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quinta-feira, 8 de março de 2012

dia internacional é quando a mulher quer

segunda-feira, 14 de março de 2011

Feminismos: balanço de 60 anos



segunda-feira, 8 de março de 2010

Centenário do Dia Internacional da Mulher

Foi há 100 anos que a feminista e socialista revolucionária alemã Clara Zetkin propôs a celebração anual dum Dia Internacional da Mulher, no palco da II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas. De então para cá muita água passou por debaixo das pontes, muitas lutas se travaram, muitos direitos se alcançaram e muitas transformações ocorreram.
Em Portugal, o MDM- Movimento Democrático de Mulheres inaugurou uma mostra alusiva, intitulada Dia Internacional da Mulher - um século de luzes e sombras.
Para +inf. vd. o site International Women's Day e este dossiê.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Apologia da democracia participativa

Os 80 anos do nascimento da única primeira-ministra portuguesa, Maria de Lourdes Pintasilgo, estão a ser celebrados com uma série de iniciativas importantes, a que se junta um alerta para a salvaguarda do Centro de Documentação Elina Guimarães, um espaço único de cultura e intervenção feminista em Portugal, obra da UMAR. Pintasilgo, que foi uma feminista convicta, decerto apoiaria esta causa, ela que também foi uma lutadora por causas progressistas e pela democracia participativa.

Sobre o tributo a Pintasilgo, arrancou na 2.ª feira passada com a estreia do documentário Maria de Lourdes Pintasilgo, de Graça Castanheira, na FCG. O documentário, que traça um retrato da vida pública e privada de Pintasilgo, foi também exibido ontem na RTP2 (+inf. aqui). Para quem ainda pretenda (re)vê-lo, há pelo menos um servidor de tv por cabo que permite visualizar a programação da RTP mesmo após a sua transmissão.

O ciclo de debates «Cuidar a democracia, cuidar o futuro» foi delineado pela própria Pintasilgo em 1996 e visa reflectir sobre que tipo de democracia queremos. Concretizado pela instituição que divulga o seu legado, a Fundação Cuidar o Futuro, começa amanhã, na FCG, e decorre até 25/II, num total de 6 debates em distintos locais (vd. programa na imagem anexa ou aqui). Para mais informações sobre o conteúdo de cada sessão vd. aqui e aqui.

O centro feminista da UMAR, sediado em Lisboa, está em risco de desaparecimento desde 2005, e bem faria a edilidade em disponibilizar um espaço condigno para este tão relevante projecto, em vez de esbanjar o dinheiro em foguetórios Red Bulls e quejandos (vd. «Apelo ao presidente da câmara e ao governo»). Aproveita-se para indicar a petição: «Por um Centro de Cultura e Intervenção Feminista na cidade de Lisboa».

Para abrir o apetite, aqui fica um excerto certeiro do esboço de Pintassilgo para o seu ciclo de debates:

A mobilização das forças sociais é um novo factor a ter em conta no desenho e implementação das políticas públicas. Por isso um novo contrato social é exigido, extensível aos governos e à população, à própria natureza e a todas as nações do mundo.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Uma sedutora arma contra o terror

calcinhas _ clave do sul Bem, não sei se esta arma é eficaz contra o terrorismo, mas é bem sedutora e original a coisa. Indianos revoltados após um ataque contra mulheres que bebiam em um bar se uniram para mandar um presente a militantes extremistas: cuecas. Mais de 5 mil pessoas, incluindo muitos homens, aderiram ao grupo, que se autodenomina Consortium of Pub-going, Loose and Forward Women (em tradução livre, Associação de Mulheres Avançadas, Fáceis e Frequentadoras de Bares) ou CPLFW no site de relacionamentos Facebook. Continua.


segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Apetite sexual

burca Apesar de protestos por parte da comunidade internacional, o governo do Afeganistão aprovou uma lei que legaliza a discriminação contra as mulheres da minoria xiita, ao determinar que elas podem ser privadas de alimentação caso se neguem a saciar o apetite sexual de seus amáveis maridos. A informação foi divulgada na última sexta-feira pela organização de direitos humanos Human Rights Watch.

A ONG ainda denunciou que essa decisão foi mais uma manobra eleitoral do presidente Hamid Karzai, candidato à reeleição no pleito que será realizado esta semana, já que a tal lei foi publicada no Diário Oficial do país em 27 de julho sem qualquer anúncio oficial.

domingo, 8 de março de 2009

A igualdade de género: um Grande projecto

A propósito do Dia Internacional da Mulher, que se celebra hoje, vale a pena divulgar o projecto BIG - Bibliotecas pela Igualdade de Género, que a UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta está a levar a cabo em parceira com a Divisão de Gestão de Bibliotecas da CML. Trata-se de um projecto de promoção da reflexão e debate sobre as questões de género, dirigido aos jovens que frequentam as bibliotecas municipais. Sendo a biblioteca pública um espaço de acesso livre à educação, à cultura e à informação, será também um óptimo local para dar maior visibilidade ao papel das mulheres na história, na sociedade e na política e ajudar a desfazer estereótipos reprodutores da desigualdade de género.
Ao longo de 2009, o projecto BIG vai dinamizar conferências/debates em 6 bibliotecas municipais de Lisboa, sob o mote «As mulheres no espaço público» (programa completo).
No mês de Março, na Biblioteca-Museu República e Resistência, vai ser assim:
Dia 10 - Mulheres, Cidadania e Paridade, com Maria de Belém Roseira (Deputada) e Daniel Oliveira (Jornalista). Moderação de Albertina Pena (Professora). 
Dia 17 - Mulheres e Emprego, Trajectos Emancipatórios, com Anália Torres (Socióloga) e Ulisses Garrido (Sindicalista). Moderação de Maria Viegas (Socióloga).
Dia 24 - Mulheres, Violência de Género e Espaço Público, com Elisabete Brasil (Jurista) e Manuel Lisboa (Sociólogo). Moderação de Manuela Góis (Professora). 
Horário das sessões: 18h/20h
No passado dia 3 foi inaugurada na BMRR uma exposição sobre Maria Veleda (1871-1955), “pioneira na luta pela educação das crianças e os direitos das mulheres e na propaganda dos ideais republicanos, destacando-se como uma das mais importantes dirigentes do primeiro movimento feminista português” (excerto de biografia consultada aqui). 
O projecto BIG vai ter apresentação pública no dia 11 de Março, às 16 horas, na Biblioteca Municipal Central - Palácio Galveias.
Dá gosto ver a sociedade civil a trabalhar com as bibliotecas públicas.
Dá gosto perceber que as bibliotecas públicas acolhem iniciativas da sociedade civil, ainda mais quando se trata de promover a igualdade de género, uma causa maior da agenda feminista, desde sempre socialmente comprometida.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

“1.000.000 de assinaturas contra as leis discriminatórias do Irã”

Desde o início de abril, jornalistas do sexo feminino enfrentam uma forte onda de repressão por parte das autoridades iranianas. Algumas foram presas e condenadas a 10 chicotadas (como foi o caso da jornalista Nahid Jafari), outras intimidadas e uma foi proibida de deixar o país. Desde então, o Tribunal Revolucionário de Teerã não tem dado trégua e até provedores de Internet têm recebido ordens para bloquear o acesso a centenas de sites que mantenham em seu conteúdo opiniões consideradas dissidentes ao governo. Nos últimos dias, foram bloqueados diversos sites e blogues feministas, como Meydaan-e Zanan (Campo das Mulheres), Kanoon Zanan Irani (Centro das Mulheres Iranianas), Shir Zanan, que cobre eventos esportivos femininos, e o Change for Equality.

Aqui o link da campanha “1.000.000 de assinaturas para mudar

as leis discriminatórias contra a mulher no Irã”.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

O 3.º Congresso Feminista português é já esta semana

O 3.º Congresso Feminista português inicia-se esta 5.ª feira, em Lisboa, por iniciativa da associação UMAR- União de Mulheres Alternativa e Resposta.
Durante 3 dias serão apresentadas dezenas de comunicações por reputad@s especialistas em estudos femininos (vd. aqui). Paralelamente, decorrerá um extenso programa cultural, com exposições, concertos, filmes, lançamentos de livros, arraial, etc..
A data escolhida pretende também celebrar os 80 anos do último congresso feminista que se realizou em Portugal: o 2º Congresso Feminista e da Educação, organizado pelo Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas. A 1.ª edição ocorreu em 1924 (vd. historial aqui).
Os locais de acolhimento deste encontro científico serão a FCG (a 26 e 27/7) e a FBAUL (a 28/7).

sábado, 8 de março de 2008

Horários femininos

Neste último mês tenho tido uma rotina bastante mais matutina que o habitual, o que implica sair de casa pelas 6 da manhã. Os meus companheiros de horário são mulheres, mais velhas, entre os 45 e os 55 anos, a caminho das limpezas de cafés, bancos e empresas; e negros, jovens, à espera das carrinhas que os levem até aos alicerces de uma Lisboa modernaça.
Sem dúvida que a luta por alguns dos -ismos do séc. XX, como o capitalismo, o racismo e o feminismo continuam a fazer sentido e acordam cedo.
Imagem: Fotografia de Bert Teunissen, da série Domestic landscapes.

Aux Grandes Femmes, la Patrie Reconnaissante



A Mairie de Paris teve uma iniciativa notável por ocasião do dia internacional da mulher, que se comemora hoje. Paris decidiu honrar a memória de nove mulheres que marcaram a História de França. Já que a Pátria não o fez, fê-lo Paris em nome da Pátria (como se diz aqui). São nove figuras do feminismo, não só marcaram a história, como se bateram todas, em diferentes contextos, e de diferentes maneiras, pelos direitos das mulheres. A Mairie de Paris afixou um retrato de cada uma destas mulheres, acompanhado de uma citação. Diz o Maire de Paris, Bertrand Delanöe, a igualdade dos géneros faz-se também pela história e pelo trabalho de memória, e tem razão. A iniciativa é particularmente feliz em vários aspectos. A escolha do local onde as fotografias das mulheres homenageadas é excelente: o Panthéon. Do ponto de vista visual as fotografias na fachada são imponentes, o que tem que ver com a arquitectura do edifício, e da própria praça do Panthéon. Mais importante ainda, do ponto de vista simbólico a escolha do Panthéon é importantíssima, é o lugar para onde vão os heróis da Pátria, é onde estas mulheres deveriam estar. Das nove apenas uma está de facto (Marie Curie). Ainda do ponto de vista simbólico a escolha da frase que dá o título a esta homenagem (e a este post): "Aux Grandes Femmes, la Patrie Reconnaissante", ou seja "Às grandes mulheres, a Pátria Reconhecida" quando precisamente no Panthéon está gravado a ouro, na fachada "Aos Grandes Homens, a Pátria Reconhecida"..., enfim, pequenos pormenores.

As nove mulheres são: Olympe de Gouges, Simone de Beauvoir, Marie Curie, Colette, Georges Sand, Solitude, Louise Michel, Charlotte Delbo e Marla Deresmes. Confesso que só conhecia duas ou três, mas isto serviu-me para aprender mais um pouco. Simone de Beauvoir, ao centro, e de quem se comemora do centésimo aniversário do nascimento este ano, dispensa apresentações. Marie Curie ganhou dois prémios Nobel, pouca gente, homem ou mulher conseguiu esse feito. Abriu o caminho para as mulheres entrarem no mundo da Ciência. Olympe Gouges, uma das primeiras feministas francesas, autora da Declaração dos Direitos da Mulher nos tempos da revolução francesa. Foi condenada à morte pelo Tribunal Revolucionário em 1793. Louise Michel, militante anarquista revolucionária, lutou durante a Comuna de Paris. Foi deportada e morreu no exílio. Charlotte Delbo, participou na Resistência Francesa durante a segunda Guerra, e foi uma das poucas mulheres a sobreviver a Auschwitz.

A minha preferida, mesmo que não faça sentido estabelecer preferências, é Solitude. Na realidade o seu nome não é conhecido, embora a sua história seja, o nome Solitude foi-lhe dado pelas circunstâncias da sua morte. Solitude era uma mulata escrava da ilha da Guadeloupe. Filha de uma escrava violada por um branco a bordo de um barco negreiro, ainda no caminho de África para as antilhas. Tornou-se mulher livre quando a Revolução Francesa aboliu a escravatura, e lutou para manter a sua liberdade quando Napoleão decidiu re-estabelecer a escravatura, e fazer todos os negros e mulatos tornados livres regressar à condição de escravo. Nunca é demais relembrá-lo, esse grande homem que foi Napoleão Bonaparte fez a França regressar ao regime esclavagista quase dez anos depois da Revolução o ter abolido. Uma das consequências foi a independência do Haiti, no que foi a primeira (de muitas) derrota militar de Napoleão, e logo contra um exército de negros ex-escravos. Na ilha da Guadeloupe os escravos não lograram esse sucesso (ainda hoje faz parte de França), mas combateram as tropas de Napoleão vindas para repor a ordem esclavagista na ilha. Nesse combate destacou-se como líder o mulato Louis Delgrès, que havia já sido da militar da Revolução Francesa. Solitude combateu ao lado de Delgrès, chegando a combater grávida. Foi capturada e condenada à morte por enforcamento, tendo sido executada no dia seguinte a ter dado à luz o seu filho. Tem uma estátua erigida em sua memória na Guadeloupe, em que é representada grávida (foto em baixo). As suas últimas palavras são a citação que acompanha o seu retrato no Panthéon, e que foi o grito dos que lutaram ao lado de Delgrès: "Viver livre ou morrer!"


Mais informações sobre a homenagem às nove mulheres no Panthéon aqui. Programa das comemorações do dia Internacional da Mulher em Paris aqui. Foto de Solitude retirada daqui.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Um exemplo



É a única primeira-ministra e candidata presidencial independente que este país teve. A partir de hoje, o seu arquivo está disponível na Internet.
Mais informações no Peão (lado b).

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

O feminismo e a dona-de-casa


Camille Paglia, sempre polemista, considera que o movimento feminista do Ocidente marginaliza as mulheres que valorizam a maternidade e definem o cuidar dos filhos e do marido como missão central na vida. Em entrevista concedida ao jornal Folha de São Paulo (FSP)[1], esta feminista odiada pelas feministas (como diz o autor do artigo), manifesta a sua convicção de que o movimento perdeu a sintonia com o desejo da maioria das mulheres, ao defender a valorização da carreira em detrimento da maternidade. No seu entender, ao invés da veneração e atribuição do lugar mais alto à “mulher de carreira”, feminismo deveria ser sobre “mulheres terem oportunidade de avançar, não serem abusadas e terem direito de auto-subsistência económica para não depender de um parente homem”[2]. O autor do artigo lembra-nos que a escritora é considerada uma das principais teóricas do pós-feminismo e mantém-se sempre no centro da polémica, como ilustram, por exemplo, as constantes reacções ao seu livro “Personas Sexuais”, de 1990. Camille Paglia vê a emancipação da mulher moderna como produto da cultura capitalista ocidental, num momento particular em que, por causa da Revolução Industrial e do trabalho fora de casa, as mulheres se livram do controlo do marido, do pai ou do irmão. A escritora receia ver as feministas ocidentais destruir valores e tradições de culturas locais por não conseguirem lidar com a centralidade da maternidade para a maioria das mulheres do mundo.
Afinal, a centralidade da reflexão pós-feminista ainda não é dos pares maternidade/paternidade; mães/pais; mulheres/homens de carreira. Que dizer, então, dos unos, dos bi, dos homo e, enfim, dos múltiplos?

[1] Uirá Machado, “Para Paglia, feminismo erra ao excluir dona-de-casa”, Folha de São Paulo, domingo, 21 de Outubro de 2007.
[2] p.A26.

sábado, 20 de outubro de 2007

Conhecimentos

Hoje fui ao Campo Pequeno ver o filme The Secrets (Sodot, Ha-) do realizador Avi Nesher, integrado no ciclo de cinema israelita que está a decorrer naquele local. O filme versa sobre o tema da homossexualidade feminina, do judeismo ortodoxo e do feminismo.
Qual não é o meu espanto quando me deparo com as descrições do ciclo na internet: "(...)o filme - sobre duas jovens brilhantes que descobrem as suas vozes numa cultura ortodoxa repressiva em que as mulheres estão proibidas de cantar"; "«The Secrets» (2007), (...) uma longa- metragem de Avi Nesher que conta a história de duas jovens brilhantes que descobrem as suas vozes numa cultura ortodoxa repressiva em que as mulheres estão proibidas de cantar". Descobrem as suas vozes?!? talvez seja uma forma codificada, utilizada pelos jornalistas que ao perceberem que o filme versa sobre judeus ortodoxos, resolveram utilizar uma linguagem bíblica tipo conhecer. Elas conheciam as vozes uma da outra, mas estavam proibidas de cantar, coitadas.. se calhar é por isso que o filme "conta a história de duas jovens brilhantes".
Também tenho sérias dificuldades em entender a segunda parte da frase: "cultura ortodoxa repressiva em que as mulheres estão proibidas de cantar". Ah sim? pois neste filme há cenas e cenas em que não se faz mais nada senão cantar a viva voz. (no sentido literal do termo..)
Aliás, como se pode perceber pela foto, as duas "brilhantes" raparigas estão em plena descoberta da suas cordas vocais e melancólicas por não poderem dar azo ao "canto".
Não me lembro da classificação etária do filme, mas com este tema era certamente para m/6..

domingo, 6 de maio de 2007

Culturas urbanas, iô!

A propósito de culturas urbanas, e na sequência do dossiê coordenado pelo peão Renato e do debate correlato, resta referir a existência duma lista específica de links no relançado site do Le Monde Diplomatique - ed. portuguesa. Aí se acede também a bons textos integrais sobre a temática, incluindo ensaios académicos.
O site não fica por aí, tem ainda informação única sobre a história secreta do 25 de Abril, o contributo do terceiro sector, o feminismo, entre outros temas. Boas navegações!
Nb: imagem de graffiti de Mosaik (in FIGM- First International Graffiti Meating, Oeiras); maior base específica, por países, aqui.

terça-feira, 17 de abril de 2007

Feminismo ou Feminismo?

domingo, 18 de março de 2007

E agora uma coisa que realmente me chateia a mim também


Nos jornais franceses e até estrangeiros tomou-se o hábito de falar de Sarko e de Ségo (aos quais veio juntar-se Bayrou). Ora, isso é profundamente injusto. Dum lado, os senhores têm direito ao nome de família, enquanto a senhora, a tal que quer se presidente, fica com o diminitivo do seu nomezinho. E porque não Nico, Ségo (e François, ou para os amantes de poesia Francisco ou Paco) ? Isso não é mais um exemplo – cuidado aqui vai sair um palavrão – da dominação masculina, mesmo desenvolvida duma forma inconsciente?
Para uma análise desse fenómeno, pode se ler o artigo no Le Monde de mais um sociólogo francês, François de Singly.

quinta-feira, 8 de março de 2007

Emancipações, ou o reverso da medalha

Permitam-me o optimismo, mas a emancipação da mulher parece-me hoje uma realidade, um dado adquirido. As conquistas das mulheres, em particular na sociedade ocidental, desde os tempos de Emmeline Pankhurst (ver o post anterior) são inegáveis e enormes. Ainda há muito para fazer, é certo, mas digamos que a máquina já esta em movimento, é uma inevitabilidade, uma questão de tempo.
O desafio agora está do lado dos homens. A mulher emancipou-se, mas conseguirão os homens emancipar-se da emancipação feminina? Conseguiremos adaptar-nos a este admirável mundo em que a mulher é tratada em igualdade com o homem? Estaremos à altura do desafio? Quem é afinal o sexo fraco?

P.S. - Quem é que pôs o autocolante ali em cima à direita? Está genial!

Deeds not words

Hoje quero falar de uma mulher que considero uma heroína: Emmeline Pankhurst (1858-1928), uma das fundadoras do movimento sufragista britânico. «Mrs Pankhurst» nasceu em Manchester, filha de uma abolicionista e de uma feminista. Casou, também, com um apoiante do movimento. Fundou em 1903 a Women's Social and Political Union, cujo lema era «Deeds not words» e começou uma militância mais visível a partir de 1905. Foi presa várias vezes, fez greves de fome. Durante a Primeira Guerra, deixou o tema do sufrágio, para se dedicar ao esforço de guerra. O seu objectivo era que as mulheres pudessem ocupar os empregos deixados pelos homens, chegando a organizar uma manifestação nesse sentido que juntou 30,000 mulheres.
Em 1918, as mulheres inglesas com mais de 30 anos e, se proprietárias, começaram a votar, embora todos os homens com mais de 21 anos o pudessem fazer. Finalmente, em 1928 a igualdade de direitos, em relação ao voto, ficou estabelecida.
«Mrs Pankhurst» mudou o mundo ocidental, mudou o meu mundo e, sobretudo, faz-me acreditar que os «contextos» que tantas vezes servem de desculpa, não têm que existir, antes pelos contrário são os que vêem «fora do contexto» que tantas e tantas vezes têm razão.

Se há ismo no qual me revejo...

... é o FEMINISMO!
Sei que sou feminista desde a adolescência. O meu feminismo prende-se com a minha consciência das relações familiares, com a minha consciência histórica e com a minha consciência política.
Consciência da desigualdade entre homens e mulheres na família, na divisão das tarefas domésticas, na gestão da casa, na educação dos filhos, no tratamento diferenciado dado a rapazes e raparigas, nas expectativas criadas, nos papéis sociais impostos, nos preconceitos, nos tabus, no cerceamento da autonomia, na repressão da sexualidade.
Consciência da posição de subordinação desde sempre reservada às mulheres e da luta que começou a ser travada, sobretudo a partir de meados do século XIX, em prol da igualdade de direitos sociais e políticos entre os géneros.
Consciência da necessidade de contrariar no quotidiano, nas relações sociais, na polis, aquela desigualdade histórica; contribuir para a criação de uma sociedade mais justa e mais livre, onde cada pessoa (independentemente do género) possa realizar-se nas suas múltiplas identidades, possa sentir e dar prazer, possa decidir sobre a sua vida, possa intervir plenamente em todos os domínios da esfera pública.
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Imagem AFML: Fot. Helena Corrêa de Barros, «Duas mulheres: composição», [1950-1960].