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quinta-feira, 13 de maio de 2010

Ó Zé, aperta o cinto!

«Taxa adicional de IRS vai vigorar até ao fim de 2011», por Paulo Miguel Madeira

«Comunicado do Conselho de Ministros de 13/V/2010 [com parte sobre PEC 2010-2013: medidas adicionais]»

«Cortes nas autarquias ameaçam "apoio social" às populações»

«Os trabalhadores têm de se indignar: os ricos para serem cada vez mais ricos obrigam os trabalhadores a ficar mais pobres [comunicado de imprensa da CGTP]»

«Não pode ser igual para todos», por Daniel Oliveira

Nb: na imagem, cartoon «Paixão popular», de Rafael Bordalo Pinheiro (para ler a legenda é favor clicar na imagem).

segunda-feira, 29 de março de 2010

Novas formas de contar a história de Lisboa

Este post serve de última chamada para uma exposição fantástica que está nos seus últimos dias. Chama-se ela «Lisboa tem histórias», enquadra-se nos 100 anos do Museu da Cidade e está patente só até ao final deste mês.

O fulcro da mostra é quase um «ovo de Colombo»: apresentação de 20 personagens de Lisboa caricaturados por João Fazenda, com um subtítulo (regra geral, a alcunha) e um conjunto de peças diversificadas directamente ou indirectamente atinentes, desde artefactos arqueológicos, loiça, fotos, etc. (videozinho promocional aqui). A Sofia já aqui tinha chamado a atenção, mas vale a pena insistir.

Além desse núcleo, a mostra incluiria ainda a exibição dum filme de Abílio Leitão, «com imagens actuais dos locais da cidade que estão associados a cada um dos 20 personagens». O problema é que, ontem (e noutros dias) não estava a ser exibido, nem mesmo a pedido dos visitantes e sem que nenhuma explicação tenha sido avançada.

O Museu da Cidade era uma das coisas mais tristes do país, parado no tempo, pequeno, e tudo o que a Sofia já aqui desvelara, para nossa vergonha... Este evento prova como pequenas ideias podem ajudar a mudar as coisas, a tirar o pó à mobília, e logo as pessoas aderem: isso mesmo o atesta a significativa audiência para o pouco tempo e a pouca publicidade feita (10 mil visitantes até recentemente). E nem é preciso ter mega-espaços (isto dito, ainda assim o museu precisa de mais espaço, um outro pólo, p.e.). A este propósito, seria bom que, após fecho da mostra e caso não fosse possível incorporar a mostra na colecção permanente, incluissem uma sua versão video em tela numa das salas do museu. Seria a melhor forma de o honrar e de dar um sinal no caminho da sua necessária renovação. Também nesse sentido vai a instalação duma colecção de cerâmica de Rafael Bordalo Pinheiro no jardim do museu e que a Sofia também elogiou há uns dias atrás. E as exposições temporárias, claro.

terça-feira, 16 de março de 2010

Novas do centralismo democrático: a «lei da rolha» de PSL

O principal partido da oposição em Portugal está em congresso extraordinário por iniciativa dum dos seus dirigentes e ex-premiê, Pedro Santana Lopes. O mesmo foi convocado para ajudar a escolher o novo líder partidário que terçerá armas com o líder situacionista, em contexto de crise económico-social e de rápida erosão da credibilidade do premiê de turno.

Entretanto, nesse encontro o mesmo dirigente resolveu propor uma cláusula de punição dos militantes que se pronunciem criticamente face ao líder de turno nos 60 dias pré-pugnas eleitorais. A dita moção foi aprovada, embora à revelia dos 3 candidatos a líder, logo apodada de «lei da rolha» e tudo indica que não terá vida longa...

Convém ressalvar que a norma proposta por Santana Lopes replica o que já consta há muito nos estatutos de JS, PSOE, PSF, só para falar de organizações de esquerda, ainda segundo o próprio (já agora, também já vigorava no PSD-Madeira, uma fonte de inspiração mais provável...).

Apesar da contextualização histórica, o problema de Santana é o timing político, numa altura em que o seu partido se insurge contra a «situação» pela «claustrofobia democrática» e numa altura em que o PSD se devia preocupar com soluções alternativas de governo (estão em congresso extraordinário!).

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Quando a corda se rompe

Em Portugal, o poder grudou-se na hiperpersonalização da sua oferta, à imagem do que ocorre noutras democracias representativas. O premiê tornou-se assim uma figura ainda mais influente, com mais poder, para o bem e para o mal, e em prejuízo do parlamento e da negociação.
No caso de Sócrates, o seu pragmatismo, a sua desenvoltura e instinto são bem um espelho dum certo modo de estar na acção pública, marcada pela excessiva mistura entre poderes político, económico, mediático e fáctico. Uma das facetas mais nefastas dessa promiscuidade tem sido a instrumentalização do Estado e do sector empresarial estatal (ou das empresas onde detém golden-share) para benefício do grupo político-partidário no poder.
Isso mesmo veio à baila com a recente divulgação de despacho dum juiz à margem do caso «Face oculta», o qual denuncia a existência duma conspiração para afastar chefias e jornalistas incómodos de certos media (TVI e Público, e, se necessário, também Correio da Manhã). Esse despacho foi tido superiormente como sem suficiente suporte probatório, daí ter sido afastada a abertura dum inquérito judicial.
A divulgação do mesmo e de escutas entre dirigentes de confiança do premiê envolvidos neste esquema manipulador foi tido como invasivo da privacidade e ilegal pelo próprio. Ademais, Sócrates mantém que nada tem a ver com essa tramóia. Porém, a maioria expressiva das opiniões nos media e blogosfera tem sido no sentido da prevalência do direito de liberdade de imprensa e do alto interesse público na revelação desta informação. Além disso, mesmo que Sócrates não saiba, este grave esquema foi levado a cabo por homens de sua confiança. A oposição não vai largar este caso, parte da opinião pública prepara uma manif, para esta 5.ª feira.
Este é mais um caso a juntar aos restantes em que Sócrates revelou arrogância, prepotência e/ou abuso de poder. Só que este vai mais longe e condensa muito do que está para trás sobre a vontade de controlo e perpetuação do poder a todo o custo. Daí a sensação de cansaço, de rarefeção da confiança e de ponto de não retorno que parece ter irrompido na sociedade portuguesa.
Voltamos então ao início: falta reforçar o debate público sobre como queremos que o poder funcione, sobre a necessidade de lhe dar mais qualidade, transparência e supervisão, de despartidarizar o Estado, de separar o económico do político, e duma maior participação e envolvimento dos cidadãos, grupos independentes e sociedade civil organizada.
Nb: cartoon «Apprehensão», de Rafael Bordalo Pinheiro (in A Paródia, 1902).

domingo, 22 de novembro de 2009

La jeunesse dorée (III)

Infelizmente nem todas as caricaturas poderam ser reproduzidas, devido a melindres respeitáveis que os preconceitos do tempo justificavam. O portrait-charge, que hoje representa uma consagração, era então pouco menos do que um insulto.
Todos sabem quanto Herculano amuou com uma caricatura inoffensiva de Raphael, e conhecem o curioso diálogo, travado a esse respeito, entre os dois grandes homens, na loja de livros do velho Bertrand.
Havia ainda n’esse tempo, como que o pudor da publicidade.

DANTAS, Júlio, "Raphael Bordallo Pinheiro[:] a sua vida e a sua obra",
Illustração Portugueza, 18/II/1907, p. 236.

sábado, 21 de novembro de 2009

La jeunesse dorée (II)

D’ahi por diante ninguém encontrava o Raphael que não lhe pedisse para ver as caricaturas. Então era sabido: o artista tomava uma attitude mysteriosa, olhava em volta com receio de que o visse alguém, tirava d’entre o collete e a camisa uma grande pasta preta, e folheando rapidamente, entre as gargalhadas convulsas da assistência, mostrava a collecção admirável que dois annos depois, em magnificas aguas-fortes, devia ser publicada com o título de Calcanhar de Achilles (1870).
É esta data que marca o início da verdadeira caricatura política em Portugal.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

La jeunesse dorée

Se dizia muito em segredo, à bocca pequena, que o Raphael trazia comsigo uma colecção escandalosa de caricaturas, nada menos do que os jarrões mais illustres d’então nas lettras e na política, o que para a severidade do tempo constituía um arrojo capaz de levar um homem aos ferros do Limoeiro.
A notícia correu com insistência, os amigos não o deixavam, e o grande artista, que a princípio negou, viu-se forçado a fazer a espantosa revelação. Foi um delírio.


quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Rafael Bordalo Pinheiro no seu tempo

Começou ontem o Congresso Internacional «Rafael Bordalo Pinheiro no seu tempo», organizado pelo IDEP da Universidade Nova de Lisboa. O evento, que percorre o percurso multifacetado dum dos grandes artistas e caricaturistas portugueses, termina no sábado, nas Caldas da Rainha, sua terra natal. Até lá, prosseguem as conferências na sala multiusos do edifício I&D (ex-DRM) da FCSH (com temas e autores para todos os gostos), uma apelativa exposição no átrio, exibição de documentário (hoje, pelas 18h), visita ao Museu Bordalo Pinheiro, etc. (vd. programa).
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Sobre o autor, pode ler-se esta biografia, ou esta, e determo-nos em informação sobre alguns dos periódicos em que colaborou intensamente, como A Paródia. Referências para a maioria das publicações em que participou e perfil biográfico mais completo aqui.
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Nb: na imagem, caricatura «Depois das eleições», de Rafael Bordalo Pinheiro (retirada do site do MBP-CML).

terça-feira, 31 de março de 2009

E lá se salvaram as couves

Mais ou menos in extremis, as Faianças Bordalo Pinheiro foram hoje salvas pela Visabeira (da Vista Alegre?).
Uma boa notícia, depois de meses de indefinição sobre o que seria o futuro da fábrica e dos trabalhadores.
E as faianças continuam a não ser exclusivamente objectos de leilão ou artefactos de vitrine de museu.
Viva o Zé Povinho!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O fim das couves?

Notícias do Público vêm dando conta do possível encerramento da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha. A fábrica do séc XIX prossegue a tradição ceramista de Rafael Bordalo Pinheiro e se fechar significa que pratos, jarros, canecas e travessas de vidrado em maravilhosos tons de verde, amarelo e encarnado, passarão a peças de museu. É verdade que as «couves» podem ser difíceis (sou assombrada por uma fruteira literalmente inquebrantável desde a infância), mas é pena, grande pena, que as criações de Bordalo Pinheiro deixem da fazer parte do quotidiano doméstico.
Para comprar as peças não é preciso ir às Caldas, a loja Bordalo em Lisboa, na rua Eiffel (pequeníssima perpendicular da Elias Garcia, próxima da Culturgest) tem uma cave, onde se podem encontrar as mais variadas peças de faiança. Enquanto não acaba, e esperemos que não, vale mesmo a pena a visita.