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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Último episódio da MANIFesta 2010 é em Lisboa

Afinal, a MANIFesta (Assembleia, Feira e Festa do Desenvolvimento Local) deste ano ainda não acabou! Lafões, de que aqui falei, foi apenas o episódio 2. A partir desta 8.ª edição passou a ter vários locais de realização. Ainda bem.

A Junta de Freguesida de Santos-o-Velho, em Lisboa, acolhe o encontro final, nos dias 29 e 30 deste mês, tendo como tema a interculturalidade e como organização anfitriã a Interculturacidade, projecto de parceria entre várias associações.

Para simplificar, chama-se a esta última sessão MANIFesta Mundo. Serão muitas as actividades, como se pode depreender do cartaz ao lado.

ADENDA: esta é uma versão actualizada, acolhendo as rectificações sugeridas por Mário Alves em comentário a este post, e que inclui nova data de realização (donde, não ligar à que vem no cartaz).

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Desenvolvimento local faz 30 anos em Mértola

É verdade, o Projecto Integrado de Mértola já está a celebrar 30 anos e é hoje um caso de desenvolvimento local bem sucedido.
Ainda que se possa discutir as suas limitações, é indiscutível o muito que foi feito em tão pouco tempo recorrendo em grande medida a recursos endógenos do concelho, como salienta Jorge Revez, presidente da Associação de Defesa do Património de Mértola, ela própria resultante do referido projecto.
O programa comemorativo incluiu a realização de um seminário sobre «Património e Desenvolvimento Local» e uma tarde cultural.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Manifesta 2010: promover a economia social faz ainda mais sentido em tempos de crise

Iniciou-se hoje a 8.ª MANIFesta- Assembleia, Feira e Festa do Desenvolvimento Local, organizada pela rede associativa ANIMAR e as associações de Lafões e apoiada pelos municípios de São Pedro do Sul, Oliveira de Frades e Vouzela.
Para saber mais sobre este evento, que termina no próximo domingo, recomendo este post relativo à edição anterior.


quinta-feira, 21 de maio de 2009

Manifesta 2009, ou o desenvolvimento feito e visto pelo terceiro sector

Já está a decorrer a 7.ª MANIFesta- Assembleia, Feira e Festa do Desenvolvimento Local, organizada pela rede associativa ANIMAR, pela ADEPE e pela Câmara Municipal de Peniche. A cidade de Peniche acolhe o evento, que decorre até ao próximo domingo. O mote desta edição é «a inovação social na resposta à crise - contributos do desenvolvimento local e da economia solidária».
A MANIFesta de 2009 oferece um conjunto diversificado de iniciativas: conferências, seminários, tertúlias, mostra de projectos, exposições, artesanato, feiras várias, concertos, animação infantil, etc..
No final, uma assembleia dos parceiros da rede ANIMAR discutirá e aprovará as teses e declaração final do encontro (vd. programa aqui).
Um historial das edições anteriores pode ser visto aqui.
ADENDA: vários governantes estiveram presentes no evento, mas o único político que exortou o Estado a ter uma política continuada de parceria e apoio a projectos relevantes do terceiro sector foi Miguel Portas, eurodeputado do BE (vd. aqui). O PCP, que tem um conjunto de propostas para o associativismo, assestou baterias no comício de sábado em Lisboa, que reuniu c.80 mil pessoas. Os principais partidos de direita (PSD e CDS) nada disseram, o que se estranha mas confirma uma certa tendência dos partidos para valorizarem excessivamente o «Portugal sentado», ou seja, eles próprios...

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O galo de Barcelos e outras histórias...

Sendo o galo de Barcelos um dos ícones da portugalidade, é curioso como tão pouco se sabe sobre a sua criação, enquanto peça artesanal e enquanto símbolo. Sim, porque isto de criações, mesmo na vertente mais longue durée da cultura popular tradicional, tem uma origem, por muito longínqua ou vaga que ela possa ser.
Não, não estou a referir-me à lenda sobre o galo de Barcelos, mas sim à fixação desta figura do artesanato popular como ícone da portugalidade. Foi o salazarismo que o consagrou (naquele formato padronizado a preto e encarnado, com um coração inscrustado a pontilhado e base azul desmaiado, repetido ad nauseum), anexando-o ao seu programa de nacionalização e domesticação de aspectos «castiços» do folclore português. Na euforia nacionalista dos «magriços» de 1966, o galo de Barcelos foi vestido de cavaleiro medieval, calçado com chuteiras e de bola nos pés, como relembra Ana Santos. Em pleno PREC, os anarquistas desmontaram o ícone no seu cartaz «Ruim por ruim... vota em mim!...», figurando um exemplar atazanado. Há quem se lhe refira como um falso emblema nacional, mas a renovação do artesanto local por artistas populares como Rosa Ramalho, irmãos Baraça, Mistério e Júlia Côta, entre outros, permitiu que ele não ficasse refém dum estereótipo nacionalista, embora o comércio prossiga na sua uniformidade cansativa e, agora, transfronteiriça (o made in China tem sido o quebra-cabeças dos de Barcelos).
Há uns anos atrás, deparei-me com um artigo que falava da invenção deste ícone na I República. Infelizmente, não consigo localizar esse texto, mas não é de surpreender a datação, pois esse foi um período de redescoberta e reinvenção dum país com base nalgumas das suas tradições, costumes, gentes, monumentos e paisagens, fosse numa perspectiva mais de esquerda ou de direita. A título de exemplo, veja-se o Guia de Portugal, lançado por Raúl Brandão.
Vem este arrazoado a pretexto do último programa televisivo Câmara Clara, onde falaram dois peritos em museologia, Joaquim Pais de Brito e Raquel Henriques da Silva.
O tema era museologia e, a dada altura, saltou-se para o Museu de Olaria, onde está patente, até 2010, a mostra antológica «Rosa Ramalho: a colecção», dedicada à famosa artista popular barcelense.
O Museu da Olaria tem um grupo de amigos, a Amimuola, a exemplo dos Amigos do Museu do Trajo, de S. Brás de Alportel, e doutros. Este tipo de associações são um fenómeno novo, pois antes era exclusivo dalguns museus nacionais, como o MNAA ou a Cinemateca. São uma boa ideia, pois ajudam a promover estes museus locais e, desse modo, o próprio desenvolivmento local.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Aguardente de medronho, esse néctar dos deuses

Foi há pouco tempo que comecei a apreciar esta preciosidade, quando, em férias pela costa vicentina, a boa aguardente da casa que concluía a refeição em restaurantes da zona era quase sempre de medronho.
Este néctar tem origem num arbusto ou pequena árvore mediterrânica, o medronheiro ou ervedeiro (Arbutus unedo). Esta é uma árvore que sempre foi aproveitada para outras finalidades: para curtir peles (com os taninos das suas folhas e casca); para lenha; para curar diarreias, desinterias e infecções urinárias (medicina popular); para fazer mel, etc. (vd. aqui).
A aguardente de medronho era já comum no Portugal medievo, mas é provável que recue à presença árabe na Ibéria.
Esta aguardente é feita do seguinte modo:
"O ciclo inicia-se com a apanha do fruto, entre os meses de Setembro e Dezembro, realizada pelo produtor e família, ao que se segue um período de fermentação e a posterior destilação em local próprio. Por fim, a aguardente pode ser logo vendida ou submeter-se a envelhecimento. A fruta é fermentada em tanques de madeira ou barro. A fermentação é natural e dura entre trinta a sessenta dias [há quem diga que o limiar deve ser 15 dias, mas depende da temperatura exterior]. Os tanques devem ser cobertos com frutos esmagados para evitar o contacto com o ar. Depois de fermentado o produto deve ser guardado durante sessenta dias e bem protegido do ar. Uma boa aguardente de medronho é transparente, com o cheiro e o gosto da fruta".
É produzida sobretudo no Algarve, mas também existe no Baixo Alentejo e na Beira Baixa.
No Algarve deve ter 50º de teor alcoólico, em geral deve ter entre 40-50º (vd. aqui).
Foi um produto com relevância económica para as populações da serra algarvia e vizinhas do Baixo Alentejo, mas entrou em crise a partir dos anos 70, com a desertificação e o reforço da legislação específica. Para tentar cercear a crise, surgiu em 1985 a Assoc. dos Produtores de Aguardente de Medronho do Barlavento Algarvio (APAGARBE), reunindo c. de 150 dos 500 produtores locais e que pugna pela valorização e reconhecimento oficiais deste produto (enquanto Denominação de Origem Protegida ou Indicação Geográfica Protegida). No âmbito dum projecto de inventariação das principais áreas de intervenção para a revitalização das produções artesanais do interior algarvio (projecto ARRISCA na Serra do Caldeirão, integrado no LEADER I), foi feita uma «investigação-acção sobre a aguardente de medronho» (1993-2000), estudo conjunto da Univ. do Algarve, Dir.º Regional de Agricultura e Associação In Loco. Seguindo estas pisadas surgiu recentemente o oportuno livro Aguardentes de frutos e licores do Algarve, de Ludovina Rodrigues Galego e Valentim Ribeiro de Almeida (Lx, Colibri, 2007), donde retirei informação para este parágrafo.
Outros espaços que permitem revitalizar este produto são as feiras, encontros e acções de sensibilização.
O 4.º Festival de Gastronomia Serrana de Tavira incluiu na sua ementa este néctar, pela mão de restaurantes serranos (vd. lista aqui). Ou seja, esta aguardente remata bem repastos com pratos como estes: galo guisado, ensopado de veado, lombinhos de porco com passas e mel, cozido à moda serrana e lebre com feijão branco. Mas não só! Até há quem diga que vai bem com bolos e doces de amêndoa e mel, típicos do Algarve.
Também Almodôvar acolheu há 2 semanas a 1.ª Feira do Cogumelo e do Medronho (24-25/XI), dois dos principais produtos da zona.
Por fim, vende-se em várias feiras, como a de Artesanato de Loulé e a Medieval de Silves.
No Verão de 2006 realizaram-se as Jornadas do Mel, Medronho e Medronheira, em Pampilhosa da Serra.
Segundo o jornal Barlavento, a Associação In Loco organizou recentemente uma apanha de medronho em São Bartolomeu de Messines (a 17/XI), "com vista a recriar a tradição que marca as serras do Algarve" e contribuir "para a preservação do património natural e sócio-cultural regional".
Do que retenho, as minhas preferências vão para as seguintes aguardentes:
>A farrobinha (produtor: Carlos Faísca; Querença- Loulé);
>Aguardente de Medronho Velha (produtor: Obras do Caratão; Serra da Estrela);
>Manuel de Sousa Martins (S. Bartolomeu de Messines, que produz tb. um excelente licor de poejo);
>Medronho (produtor: Lidório da C. Jesus, de Tavira; melhora com o tempo, o que é bom sinal!);
>Mourinha (produtor: Herdeiros de José Manuel Mealha Guerreiro; Barranco do Velho, Salir, Loulé, tel.28-9846183).
Foi ainda muito apreciada a Aguardente de Medronho de José Rodrigues Cavaco (Vale de Ôdres, Cahopo, Tavira, o,5l, 45º), com foto aqui.
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Marcas do Algarve que ainda não tive o prazer de provar:
>Castelo de Silves (0,7l: €30; produtor: Baga-Mel; Monchique);
>Guia (€16,8);
>Pizões (0,75l: €30; esgotado na origem [Indústrias Cristina - Portimão], destilação especial para reserva desde 1902; Monchique);
>Sanches & C.ª Lda. (c/caramelo e 2 marcas distintas, uma com rótulo amarelo, a outra preto);
>São Barnabé (0,7l: €18
ou €24; produtor: Leonardo Cabrita; Caldeirão);
>Valverde e Lino (de José Manuel Valverde, de quem dizem que fazia o melhor néctar).
Ainda de Monchique vd. inf. para Cimalhas, Taipas e Monte da Lameira aqui.
Marcas da Beira, da parte de cima (Serra da Estrela):
>Aguardente de Medronho Velha (0,5l: €17,62; produtor: Obras do Caratão);
>Aguardente de Medronho - Obras do Caratão (0,7l: €15,38; produtor: Obras do Caratão).
Marcas da Beira, da parte de baixo (Oleiros):
>Silvapa (0,5l: €15; produzida em Madeirã, concelho de Oleiros).
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A ASAE só fiscaliza a aguardente comercializada, poupando a para consumo próprio, o que é uma boa notícia. O licenciamento das destilarias passou para as câmaras municipais desde 2002 (CM; vd. decreto-lei 238/2000). Vários restaurantes alentejanos estão a deixar de servir aguardente de medronho (da casa) por receio da ASAE :(  Mas se fosse servida como oferta aos bons clientes, já deveria ser permitido, não é?
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PS: era bom que os produtores fizessem mais uso da Internet para divulgar os seus produtos em sites e/ou blogues seus (e/ou de associações como a APAGARBE), até para facilitar a respectiva comercialização e encomenda por interessados. É que as mercearias finas e outros intermediários inflaccionam muito os preços deste tipo de produtos. Foi muito difícil encontrar informação útil na Internet, e a que existe é maioritariamente inserida por intermediários, além de pobre.