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sexta-feira, janeiro 31, 2025

Qual a pressa em descobrir já quem vão ser os candidatos a Belém? Está tudo deserto por se ver livre do Marcelo, é isso?

 

Não percebo. Que eu saiba, antes disso, ainda há as autárquicas. 

Ora, a este nível, há objectivos relevantes a ter em atenção. Por exemplo, há que correr com o cagalhoças papagaio que anda a dar cabo da reputação da cidade em vez de trabalhar. Em Setúbal, há que voltar a ter Maria de Dores Meira que, enquanto lá esteve, fez ressuscitar a cidade. Por exemplo. 

No entanto, em Lisboa, tomara que venha a verificar-se que Pedro Nuno Santos teve razão ao apontar Alexandra Leitão. Como já referi, tenho muiiiitas dúvidas. Do que lhe conheço, é coisa para a qual não terá um perfil por aí além. Palradora como é, uma palração redonda em que tudo começa e acaba no mesmo sítio, dando várias voltas in between, duvido que os eleitores a vejam como a 'fazedora' que se impõe quer para a função em geral, quer para Lisboa em particular.

Mas não é só nas autárquicas que o Pedro Nuno anda a navegar na maionese. Para as presidenciais, para além do chupa-chupa que deu ao Seguro e que o fez embandeirar em arco achando que a malta ainda não se esqueceu do zero à esquerda que é, continua a dar tiros para o ar como se não tivesse ideia nenhuma do que quer.

Não sei o que vai na cabeça de quem diz que o Vitorino será um bom candidato. A sério... Acreditam no que dizem ou estão apenas a querer parecer-se com ele, dizendo piadas secas atrás de piadas secas?

Não quero saber de sondagens nesta altura do campeonato mas vou já avisando (e já o disse algumas vezes): no Seguro obviamente não votarei, no Marques Mendes obviamente não votarei, no Vitorino obviamente não votarei, no Ventura, escusaria até de dizer: jamais votarei. A única circunstância em que votaria em qualquer dos três primeiros seria se estivessem a ir a jogo contra o Ventura. Aí, entre o diabo e os nhec-nhecs, taparia o nariz e engoliria as minhas convicções, e, pronto, lá votaria neles.

Volto a perguntar: a Elisa Ferreira não teria um bom perfil? Diria que sim. Se for o caso, não haverá quem a convença a sacrificar-se por mais uns anitos? Eu percebo que a ela lhe apeteça sopas e descanso mas, face à exiguidade de candidatos, não seria de alguém lhe falar ao coração? É que seria uma candidata digna, forte, vencedora.

A não avançar e a termos o Vitorino, o Marques Mendes ou o Ventura na corrida, obviamente terei que averiguar qual é a do Almirante pois, por exclusão de partes, pode acontecer que seja a única hipótese razoável.

terça-feira, setembro 28, 2021

Ascensão e queda de alguns. Ascensão e futura queda de outros.

 



Tenho a reconfessar que estas eleições não mexeram comigo. Do pouco que vi na televisão ou do que li, nomeadamente em alguns programas eleitorais, foi o que referi há dias: mais do mesmo.

No entanto, acredito que a vitalidade da democracia se mede também através da qualidade de vida nas cidades (ou vilas) e, para isso, é relevante a competência, a dedicação, o profissionalismo e a visão estratégica das equipas que conduzem os destinos autárquicos. E, talvez por isso, ouço o que dizem os candidatos e acho que deveriam ser todos (ou quase todos) rifados.

No que se refere ao Porto, não vivo dentro nem tenho acompanhado: não me pronuncio, pois. 

Mas sobre Lisboa tenho opinião. Lisboa está magnífica. Pode ter pontos de imperfeição ou pode ter coisas que não funcionam bem. Mas, no cômputo geral, está magnífica. É magnífica. 

A reviravolta no bom sentido começou antes do Medina. Vem de Sampaio, vem do Costa. Mas o Medina executou a estratégia e não desgraçou tudo. Pelo contrário, continuou a melhorar a cidade. Não falo dos bairros históricos transformados em alojamento local. Foi tendência geral, cá e em todo o lado onde o turista gosta de andar. Chama-se gentrificação e é fenómeno global. Não vale a pena armarmo-nos em beatos, querendo ver culpa no vizinho do lado, neste caso no Medina. Não. Voo barato e, portanto, muita procura tem esta implicação: aumenta a oferta. É o mercado, nada a fazer.

Para mim, o pior mesmo, o que o fez perder as eleições, foi a colagem excessiva à imagem do aparelhista bem comportado, o socialista linha soft, menino apertadinho, que vai à televisão falar em nome do PS. Mas quem fala assim, sem garra, fugindo assustado de problema, desfazendo-se em desculpas e mais desculpas mesmo do que não tem culpas, renegando o que for preciso para continuar na primeira fila, dedinho no ar, não pega. Junto do público feminino, então, não pega mesmo. Mulher não gosta de homem com espírito fraco. Ainda por cima, imagem televisiva semanal e monocordicamente gasta a desfiar comentário morno sobre tudo e sobre nada, cansa. A gente quer pensar que na autarquia está um gestor eficiente, um executivo incansável e não um principezinho bem comportado que se dedica ao comentário e ao falatório político. 

E depois tem aquilo das ciclovias. A Penélope explica tudo muito bem. Concordo. Ciclovia é, obviamente, uma boa ideia. Cidade limpa, ecológica, toda a gente gosta. Mas uma coisa é haver avenida larga, passeio largo, coisa planeada ab initio: o peão ou a bicicleta ser quase o rei ou a rainha e os carros um acessório. Isso é bom. O pior é quando o carro está por todo o lado, na estrada, no estacionamento (quando não no próprio passeio), e a estrada é reduzida ou o passeio é cortado ou cruzado por ciclovia e a gente nem saber bem se pode pôr o pé ou deixar criança andar à vontade.

E há mais: do que se comenta por aí, subsiste na Câmara o que de pior existe da velha escola dos boys socialistas, as assessorias pagas a peso de ouro que mais não fazem do que alimentar a intrigalhada partidária e a manha e a amizade ao trabalho de faz-de-conta. Ora isso já não está com nada. Isso e as mordomias que a Guida gorda gosta de ter. O eleitorado já não tem pachorra para isso. O eleitorado castiga.

Pode tudo isto não ser extraordinariamente significativo mas foi o suficiente para Medina ter perdido a Câmara. Como ele disse, por um voto se ganha, por um voto se perde.

A vitória caiu de bandeja no colo do Moedas. Uma ave-rara que promete aos lisboetas, em tempos de paz e de progresso, "sangue, suor e lágrimas", em condições normais levaria uma corrida em osso. Só um wanna be desfasado do realidade se lembrava de tal disparate. 

Dizem que foi um bom Comissário e até acredito. Mas foi também um fiel homem de mão de um inqualificável Láparo e disso eu não posso esquecer-me. Pode não ser totalmente incompetente, pode não ser gatuno, corrupto ou analfabeto. Menos mal. Mas parte do seu passado é negro e o seu presente não revela golpe de asa, visão fora da caixa ou sentido de modernidade. Tomara que consiga fazer um trabalho que não desmereça o legado dos seus antecessores na Câmara. A bem dos lisboetas e de todos quantos cá trabalham ou cá estão de visita, é bom que faça um bom trabalho e, nesse sentido, só posso desejar-lhe boa sorte.

Tirando isso, tenho pena pelo Bernardino. Não sei como foi a sua gestão mas tenho-o em boa conta. 

O mundo vai andando, umas vezes para a frente, outras para os lados, a maior parte das vezes aos tropeções. Mas ninguém suportaria que andasse para trás. E o PCP tem isso: quer ficar preso ao passado, à conversa do já era, aos ideais que já tombaram faz tempo. Pode até ser gente honrada e bem intencionada -- aliás, não tenho dúvida que o é. Mas são sectários ao porem-se do lado errado da trincheira, e errada porque a guerra já é outra. A população já não quer ouvir falar de coisas que já não lhes dizem nada. Aqueles a quem a conversa do PCP ainda diz alguma coisa já estão velhos e em minoria. O eleitorado, na sua maioria, já está noutra. Tenho pena, em especial pelo Jerónimo, o último dos moicanos, um homem digno e sério. Mas é a vida. 

As grandes lutas agora já não são as sindicais, com os sindicatos da função pública à cabeça, a luta agrária, esses temas de antigamente. As grandes lutas agora são as do ambiente, as da luta pela felicidade, pela qualidade de vida, as da demografia, as da diversidade e da inclusão. O PCP não sabe estar nessas lutas. Mesmo quando quer estar, usa um vocabulário de tempos passados. O PCP e essa abstracção chamada CDU voltaram a perder e o pior é que não sabem interpretar as derrotas. Para eles, as derrotas são sempre por culpa alheia. Aos poucos vão caminhando para o próprio fim. 

O Bloco de Esquerda também perdeu e é natural que tenha perdido. Com o viço com que apareceram há uns anos anunciando a diferença, atraíram os que estavam cansados de partidos velhos. Sol de pouca dura. Com esta direcção, Catarina & Manas Mortáguas, o BE vem revelando à saciedade que é sangue populista o que lhes corre nas veias. Num local, não sei onde, perderam um vereador e o Chega ganhou um. Um populista substituiu outro populista. É natural: populismo é populismo, vista-se de esquerda ou vista-se de direita. Não vão acabar bem.

Do CDS não vale a pena falar. Aliás, não há nada a dizer. O perfeito nulo.

Quanto ao PSD, o que tenho a dizer é que as hostes laranjas sabem mexer os cordelinhos autárquicos. Ou não fosse o burocrata Rio um homem do aparelho. Mas o aparelhismo tem perna curta e o ar de quem está permanentemente fornicado com qualquer coisa, seja lá o que for, faz com que a malta queira é vê-lo pelas costas. O ambiente fica pesado com o Rio por perto. Portanto, este balão de oxigénio é coisa que não cura o estertor, apenas o adia. 

Mas adia o tempo suficiente para que a galinha cacarejante tivesse cacarejado, uma vez mais, antes de tempo. Numa campanha de relançamento em que valeu tudo, até sair mediaticamente do armário, Rangel deixou-se embalar pelos que anteviam uma demissão de Rio na noite das autárquicas e, destravado como só ele sabe ser, atirou-se para a frente das luzes da ribalta. Correu-lhe mal. Portanto, dupla sensação de vitória para o sempre aziado Rio. 

Mas vai ser coisa efémera. 

Não sei se sobra alguém mas acho que não. Mas, mesmo que sobre, não teria mais nada a dizer.

Faz falta sangue novo, um olhar novo, um pensamento novo. Enquanto isso não aparecer, isto das autárquicas é uma grande seca.

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Volto para responder ao comentário sobre o Santana Lopes. Não sei bem que diga. Vida mais errática não há. O que ele já fez e desfez, a forma como se lança e depois se cansa, tornam-no não apenas imprevisível como pouco confiável. Há funções para as quais a determinação e persistência são fundamentais e a de presidente de uma câmara (ou de um governo) é uma delas. Ora, determinação e persistência são coisas que a ele não lhe assistem lá muito. Dá ideia que se move pela adrenalina, pelo prazer da novidade. 

Contudo, apesar de toda a aleatoriedade no seu percurso, ao chegar aos sessenta e cinco e continuar a ser assim, abalançando-se para estas coisas, voltando a percorrer uma etapa que já tinha ficado lá para trás no percurso da sua vida, há que lhe reconhecer algum mérito. Mostra que é sobretudo um personagem literário de que um dia alguém fará um filme. É um romântico. Deve ser respeitado enquanto tal. Um dos últimos românticos.

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Para ver se conseguia amenizar a aridez do texto, usei fotografias de Niki Colemont
e trouxe Birdy com Evergreen para nos fazer companhia

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Desejo-vos uma boa terça-feira.

Boa sorte. Saúde. Confiança.

segunda-feira, setembro 27, 2021

Autárquicas 2021: muito renhidas. Mas, no final, ganharam todos.

 

Depois do momento religioso e do momento de aconselhamento conjugal, já não sei com que mais encher o chouriço da espera pelos resultados finais. Por isso, venho só aqui para dizer que façam lá o favor de me desculpar mas vou dormir sem me pronunciar.

Falta saber Lisboa. E creio que também, já agora, Setúbal. Os resultados devem estar enguiçados pois nunca mais é sábado. Mas, de tudo o que se sabe, que é quase tudo, todos perderam um niquinho de coisa nenhuma mas ganharam muito mais em todo o lado. Como sempre, todos ganharam. Ainda bem.

TAgora uma coisa devo dizer. Toda a gente apareceu tranquila com excepção para o maluco do Rio que anda sempre fornicado, vá lá a gente saber porquê. É um enjoado e um mal disposto. Mas, apesar disso, podia disfarçar e mostrar-se contido e decente. Mas não. Está sempre furioso. Vá lá a gente saber porquê. 

Enquanto escrevo, vejo sinais de festa na sede do Moedas com a Madame Cristas da Coxa Grossa mais o seu devoto marido a andarem a espalhar sorrisos pelo pedaço. Mas de oficial não sei de nada. Provavelmente ganhou. Mas, seja o que for, dá no mesmo. Apertadinho por apertadinho, venha o diabo e escolha. O que posso dizer é que, se o Medina perdeu, perdeu bem, fez por isso. Se ganhar, é sorte.

Quanto às conclusões nacionais não as retiro. O voto autárquico tem pouco a ver com o legislativo. 

Quanto aos líderes dos partidos só posso dizer que o único que se aproveita continua a ser o Costa. De longe, muito longe. É um líder para todas as ocasiões. 

A seguir, pela dignidade, o Jerónimo. Mas o Jerónimo anda num filme que já não tem nada a ver com nada. 

Quem leva o troféu do pior líder é o Rio. Um totó. Insuportável. Totó e chato, uma mistura do mais desagradável que há.

O Ventura é uma nódoa mas engana bem os incautos. Portanto, é um perigo. Levaria o troféu do líder mais perigoso se eu estivesse para dar troféus a nódoas. Não estou. Era o que faltava.

O troféu para o líder mais populista vai para a Catarina Martins. Em qualquer situação, pula-lhe o pezinho para o populismo.

O troféu para o mais irrelevante vai para o Chicão. Um zero. Aproveitam-se os olhinhos azuis que são bonitos e os poucos apoios que obtém vêm certamente daí. Só pode.

E agora vou dormir que daqui a nada tenho que estar a pé. Devia escolher umas imagens e uma música para acompanhar isto mas o quê? Só se for a Rosinha mas a esta hora já não tenho saco para as pirolitices da Rosinha.

quarta-feira, setembro 22, 2021

Autárquicas 2021 -- é impressão minha ou é tudo mais do mesmo?

 



Há vários dias que praticamente não vejo televisão. Cansa-me a televisão. Quando não estou nas minhas lides profissionais ou nas minhas coisas de casa ou de família, e antes de vir aqui cumprir o vício do dia, vejo Homeland (a extraordinária série que em português dá pelo nome de Segurança Nacional). De cada vez que abro a netflix aparece-me anúncio de outras séries e várias delas me parecem tentadoras. Como o tempo escasseia, cinjo-me à Carrie e ao Quinn e ao Saul e ao Brodie e a todos aqueles fantásticos personagens que me trazem presa à intriga internacional e ao jogo mais do que duplo e tantas vezes sujo da espionagem e da contra-espionagem. 

E, se aqui à noite espreito as notícias nos onlines, nada me convoca. Cá pelo burgo tudo gira em torno das autárquicas. Em termos de notícia, é tudo coisa de interesse nulo. Identicamente, de cada vez que vejo um cartaz ou um folheto, tendo a achar que é quase tudo de uma tremenda falta de imaginação. 

No outro dia, quando andávamos a caminhar, vimos dois homens a andar junto às vedações das moradias. Achei aquilo intrigante. Tinham bom ar, é um facto. Não era gente de que se suspeitasse que andasse a ver se dava para assaltar alguma casa. Nada disso. Reparei que tinham qualquer coisa na mão. Pensei que, quando nos cruzássemos, nos dissessem qualquer coisa ou dessem um papel. Isto se andassem a distribuir papéis. Poderiam ser Testemunhas de Jeová, que andam sempre aos pares. Mas os das Testemunhas têm um ar menos urbano e andam todos mais arranjadinhos. Estes tinham um ar desempoeirado. Bom ar, já o disse. O meu marido disse que deviam ser de alguma imobiliária. Cruzámo-nos com eles sem lhes darmos atenção e eles também não nos deram. Nem atenção nem qualquer papel.

Mais à frente, noutra rua, junto a uma outra moradia, vimos uma mulher muito vistosa, ampla melena platinada. Foi deixar um papel na caixa de correio. O meu marido disse: ''Vês? Não te disse? Acho que esta é da remax'. Não fiquei convencida que os outros também andassem ao mesmo.

Hoje fui ver a caixa de correio e, para além das cartas, tinha vários papéis. Remexi os papéis para ver o que ali havia. De agências imobiliárias, de empresas de obras e reparações e, vários, de partidos. E, de repente, ao ver as fotografias de um dos papéis, juraria que eram os dois que tínhamos visto. Pelos vistos andam por aí, pelas casas, a distribuir folhetos. 

Dei-me ao trabalho de ler alguns: uma ou outra ideia vagamente interessante mas, em geral, mais do mesmo. 

(As ideias que eu teria para o meu município... Caraças, as ideias que eu teria.)

Esta gente é muito virada para o passado: 'o que nós fizemos', a 'obra feita'. Ou, se é para a frente, nada mais é do que replicar a dita 'obra feita'. Mais do mesmo. Não há um golpe de asa, não há uma disrupção para partir para outra. Não há uma verdadeira visão de cidadania, de conhecimento, de partilha, de modernidade. Ora, sem modernidade não há futuro que valha a pena.

Não vejo escolas abertas para gente de todas as idades, espaços de arte e de investigação, bibliotecas e museus abertos e livres, creches e residências seniores abertas, voluntariado a sério, mobilização dos cidadãos para o arranjo e limpeza das casas e das ruas e dos jardins, a natureza dentro dos espaços urbanos -- mas com uma visão moderna, a começar na arquitectura de todos os espaços (que é determinante para abrir mentalidades). Não vejo propostas arrojadas, daquelas que nos deixam de boca aberta, daquelas que nos fazem ficar a pensar. Não vejo.

A cidadania constrói-se caminhando nos caminhos da democracia. Mas constrói-se sem peias, sem ditames, sem preconceitos, sem amarras a feudos ou preceitos partidários, sem a disciplina das casas burocráticas em que nas concelhias ou nas distritais se cozinham os tachos, os favores, os amiguismos.

Estive a pesquisar na net alguns programas partidários de autarquias que não a capital: tretas. Só de olhar para as caras de parte das listas, logo se vê que é gente arregimentada nos partidos não por terem uma visão de futuro para as autarquias mas por serem disciplinados e acéfalos. Não vamos longe assim.

Não vou referir nem autarquias nem listas (até porque numa delas concorre um meu sobrinho) mas direi que, salvo uma ou outra honrosa excepção, é tudo o nosso portugalzinho a marcar passo. 

Não nego que o país está mil vezes melhor agora do que estava há vinte anos. Mas o que digo é que, salvo algumas modificações verdadeiramente diferenciadoras (do que conheço, grande parte delas em Lisboa e grande parte relacionadas com urbanismo -- honra seja feita a Manuel Salgado), o resto é um mero melhorzinho na continuidade.

O país pode e deve dar um salto qualitativo: temos uma geografia e um clima extraordinários, uma beleza natural ímpar, temos mão de obra bastante qualificada. Temos tudo para atrair imigrantes que nos façam abrir os olhos à diferença e à inclusão, temos tudo para lançar programas de apoio à natalidade, temos tudo para atrair e fixar jovens, temos tudo para nos tornarmos um lugar de futuro -- em vez de continuarmos a ser um país envelhecido, em que quase não nascem crianças, em que grande parte do país ainda parece que vive no século passado, em que ainda há demasiados guetos de pobreza e marginalidade. 

Hoje soube de um jovem que acho muito promissor e cuja selecção passou por mim há cerca de um ano: tenciona ir-se embora daqui por uns meses. Terá dito que já pouca coisa o prende cá. Senti uma enorme tristeza. Disse para o desafiarem a ficar connosco, em teletrabalho a partir do outro país para onde quer ir para se juntar à namorada. Não me interessa onde é que ele viva nem a partir de onde trabalha. Gostava era que continuássemos a contar com ele. Olharam-me com estupefacção mas depois deram-me razão. O mundo mudou. E as nossas mentes também têm que mudar. O mundo pode e deve organizar-se de outra maneira. E as cidades, as vilas e as aldeias têm que saber acolher estas novas formas de viver.

Acho eu de que.


Inté. Vou pregar para outra freguesia.

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As fotografias aqui usadas são do 2021 WildArt Photographer Of The Year

Sheku Kanneh-Mason acompanha-nos em Nimrod de Elgar

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Mas, antes de me ir, que entre Sergei Polunin com The Road To Eternity

Voa, Sergei, voa


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Desejo-vos uma feliz quarta-feira
Saúde. Alegria. Motivação.

quinta-feira, agosto 19, 2021

Perseguições, tiros, esguichos, cartazes, slogans e etc.

 

Foi a minha filha que, no outro dia, in heaven, se lembrou de que ali seria bom para fazerem paintball. Claro que isso desencadeou logo um movimento a favor. E até que a coisa se concretizasse foi um ápice. O meu filho, antes fervoroso praticante, ocupou-se do procurement. 

Hoje juntaram-se todos aqui para jogar na zona da horta. Não há a largueza que há lá no campo mas dá para principiantes. Antes, o meu filho enviou as regras para que todos os guerrilheiros as soubessem de cor e salteado. Enviou também instruções para o dress code (calas de ganga, blusas de manga comprida, ténis).

Portanto, todos vestidos a rigor e na posse da sua arma, com a máscara posta e sabendo já as regras, deu-se início à refrega. O meu marido esteve de árbitro. Num lugar mais elevado zelou para que não houvesse batotas nem lesões desnecessárias. A minha filha ficou a cronometrar os ataques. Eu a fazer a reportagem. Os demais participaram, alinhando-se em equipas adversárias. O mais pequeno, que estava de máscara mas como mero acompanhante do pai, aborreceu-se fortemente, também queria uma arma. Como tal não é possível, desatou a chorar, desgostoso. Melhor: furioso. Felizmente a tia tinha no carro uma arma de água, usada na praia. E assim foi que, no meio daquela guerrilha, o mais pequeno desestabilizou toda a gente, guerrilheiros, árbitro e repórter, encharcando-os a todos. Creio que apenas poupou a tia, vá lá saber-se porquê.

Durante os raids, com disparos, gritos e corridas, o que se ouvia mais eram os gritos contra o jovem aguadeiro.

E, no final, no rescaldo, ninguém se tinha lesionado ou ficado especialmente magoado mas quase toda a gente estava um pinto. 

A maior vítima foi a irmã, jovem guerrilheira que evidenciou ter, sobretudo, espírito pacifista. Ao invés dos demais que se perseguiam, atacavam ou armavam emboscadas, ela ficava escondida, esperando que ninguém desse por ela. De vez em quando disparava umas balas (para quem não saiba, as balas aqui são umas bolinhas biodegradáveis, de gelatina com tinta no meio), sem se perceber qual o objectivo pois, aparentemente, não visava nenhum alvo. Foi, pois, vítima fácil do irmão que a deixou a pingar.

Entretanto, eu tinha encomendado pizas. Por razões que devem ter tido a ver com a elevada procura, apenas chegaram cerca de hora e tal depois, já tudo estava cheio de fome e o meu marido impaciente e, como é seu costume, a atirar-me as culpas, no caso por não as ter encomendado logo às seis da tarde.

Jantámos já noite, de luz acesa -- na rua, claro -- e toda a gente conversou enquanto devorava as ditas. 

Quando aqui cheguei ao sofá pensei que não ia conseguir escrever nada, de tal forma estava cheia de sono. É que hoje, para mal dos meus pecados, a alvorada tinha sido, uma vez mais, com as galinhas. E, também para mal dos meus pecados, não apenas, de véspera, tinha ido para a cama a horas inconfessáveis como tinha ido sem sono. Portanto, foi mais uma noite de descanso insucedido. Enquanto eles cá estão, estou bem, sem sono ou cansaço. A alegria de os ter juntos e alegres na companhia uns dos outros é tanta que qualquer vestígio de cansaço se dissipa na íntegra. Mal viram costas e chego ao sofá, volta em força. Chama-se a isto falta de férias. E, para esse padecimento, só há um tratamento possível: férias.

No meio destas minhas azáfamas e little afazeres ainda nem prestei atenção às autárquicas. Os cartazes já por aí andam mas parece que o espírito da coisa ainda não baixou em mim. Acho que já tenho claro em quem vou votar mas, ainda assim, gostava de conhecer as alternativas. 

Mas há com cada cartaz... Em alguns casos é o mau gosto da pose ou o ridículo excesso de photoshop tirando vinte anos aos visados, noutros é o próprio fácies dos próprios que não ajuda. 

Sei que não o devia revelar pois há coisas que, a priori, se sabe que não são especialmente bem comportadas ou politicamente correctas. Mas ninguém aqui é perfeito nem tenta fazer-se passar por isso. Portanto, vou contar.

É que o máximo de atenção que temos prestado às autárquicas é quando, indo de carro, nos deparamos com os cartazes. De um, o meu marido disse: 'Não deviam ter feito um cartaz com esta gaja. Com uma cara destas, haverá alguém que vá votar nela...?' e eu dou-lhe razão. Há caras que não enganam. Pior foi o comentário quando viu um cartaz com três mulheres. Disse: 'Deixem passar, deixem passar, nós somos fufas e o mundo vamos mudar'.

Parafraseava, como é óbvio, os ditos da célebre manif abaixo reportada e da qual tive conhecimento através de Mestre Plúvio ao partilhar tão preciosa pérola:


E, de facto, olhando aquelas três naquele cartaz, a ideia de participarem numa manif com aquele maravilhoso grito de ordem parece-me muito possível. Não que a orientação sexual dos candidatos tenha alguma coisa  a ver com a orientação política de quem neles vota mas, ainda assim, não sei se aquele cartaz, com aquelas três, com as expressões e, sobretudo, os penteados que têm, faz muito sentido.

Apenas acrescento que o meu marido tem uma característica: pega na letra de uma canção e mantendo a métrica e o tom, troca-lhe as voltas, vira-a do avesso, torna-a absurda ou maliciosa. Felizmente só exercita esse seu dom ao pé de mim pois, geralmente, é altamente inconveniente. Desta vez, trocou parte do slogan e tornou-o absolutamente impróprio para salão. Mas, lá está, manteve a métrica e o sentido. Levou-o foi ainda mais longe. Tanto que obviamente não o posso aqui revelar. Private, private jokes.

E, para já, sobre autárquicas, é o que me apraz dizer. E, sobre qualquer outra coisa, para já, é a mesma coisa: aos costumes digo nada.


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Pinturas de Hsiao Chin ao som de Catrin Finch que interpreta Clear Sky

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Um dia bom.
Saúde. Alegria. Força. Esperança.

sábado, julho 03, 2021

Cidades que estão a salvar o Planeta

 

Durante anos alimentei a ideia de que trabalharia em ambiente empresarial durante metade ou um pouco mais da minha vida activa profissional, altura em que me dedicaria a uma actividade autárquica sendo que, aqui, não fazia por menos: queria ser presidente de uma grande câmara.

Acho que já contei: um dia o meu marido, que apoiava esta ideia, comentou isto com um amigo que, por acaso, na altura, era presidente de um partido que tinha, na altura, relevante peso autárquico. E ele disse-lhe: 'Ela que fale comigo'.

E eu, ao ouvir isto, captei a essência do que, até então, queria escamotear: para se abrir caminho na via sacra autárquica teria que ter o respaldo de um partido. Ora isso era e é coisa que me longínqua. O mundo partidário é uma realidade que não me assiste.

Na minha cabeça, ou melhor, na minha santa ingenuidade, uma ingenuidade completamente alienada, eu apresentava-me a votos apenas com as minhas ideias e os autarcas dar-me-iam o seu voto de confiança.

Quando desisti da ideia, porque o meu objectivo não era outro senão ajudar a dar forma a uma cidade saudável, inclusiva e feliz, resolvi contribuir com ideias junto de quem presidia à minha autarquia. Escrevi, dei numerosas ideias. Eu via a cidade a tornar-se uma cidade das artes e da natureza, com esculturas e demais arte pública, residências de artistas, galerias e zonas de convívio, parques, jardins, lagos, hortas colectivas, bosques, zonas pedonais, ciclovias. E escolas abertas, para qualquer idade: escolas de artes, de danças, de literatura, de história, de política e cidadania, de saúde, de agronomia e jardinagem, coisas assim. Escolas para qualquer idade. E residências e escolas para imigrantes. E mais. E colocava-se à disposição para ajudar da forma que melhor entendessem.

Nunca tive qualquer resposta nem nunca vi qualquer das minhas sugestões passada à prática.

É uma pena que me fica, a de não poder contribuir para mudar substancialmente uma pequena parcela do meu país.

Há tanto para fazer...

Agora, ao abrir o Youtube, tinha a sugestão de um vídeo da BBC Earth com locução de David Attenborough e, claro, tive que ir ver e, claro, gostei muito. Partilho-o convosco.

Cities That Are Saving The Planet

It is all too easy for us to lose our connection with the natural world, but some cities are beginning to shape themselves around it. 


E, já agora, não uma cidade mas um país. É certo que é país pequeno, com umas características muito próprias. Mas tenhamos a abertura de espírito para o vermos como um exemplo e não como uma distante excepção.


This country isn't just carbon neutral — it's carbon negative


Deep in the Himalayas, on the border between China and India, lies the Kingdom of Bhutan, which has pledged to remain carbon neutral for all time. In this illuminating talk, Bhutan's Prime Minister Tshering Tobgay shares his country's mission to put happiness before economic growth and set a world standard for environmental preservation.

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Até já!

terça-feira, outubro 03, 2017

A grande vitória do PCP em Setúbal.
Perdão. Corrijo: a grande vitória da Maria das Dores em Setúbal.
E a grande derrota do PCP em Almada.
Perdão. Corrijo. O voto de confiança de Almada na Inês de Medeiros


Enquanto nas televisões e nos jornais todos se afobam a ver quem aparece com o comentário mais inteligente e todos têm explicações elaboradas para tudo o que aconteceu, eu, moça simplória, para tudo o que acontece tenho explicações simples.

A saber.

Setúbal.

Vitória do PCP coisa nenhuma. Vitória da Maria das Dores, isso sim. Por acaso, a Maria das Dores é do PCP mas podia ser do PS, do BE ou ser independente. Algures no tempo deu-lhe para ali e por ali se foi deixando ficar. Mas, cá para mim, é tão comunista como eu. Mas também não é grave porque, para o efeito, não faz grande diferença.


O que ela é é trabalhadora, empática, gosta de ter a cidade arranjada, vê-se obra. 

Em tempos passou por lá, por Setúbal, um burgesso, qualquer coisa Cáceres, não me lembro do nome do homem. Toda a gente abominava tal pessoa. Uma coisa na base do pato-bravo desqualificado que descaracterizou a cidade e deixou má memória.

Setúbal assolada por crises de desemprego, as fábricas a despejar gente para as ruas e, na autarquia, um matrafão que arrancava árvores, que empedrava tudo, que atafulhava a cidade do que a cidade não precisava.

Foi-se embora mas a fasquia inferior ficou bem definida. Uma coisa assim, jamais. De facto, a preocupação, ao votar, é que seja em alguém que seja o oposto dele. Depois dele, a malta só quer gente civilizada, de boas contas e boas maneiras, e capaz de sorrir.

Acontece que a Maria das Dores, pelo que se tem visto, é assim mesmo -- e, portanto, a milhas do tal bicho de má memória. E é bonita, bem arranjada, sorridente. Não sei como consegue ter sempre o cabelo tão bonito e ter tempo para aparecer sempre bem maquilhada e bem vestida. É agradável para a população ter uma presidente assim. E a cidade está bonita, cuidada, tem sido valorizada, e há eventos culturais, e ela tem sabido promovê-la e os turistas enchem a cidade, tornando-a vívida, alegre.

Portanto, sem pestanejar, as pessoas votam nela. E votariam se ela fosse de outro partido qualquer pois votam é nela. E era bom que o PCP percebesse isto. 

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Inês de Almada - a rive gauche a quem a merece


É o reverso do que aconteceu em Almada. As pessoas votavam no PCP porque, em regra, se admite que os comunistas são autarcas geralmente competentes e porque nunca tinha surgido candidatura alternativa com boa cara. De facto, os outros partidos sempre olharam para Almada como uma coutada comunista. Por isso, nunca lá punham ninguém de jeito. 

Desta vez o PS pôs a Inês de Medeiros. E ela é simpática, fala bem, olha-se para ela e espera-se que se porte bem, que traga uma maneira diferente de fazer política -- e o PS apresentou um bom programa. Portanto, uns eleitores, talvez aqueles mais conservadores, ainda se deixaram ficar -- mas os outros resolveram ver se é desta que aparece uma boa lufada de ar fresco. Tão simples quanto isto. 



E era bom que o PCP também o percebesse. Nem tanto a ver especialmente com o PS, nem com o efeito da Geringonça (que esvazie o papel do PCP) ou com qualquer outra razão metafísica.  Almada votou na Inês de Medeiros sobretudo porque existe saturação da pasmaceira comunista e uma vontade de ter orgulho na cidade em que se vive e de ver acontecer coisas novas (como a Isabela explica no seu blog).


A velha guarda que votava no PCP por razões ideológicas, recordando os duros tempos do fascismo, é cada vez menor. Agora, para quem não é dos tempos da 'longa noite fascista', das torturas de sono, das vidas clandestinas, etc, os comunistas são vistos como os da CGTP... e pouco mais. E, nas autarquias, são vistos como gente competente e honesta mas sem grande rasgo, sem asas, sem serem capazes de abrir caminhos de modernidade.


A minha mãe hoje dizia-me: 'Antes do 25 de Abril, o PCP ainda se justificava. Agora hoje...? Não. Já não se justifica'. E, no entanto, votou na Maria das Dores. Chamei-lhe a atenção para a contradição. Mas ela confirmou o que eu já sabia: 'Não. Não votei no PCP. Votei foi nela'. Tal como em Almada votaram na Inês de Medeiros.


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segunda-feira, outubro 02, 2017

Passos Coelho é apeado do PSD nas Autárquicas de 2017.
[E eu só estou para ver se ainda não é desta que o Láparo percebe que o melhor é sair da política portuguesa pelo seu próprio pé]
-- Post em actualização permanente --
(Cristas a cantar de galo, Rui Moreira a mostrar que tem maus fígados, Isaltino a provar que os portugueses são exemplarmente inclusivos, Jerónimo de Sousa a achar que os eleitores se enganaram, Passos Coelho a ameaçar que não se vai embora nem por mais uma, António Costa naturalmente feliz, Fernando Medina, radiante, motivado e com vontade de fazer mais. E a estrondosa queda de Almada.)



Enquanto vejo a hecatombe dos resultados do PSD nas grandes autarquias -- um valente pontapé nos autarcas laranjas e um humilhante rombo no seu já escasso orgulho partidário -- e começo a ouvir os comentadores, alguns do próprio PSD (Manuela Ferreira Leite, por exemplo), a indicar o caminho da porta ao incompetente Passos Coelho, interrogo-me: será possível que a lápara criatura continue alapada à presidência do partido ou terá a hombridade de nos aparecer de corda ao pescoço a anunciar que finalmente percebeu que os portugueses não o querem ver nem pintado?



Estou para ver. Eu, se fosse às televisões, arranjava uma daquelas apps que junta adereços às imagens e, quando o nefasto líder do PSD aparecesse nas imagens, juntava-lhe umas orelhas de burro e um rabo a sair-lhe das calças.

Uma aberração destas, que durante anos deu cabo do País e prejudicou a vida de grande parte dos portugueses, tem que sair do palco político debaixo de pateada geral, debaixo de uma saraivada de apupos -- para que perceba de vez que queremos que nunca mais nos apareça pela frente. Imagino que os sociais-democratas lhe estejam com um pó muito superior ao do resto da população mas, seja como for, o que tenho a dizer em relação ao láparo, na prática já um ex-líder, é: Vade retro satana.

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madame cristas gif

Claro que a Madama Cristas canta de galo. Como não? Uma bigodaça das valentes no PSD lisboeta... Claro que até o rato Mickey ganharia à Leal ao Coelho mas é um facto: a Sãozinha andou a bater perna por aí, com peixeirada populista e pouco mais (nada do que diz, espremido, deita sumo) -- mas, reconheça-se, esforçou-se, saíu-lhe do pêlo e, o eleitorado de direita, não tendo melhor alternativa, entregou-lhe o voto. Está de parabéns, claro, tanto quanto o PSD está de luto.


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Entretanto, vejo o senhor do PSD Porto, Álvaro Almeida (acho eu), a assumir a banhada, outra banhada das antigas, e, no meio do desastre, a congratular-se por ter ganho a Junta de Freguesia de Paranhos. E todos os que lá tinha com ele bateram palmas. E eu, que tenho bom coração, até me senti condoída. Ao que o PSD chegou para ficar contente por ter ganho Paranhos.


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Fotografia pequenina a condizer com a pequenez do discurso de vitória

O discurso de Rui Moreira foi uma vergonha, uma coisa ao estilo Cavaco: ressabiado, a ajustar contas. Nem se percebeu aquela conversa. Quem não sabe ganhar, revela que não é de fiar. Ganhou hoje mas não vai longe. Gente com maus fígados acaba corroída pelo seu próprio fel. 

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Estou a ouvir Isaltino e estou intrigada com um senhor com um corte de cabelo muito curioso e meia barba que está atrás dele, com uns olhos muito abertos, e que não pára de abanar a cabeça, para cima e para baixo, com um ar vagamente vingativo. Bate palmas como se estivesse a ajustar contas. Medo...


De resto, dizer o quê? Os Oeirenses quiseram de volta aquele que os tribunais provaram que se abotoou; mas desculpam-no, dizem que, pelo menos, fez obra. Os Oeirenses são assim, gente inclusiva, que acolhe de coração aberto os ex-presidiários Um exemplo para a sociedade, os Oeirenses (e, claro, as minhas mãos tentam encobrir a ironia -- e a mal digerida perplexidade -- que me vai na alma). Quando se quiser perceber bem como são os portugueses, este caso deverá ser tido em consideração.

Isaltino de novo à frente de Oeiras -- ou a prova provada do bom coração dos Oeirenses
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E agora foi Jerónimo de Sousa.  Pela primeira vez a conversa não foi de vitória. Acho que foi a primeira vez. Antes, apesar da linha ser descendente, arranjavam sempre maneira de se comparar com qualquer coisa que fosse mais abaixo para poder cantar vitória. Desta vez não. 

Jerónimo reconheceu que perdeu. Só que, ó céus, veio dizer que os eleitores se enganaram e que, daqui por 4 anos, reconhecerão que se enganaram e voltarão a dar-lhes o voto. Surreal. Há qualquer coisa de trágico no destino do PCP. De facto, em tempos o PCP foi importante. De facto, ainda é um partido a que se associa uma matriz de honestidade e defesa pelos interesses dos trabalhadores. Só que, em muito da sua actuação, anquilosou. Sei do que falo. Há nas pessoas do PCP a sensação que adquiriram direitos. De certa forma, há neles atitudes caciquistas, de donos do pedaço. Movimentam-se em função de interesses partidários. Todos os partidos são assim mas no PCP isso é mais visível (talvez porque sendo mais disciplinados, levam isso mais a sério). Mas os tempos mudam. O passado vai ficando ara trás e, ao votar, os eleitores não estão a atribuir medalhas de mérito pelo feito mas a passar um aval para os próximos anos. E o PCP está, de forma geral, pouco aberto ao futuro. Claro que há excepções. Há autarquias em que o PCP é ainda uma lufada de ar fresco. Mas não são a generalidade e os resultados mostram-no. Jerónimo de Sousa deveria perceber que não foram os eleitores que se enganaram.


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E pronto, Passos Coelho falou. 


E, como acabou de comentar Manuela Ferreira Leite, o pior cego é o que não quer ver. Bem falante como sempre, o Láparo assumiu a derrota mas quanto ao que se esperava, está bem, está: disse que não se demite hoje, não se demite amanhã nem depois de amanhã. Diz que vai reflectir (e assumiu que não é veloz a raciocinar) e que, na melhor das hipóteses, vai pensar na sua recandidatura nas próximas eleições internas. 


Portanto, é o Láparo no seu melhor. Alapado ao partido, pior do que estivesse com ventosas nos pés. O PSD furioso com ele, desejoso de ajustar contas com o passado recente e não vendo a hora de começar a limpar-se do sarro sarnento dele -- e ele sem se ir embora. Faço ideia a raiva que a malta do partido está, a esta hora, a sentir. Um pesadelo para as hostes laranjas. Quase me sinto solidária com eles... ninguém merece... Mas, ao mesmo tempo, é bem feito: puseram-no onde ele está e aplaudiram as sacanices que fez e tornou a fazer. Portanto, agora não se queixem.


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Falou António Costa e agora fala Fernando Medina. Estão felizes. Compreende-se. São ambos pessoas boa onda, gente de bem, olham de frente, sorriem, falam de cor, mostrando conhecimento do que falam e mostram prezar o trabalho de equipa. Falam de futuro, apontam caminhos, estendem a mão. Espero que assim se mantenham, motivados, confiantes, com sentido de dever e com alguma humildade. E que nunca deixem de ser transparentes e probos.


Foi uma grande vitória do PS. Os eleitores mostraram que estão a acreditar nos programas e nas pessoas do PS. É, no fundo, uma responsabilidade grande para o PS.


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Acabo de saber o resultado de Almada, velho bastião do PCP, um forte até agora inexpugnável por parte de qualquer outra força política. As votações estiveram muito tremidas e acabaram por traduzir-se na sua conquista por parte do Partido Socialista. O PCP vai abanar. Para o PCP, a queda de Almada é marcante, é pesada, pois Almada é, para os comunistas, um símbolo. E, para os socialistas, a conquista de Almada, mais do que uma inesperada vitória, é uma responsabilidade de monta. Tomara que Inês de Medeiros tenha unhas para tocar esta extraordinária viola que lhe caíu no colo. Daqui lhe desejo muito boa sorte.


Vejo também que Beja caíu. Outro desgosto para as hostes vermelhas. 

Pode ser que o PCP acorde e veja que os eleitores quando votam não o fazem com um sentido de recompensa por feitos passados mas como uma aposta numa estratégia de futuro. E não tem nada a ver com a Geringonça nem com nada disso, tem apenas a ver com a atitude e os valores do PCP que se encontram frequentemente desfasados da realidade.

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Para acompanhar a evolução das contagens, clicar aqui:

Resultados oficiais das Autárquicas 2017

(Resultados Nacionais - Distrito - Concelho)

Resultados Finais

PS
37,82%
1.956.703 votos
PPD/PSD
16,07%
831.551 votos
PCP-PEV
9,46%
489.189 votos
PPD/PSD.CDS-PP
8,78%
454.290 votos
GRUPO CIDADÃOS
6,79%
351.327 votos
B.E.
3,29%
170.027 votos
CDS-PP
2,60%
134.311 votos


 Votantes
54,97%

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Imagens provenientes, uma vez mais, da arca do tesouro: We have kaos in the garden excepto a primeira que é do Bordoada, a galinha que não sei de que capoeira saíu e a do putativo baronete do Norte.

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