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sexta-feira, 3 de junho de 2011

A cozinha lusa em registo minimal-repetitivo

Podem ser dos melhores chefs portugueses da actualidade, mas as listas pessoais sobre os melhores 7 pratos da gastronomia portuguesa soam demasiado pelo mesmo diapasão. Tenho pena de o dizer, mas é assim.

A perdiz e o leitão à bairrada vem em todos, caramba (o cozido desaparece, asssim como as tripas, o cabrito, o borrego, a vitela, o arroz de pato...)! Nas sopas, a açorda alentejana intercala com o caldo verde: estou farto do caldo verde cheio de batata e chouriço, meus amigos! Como se não existissem outros sopas boas (gaspacho, sopa de peixe, de beldroegas, de feijão verde...); o pastel de bacalhau é quase o único petisco: que vergonha, então, não temos peixinhos da horta, enchidos, ovos mexidos, saladas de ovas e polvo...? Nos doces, vir em maioria pastéis de Belém e pastéis de Tentúgal, por muito bons que sejam, é quase um sacrilégio. Meus amigos, isso não é sobremesa, é apenas aperitivo de sobremesa! Seja em que cozinha for!!!

domingo, 20 de dezembro de 2009

Falar de comeres e beberes...

... está a acontecer, no programa Câmara Clara (RTP2), graças aos convidados António Manuel Monteiro e Inês Ornellas e Castro, ambos estudiosos do tema. Da Grécia Antiga à(s) dieta(s) mediterrânica(s) e de montanha, passando por muitas revelações (existência secular do couscous transmontano, a doçaria portuguesa como a melhor do mundo, etc.) e pelos comentários às belas imagens de Os gestos dos sabores, documentário a transmitir no mesmo canal, a seguir à missa do Galo.

Para quem gosta de livros de gastronomia, viajou-se por vários: sobre a Antiguidade clássica, de Maria de Lurdes Modesto, de A. M. Monteiro (Crónicas comestíveis), de José Pedro de Lima-Reis (Algumas notas para a história da alimentação em Portugal), entre outros.

Para quem não pôde ver, ou quer rever, o episódio estará disponível no sítio de Internet do programa de Paula Moura Pinheiro.

Nb: na imagem, estufado de beldroegas (semizotu çipohorta) da cozinha turca.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A cozinha

A cozinha é um espaço em perpétua mutação. Arruma-se e desarruma-se várias vezes por dia. E é tão fácil sujar uma cozinha: qualquer reles refeição enche o lava-loiça. O fogão fica sempre numa lástima. A toalha de mesa transforma-se todos os dias numa pintura abstracta cheia de cores diversas, composta pelas mais variadas texturas, sobretudo, do lado dos pequenotes. E o chão… o chão nem vale a pena falar. Sujar não só é fácil, como dá um certo prazer. Gosto de cozinhar, é uma tarefa que não me importo realizar todos os dias. A composição de um prato acaba por ser um acto de recriação, que aprecio. Às vezes exagero na imaginação e a coisa nem sempre corre bem. Mas é esse o desafio: fazer com que os ingredientes entrelacem entre si e formem um todo harmonioso, que saiba bem.
Já limpar a cozinha é uma chatice. Os restos amontoam-se no caixote do lixo e alguns despojos teimam em agarrar-se aos tachos e, também, aos pratos, aos copos, às travessas, aos talheres…. Metade da loiça não pode ir para a máquina. Por isso, às vezes, dá mais trabalho separá-la e passá-la por água do que lavá-la e esfregá-la todinha no lava-loiça. Mas o prior de tudo é limpar o fogão. Por mais que se limpe parece que a gordura nunca sai. Não há pachorra para o fogão. Que se lixe o fogão! Em certos dias nem olhamos para ele, fica para ali a um canto à sombra da chaminé. Na verdade, em certas alturas dá mesmo vontade de fechar a porta da cozinha, trancá-la a cadeado e nunca mais voltar.