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terça-feira, 22 de maio de 2012

Lisboa acolhe Congresso Europeu do Património: aproveite-se a oportunidade para propor uma política cultural europeia

Este influente encontro cultural é organizado pela rede Europa Nostra e decorrerá este ano em Lisboa entre 29 de Maio e 2 de Junho. O Centro Nacional de Cultura integra essa rede que pretende ser «a voz do património cultural europeu» e que congrega 250 ONG com c.5 milhões de associados em toda a Europa. «Conta ainda com o apoio direto de mais de 1500 membros individuais e mais de 150 entidades públicas e empresas». A principal ideia é «salvaguardar o património cultural e natural europeu para as gerações presente e futuras», tendo já trabalhado um elenco relevante de questões (vd. lista de documentos).
O seu extenso programa inclui a atribuição de prémios pela comissária europeia da pasta, visitas guiadas a monumentos e um fórum com o pertinente tema «Salvaguardar o Património ameaçado na Europa» (a 1/VI, na FCG). Entre as intervenções sectoriais, que poderão ser acompanhadas via internet, destaco as seguintes: «Emergence d’un mécénat populaire en France pour sauver le patrimoine en péril», por Bertrand de Feydeau (Fondation du Patrimoine, França);  «Lisbon Heritage in Danger», por António Sérgio Rosa de Carvalho (historiador); e «Cities need integrated and sustainable urban regeneration urgently”, por João Teixeira (European Council of Spatial Planners). Mais informações neste folheto.
ADENDA 1: «Seis prémios para um património que une pessoas»: restauro da torre siderúrgica de Sagunto (Valência, 1920); casa comunitária de arquitectura popular (Cornualha, séc.XV/XVI); Edifício Averof, neoclássico, agora centro universitário de arquitectura (Atenas, 1878); livro de pesquisa The Augustus Botanical Code of Ara Pacis, sobre o alfabeto botânico do baixo-relevo do imperador romano Augusto; inventário dos portões decorados da minoria étnica sícula, pela professora Kovacs (Transilvânia); programa norueguês de salvaguarda do património dirigido a crianças e jovens (recuperou 1128 sítios e monumentos desde 2000).
ADENDA 2: Por ocasião da entrega dos prémios acima referidos, a comissária da cultura da UE Androulla Vassiliou afirmou que o seu orçamento subirá 37% em 2014 (via programa Europa Criativa, com 1,8 mil milhões de euros ). Para si a cultura é um factor de desenvolvimento, contribuindo para a coesão social, a sanidade mental e a esperança no futuro. O sector emprega 8,5 milhões de pessoas na Europa e contribui com 4,5% para o respectivo PIB. Além disso, 40% do turismo tem motivações culturais, sendo a Europa o seu 1.º destino, devido aos seus museus, festivais e património. Neste âmbito a UE instituiu recentemente o Heritage Label para distinguir bens patrimoniais ligados ao ideal de integração europeia (cf. entrevista «"É difícil convencer os políticos de que a cultura não pode ser negligenciada"», por Lucinda Canelas).

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Turistas arrasam política cultural e de 'animação' de Rui Rio

Aqui fica mais uma chamada de atenção para o mau curso da política cultural de Rui Rio: os turistas aerotransportados que responderam a um inquérito do Instituto de Planeamento e Desenvolvimento do Turismo atribuem nota negativa aos eventos culturais, à animação nocturna (ligada à cultura na actual política autárquica) e às praias.

É verdade que o principal motivo de insatisfação dos turistas que entram na região norte via aeroporto Francisco Sá Carneiro relaciona-se com os eventos desportivos, talvez relacionado com o congestionamento de trânsito e o barulho nos dias de jogo de futebol no Estádio do Dragão.

Um confronto com os principais factores de atracção para os visitantes ajuda também a perceber como o investimento cultural e turístico deveria ser redireccionado: 1) visita a monumentos (81% das preferências); 2) experimentação gastronómica (58%); 3) compras (51%); 4) visita às caves do vinho do Porto (43,1%).

Daí que o director do IPDT tenha sugerido a elaboração dum roteiro de compras, a que se deveria aditar: uma melhor programação cultural, roteiros temáticos (de restaurantes e tascas; de lojas e mercados antigos; de cafés e livrarias culturais; de associações culturais, etc.), facilitação da ida às caves do vinho do Porto, etc..

Fonte: «Noite, cultura e futebol desagradam aos turistas do Porto».

domingo, 8 de junho de 2008

A cultura imaterial como recurso para o desenvolvimento local

Está em preparação uma rede de conteúdos em 9 concelhos alentejanos visando a salvaguarda do património cultural imaterial da região. A iniciativa é da Direcção Regional de Cultura do Alentejo, terá uma entidade central de concentração das memórias sociais e prevê a criação dos seguintes espaços:
>Casa da décima e do verso improvisado (Alcácer do Sal, dedicado à poesia popular/tradicional e ao improviso);
>centro do tapete (Arraiolos, vocacionado para o estudo dos têxteis do Alentejo);
>núcleo museológico dos modos de construir e da arquitectura tradicional (Avis);
>Casa da Fala (Barrancos, para preservar o dialecto barranquenho e à dialectologia);
>arquivo de história oral (Baleizão, dedicado à memória social);
>Casa do Teatro Tradicional (Borba);
>Casa da Viola Campaniça e do Baldão (Ourique, dedicada ao tradicional canto de improviso local e ao único instrumento de cordas alentejano);
>Casa do Cante (Serpa/Cuba, dedicado a este canto coral tradicional);
>Jardim do Mundo (Portel, que permitirá o conhecimento do território, das paisagens e das identidades do Alentejo).
A ideia é que cada uma daquelas unidades possa depois criar uma rede sectorial, para dinamizar e potenciar outras tradições, técnicas e produtos da região, como no caso da Casa do Tapete, que deverá articular uma rede que inclua os bordados de Nisa, as tapeçarias de Portalegre, as rendas de nós da Trindade e as mantas de Reguengos de Monsaraz e Mértola.
O coordenador deste projecto é Paulo Lima, que publicou recentemente o livro O fado operário no Alentejo - séculos XIX e XX. Esta rede primária estará conectada a um Centro de Articulação de Conteúdos (o Centro Michel Giacometti, a instalar em local a definir do Alentejo Central), o qual terá como funções a articulação de conteúdos, a gestão do Centro de Documentação Digital e a sensibilização para uma boa prática de conservação de arquivos do património imaterial.
Ainda segundo Paulo Lima, está previsto o desenvolvimento duma rede de encontros científicos, a articular com um conjunto de festivais temáticos (Monsaraz, Marvão, etc.) ou pequenos projectos emergentes, como é o caso dos cantos iberoamericanos de improviso em Alcácer do Sal, que "podem ter relevância para o turismo cultural". Outros projectos almejados são a construção de conteúdos multimédia para sítios e monumentos de interesse patrimonial (caso dos castelos de Amieira do Tejo e Campo Maior, da Torre do Salvador e do Castro da Cola), para a culinária do Alentejo, para os produtos agro-florestais e a paisagem.
Esta iniciativa baseia-se na Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, adoptada em X/2003 (32.ª Sessão da Conferência Geral da UNESCO), que foi aprovada pelo Estado português em I/2008. Nela ficou consagrado a promoção do Património Cultural Imaterial, entendido como "um conhecimento que é recreado constantemente pelas comunidades e grupos em função do contexto em que vivem, da sua interacção com a natureza e com a sua historia" e que inclui os usos, representações, expressões, conhecimentos e técnicas, instrumentos, objectos, artefactos e espaços culturais colectivos. Tal convenção teve como finalidade incutir um sentimento de identidade e continuidade pelo respeito da diversidade cultural e da criatividade humana.
Este é um projecto exemplar de como o desenvolvimento local e regional pode e deve contar com a consolidação duma política cultural, entendida numa perspectiva transversal, que abranja a economia, a formação, etc.
Fonte:
*ZACARIAS, Maria Antónia, "Alentejo vai cartografar e preservar o seu vasto património cultural imaterial", Público, 8/VI/2008, p.29.
Nb: imagem do Grupo Coral e Etnográfico do Ateneu Mourense retirada daqui.