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quinta-feira, 1 de maio de 2008

A segunda vez que vi Bilbao

Na primeira vez, a cidade estava literalmente encerrada e coberta de barraquinhas – era Agosto, chovia, e festejava-se o feriado regional cheio de orgulho basco, o que fazia com que Bilbao se enchesse de palavras de ordem de «Morte a quase tudo» (excepto à monarquia; aparentemente os únicos que podem continuar vivos pertencem à família real) e que hectolitros de belíssima sidra fossem consumidos por «neos» da maioria de estilos de tribos urbanas surgidas nos anos 60 e 70. Tudo emoldurado por um tradicional fogo de artifício que se reflectia, igualmente, no rio e no Guggenheim.
Fiquei, ao mesmo tempo, com uma impressão confusa e com vontade de voltar. Uma cidade, capaz de transformar um arraial num statement, em que boinas e lenços rivalizavam com penteados rasta e piercings e com um paisagem tão difícil quanto um apertado vale, onde edifícios ao gosto burguês parisiense convivem com blocos «soviéticos» e com a mais contemporânea e arrojada arquitectura, tem de ser um sítio invulgar.
E é. Desta vez, Bilbao mostrou-se com sol, e tudo o que emana da cidade é força e vitalidade, evidência de que uma extravagante requalificação urbana pode resultar em cheio e que o Guggenheim por demasiado escultórico e orgânico que seja (é verdade que o edifício também podia ser um hotel ou uma discoteca, mas já abandonei qualquer visão elitista sobre o assunto), arrastou consigo a vida de uma cidade. Tê-la-ia engolido, não fosse a individualidade de Bilbao (que definitivamente já está no meu Top de cidades).
P.S. - Outra das alegrias de estar em Bilbao é o facto de se poder fumar em todo o lado (até no café do excelente Museu de Belas Artes).