecida tinha que se mexer. E das três uma: ou convocava eleições ou convidava umas pessoas para um governo de salvação nacional ou arranjava maneira de se fazer um governo oriundo da actual maioria mais PS. Ou outra coisa qualquer - porque qualquer coisa é melhor do que continuarmos nas mãos de gente doida.

A Europa e os investidores (os sacrossantos mercados)  ficavam muito arreliados?

Claro que não.

O que quer que saísse de uma ruptura seria melhor do que este governo de totós e daria certamente mais garantias do que os actuais.

Os credores e a UE, o BCE e arredores os que esperam é que isto continue a rodar para que a desgraça não seja demasiado aparatosa - e todos sabem que, com estes incompetentes, o desastre é certo.

Por isso, não tenha medo. Avance. Ou então, cale-se para sempre.

***


Vítor Gaspar: venha o diabo e escolha
Ou Psicopata Social como há muito alguns o chamavam e agora também Carlos Vargas o chama nas redes sociais
ou Ministro das Finanças da  Troika como na televisão irlandesa lhe chamaram


3. O ridículo internacional a que o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas estão a sujeitar os portugueses


A nível internacional a imagem dos portugueses é a de palermas masoquistas. Ou, então, é a de uma nação refém de um gang de malfeitores ridículos.

Por um lado, Paul Krugman (Prémio Nobel, não nos esqueçamos!) escreve, alto e bom som, no seu blogue The Conscience of a Liberal: Just say nao aconselhando os portugueses a não aceitarem mais austeridade.

Por outro, temos já os media a gozarem com o Gaspar chamando-lhe o Ministro das Finanças da Troika. Aconteceu na televisão irlandesa quando comentavam a inusitada reacção de Vítor Gaspar que, em vez de se agarrar com unhas e dentes, desvalorizou o mea culpa de Ashoka Mody, o ex-responsável do FMI que assumiu que a receita da troika estava errada. 

***


Miguel Relvas, gel no cabelo, risinho matreiro, enquanto Passos Coelho lhe dá música


4. Miguel Relvas: o verdadeiro artista


Falar de Miguel Relvas é falar de fait-divers. Mas, para aligeirar a conversa, vou falar. Pois não é que quando o dão como arrumado, lá aparece ele de novo, ao lado dos ministros, na tomada de posse do Maduro e do Marques Guedes, todo na boa, armado em pintas, new look, gel no cabelo, risinho de quem a sabe toda?

Sabe-a toda... ou melhor: sabe muito. Ou melhor: tem muitos amigos. Ou melhor: Passos Coelho que se cuide. 


*

A ver se ainda cá consigo voltar hoje.

sábado, setembro 29, 2012

Grupo Corpo, Lady Chatterly, Maria Teresa Horta, António Ramos Rosa, Daniel Faria, Maria do Rosário Pedreira - 'les beaux esprits se rencontrent'. E, depois da alma lavada, as opiniões críticas de Paul Krugman e de António Lobo Xavier em relação às suicidárias políticas de austeridade (irracionais e aterradoramente impreparados, dizem eles dos nossos actuais governantes). Hoje é dia grande: Acordai!


A árvore foi a forma de te ver
e desci para abrir a casa.
De me teres visitado e avistado
entre os ramos
fizeste-me passagem
da folha ao voo do pássaro
do sol à doçura do fruto.
Para me encontrares me deste
a pequenez.






                                     Primeiro roço-te                                                             Morrer de amor
                                     as asas                                                                             ao pé da tua boca
                                     suspensas dos teus ombros                        
                                                                                                                              Desfalecer
                                     imaginando apenas                                                          à pele
                                                                                                                             do sorriso
                                     aquilo que depois
                                     mergulho                                                                         Sufocar
                                                                                                                              de prazer
                                     e faço                                                                              com o teu corpo

                                                                                                                              Trocar tudo por ti
                                                                                                                               se for preciso






Que palavra sobe desta brancura cega, deste olhar branco,
que palavra respira em teu olhar perdido sobre este centro deserto?
Que palavra aquece e esfria, da sombra à
luz, do teu corpo ao sol,
da tua sombra ao sol,
que palavra caminha, vive ou morre
no esplendor calcinado?





Onde quer que o encontres -
escrito, rasgado ou desenhado:
na areia, no papel, na casca de
uma árvore, na pele de um muro,
no ar que atravessar de repente
a tua voz, na terra apodrecida
sobre o meu corpo - é teu,

para sempre, o meu nome.


**

O primeiro poema é de Daniel Faria, o segundo e o terceiro são de Maria Teresa Horta (um pouco desformatados, como viram - mas o adiantado da hora, já passa das 2 da manhã, não me permite discernimento para os arrumar melhor), o quarto é de António Ramos Rosa e o último é de Maria do Rosário Pedreira.

O filme foi realizado por Pascale Ferran e é baseado na obra de D. H. Lawrence.

Este bailado do Grupo Corpo, grupo que, como sabem, pelo virtuosismo, sensualidade, graça, energia, tem, desde há muito, um lugar cativo no Um Jeito Manso, é coreografado por Rodrigo Pederneiras.

E, se ainda vos apetecer, gostaria de vos convidar a espreitar o meu Ginjal onde hoje me despeço da música de Boccherini e onde as minhas palavras se enleiam em torno do corpo do meu amor, levada pela onda de Maria Teresa Horta)

**



(Obrigada, Ana, por me ter enviado este filme!)


*

E, agora, se me permitem, transcrevo do Jornal de Negócios:

Na habitual coluna de opinião no "New York Times", intitulada esta semana de "A loucura da austeridade na Europa", Paul Krugman defende que as medidas de austeridade levadas a cabo por países como a Grécia, Espanha ou Portugal "foram demasiado longe". 

"(...)  a verdade é que estes cidadãos estão certos. Mais austeridade não serve nenhum propósito. Os verdadeiros intervenientes irracionais são os políticos, alegadamente sérios, que exigem cada vez mais sacrifícios", escreve o economista no jornal norte-americano. 

"O que a opinião pública destes países está, de facto, a dizer é que chegaram ao limite: com a taxa de desemprego em níveis idênticos ao da Grande Depressão, a austeridade já foi longe demais." 

<>

“Aparentemente”, diz António Lobo Xavier (CDS) , “o primeiro-ministro ficou surpreendido com a reacção dos portugueses” à proposta de aumento da TSU suportada pelos trabalhadores e diminuição da que é paga pelos empregadores. Daí que, diz, “o mais preocupante nesta crise é que” o primeiro-ministro parece que “não conhece o país, não conhece o que é que pensam as pessoas em geral”. 

As manifestações de 15 de Setembro não foram, na visão de Lobo Xavier, apenas posições de “desagrado” para com a austeridade mas foram também “contra um discurso que não bate certo com nada”.

O facto de, dias antes do anúncio das alterações na TSU, o governo ter dito que estava tudo bem “mostra uma impreparação que aterroriza”, afirma ainda António Lobo Xavier. "Como é possível dizer que estava tudo bem, há um mês, e depois virem à televisão anunciar medidas destas", questionou.




*
E, por hoje, é isto. Desejo-vos um belo sábado. O destino somos nós que o fazemos.

terça-feira, fevereiro 28, 2012

Paul Krugman: chega de austeridade! (... e, diz ele, os ordenados se calhar têm que baixar). E, claro, como sou opiniosa, a minha opinião.


Paul Krugman - um homem que fala com clareza
(... e, pasme-se: é economista...!)

Paul Krugman, Prémio Nobel da Economia, chegou, foi homenageado, doutorado e disse. Sobretudo, disse que chega de austeridade, que austeridade a mais é contraproducente, que, se as medidas que estão a ser seguidas não resultarem, se deve evitar tentar resolvê-las com mais austeridade.

Disse que Portugal está numa armadilha, que não tem margem de manobra, que tem pena mas que é assim mesmo. Não tem moeda, não tem economia forte, não tem poder de decisão (acrescenta: quem o tem está em Berlim, em Munique, por aí)

E que o desemprego é um drama. E um grande problema.

E disse que os custos portugueses deveriam baixar face aos custos alemães. Que isso seria possível se a Alemanha aceitasse ter uma inflação razoável. Mas que como a Alemanha é férrea na contenção da inflação, o que resta aos portugueses é verem os seus custos depreciados.

E agora entro eu: do que conheço, o grande problema das empresas portuguesas não tem a ver com os ordenados mas com a produtividade e isto não tem a ver com o que se trabalha - porque se trabalha muito. Trabalha-se é mal. Má gestão. E maus empresários. E é sabido: grande parte dos empresários tem pouca formação académica, uma formação inferior à da formação média dos seus empregados.

E tanto assim é que, como sabemos, a Autoeuropa tem custos competitivos e com bons ordenados - mas é bem gerida...

O que acontece é que a realidade é o que é e não se consegue mudar por artes mágicas. E, assim sendo, a solução mais fácil (e mais injusta) será a de baixar os ordenados. Uma pena. Pior: não vai resolver nada, porque o défice de gestão vai muito para além disso. 

Governo que se prezasse e que fosse constituído por gente capaz, competente e conhecedor do mundo real dos negócios, o que devia fazer era investir em força na formação da classe empresarial (empresários e gestores). Aí reside o grande problema. 

A grande aposta deveria ser no ensino, na formação profissional. É a única saída para este país - que, um dia destes, volte a haver conhecimento e competência em abundância.

Desinvestir no ensino, na formação intermédia e profissional, e mandar embora jovens formados é estar a comprometer muito seriamente o futuro do País.

É que o grande problema deste País é este: as elites são fracas, tão fracas. Por todo o lado: na política, nas empresas, por todo o lado. E é aí e só aí que está o problema. A mediocridade foi alastrando como uma mancha que mata a vida que tenta sobreviver por debaixo. É isso que se tem que combater - não os ordenados de uma classe trabalhadora que já ganha tão pouco e que está sempre disponível para trabalhar e para sofrer mais.  
  

terça-feira, dezembro 27, 2011

Manuela Ferreira Leite, Olivier Blanchard, Mitch Guthman, Paul Krugman - vozes que se levantam contra a política da austeridade cega que conduz à recessão. E um belíssimo vento em bailado e uma pequenina luz em poesia.



Nunca atribuir à malícia o que pode perfeitamente ser explicado pela incompetência.

A frase, tão oportuna, é de Napoléon Bonaparte e abre o último post de Mitch Guthman, cuja leitura vivamente recomendo.  Aí pode ler-se, por exemplo, que os tecnocratas da classe política europeia são como o aprendiz de feiticeiro que joga com arrogância com as forças elementares que estão muito para além da sua compreensão e da sua capacidade de controlar.

E continua explicando como estes aprendizes que nos governam, de cada vez que, muito convictamnete tomam medidas, só estragam ainda mais. E, diz ele, fazem-no não por alguma particular malevolência mas apenas porque são incompetentes.

Neste texto, Mitch Guthman refere-se ainda ao post de Olivier Blanchard - director do Departamento de Estudos do FMI, artigo publicado no blogue do FMI, em que ele aponta 4 razões para que a Europa esteja na desgraceira que está (artigo intitulado 2011 in review: four hard truths cuja leitura, de novo, vivamente vos recomendo) - e termina referindo o artigo de Paul Krugman no qual este compara a cura de austeridade que alguns países europeus vêm seguindo como as mezinhas da idade média em que os doentes não morriam da doença mas morriam da cura.

Pelo meio, Guthman diz ainda que, ao ter-se entrado no ciclo viocioso da austeridade, recessão, austeridade, recessão, uma vez que os governantes ainda não perceberam que assim não recuperam a confiança dos investidores, será preciso correr rapidamente com eles.

Já por cá, este fim de semana, no suplemento de Economia do Expresso, Manuela Ferreira Leite que não se cansa de alertar para o gravíssimo disparate que é esta política, comparava o que se está a fazer com a atitude de quem, vendo que uma embarcação está a meter água, desata a aliviar carga, deitando tudo fora, ferramentas de reparação, mantimentos, tudo.


Como para falar com gente do calibre de Passos Coelho & C.ia. é preciso ser-se muito explícíto, de preferência fazendo um desenho porque estes recém licenciados percebem melhor com bonecos, Manuela Ferreira Leite conclui que, no fim da operação de resgate, a embarcação estará certamente muito mais leve mas que será, também imprestável. Ninguém mais poderá sobreviver a bordo de tão frágil e desprovida embarcação.

Mas volto ao, a todos os títulos extraordinário, texto de Olivier Blanchard que, inclusivamente tem chamada de primeira página no site do FMI.


Blanchard resume a quatro as razões para que, depois de tantas 'intervenções', a Europa esteja pior no final de 2011 do que no início.

Não vou resumir aqui o seu brilhante texto pois acho que deve ser lido na íntegra. Vou apenas apontar que, se ele não diz coisas espampanantemente novas, a verdade é que as sistematiza de uma forma que nos aparecem como inequivocamente cristalinas - e percebemos que os mercados estão a comandar o mundo, que a Europa está entregue a pessoas sem liderança que andam ao sabor dos acontecimentos, incapazes de traçar um caminho, incapazes de cumprir sequer o que vão alinhavando nas sucessivas cimeiras, que as percepções do mercado influenciam as taxas de juro, as quais fazem disparar a dívida, a qual, na ausência de medidas decentes, criam problemas de solvência, que as medidas de austeridade criam recessão, que com recessão não há capacidade para crescer, sem capacidade para crescer não há capacidade para pagar as dívidas.

Trancrevo um parágrafo para os preguiçosos ou cépticos que não queiram ler o texto todo: "I should be clear here. Substantial fiscal consolidation is needed, and debt levels must decrease. (...) It will take more than two decades to return to prudent levels of debt. There is a proverb that actually applies here too: “slow and steady wins the race.”

Claro que lendo textos assim, fico um pouco apreensiva porque uma coisa é lermos análises de gente inteligente, culta, capaz de elaborar raciocínios e outra muito diferente, dramática mesmo, é estarmos entregues a gente fraquinha, fraquinha, muito fraquinha, irremediavelmente fraquinha, desgraçadamente fraquinha. Mas, como tendo a ser optimista, penso também que textos destes são boas notícias. Quando Olivier Blanchard, o Director de Estudos do FMI, começa a falar assim em público, quando o Professor Paul Krugman, prémio Nobel de Economia de 2008, começam a bater-se fortemente contra esta política estúpida e suicidária, quando tantas vozes tecnicamente insuspeitas começam a demonstrar os danos irreversíveis que esta política está a causar, acho que poderemos ter alguma esperança. A mudança costuma começar assim.


Ok. E por falar em esperança... falemos em ventos de esperança, falemos em ventos brancos, em leveza, em coisas magníficas. Voemos.

(E agora dirijo-me aos corações empedernidos, aos que acham que ballet é coisa de meninas, e dirijo-me também aos que acham que eu sou intolerante para com as patetices do grupinho do Pedrocas, Relvas, Gaspar, Moedas e Companhia, dirijo-me aos que costumam armar-se em mauzões ou malandrecos e que costumam mandar-me ler ou ver coisas de outras eras, e digo-vos: desta vez apenas me cingi às opiniões de pessoas tecnicamente reconhecidas pela sua competência, desde um Prémio Nobel, ao IMF Director of Research Department, passando por Manuela Ferreira Leite, ex ministra das Finaças e ex líder do PSD. Por isso, deixem-se de maus feitios e venham voar, ok? Vamos lá a arejar essas cabecinhas mal informadas, ou ultra-liberais, ou conservadoras, ok? Venham daí comigo, que eu vos perdoo.

Vá, não se zanguem, estou a brincar....

Meus amigos - vamos voar que tomara que estes meus ventos brancos sejam prenúncio de arejamento, de mudança. E são lindos, lindos.).




Marina Kanno and Giacomo Bevilaqua do Staatsballett Berlin, com música dos Radiohead


                                 Uma pequenina luz bruxuleante
                                 não na distância brilhando no extremo da estrada
                                 aqui no meio de nós e a multidão em volta
                                 une toute petite lumière
                                 just a little light
                                 una picolla... em todas as línguas do mundo
                                 uma pequena luz bruxuleante
                                 brilhando incerta mas brilhando
                                 aqui no meio de nós
                                 entre o bafo quente da multidão
                                 a ventania dos cerros e a brisa dos mares
                                 e o sopro azedo dos que a não vêem
                                 só a adivinham e raivosamente assopram.

                                 (Início do poema 'Uma pequenina luz' de Jorge de Sena)



Meus amigos, que a pequenina luz que eu começo a ver ao fundo deste túnel assombrado onde nos querem manter, seja vista por muito mais pessoas, que a pequenina luz cresça e que, em breve, nos ilumine a todos, brilhando no meio de nós.