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quinta-feira, 26 de abril de 2007

Contra uma política reactiva

«Portanto mantêm-se os politécnicos abertos mesmo que não haja alunos? (e dado que se vê que a sua existência não é suficiente para os manter nas cidades do interior)É isso o desenvolvimento? Perverso é o critério que as instituições não mudam, o que quer que aconteça aos seus públicos. Como se elas não os estivessem lá para os servir».

A propósito desta citação feita pelo Hugo num comentário a este post, gostaria de fazer algumas considerações.
A afirmação em causa participa de uma concepção de desenvolvimento que não partilho. Pelo contrário, entendo que a política não deve ser meramente reactiva às tendências sócio-económicas e demográficas que ocorrem em certos territórios. Um dos poucos factores de dinamismo que o Interior conheceu nestas últimas duas décadas foram protagonizados pelas cidades médias e, principalmente, pelas que detinham instituições de ensino superior. O impacto que estas tiveram foi extraordinário e, em parte, foi devido ao seu papel que certas zonas urbanas cresceram de forma relevante. Avaliar a importância destas instituições a partir da inversão negativa de uma mera taxa de frequência é um erro político gravíssimo. Em Lisboa, e nos maiores centros urbanos do litoral, o encerramento de uma ou de outra instituição de ensino superior não representaria uma mossa assinalável, mas o encerramento do único instituto ou universidade situado numa cidade ou em toda uma região terá, sem dúvida, consequências muito profundas.
Mais do que reactiva a acção política deverá ser capaz, ou pelo menos, tentar inverter algumas tendências e não contribuir para o seu reforço. Isso requer algum investimento por parte do Estado? Claro que sim! Mas haverá alguma política de desenvolvimento digna desse nome que não contemple algum investimento? Ou então assuma-se que o Interior não é uma prioridade política e encerre-se de vez a metade oriental do país. Sairia muito mais barato!
Portugal tem um grave problema de desordenamento do território que advém, em larga medida, da excessiva concentração populacional e urbanística localizada nas duas maiores Áreas Metropolitanas. A única forma de reequilibrar um pouco a estrutura urbana passará principalmente pela aposta nas cidades médias. Estas deverão ser capazes de gerar nichos e centros de excelência (clusters) suficientemente dinâmicos para atrair capital humano e social. Objectivo que só poderá ser conseguido por intermédio de instituições de ensino superior consolidadas e inovadoras. Portanto, em vez de se anunciar a irreversível morte destas escolas, o que se deveria fazer era anunciar políticas que contribuíssem para a sua reformulação e reinvenção!