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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Intolerância, deriva belicista e domínio geo-estratégico: o que permitem a inimputabilidade internacional e a cegueira ideológica

Ocorreu hoje um dos piores actos de agressão do Estado israelita contra a comunidade internacional. Leram bem, contra a comunidade internacional. Foi um massacre de civis activistas de 40 países ocidentais e orientais envolvidos numa campanha de solidariedade com a população palestiniana da Faixa de Gaza, após meses dum bloqueio israelita insano àquele território (neste momento, estão confirmados 10 mortos e dezenas de feridos).

A viagem da «Flotilha da Liberdade» estava programada há algum tempo e a comitiva de c.700 pessoas incluía  deputados da Alemanha, Noruega, Suécia, Bulgária e Irlanda, sendo a maioria dos restantes elementos membros de ong's humanitárias, além duma Prémio Nobel, dum sobrevivente do holocausto, dum ex-senador dos EUA, de jornalistas e de tripulantes (vd. aqui). Israel intimidou desde cedo, pressionando para o seu acostamento em território israelita e não em território palestiniano, como se uma comitiva com intuitos humanitários não pudesse atracar num porto palestiniano sem autorização do auto-declarado ocupante (mesmo que nesta situação, a resposta é completamente desproporcionada e, muito provavelmente, ao arrepio do próprio direito internacional).

O facto do morticínio provocado por comandos israelitas ter ocorrido em águas internacionais, e cujas imagens ecoam a pirataria somali, não demoveu o governo israelita de procurar justificar o injustificável com a mais sinistra propaganda, que alguns (poucos) media ainda acham por bem acolher, seguindo a política bushista da «guerra de civilizações» e da protecção à outrance do sionismo ultrabelicista. Felizmente que a maioria dos media, acompanhando o coro internacional e unânime de críticas a um acto tão atroz, se distanciou de tais derivas belicistas, as quais provocaram uma crise diplomática sem precedentes: vd. «Israel accused of state terrorism after attack». Também a opinião pública internacional tem-se manifestado contra este crime um pouco por todo o mundo: «Clamor internacional contra el "baño de sangre" de Israel».

Porquê agora isto? Rebobine-se um pouco o filme e chegamos a uns dias atrás em que uma iniciativa diplomática de países emergentes na cena internacional (e, por consequência, na respectiva área regional) procuraram resolver diplomaticamente o «caso iraninao». Assim, por iniciativa diplomática, o Brasil intercedeu junto do Irão para que suspende-se o seu programa nuclear, enviando o seu material nuclear para a Turquia. Ora, nesta comitiva solidária, a maioria dos membros eram turcos, antes um dos poucos interlocutores muçulmanos de Israel... Para bom entendedor...

(para quem tem dúvidas é favor ler «Turquia acusa Israel de ter cometido um acto de "terrorismo de Estado"»).

Sobre a acção israelita e seu enquadramento vale a pena ler «Israël veut montrer qu'il reste maître chez lui», do historiador Pierre Razoux.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Dignidade

Pela sua relevância, transcrevo um texto da ong AVAAZ sobre o Haiti:
«Caros amigos, 
Apesar do terremoto, o Haiti deve pagamentos exorbitantes pela “dívida externa da ditadura” de anos atrás. Assine a petição para cancelar a dívida externa do Haiti, a Avaaz e parceiros irão entregá-la ao FMI e Ministros das Finanças semana que vem.
É chocante: mesmo com ajuda sendo direcionada para as comunidades desesperadas do Haiti, o dinheiro sai por outro lado para pagar a dívida externa exorbitante do país. Mais de $1 bilhão de uma dívida injusta acumulada anos atrás por credores e governos inescrupulosos.
O chamado pelo cancelamento total da dívida externa do Haiti está ganhando força ao redor do mundo e já convenceu alguns governantes. Porém, rumores dizem que outros países credores ainda estão resistindo. O tempo é curto: os Ministros das Finanças do G7 irão tomar uma decisão semana que vem em um encontro no Canadá.
Vamos gerar um chamado global por justiça, compaixão e bom senso para o povo do Haiti neste momento de tragédia. A Avaaz e parceiros irão entregar o chamado pelo cancelamento da dívida externa diretamente no encontro. Clique abaixo para assinar a petição e depois divulgue para os seus amigos: http://www.avaaz.org/po/haiti_cancel_the_debt/?vl.
Mesmo antes do terremoto, o Haiti já era um dos países mais pobres do mundo. Depois que os escravos Haitianos ganharam a independência em 1804, a França demandou bilhões em indenização – lançando uma espiral de pobreza e dívidas injustas que já duram dois séculos. 
Há alguns anos, campanhas globais pelo cancelamento de dívidas externas despertaram a consciência do mundo. Nos últimos dias, sob uma pressão crescente, financiadores começaram a dizer a coisa certa sobre o cancelamento da dívida externa do Haiti, que ainda é um fardo devastador para o país. 
Porém o problema está nas entrelinhas. Depois do tsunami em 2004, o FMI anunciou um alívio no pagamento da dívida externa dos países atingidos – mas os juros continuaram a acumular. Quando a atenção pública diminuiu, os pagamentos da dívida eram maiores do que nunca. 
Chegou a hora de cancelar a dívida externa do Haiti incondicionalmente para garantir que a ajuda enviada seja em forma de doação e não empréstimo. Uma vitória agora irá afetar a vida das pessoas do Haiti, mesmo depois que a atenção do mundo se dissipar. Participe do chamado pelo cancelamento da dívida externa e depois encaminhe este alerta para pessoas que se preocupam também».

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Annus horribilis

Após a crise financeira veio a crise económico-social.

Depois foram os terramotos em Itália.

Agora é uma pandemia eminente de gripe suína...

Qui mais nos irá acontecerr?

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Turismo macabro

Sismo: Berlusconi pede aos sobreviventes que encarem a situação como "um fim-de-semana no parque de campismo". Aos interessados, vai abaixo mapa de como lá chegar. Veja aqui vídeo com as sinistras palavras do PM italiano.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Natureza vs. homem?

Não, ambas as partes. Sempre que um terramoto espalha a destruição, é quase certo ser isso que sucede. Desta feita, foi na região de Abruzzo, em Itália: morreram 150 pessoas, 1500 ficaram feridas e 70 mil desalojadas (estimativas provisórias).

Mas porquê humano? É simples. Porque o homem continua a construir habitação e estradas onde não deve, em locais inadequados (em leitos de cheia, etc.) ou habitações fragéis. Ou a não escutar a opinião dos peritos, como agora parece ter novamente acontecido.

Em 1755, Lisboa foi atingida por um dos maiores terramotos de sempre. Apesar do impacto, até muito recentemente (porventura, ainda hoje, parcialmente) nem todos os edifícios são anti-sísmicos. Ou seja, pode voltar a suceder uma catástrofe em Lisboa. Por muita tecnologia que tenhamos desenvolvido, a natureza ainda nos prega partidas.

Este é mais um dos milhares de terramotos que já sucederam, mas quando tal ocorre muitos de nós sentimo-nos mais pequenos e vulneráveis. Como se, subitamente, fossêmos obrigados a relembrar quão contingente é a existência. A existência humana.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Israel vai às urnas sem qualquer alternativa. Todos são pela guerra.

Nem a atual crise econômica, nem o desemprego, nem a incompetência de seus políticos, nem a esquerda, o centro ou a direita. As eleições gerais de amanhã em Israel não terão qualquer motivação ideológica ou administrativa. Os israelenses vão às urnas sem qualquer alternativa de escolha sobre a questão palestina. É a guerra pela guerra.

A operação militar que quase devastou Gaza, que deixou mais de 1300 palestinos e 13 israelenses mortos, foi a única plataforma política dos líderes dos principais partidos políticos de Israel durante toda a campnha eleitoral. Tanto os governistas Kadima e Partido Trabalhista como o oposicionista Likud defenderam enfaticamente o uso da força contra o povo palestino. Aliás, já não é incomum a migração de políticos entre estas 3 forças políticas.

Independentemente das cores partidárias, os principais candidatos ao cargo de premiê basearam suas respectivas campanhas no uso da força para conter as ações do Hamas. Em momento algum se propôs um plano para a abertura de um diálogo entre as partes para a criação efetiva de um Estado palestino livre e soberano. Não. Isso parece não emocionar muito o eleitor comum. Em nome de uma suposta segurança do país, parece-me que ações militares contra paletinos inocentes têm mais apelo político.

Entre a atual ministra das Relações Exteriores, Tzipi Livni (Kadima) e Ehud Barak, atual ministro da Defesa e candidato pelos trabalhistas, e o oposicionista e líder do Likud, Binyamin Netanyahu, não há divergências. Não são inimigos políticos. São cúmplices na defesa da política de punição coletiva implementada pelo apartheid. Em nome da alegada luta contra o Hamas, todos defendem o covarde ato de terrorismo de Estado praticado impunemente por Israel há anos, que transformou a Faixa de Gaza num gueto, onde se vive uma dos maiores tragédias humanitária do mundo.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

As tragédias humanitárias que o mundo faz questão de não enxergar

somalia Com o objetivo de chamar a atenção do mundo para uma das tragédias humanitárias que caiu no esquecimento, a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) está a organizar uma exposição de fotografia e audiovisuais sobre o drama do povo somali. A mostra “Somália: sobreviver ao esquecimento” poderá ser vista de hoje até o próximo dia 18 de fevereiro na Estação de Atocha, em Madri. Ao todo, serão 74 imagens do fotógrfo Pep Bonet (mais informação aqui).

Junto com a Somália, a República Democrática do Congo é um dos países que lideram a relação de países com tragédias humanitárias menos atendidas e mais esquecidas pelo resto do mundo. O relatório anual dos MSF também inclui Iraque, Sudão, Paquistão, Mianmar, Etiópia e Zimbábue. Os povos destes países (ou região) são vítimas de guerras, dos conflitos internos, de seus ditadores, dos desastres naturais, da falta de comida e água. Em suma: não têm acesso a condições mínimas de sobrevivência, onde a pobreza absoluta, a desnutrição infantil, a exposição a inúmeras doenças infecto-contagiosas e tropicais e o medo fazem dessas pessoas criaturas subumanas. E pior, tornaram-se invisíveis aos olhos do mundo.

PS:

Em São Paulo, a partir de hoje os usuários do Metrô poderão visitar, na Estação Sé, a exposição interativa "Médicos Sem Fronteiras no Mundo". O evento ambientará os visitantes com fotos, vídeos, mapas e atividades especiais na atuação desempenhada há mais de 30 anos pela organização humanitária. Mais informações aqui.