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sexta-feira, 9 de março de 2007

Se eu soubesse



Sei que a Cláudia não queria abrir uma coluna « táxis do mundo » mas aqui vai o meu contributo. Em Kyoto, os taxistas, que são numerosos mas em menor número que as todo-poderosas bicicletas, adoram o kitsch : croché nos assentos, porta traseira abrindo-se e fechando-se sozinha, etc. Agora se eles são xenófilos, xenófobos, isso já não sei. Mas quem me dera saber.


segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

A vez do táxi

Como contraponto ao racismo ordinário dos taxistas de que se falava há uns dias aqui no peão, eu tinha duas histórias de taxistas portugueses para contar. Um, em Lisboa, onde acabava de aterrar

(esta história de ser peão não podia ser mais contrária à vida real das minhas viagens este ano, em que, num esforço de síntese, já vejo comboios a entrar em autocarros que entram em pistas de aeroporto)

e outro em Massy-TGV (estação de comboios perto do aeroporto de Orly).

Em resumo: eram dois emigrantes portugueses simpáticos; um libertou-me da antipatia de um cliente ordinário, o outro quebrou-me a monotonia do trânsito em Lisboa com uma conversa sobre como tinha emigrado clandestinamente para França em 1967 ou 68.

(Há muitas histórias de imigrantes assim, muitos são taxistas, e eu estou com esta conversa não para dizer bem dos taxistas em geral, mas para dizer bem dos emigrantes portugueses de que nunca ninguém diz bem. Cada vez mais os vejo, àqueles que vieram, à distância destes 30 ou 40 anos, como determinados, valentes, épicos, todos os adjectivos que dariam grandes portugueses. Com o seu lado ordinário, racista, às vezes, certamente.)

Estive entretanto em Itália, onde o governo caiu e entretanto se está a tentar recompor, embora, infelizmente, pareça estar condenado a prazo e com ele a esperança que levantou. Apanhei um táxi na estação de Pisa, porque havia greve de comboios e não havia esperança já de apanhar o comboio que havia de me levar ao avião da easyJet.

(Os tipos da easyJet acham que são espirituosos e mandam o pessoal de bordo dizer umas piadas. Ontem disseram que estávamos a chegar a Paris em inglês e que Paris era uma "city of love, life and glamour". O pessoal parisiense que ia no avião olhou uns para os outros com aquele ar arrogantemente adequado à situação. Não é que não haja love, life e glamour, mas o pessoal vive em Paris como toda a gente, quer dizer, anda de metro, apanha com o patrão chato e a burocracia todos os dias, não sei se estão a ver.)

Em suma: na estação de comboios de Pisa havia um táxi novo modelo. É o carro normal, guiado por um imigrante, que se transforma em táxi quando a bicha para os táxis está demasiado grande e algumas pessoas se arriscam a perder o avião.

Foi caro, não deu para grandes conversas, mas foi muito útil. Uma profissão de futuro, muito europeia dos nossos dias.

(desculpem o desordenado do discurso, mas tenho andado em trânsito e isso afecta-me de uma maneira qualquer)

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

De táxi ou a pé? (II)


Só para acresentar outra pequena história racista ao post da Cláudia.

Lisboa. 2007-02. O taxista do aeroporto vai a resmungar toda a viagem, com certeza pelos clientes não serem estrangeiros com hotel no Estoril! Quando chega ao local pretendido, começa a tirar as malas da bagageira, mas como uma das portas do táxi ainda está aberta, exclama: «A porta está aberta! Devem querer que os pretos entrem no meu carro!».

Depois disto, não estou bem certa de querer saber o perfil ideológico, ou qualquer outro, dos taxistas.

domingo, 18 de fevereiro de 2007

De táxi ou a pé?

Paris. 2006-05. Dois passageiros portugueses entram num táxis dirigido por um taxista português. Conversa puxa conversa, o taxista queixa-se da arrogância dos franceses, diz que são xenófobos e racistas, tratam mal os imigrantes, etc., etc. Depois, decide perguntar como vai Portugal. Os passageiros preparam-se para responder, mas o taxista atalha como um comentário definitivo: "o país vai de mal a pior, os pretos estão por todo o lado [...]"

Roma. 2007-02. Uma família portuguesa entra num táxi dirigido por um taxista italiano. Sem aviso prévio, a viagem assemelha-se a um circuito turístico pelos locais emblemáticos do nazi-fascismo. O taxista faz questão de apontar: daquela varanda discursava Mussolini, aqui teve lugar a parada militar em honra do Führer, aquela estação foi construída para receber Hitler [...]

Estas pequenas histórias dão pano para mangas em termos de reflexão e discussão de carácter científico. Dado o adiantado da minha hora, direi apenas: como gosto de andar a pé!
(Prometo voltar aos temas do racismo e do fascismo com tempo e alguma profundidade. Desconheço qualquer estudo sobre o perfil ideológico dos taxistas, mas agradeço referências.)