No post abaixo já contei que não gosto que me apalpem as mamas e que nem o faço a mim própria. E nada de estarem já, para aí, a fazer trejeitinhos gozões, como se eu padecesse de uma mania estranhíssima, porque se calhar não estou a falar daquilo em que vocês estão a pensar. E, além do mais, gostos não se discutem, ora essa.
Mas isso é a seguir. Claro que, se quiserem ir direitinhos para as mamocas mal agradecidas, podem sempre apalpar aqui.
Agora vou apenas comentar brevemente as carinhas infelizes de Passos Coelha e do seu Vice-Irrevogável Portas à saída da segunda reunião com António Costa: estavam de dar dó. A toda a hora poderiam desatar a chorar. Estavam como se lhes estivessem a pisar os calos ou se estivessem aflitos para ir à casa de banho e nem pudessem mexer um músculo não fosse o esfíncter relaxar. Ou como se tivessem levado um tareão e nem forças tivessem para apresentar queixa. Ou, melhor, como se estivessem num velório, no velório antecipado do seu fim político.
Time to say good bye
Do que lhes vi e ouvi, saíram da reunião com o PS todos esfarelados, aparentemente sem perceberem nada do que lá se passou, tal como nunca percebem nada de nada. Até agora, tinham tido a sorte de apenas se terem uns aos outros pela frente ou, vá lá, o Cavaco, e, portanto, nunca tiveram que se confrontar com gente inteligente. Agora, aparece-lhes um Costa pela frente, um Carlos César, um Mário Centeno, a Ana Catarina (agora não me lembro o nome dos outros), e não têm outro remédio senão meter a viola no saco. A música agora toca num outro comprimento de onda.
Apresentaram-se a eleições sem programa, sem contas, só com conversa fiada, habilidades de marketing, perfis falsos às centenas nas redes sociais, conivências da comunicação social, convencidos de que, para todo o sempre, lhes bastaria isso e sorrisos e vozes bem colocadas. Meia dúzia de palavras lhes bastavam para conseguir uma parangona nos jornais que, à noite, os papagaios avençados incensavam, até ao vómito, nas televisões.
Mas agora, frente a frente com gente instruída e bem documentada, os truques pafiosos já não resultam.
Armados em totós de vão de escada, copiaram vinte e tal medidas do programa socialista e, sem pudor em mostrarem-se uns vulgares vira-casacas, foram dizer que eram mais socialistas que os socialistas: políticas sociais agora é com eles.
- Subir o abono de família? É para já.
- Acabar com o plafonamento? Já era.
- Aumentar o salário mínimo? Já tardava.
- Acabar com a sobretaxa? Ó pá, nem nunca isso devia ter visto a luz do dia. Acaba-se já com ela, nem que seja ao tiro.
- E por aí fora: prestações sociais a subir, impostos a descer, sempre a abrir.
Do nada, o Láparo e o seu Vice aparecem com medidas que custam €1309 milhões em quatro anos. É caso para dizerem que, para cairem nas boas graças de António Costa, dão o cu e cinco tostões (and pardon my french).
Mas - alunos cábulas e, ainda por cima, apanhados de calças na mão - pelos vistos, apesar de darem tudo, a coisa não lhes correu bem.
E, então, foi o que se viu: apareceram à porta, todos desenfronhados, com ar de quem não sabe a quantas anda, de quem está verdadeiramente sem rei nem roque.
O Láparo ainda ensaiou aqueles seus tão bem conhecidos sorrisinhos amarelos mas o Portas estava que não podia, desasado, compungido, arrependido de por ali andar, aos caídos, enfiado no bolso de um Coelho tão pouco escolado.
António Costa, pelo contrário, falou e falou claro. E, uma vez mais, chamou a atenção para o tempo longo demais que está a decorrer sem que Cavaco se mexa - e realçou que, quando Cavaco falar de novo com alguém, estará a iniciar a ronda de conversações oficiais. Ou seja, Costa está a deixar claro que o que Cavaco fez até aqui, falando com Passos e com ele próprio, foi apenas converseta de pé de orelha. Caso contrário, ter-se-ia que dizer que Cavaco estava a violar a Constituição, desprezando algumas forças partidárias com assento parlamentar.
Entretanto, começam a ouvir-se vozes responsáveis a dizer o óbvio: não há mercados nenhuns com medo de um governo de esquerda. O que pode haver é apreensão pelo tempo que isto está a demorar ou apreensão pela falta de jeito de Cavaco ou apreensão pela incultura e saloice de parte da classe política portuguesa ou apreensão pelo défice testicular que muito boa gente (incluindo no próprio PS) tem demonstrado, gente que parece que tem medo de tudo, até da própria sombra.
O que é preciso - e isso os sacrossantos mercados apreciarão - é que alguém apareça com uma proposta governativa bem estruturada, com garantia de governabilidade. Até aqui a coligação dos PàF não o fez e, temo bem, não será capaz de o fazer. O PS, pelo contrário, tem-se mexido e de uma forma disruptiva, arejada e, espero eu, bem sucedida. E quando digo bem sucedida quero dizer que se espera que a solução que venha a surgir dê garantias de estabilidade, de ser capaz de virar a página e de apontar no sentido do crescimento sustentado, do desenvolvimento social e cultural, do respeito pelas pessoas e pelo seu futuro.
Se esta cena do entendimento à esquerda vingar, haverá o risco de algum dos parceiros (PS, PCP, BE) roer a corda? É disso que os prudêncios desta vida têm medo? E então? Se isso acontecer: será coisa nunca vista, o fim do mundo em cuecas...? E alguém deixa de se casar com medo de, um dia mais tarde, eventualmente se vir a divorciar? Acho que não. Se isso acontecer, qual será o drama? O que se espera é que, até lá, valha a pena.
Ou seja, não sei no que isto vai dar mas já vale pela animação que estamos a viver: este tem sido um tempo em que se fala política, em que se discutem equilíbrios, estratégias, em que aparentemente a democracia amadureceu e começou a dar passos de gente grande.
A vida, de vez em quando, ainda é capaz de nos surpreender e Portugal, volta e meia, ainda mostra que não é coitadinho, de plástico para ser mais barato, nem composto apenas por maria-amélias, beatas, virgens ofendidas, velhos do restelo, mansinhos, descerebradinhos e castradinhos.
Por isso, daqui envio os meus votos de que a força não falte ao PS, ao PCP e ao BE, que continuem a portar-se como gente grande, que nos façam sentir, de novo, orgulho em seremos portugueses.
E, caso vos apeteça visitar-me numa onda mais lírica, terei muito gosto em que me visitem no Ginjal.
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Enquanto despacha o Láparo, o líder do PS fala com líderes europeus da família socialista e já dá entrevistas para tranquilizar investidores e mercados
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A vida, de vez em quando, ainda é capaz de nos surpreender e Portugal, volta e meia, ainda mostra que não é coitadinho, de plástico para ser mais barato, nem composto apenas por maria-amélias, beatas, virgens ofendidas, velhos do restelo, mansinhos, descerebradinhos e castradinhos.
Por isso, daqui envio os meus votos de que a força não falte ao PS, ao PCP e ao BE, que continuem a portar-se como gente grande, que nos façam sentir, de novo, orgulho em seremos portugueses.
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Relembro que, caso queiram saber que coisa é esta de não gostar que me (a)palpem as mamas e de como acho que não devo ser exemplo para nenhuma mulher, é descerem até ao post já a seguir.
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E, caso vos apeteça visitar-me numa onda mais lírica, terei muito gosto em que me visitem no Ginjal.
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