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quinta-feira, 1 de março de 2012

Ciao Lucio, sei un grande

No dia da sua imprevista morte, aos 68 anos, em plena digressão, nada melhor que escolher «4/3/1943». Canção autobiográfica, conta-nos a história da concepção de Lucio, por Lúcia, mãe adolescente do cantautor. Foi censurada na RAI. Para os fans, reenvio uma versão inédita. Anos depois, Chico Buarque torna-se amigo de Dalla, e adapta a letra para português, na belíssima «Minha história». Em baixo, a letra da versão em português.

Ele vinha sem muita conversa, sem muito explicar
Eu só sei que falava e cheirava e gostava de mar
Sei que tinha tatuagem no braço e dourado no dente
E minha mãe se entregou a esse homem perdidamente, laiá, laiá, laiá, laiá
Ele assim como veio partiu não se sabe prá onde
E deixou minha mãe com o olhar cada dia mais longe
Esperando, parada, pregada na pedra do porto
Com seu único velho vestido, cada dia mais curto, laiá, laiá, laiá, laiá
Quando enfim eu nasci, minha mãe embrulhou-me num manto
Me vestiu como se eu fosse assim uma espécie de santo
Mas por não se lembrar de acalantos, a pobre mulher
Me ninava cantando cantigas de cabaré, laiá, laiá, laiá, laiá
Minha mãe não tardou alertar toda a vizinhança
A mostrar que ali estava bem mais que uma simples criança
E não sei bem se por ironia ou se por amor
Resolveu me chamar com o nome do Nosso Senhor, laiá, laiá, laiá, laiá
Minha história e esse nome que ainda carrego comigo
Quando vou bar em bar, viro a mesa, berro, bebo e brigo
Os ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz
Me conhecem só pelo meu nome de menino Jesus, laiá, laiá
Os ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz
Me conhecem só pelo meu nome de menino Jesus, laiá, laiá, laiá, laiá.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Cesária Évora (1941-2011): sôdade

Voz quente, pé descalço, coração de embalar.

A ouvir, sempre.

Obituários no Público e no The Guardian.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Banqueiro amigo, os governos estão contigo

Faça favor de escolher: temos em versão pimba confort ou em versão internacional excelence, aqui em tributo à Goldman Sachs (via Eduardo Febbro, correspondente em Paris da agência Carta Maior).


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Fausto completa a sua trilogia da deambulação lusíada

Chama-se «Em busca das Montanhas Azuis» e foi lançado hoje mesmo. É o fecho da trilogia iniciada em 1982 com «Por este rio acima» e continuada com «Crónicas da terra ardente» (1994).

Quem quiser um cheirinho pode ouver aqui o primeiro single, «Velas e navios sobre as águas».

Mais informações na página facebook do artista.

Parabéns ao autor, e agora, vamos lá ouvi-lo com atenção!!!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Jorge Lima Barreto (1949-2011): explorador de oceanos musicais


Fernando Jorge da Ponte Lima Barreto [...], músico, compositor, escritor, doutorado em Musicologia, fundador dos Anar Band (197) com Rui Reininho, e dos Telectu (1982) com Vitor Rua (na foto). Apenas com os Telectu, Jorge Lima Barreto e Vitor Rua editaram, até 2002, dezasseis discos. Alguns deles tiveram a participação de reputados músicos como Saheb Sarbib, Chris Cutler, Louis Sclavis, Jacques Berrocal ou Daniel Kientz. Barreto tocou ainda com Carloz Zingaro, Eddie Prévost, Nuno Rebelo, Evan Parker, Sunny Murray, Paul Rutherford, Barry Altschul, Tom Chant, Sei Miguel, entre outros.

Povd, in blogue Posso ouvir um disco

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Porque é que boas reportagens já não redimem o inevitável

Ricky Martin e Cova do Vapor parecem temas desinteressantes, contudo, duas boas reportagens conseguiram dar-lhe a volta.

Quanto ao primeiro, um cantor de «música latina», passou de sex symbol heterossexual para sex symbol gay, no ano passado ou por aí. Assumir isso publicamente é bom, para tirar a questão do armário; agora parece que a coisa foi um pouco tardia demais, senão vejamos: em 1.º lugar, já dezenas de países aprovar o casamento homosexual e avançam na promoção da igualdade de género. Depois, o artista lançou em 2011 um álbum que se chama Música + Alma + Sexo e cujo sexo no fim do título foi justificado por ser a coisa mais natural do mundo. Pois, se assim fosse, porque é que teve que esconder a sua orientação sexual tanto tempo? E porque diz que orientação é diferente de preferência e que o facto de ser gay não é uma escolha?

A segunda reportagem falou-nos dum bairro popular de Setúbal que há mais de 30 anos vem lutando para ter a sua infra-estrutura própria e que agora consegue chamar peritos de várias areas, desde urbanistas e malta das energias renováveis. Nada mau.

Para quem estiver interessado pode ver na página do programa «30 minutos», da RTP1.

E chegámos à parte final do título do post: o inevitável é que vem aí a privatização da RTP e já ninguém vai protestar por isso. Para chegar a este estado de coisas não contribuiu apenas a crise geral, mas também a lentidão de processos da instituição. A SIC já anda a fazer deste tipo de reportagens há mais de 15 anos, não é assim? Enfim, nem tudo foi negativo, como se constata no noticiário regional, na programação humorística, na capacidade tecnológica. Mas enfim, com propaganda oficial, grelha populista (hoje, o telejornal abriu com a morte do actor Angélico Vieira, enquanto a SIC abria com a revolta nas ruas de Atenas) e descaracterizada, etc. e tal, o barco foi ficando muito para trás...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Agenda cultural

O início do ano é sempre um tempo mais ou menos penoso, excepto quando se preenche a agenda nova e se começa a programar o que fazer. A minha agenda já tem um círculo à volta do dia 5 de Maio - Paolo Conte no CCB.

sábado, 4 de dezembro de 2010

d'Orfeu em festa numa cidade de associações

São 15 anos duma organização cujo mote é «a criação de sinergias através do modelo associativo».

Desta associação falámos em post anterior, a propósito de um dos vários festivais que organiza, o OuTonalidades.
Os outros são o Gesto Orelhudo, festival internacional performativo de música e humor, o Festim - festival intermunicipal de músicas do mundo, e o Rio Povo, espectáculo feito por 400 músicos e actores de 20 associações, «celebrando e recontextualizando as tradições da zona», como assinala Mário Lopes em «d'Orfeu Associação Cultural: tudo começou com quatro irmãos em busca de mais música».
Águeda e os seus artistas estão de parabéns.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

OuTonalidades, uma ponte entre Portugal e Galiza

Já começou a 14.ª edição do OuTonalidades, um circuito ibérico de música ao vivo que tem a particularidade de se realizar em tudo o que é sítio, desde aldeias, vilas, cidades, em palcos diversificados (bares associativos, salas, etc.) e com grupos de vários géneros musicais (músicas do mundo, tradicional, fado, blues, jazz, rock, ska, experimental).
De início concentrado no Noroeste peninsular, tem-se expandido para o sul, e este ano abrange 15 espaços de 11 distritos de Portugal. Juntando a Galiza, serão 70 concertos, 36 deles em intercâmbio, e até 18/XII.
A organização cabe à associação cultural d'Orfeu, que assim confirma a capacidade de entidades deste tipo para a concepção de eventos de impacto internacional e alternativos aos do mainstream das grandes empresas.
Música e programa aqui (incluindo calendários normal e por recinto); versão do folheto original aqui.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Músicas do mundo disponíveis na internet

Chama-se World Music Archive e é uma nova página da rádio pública inglesa que disponibliza gratuitamente um precioso acervo de programas e gravações dedicado às músicas do mundo, registado pelos jornalistas da BBC3.

Basta um simples toque no rato do computador para acedermos a um «fakir sufi, Saina Zahoor, a tocar a sua tumba, instrumento de três cordas, em Pakpattan, no Paquistão; [aos] coros masculinos da Geórgia, interpretando canções com 2000 anos; [à] música dos pigmeus Baka, nos Camarões, ou ao gamelão de Java e Bali», como refere Mário Lopes. Ou ao grande Ali Farka Touré...

Resta dizer que já há alguns anos atrás a mesma BBC3 disponibilizava gratuitamente o acesso ao registo áudio de programas e dos concertos do seu excelente festival de músicas do mundo intitulado WOMAD-World of Music and Dances. Em 2006 chamei a atenção para um desses concertos imperdíveis, dos fabulosos Bajofondo Tango Club, uma banda de mais de 20 músicos argentinos e uruguaios das margens do Rio de Prata que mistura tango, electrónica e o que mais lhes der na gana.

Além deste, sugiro a audição dos concertos dos congoleses Ba Cissoko, do indiano  Purbayan Chaterjee, do maliense Salif Keita ou dos beninenses Orchestre Poly-Rhythmo de Cotonou. Não percam, por nada deste mundo!!!

terça-feira, 22 de junho de 2010

Por terra adentro...

Neste fim-de-semana Fausto Bordalo Dias desvelou a última das obras que compõem a sua trilogia da «gesta marítima». Num elenco de 22 canções, as primeiras 8 eram retiradas do novo álbum (Por terra adentro?), cabendo a cada um dos álbuns anteriores 7 canções (além dum encore final, «Navegar, navegar», e mais houvera se o artista não tivesse subtilmente assumido o seu compreensível cansaço).
O concerto foi uma oportunidade única para se ouvir novas canções que vão decerto entrar no ouvido, e para recordar aquelas que já fazem parte dum repositório de revisitação crítica da expansão marítima portuguesa da época moderna.
O programa pode ser consultado aqui. Para quem quiser ler uma crítica do espectáculo pode ir aqui ou aqui. Para matar saudades, músicas do cantautor aqui. E para quem quiser ecoar estas músicas antológicas pode consultar aqui as respectivas notações musicais.

domingo, 9 de maio de 2010

Para quê o Papa se temos o Jesus e ainda por cima sem custos?

O troféu (campeão português de futebol pela 32.ª vez), a festa e a iconografia
(ah, e o hino original, uma relíquia!)
Para a próxima época, cá esperamos melhor Europa!!

domingo, 21 de março de 2010

Corações brancos para MC Snake

«"Snake era clean, clean, 100 por cento clean", dizem amigos»

Actualização: «Um "momento de paz" para MC Snake»

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Tchau Hermínia d'Antónia de Sal

Uma das maiores intérpretes da música cabo-verdiana se cala. Faleceu no último domingo na ilha do Sal, aos 65 anos, a cantora Hermínia d'Antónia de Sal, vítima de doença prolongada. Hermínia da Cruz Fortes, seu nome verdadeiro, nasceu na ilha de São Vicente e era prima da diva Cesária Évora.


terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Música pelo Haiti

Foi lançada no último domingo a versão da música “Everybody Hurts”, do R.E.M, gravada para arrecadar fundos para o Haiti. A canção pode ser comprada pela Internet (aqui). A versão em CD está disponível desde ontem.

Entre os artistas que participam do projeto estão Leona Lewis, Rod Stewart, Susan Boyle, Miley Cyrus, Kylie Minogue, Jon Bon Jovi, Mariah Carey, James Blunt e Mika. O vídeo mistura imagens da gravação em Los Angeles com cenas da devastação provocada pelo terremoto no dia 12 de janeiro no Haiti.


segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Um trio memorável

Foi memorável a série de 4 concertos que juntou Fausto, Sérgio Godinho e José Mário Branco em Lisboa e Porto no outono passado. Por várias razões: a projecção dos artistas e sua diversidade de estilos; a riqueza da selecção do repertório (combinando músicas de que cada um gostava, de si e dos outros dois, com inéditos individuais ou em parceria, além de José Afonso); a qualidade das letras, músicas e arranjos; a valia do alargado conjunto de músicos acompanhantes; o caloroso público intergeracional (pese a maior presença de cinquentões e sexagenários); a raridade deste tipo de encontro, após os momentos de comunhão revolucionária de 1974/5 (mas também do exílio parisiense, no caso de SG e JMB). E, last but not least, a pertinência da música de intervenção e da sua articulação com baladas e outras canções.
Por tudo isto, a adesão foi imediata e maciça: os concertos lotaram com antecedência; o duplo cd tornou-se, num ápice, disco de ouro e líder de vendas; a caixa cd+dvd segue de vento em popa, etc.. O registo dum desses «Três cantos» foi recentemente divulgado na RTP1, seguido do documentário Faz tudo parte, de André Godinho. Aquele permitiu perceber melhor as letras, certos detalhes, enquanto este último deu lugar às opiniões, memórias e imagens bem antigas dos cantautores.
Por tudo isto, faço votos para que os 3 se voltem a juntar. Se assim for, que em Lisboa seja noutra sala, no Coliseu, por ex.. Estive no 2.º concerto do Campo Pequeno e fiquei com a impressão de não ser um bom espaço para um concerto destes: os lugares são muito apertados, as vozes não se ouvem bem, é demasiado grande. E este voto que faço não é por saudosismo, mas sim pelo que expus acima.
Deixo-vos o alinhamento do espectáculo nas suas duas partes (repetido nos 2 cds), com links para o registo em concerto dalgumas delas (+na lista de Fernando Marques de 6/XII):
Travessia do deserto 2 Ser solidário
Como um sonho acordado 3 De não saber o que me espera
A barca dos amantes 4 Olha o fado
Mariazinha 5 Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Rosalinda 6 Foi por ela
Quatro quadras soltas 7 Que força é essa
Canto dos Torna-Viagem 8 Eu vi este povo a lutar (Confederação)
A ilha 9 Maré alta
Não canto porque sonho 10 Inquietação
O charlatão 11 Na ponta do cabo

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Hope For Haiti Now

Em resposta ao terremoto que afetou o Haiti, a MTV Networks apresenta amanha, a partir das 21 horas, o concerto “Hope For Haiti Now” (Esperança para o Haiti Agora). Este show global foi organizado pelo ator George Clooney e terá a presença de mais de 100 artistas, com o objetivo de arrecadar fundos pras vítimas do terremoto.

Até o momento, já estão confirmadas as presenças de Wyclef Jean, Bruce Springsteen, Jennifer Hudson, Mary J. Blige, Shakira e Sting, em Nova Iorque. Em Los Angeles, irão se apresentar Alicia Keys, Christina Aguilera, Dave Matthews, John Legend, Justin Timberlake, Stevie Wonder, Taylor Swift e uma perfomance conjunta de Keith Urban, Kid Rock e Sheryl Crow. No palco de Londres, se apresentarão Coldplay e uma atuação conjunta de Bono, The Edge, Jay-Z e Rihanna.

O programa será transmitido por todos os canais MTV e a estimativa e de atingir aproximadamente 640 milhões de lares em todo o mundo, incluindo a sua primeira cadeia na China, assim como outras grandes redes como a CNN, ABC, CBS e Fox.

O concerto também será transmitido ao vivo através de sites como YouTube, Hulu e MySpace e por algumas operadora de celulares (Estados Unidos e Europa). Além disso, no sábado, todas as apresentações estarão disponíveis para dowlond pago no iTunes.

Toda a renda será distribuída (em partes iguais) para as organizações que estão trabalhando efetivamente no Haiti: Oxfam America, Partners in Health, Cruz Vermelha, UNICEF e Fundação Yele Haiti.

Da enciclopédia ao museu?

A monumental Enciclopédia da música em Portugal no século XX é hoje apresentada em Lisboa (Teatro S. Carlos, 19h), após 12 anos de trabalho duma equipa de 151 colaboradores dirigida pela Prof.ª Salwa Castelo-Branco (do Instituto de Etnomusicologia da FCSH-UNL). A obra, em 4 volumes, tem 1440 páginas, mais de 1250 entradas, 550 imagens e índices temático e onomástico. Segundo nota informativa, abrange as músicas erudita, popular, tradicional, o folclore, o pop-rock, o jazz, o fado, a canção coimbrã e a música nas comunidades migrantes. Aborda ainda «modos expressivos em que a música desempenha um papel central, como a dança, o cinema e o teatro». Por tudo isto, e pela qualidade do trabalho, é a 1.ª «grande obra de referência dedicada à música praticada em Portugal» no século passado.
Em depoimento ao DN, Salwa Castelo-Branco alertou para a necessidade de se preservar em museu próprio os registos sonoros dessa centúria: «Espero que sirva para que o Governo leve a sério a necessidade de se criar um museu. É preciso um arquivo sonoro e eu ando há muitos anos a pedi-lo. Há muito que faz falta um Museu de Música, um local que reúna a história musical dos últimos 100 ou 110 anos, desde que se inventou o gramofone».
Só o 1.º dos 4 volumes editados pelo Círculo de Leitores será hoje apresentado. Os restantes volumes chegarão em Março (letras C a L), Maio (L-P) e Julho (P-Z). Cada volume custará aos associados entre 24,9€ e 29,9€, chegando depois às livrarias do Círculo e da Temas & Debates.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Bono (U2) fala merda

bono   clave do sul

Bono, vocalista da banda irlandesa U2, defendeu neste domingo o reforço da luta contra o download ilegal de filmes e músicas pela internet, afirmando que a prática prejudica muito os artistas.

Segundo Bono, os esforços empreendidos pelos Estados Unidos para combater a pornografia infantil na internet e a mobilização da China para caçar os “ciber-dissidentes” mostram que “é totalmente possível controlar” o conteúdo que circula na rede. Leia notícia completa aqui.

Que o senhor Bono se posicione contra download ilegal tudo bem. Tá no papel dele se tornar porta-voz da Universal Discos e defender os interesses das grandes corporações da indústria fonográfica. E só delas, pois a poderosa indústria fonográfica é quem mais fatura com a criação artística. O artista fica com menos de um décimo do valor final de um CD. Pior: é roubado por ela, que manipula desde sempre dados em seus borderôs pra subfaturar o total real das unidades vendidas. En outras palavras: repassa valores inferiores aos artistas e sonega impostos. E aqui fica a pergunta. Quem rouba quem, senhor Bono? Como se vê, o buraco é mais embaixo (ou em cima, como queiram).

Claro que a pornografia infantil tem de ser combatida de todas as maneiras possíveis. Agora, defender o controle da Internet pelo Estado já são outros quinhentos. O vocalista irlandês deveria medir melhor as suas palavras, mesmo porque de boas intenções o inferno está cheio.

Não importa o motivo. Nada pode servir de pretexto para que o Estado ou quem quer que seja crie mecanismos de controle de mídias. Muito me estranha que um ativista dos direitos humanos se entusiasme com o modelo chinês de controle da sociedade. Esse argumento do vocalista do U2 é a deixa que alguns governantes esperam para controlar efetivamente a Internet. Creio que ele foi bem infeliz nesse contexto. Usar a repressão chinesa como exemplo, além de lamentável é grotesco.

Quanto à pirataria de música, credito às gravadoras boa parcela da culpa. Primeiro pelo preço abusivo dos CDs. Segundo, pela resistência delas (e de muitos músicos) em colocar na rede as músicas individualmente para que se faça o download pago daquela que melhor agradar o consumidor. Uma simples mudança como essa na estratégia de venda reduziria brutamente o custo de produção, uma vez que se gastaria bem menos com matéria prima, encarte e distribuição. Talvez esta seja a melhor formar de combate ao download ilegal.

Não vejo sentido ter de pagar por 12 músicas quando a maioria das pessoas gosta apenas de 1 ou 2 de cada CD. Somente os fãs incondicionais primam por ter a obra completa do seu músico predileto. Esses compram até discos em branco de seus ídolos.

Aliás, o U2 é um bom exemplo disso. Dos seus últimos 3 ou 4 discos que ouvi (e não eram piratas), apenas uma ou 2 músicas se salvam em cada um deles. O resto é pura caquinha sonora. Neste caso, o único prejudicado fui eu, que paguei por várias canções e aproveitei nem um quinto do produto comprado. É como pagar pela feijoada completa e comer somente o arroz.

Enquanto o monopólio das gravadoras resistirem às mudanças tecnológicas e não baratearem o preço dos CDs, entendo a pirataria de música apenas como um ato de desobediência civil. Nada mais além disso. Vale lembrar que, segundo muitas pesquisas, os “baixadores” de músicas pirateadas são os que mais consomem música não-pirateada. Em nome de uma pretensa defesa dos artistas, o que se pretente na verdade é proteger os interesses econômicos do monopólio do entretenimento. O senhor Bono está atirando na pessoa errada ao defender o seu pior inimigo: a indústria fonográfica.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

70 anos da Aquarela Brasileira


A música “Aquarela do Brasil” fez este ano 70 anos. Composta (letra e música) por Ary Barroso em 1939. Foi a primeira canção responsável pelo surgimento do samba de exaltação, cujo principal característica é o ufanismo, o que aliás anda em alta aqui em Terras Tupiniquins nos últimos tempos. Interpretada por grandes cantores e cantoras brasileiros e estrangeiros, “Aquarela” já foi até apresentada por alguns desavisados como o Hino Nacional Brasileiro em muitas cerimônias internacionais, principalmente as esportivas.