Nem vou falar do que foi o meu dia. Começou bem cedo e teve de tudo. E nem enumero a dimensão do que é este tudo não vá alguém ler isto e dizer: olha, mas querem lá ver...? será que a gaja também lá esteve...? Será que era aquela...?.
E não, não é paranóia minha, não senhor. Então não repararam que, no outro dia, ao contar que vi um homem lindo, alto e com um deslizar felino, conhecido de o ver na televisão, e que a namorada chegou, o beijou e mais não sei o quê... não é que apareceu um comentário a dizer que não era namorada, não senhora, era casada com ele e dava pelo nome de tal e tal...? Ou eu escrever que tinha trabalhado em tempos com um homem superior, com um sentido de humor delicioso e etc. e receber um mail a dizer: era assim, tal e qual, trabalhei com ele noutra empresa e era assim sem tirar nem pôr. E eu: puxa? fui tão explícita? caneco...
Portanto, não vou falar de como acabou o sacripanta do meu dia até porque foi coisa pública e a última coisa que quero é que alguém diga que também lá esteve e que confirme que foi como relatei excepto que a coisa não acabou ali. É que, de facto, pirei-me à papo-seco. Com um certo sentimento de culpa mas pirei-me. Arrastada pelos meus acompanhantes. Seja como for, por via das dúvidas, não relato coisa alguma.
Bem. Com tantas horas em cima, daqui a nada quase vinte e quatro, e com tão variado programa de festas, estou como estou. Obviamente cansada, os olhos a quererem-se-me adormecer. Acresce que ando com uma em mente que me ocupa todo o tempo livre. E também não quero aqui falar disso, sorry. Cheguei ao sofá às dez e tal da noite e até agora, e já passa bem da meia noite, tenho estado de volta disso. E não quero falar porque não deve dar em nada. O meu marido é contra, não me dá o mínimo de bola e é daquelas coisas em que ou querem os dois ou chapéu. Devia era ir para a cama e deixar-me de conversetas. E sei bem, L., sei bem que este meu regime de dormir pouco não é bom. Mas é assim que o meu corpo funciona. Devia compensar, dormindo até às dez da manhã mas isso ainda não é para já. Por isso acumulo défices e isso, sabido é, traduz-se num aumento de dívida. Eu a dever muitas horas de sono ao meu corpo Sei bem. Mas pode alguém ser quem não é?
Adiante antes que caia para o lado: passo já ao que interessa. Sugestão para presentes de Natal. Coisas úteis que darão muito jeito a quem os receber. A época é de consumo puro e duro mas podemos aliar a utilidade à gracinha.
Ora bem:
1. Esponjinhas para chorões.
E quem diz chorões diz também choronas (como aquilo de dizer portugueses e portuguesas). Para quem anda numa onda emotiva e desata a chorar ao ler certos blogs ou a ver certos programas de televisão, antes coloca estes óculos e está a coisa resolvida.
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2. Mãozinha para aparar o sol quando se vai de passeio.
Uma mãozinha dá sempre jeito. Pode ser para isto, para fazer a sombra, mas pode servir também para fazer um cutchi-cutchi na axila do vizinho na mesa de reuniões, para ver se tem cócegas, ou para fazer uma investida indecente -- e nem entro em pormenores, só digo que é perna acima -- no vizinho ou na vizinha no restaurante ou no cinema, mesmo que não o/a conheça. Caso o destinatário se mostre incomodado/a é só dizer: 'não fui eu, foi ela' e mostrar a santa mãozinha.
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3. Chapéu de chuva para telemóveis.
Do mais útil que há quando se quer telefonar à chuva. Claro que no meu caso deveria usar também um para a cabeça pois andar à chuva dá-me um ar pouco civilizado, em especial porque me dá mais volume e ondulação ao cabelo. Mas os carecas -- que não têm problema com chuva no cabelo -- só precisarão mesmo de proteger o telemóvel.
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4. Coleira para os dedos para prevenir que os do meio se arrebitem quando contrariados.
Assim, quando se tem vontade de mandar alguém para um sítio daqueles, a gente já está segura. Aliás, corrijo: o dedo do meio até está esticado mas os do lado não conseguem agachar-se para se fingirem de saquinhos de arroz ou ajoelhar-se para prestarem vassalagem ao dedo-pirilau. Portanto, é um presente bué cristão.
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5. Espelho retrovisor para uma pessoa poder andar e, ao mesmo tempo, ir a ver-se ao espelho ou, consoante a inclinação, a ver o que se passa na rectaguarda.
Não sei como se consegue viver sem isto. Já viu a gente ir a andar e, atrás de nós, ir um gato fogoso e a gente nem dar por isso...? Já viu o desperdício?
Ou -- o que me acontece tantas vezes -- chegar a um lugar e estar precisada de me ver ao espelho e não dar jeito, no meio de cavalheiros que não desgrudam e que só querem falar de assuntos sérios, abrir a carteira, tirar um espelhito e rever a situação. Este espelho ao ombro resolve essa e muitas outras situações.
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6. Respirador para almofadas.
Imprescindível. Sempre que é necessário dormir a sesta em pleno dia e uma almofadinha a tapar-nos a cara é a solução, um respirador é indispensável para evitar o sufoco e para oxigenar a beleza por debaixo. Um ovo de colombo.
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7. Rodinhas para aprender a andar de saltos altos.
Como se fossem rodinhas para aprender a andar de bicicleta, este presente é ouro sobre azul. Acresce que impede que os tacões se introduzam nos interstícios da calçada o que é uma mais-valia não negligenciável. Há é que desmistificar: não é a isto que se chama 'levar um par de patins'. Um par de patins foi o que os portugueses puseram à Cristas e é vê-la, calada e sonsa, na bancada, assistindo à extinção da espécie centrista.
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8. Colher para quem está de dieta
E nem preciso de explicar porque é self-explaining. Os gulosos e, lá está, as gulosas, não precisam de se fustigar para ingerir menos calorias. Bastará usar esta colher que só leva metade das coisas à boca. Claro que deverá complementar a toilette com um babete ou, então, esquecer as regras de etiqueta e colocar a boca bem na direcção do prato.
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Há muito mais ideias aqui, todas saídas da cabecinha pensadora do Matty Benedetto que conta com a colaboração de Violeta Draseikaitė. Ele, em especial, gosta de criar objectos que resolvem problemas inexistentes e isso parece-me do mais meritório que há.
A ruiva lá de cima é da perigosa raça das sedutoras e quem a fotografou foi Roeselien Raimond.
A Astanova, como qualquer Lola que se preze, atira-se ao Natal com ímpetos que não se podem confessar e dá-lhe com o Carol of the Bells num arranjo muito próprio e não sei se totalmente recomendável. É o que temos.
Mas lindos os dois lobos brancos (embora não tanto como os do J).
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E sem conseguir agradecer comentários ou responder a mails, vou, pela segunda vez no prazo de poucas horas, sair de fininho. É que ou é isto ou daqui a nada nem consigo chegar à cama.
E um bom dia a todos, está bem?