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sexta-feira, 3 de junho de 2011

Notas de uma campanha anormal

Anormal, excepcional, quase não existente, atendendo à gravidade do contexto. Não foi uma campanha eleitoral normal, ao contrário do que alguns quiseram fazer crer. Desde logo, porque não devia ter sido necessária: as de 2009 deviam ter bastado para chegar à conclusão da necessidade dum bloco central (PS-PSD). Agora, novamente, parece básico que estes têm que se entender, independemente do resultado final. A diferença é que agora o entendimento tem que ser também com o CDS, coligados ou não. Ficam de fora CDU e BE, porque os próprios assim o quiseram.

Isto não tem a ver com avaliações políticas, mas sim com avaliação realista da conjuntura político-económica dos últimos anos.

Este PS socrático não percebeu que já perdeu em 2009, quando saltou em frente sem reflexão crítica. Aliás, foi perdendo desde 2005, por falta de vontade política em reformas-chave: racionalização de despesas e recursos, regionalização e reorganização administrativa a nível local, extinguindo os governos civis; reforma da justiça e fiscalidade; acção anti-economia clandestina e anti-despesismo; maior taxação das mais-valias financeiras. Acertou noutros pontos: alargamento dos horários e valências do ensino; SNS e indicadores de saúde pública; energias renováveis; política científica. Não chegou.

O PSD, esse irá conduzir o próximo governo mas não convenceu. Desde logo, não tem um programa claro, além das boas intenções de cortar na despesa (esperemos que corte mesmo nas chefias a mais, nos tachos para os boys, e por aí fora). A redução da taxa social única não se sabe em que valor se vai situar, nem onde se vai cortar. As políticas sociais, culturais e científicas teme-se que venham a ser sacrificadas demais. E a onda de privatizações que se avizinha, há sempre o risco de acentuarem a corrupção.

O CDS afirma uma imagem de centro que é logo desmentida pela tradição histórica de alinhamento ideológico à direita. Além disso, a declarada intenção social esbarra com os 2 submarinos que acentuaram o défice orçamental até hoje. Do lado positivo, destaque-se a bandeira das farmácias sociais, um trunfo que inexplicavelmente a esquerda deixou cair.

O PCP volta a apostar na recusa do projecto europeu tal como tem sido construído, questão agora mais actual, e na recusa de acordos financeiros que comprometem a margem de manobra política dos governos. Apostam na capacidade produtiva nacional, mas esqueceram-se de concretizar por sectores. Não foram à reunião da troika, ao contrário da CGTP, o que caiu mal.

O BE também é contra o acordo com a troika, mas também se esqueceu de apresentar um programa alternativo. Ainda assim, algumas das suas propostas foram mais tarde apreciadas por outros, pelo seu bom senso exemplar: orçamento zero na administração pública, integração das empresas públicas nas direcções-gerais, etc. Já sem bom senso é a insistência no jacobismo estatal, agora na versão de projectos ferroviários megalómanos. Também não foram à reunião da troika, além de terem apresentado uma moção de censura anacrónica e estapafúrdia. Apostaram na tecla da renegociação da dívida, que ainda está por saber até que ponto terá eco.

Há muitos mais partidos, mas falta o tempo. Enfim, aturem-nos, que eles bem precisam.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Boas vindas ao PAN - Partido pelos animais e pela natureza

Primeiro porque é mesmo um partido e não um estafado movimento de cidadãos independentes, invariavelmente sem posição ideológica, mas que logo, logo, começam a aparecer nas lista de um qualquer partido. Depois, porque a cor da agenda dos Verdes é mais encarnada do que de outro tom.
Além disso, é importante que uma discussão mais séria sobre as questões ambientais consiga, de facto, entrar na esfera do campo político.
E vai ter um verdadeiro encanto de revival voltarmos todos a salvar o lince da Serra da Malcata.

domingo, 16 de novembro de 2008

Um novo partido e um novo PR?

É a notícia-bomba do dia, a entrevista dada por Manuel Alegre ao DN. Nela declara estar muito desiludido com este PS, que dificilmente será novamente deputado por este partido, abrindo a porta de saída. Denuncia ainda o fechamento do actual sistema político. Prevê novos partidos e assume que prosseguirá no seu empenhamento cívico, que é um imperativo para abrir um espaço público tomado pela partidarite. Uma alegre lufada de ar fresco. Além de imagens da entrevista em estúdio em notícia da SIC, deixo aqui uma breve passagem escrita:
"- Mas os partidos afunilaram muito a sua vida, e há um divórcio hoje, não só aqui, muito grande entre a vida política partidária e a sociedade e os cidadãos.
- E como é que se resolve isso não estando ainda à vista um sistema melhor que esse?
- Aparecem movimentos... A minha campanha presidencial é um exemplo disso.
- Movimentos de cidadania?
- A democracia participativa complementa, aliás está na Constituição, a democracia representativa, mas é preciso que os partidos se reformem. Os partidos são irreformáveis. É muito difícil mudar um partido por dentro. Um partido pode mudar pela pressão da opinião pública ou por alteração da própria lei eleitoral".

domingo, 30 de setembro de 2007

O preço da democracia

Por um motivo qualquer este blogue tem se esquivado a comentar assuntos políticos, talvez porque uma certa política (a dos debates e discussão de ideias) se tornou quase inviável e invisível, mesmo na blogosfera. As últimas eleições directas no PSD são um sintoma disto mesmo. A política deixou quase de existir... Luís Filipe Menezes foi eleito líder do partido sem se conhecer uma ideia sobre a direita que representa. De qualquer modo, isso não será muito diferente do que se passa no maior partido português, no qual também não se vislumbra uma ideia sobre que esquerda defende. Tal como Sócrtates, que apregoa aos quatro cantos a esquerda moderna, também Menezes pode apelidar-se como o representante da direita ou, melhor, do centro-direita moderno. A modernidade é usada como uma espécie de cobertura ao vazio ideológico, que não significa rigorosamente nada. Contudo, apesar de tudo isto, uma coisa é certa: a democracia venceu no PSD, Menezes foi eleito pelo povo do partido e assim é que deve ser. Não percebo agora aqueles que criticam as directas face ao modelo espalhafatoso dos congressos. O povo do PSD votou em Menezes, como o de Lisboa votou outrora em Santana e o do país votou em Cavaco e em Sócrates. A vitória de Menezes é tão legítima e merecida como a de qualquer outro político. Achar que em certos sectores da política - como nos partidos - a democracia pode representar um trampolim para o populismo, é uma ideia perigosa. Tal como não é concebível uma democracia sem partidos, também não deverá ser concebível existirem partidos sem democracia interna.