Mostrar mensagens com a etiqueta Sara Ocidental. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Sara Ocidental. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O triunfo da decência: Aminatu está de regresso ao Sara Ocidental

O governo espanhol lá se mexeu, e a activista sarauí está neste momento de regresso à sua terra natal, no Sara Ocidental. Ao embarcar no avião, assegurou que o seu regreso pressupõe «um triunfo da justiça internacional e da causa sarauí». Assim mesmo, ambas juntas. Ainda bem que me enganei neste post, em que temia o pior, dada a insensibilidade então reinante. Ainda bem que muita gente pressionou pelo seu regresso: políticos, activistas e apoiantes dos direitos humanos, bloggers, etc.. A maioria, gente comum, mas que mostrou que, com gestos simples, por vezes ainda é possível mudar o rumo cínico das coisas.

Sai mal na foto, porém, o governo marroquino e ainda por cima derrotado - a soberba dos fortes é por vezes a vitória dos fracos. Antevendo uma derrota maior, i.e., o boicote comercial da UE, Marrocos negociou com Espanha o silêncio da mesma UE. Seja como for, a causa sarauí ganha agora outra projecção. A ver se é desta que o governo espanhol vai até ao fim e organiza o referendo no Sara Ocidental para que foi incumbido pela ONU.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Vigílias de solidariedade com Aminatu Haidar (agenda)

Segundo informação da Associação de Amizade Portugal-Sahara Ocidental, «o grupo promotor do apelo firmado por 42 personalidades e entregue na passada 6.ª feira nas embaixadas de Espanha e de Marrocos, decidiu, em estreita colaboração com a Amnistia Internacional - Portugal, convocar uma nova vigília de solidariedade com Aminatu Haidar».

A vigília é já hoje, em Lisboa, às 18h30, defronte à Delegação do Parlamento Europeu e da União Europeia (Lg. Jean Monet, à R. do Salitre).

Entretanto, ontem foi a vez de Coimbra, amanhã será a vez do Porto (+ inf. aqui).

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Dia dos direitos humanos, dia de Aminatu Haidar

Na sequência da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) a ONU instituiu o Dia Internacional dos Direitos Humanos, em 1950. Este ano a efeméride foi bem aproveitada para defender a causa da activista saraui Aminatu Haidar, em greve de fome contra a interdição pelas autoridades marroquinas de retorno para junto dos seus (já aqui me referira ao caso).

As accções de protesto foram tão diversas e profundas que resgataram alguma decência colectiva e fixaram definitivamente no mapa uma causa injustamente esquecida, a do povo sarauí. Eis as acções mais relevantes: um grupo de eurodeputados foi visitar Haidar e exigiu à UE a suspensão de acordo de associação com Marrocos; houve concentrações de protesto nas universidades espanholas; foi entregue uma carta ao rei espanhol subscrita por dezenas de intelectuais de diversos países no sentido daquele interceder; multiplicam-se as declarações políticas de apoio - as do parlamento português, de deputados de 9 países latino-americanos, de congressistas norte-americanos, etc. (vd. aqui; video com conferência de imprensa dos eurodeputados aqui).

Por seu turno, Haidar escreveu a Sarkozy e Angela Merkel a pedir-lhes «apoio urgente», para si e «para todo o povo saraui que nos últimos 34 anos tem sido forçado a viver ou sob uma injusta e brutal ocupação no Sara Ocidental ou em desolados campos de refugiados no deserto argelino».

Haidar, que admitiu estar a perder as forças físicas, foi reconhecida com o Prémio do Centro de Direitos Humanos Robert Kennedy e com o Prémio de Coragem Civil da Suécia. E foi nomeada para o Nobel da Paz. Não merecia a indiferença dos governos dos países vizinhos: Marrocos, Espanha, Portugal (sim, porque o governo português não apoio a resolução de solidariedade do parlamento).

À medida que o tempo passa a vergonha dos dirigentes políticos europeus aumenta. Já nem falo do espezinhar do direito internacional, abandonando um povo que tem o apoio duma resolução da ONU e aguarda desde 1975 por um referendo sobre a independência cuja incumbência a Espanha ainda não assumiu. Falo somente duma questão de humanidade. De decência: mas afinal, Haidar esvai-se num parque de estacionamento dum aeroporto espanhol, dum aeroporto europeu. E a Europa tem responsabilidades cívicas, éticas, políticas: afinal, o Tratado de Lisboa recentemente ratificado adopta a Declaração dos direitos humanos da ONU. Não à volta a dar.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Crónica duma morte anunciada

No regresso a Marrocos duma viagem ao estrangeiro Aminetu Haidar, activista pela autodeterminação do povo sarauí, escreveu num documento «Sara Ocidental» no espaço destinado à nacionalidade, território este sob ocupação militar marroquina desde 1975. Por causa disso foi detida pelas autoridades marroquinas, interrogada, privada de telefone e passaporte, e expulsa do país, juntamente com os seus filhos, tendo voado para Lanzarote, a ilha de Saramago. Como forma de protesto por não poder regressar à sua terra, iniciou uma greve de fome, no dia 14/XI. Ontem tentou regressar, mas foi novamente proibida. Irá prosseguir até ao fim, já o garantiu. Os médicos consideraram crítico o seu estado de saúde.

Perante isso, o premiê espanhol cometeu um duplo e grave erro: 1.º) rejeitou a intermediação por parte do rei espanhol; 2.º) em vez de recorrer à forte arma de pressão que seria a ameaça de boicote da admissão de Marrocos à UE, optou insensivelmente pela opção mais fácil: «“Às vezes, como é normal, surgem dificuldades, mas deve prevalecer o que é do interesse geral [para o país]”».

Resposta de Haidar: «“Volto a dizer, o Governo de Espanha é cúmplice de Marrocos e ambos os governos querem empurrar-me para a morte”, denunciou Haidar.».

É duma estupidez tamanha esta opção do governo espanhol. Zapatero irá pagar caro este erro tremendo.

Como diz o actor espanhol «Bardem: ’Si Haidar cierra los ojos, el Gobierno de España será verdugo’».