«Google acaba com censura e direcciona chineses para motor de busca em Hong Kong»
segunda-feira, 22 de março de 2010
terça-feira, 2 de junho de 2009
Governo chinês quer apagar da memória o massacre da Paz Celestial
Na próxima quinta-feira (4/06) cumprem-se exatos 20 anos do massacre comandado pelo governo chinês contra os estudantes e trabalhadores, que se manifestavam na praça da Paz Celestial para pedir por reformas políticas na China. O resultado dessa ação violenta foi a morte de mais de 3.000 pessoas e aproximadamente 60.000 feridos. O episódio foi imortalizado pela imagem de um jovem se colocando em frente a uma fileira de tanques militares, na tentativa de impedir o combate. Até hoje não é sabida a identidade e o destino desse jovem.
Para que esta data não seja lembrada, as autoridades de Pequim bloquearam hoje todas as redes sociais na internet, como o Twitter, o Flickr e os serviços do Hotmail. A censura aos endereços na web começou há algumas semanas, quando outras ferramentas da web como os servidores de blog Blogspot, Wordpress e o portal de vídeos YouTube foram bloqueados.
Até os dias que correm a China não permitiu qualquer investigação independente sobre este massacre e tem se portado da mesma forma que há 20 anos. No período que antecedeu as Olimpíadas, o governo aumentou a repressão contra os defensores de direitos humanos, contra as pessoas que praticavam alguma religião, contra minorias étnicas, advogados e jornalistas em todo o país. Além disso, a China é o país que mais executa pessoas no mundo. Leia aqui Relatório 2009 da Anistia Internacional.
Posted by Sappo at 19:28 2 comments
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terça-feira, 26 de agosto de 2008
Vitória em toda a linha
As medalhas de ouro, essas ficaram em casa, a R. P. da China deixou a concorrência a léguas. A organização parece ter sido impecável (afinal os chineses também percebem de logística, para lá das execuções em massa). Para cúmulo, daqueles fenómenos olímpicos que só aparecem uma vez por década, tipo Mark Spitz ou Carl Lewis, tivemos (pelo menos) dois - Michael Phelps e Usain Bolt - para compensar a pobreza dos últimos tempos, e garantir que os jogos de Pequim terão o seu lugar de destaque na história.
Acho que ninguém duvida que a motivação da R. P. da China de organizar estes jogos foi política (não é preciso debater este ponto pois não?). Tal como foi política a decisão de atribuir à R. P. da China a organização destes jogos. E a R. P. da China investiu a sério nesta organização, para aproveitar a oportunidade tão gentilmente concedida. Aproveitaram, e aproveitaram bem. Agora aturem-nos!
Nota - A ilustração é da Amnistia Internacional
Posted by Zèd at 22:34 2 comments
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terça-feira, 8 de abril de 2008
Boicotar ou não boicotar?
Imaginem o que seria se Pequim, este ano, fosse invadida por dezenas ou centenas de Tommys Smiths e Johns Carlos.
Posted by Zèd at 07:33 8 comments
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segunda-feira, 24 de março de 2008
Repórteres Sem Fronteiras protestam contra repressão no Tibete
Posted by Sappo at 17:09 2 comments
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terça-feira, 5 de junho de 2007
quarta-feira, 28 de março de 2007
O «Senhor Mais ou Menos»... (2)
Dizíamos num post anterior que Hu Shi foi o papá do «Senhor ‘cha-bu-duo’ (leia: ‘tsá-bú-dó’), isto é, do «Senhor Mais ou Menos». Mas quem era Hu Shi? E do que fala Hu Shi quando fala do «Senhor Mais ou Menos»?
Professor na Universidade de Pequim, diplomado em agricultura pela Universidade de Cornell (EUA) e doutorado em filosofia pela Universidade de Colômbia (EUA) [este percurso cosmopolita era bastante comum entre a elite chinesa de então], Hu Shi (1891-1962) foi provavelmente um dos mais influentes intelectuais chineses da primeira metade do século XX. Hoje, ele é particularmente recordado pelo seu papel de liderança em importantes movimentos culturais e políticos ocorridos logo a seguir ao colapso do velho regime imperial e à Fundação da República Chinesa em 1912, como o Movimento do Quatro de Maio ou o Movimento Nova Cultura.
A melhor maneira de ilustrar a importância destes dois movimentos reformistas [em muitos aspectos precursores da revolução Comunista de Mao] é notar que eles levariam à substituição do ‘chinês clássico’ pelo ‘chinês comum’ (isto é: o mandarim falado comum) na escrita literária, substituição essa que permitiria a qualquer falante de 'chinês comum' com uma educação básica ser capaz de ler textos literários sem grandes dificuldades. Até então, isso não era de todo possível, uma vez que o ‘chinês clássico’ (muito diferente do ‘chinês comum’) tinha de ser estudado a fundo, pelo que só era dominado por pessoas com altos níveis de educação [julgo que existem aqui alguns ecos entre estes movimentos e as ideias de pensadores liberais portugueses como Almeida Garrett].
O «Senhor Mais ou Menos» de Hu Shi surge precisamente no âmbito desta conjuntura de demandas de liberalização, e procura chamar a atenção para o facto de que mais liberdade também implica mais responsabilidade. Observando etnograficamente a realidade à sua volta (a China do início do século passado), Hu Shi nota que o dito «Senhor Mais ou Menos» - o tal que faz o seu trabalho nem bem nem mal, fá-lo mais ou menos - parece estar espalhado um pouco por todo o lado na sociedade. Hu Shi sugere mesmo que ele poderá estar profundamente enraizado na cultura popular, mas que deverá ser encarado como uma espécie de ‘doença social’ que é preciso erradicar em prole do bem comum (isto é, em prole do novo projecto chinês de modernização depois da queda do regime imperial). Para Hu Shi, esta gigantesca tarefa pedagógica deverá ser iniciada pela ‘nova’ classe intelectual e política de então, mas dependerá em última instância do trabalho sobre si próprio de cada um de nós [os paralelos com pensadores portugueses do século XIX como Adolfo Coelho são tentadores].
É provável que Hu Shi não escrevesse em 2007 o que escreveu no início do século passado pois beneficiaria do chamado ‘olhar retrospectivo sobre o passado’, um passado que inclui um século de transformações sociais radicais ao sabor de três projectos centralizados de modernização completamente diferentes: o Republicano, o Maoísta e o Pós-Maoísta. Independentemente disso, julgo que Hu Shi não me convence, nem hoje nem ontem. É que para mim o «Senhor Mais ou Menos» não é um fenómeno restrito aos ‘chineses’ ou aos ‘outros’, como Hu Shi nos faz crer, mas é um fenómeno distribuído um pouco por todos ‘nós’ seres humanos (o que me inclui a mim, a ele e a vocês). Apesar de tudo, julgo que a questão social e política que Hu Shi nos levantou no ‘longínquo início do século passado’ continua hoje a ser tão pertinente quanto perturbadora: será que devemos alimentar, vestir e adorar o «Senhor Mais ou Menos» que temos em ‘nós’, ou será que o devemos guardar para o fim de semana ou para as férias no Rio de Janeiro? Será que a decisão é mesmo só de cada um de nós? Quem paga tanto Mais-ou-Menos-ismo?
Posted by gdsantos at 01:24 3 comments
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segunda-feira, 26 de março de 2007
O Senhor Mais ou Menos...
É muito provável que já tenham ouvido falar do Senhor Mais ou Menos. Estou mesmo convencido que já o poderão ter encontrado bastantes vezes nas vossas lutas quotidianas pela ‘sobrevivência’.
Já contratou um electricista que não aparafusou devidamente as tomadas na parede mas pediu o dinheiro pelo serviço completo? E um taxista que o transporta para um local X na sua cidade como quem lhe faz um favor, apesar de estar a ser pago com tarifa de taxímetro? Se não anda de taxi e nunca precisou de electricistas, que tal o senhor que leva o cão a passear na sua rua mas se esquece de apanhar a caca deste requintado animal com um saco de plástico? E por que não o vendedor que está no balcão a ler o jornal e demora uns poucos (longos) minutos para o atender de forma bruta e mal-educada? Poderia também falar do colega de trabalho que se compromete com toda a certeza para uma sessão de trabalho na segunda-feira pelas 15h sem sequer saber se vai estar livre nessa altura?
Todos estes casos são transfigurações quotidianas do famoso Senhor Mais ou Menos, o tal que faz o seu trabalho nem bem nem mal, fá-lo mais ou menos. Mas para não pensarem que eu acho que esta figura só se encontra lá em baixo ‘nos rochedos onde as ondas batem bem forte’, que tal o sofisticado diplomata que parte em viagem de trabalho para o Oriente mas se esquece de planear a balança de custos e benefícios da sua viagem através da cuidadosa elaboração de uma estratégia diplomática? Um outro exemplo ‘chique’, desconfio que um pouco menos óbvio para alguns, é o do ‘super professor universitário’ que acumula quatro ou cinco lugares de ensino em várias instituições diferentes e nos quer convencer que o seu «génio» é grande o suficiente para dar conta de tanto trabalho ao mesmo tempo. Sem querer duvidar da alegada ‘genialidade’ destes ‘super’ profissionais, pergunto-me se não será este precisamente um dos casos ‘chiques’ mais ‘super’ do Senhor Mais ou Menos? É que não podendo prestar a atenção devida (os dias só têm 24 horas!) a cada um dos seus quatro ou cinco trabalhos, estes ‘super professores universitários’ acabam por se comportar um pouco como os electricistas do começo, i.e., ‘não têm tempo para aparafusar devidamente as tomadas na parede mas pedem o dinheiro pelo serviço completo’.
É possível que estejam a pensar que este é mais um texto cheio de ‘pessimismo destrutivo’, mas a verdade é que essa não é de todo a minha intenção. O que quero dizer poderá mesmo ser encarado como uma boa nova (uma espécie de mensagem de ‘absolvição’, caso enfie a carapuça como eu). É que tudo indica que esta personagem é menos um fenómeno nacional do que um fenómeno global. Mais: que se trata de um daqueles 'fenómenos globais de longa data' que os antropólogos (estes são aqueles que estudam os seres humanos no seu todo) dirão ser bem característicos da espécie humana. Na China, por exemplo, a sua existência já é conhecida desde há muitos séculos, senão mesmo desde há alguns milénios, mas ele só seria imortalizado literariamente no início do século passado pelo famoso filósofo e ensaísta Hu Shi (1891-1962), num pequeno texto cujo título está precisamente por detrás do nome da vedeta deste post: «O Senhor ‘cha-bu-duo’ (leia: ‘tsá-bú-dó’) ou «O Senhor Mais ou Menos» - trata-se de um daqueles textos cuja perspicácia, brevidade e clareza os transporta muito rapidamente para os livros da escola secundária onde são apresentados como modelos literários e vectores de mensagens morais (foi aliás num destes livros que eu me confrontei pela primeira vez com este texto). Quem é Hu Shi? E do que fala Hu Shi quando se refere ao Senhor Mais ou Menos?
Esse será o tema do nosso próximo post.
Posted by gdsantos at 16:53 2 comments
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