Quem te viu, quem te vê!? É o mínimo que posso dizer neste momento do presidente Lula da Silva e o PT (Partido dos Trabalhadores). Daquela imagem do sindicalista combativo da Ditadura Militar, do homem que defendia preceitos éticos na política brasileira e a moralidade pública só resta uma triste e sombria imagem perdido no passado. Uma imagem fascinada pelo poder e suas benesses, onde a arrogância, a vaidade e a falta de escrúpulos políticos beira à indecência. Uma imagem fantasmagórica e de contorno obscuro.
É desolador vê-lo agora a advogar por uma das figuras mais repugnantes do cenário político brasileiro, o senador e ex-presidente da República José Sarney. Sarney além de ter sido um ferrenho defensor e cúmplice da Ditadura Militar, é o homem cuja biografia política é composta apenas por falcatruas. Mantê-lo na presidência do Senado, como defende incondicionalmente Lula, é o mesmo que dar as mãos e acolher pra si o que há de mais sujo em toda História da República brasileira. Pior. É perpetuar no poder uma corja que tomou de assalto este país, em 1964, e dele fez (e faz) um balcão de negócios pessoais. É como dar na cara de muitos brasileiros que acreditaram que o interesse público ficaria acima do interesse privado quando o elegeram para ocupar o suntuoso Palácio da Alvorada.
Enfim, seria interessante que Lula e o PT explicassem publicamente (não com a retórica da governabilidade como estão a fazer) por que deixaram para traz todo um passado ético e agora se aliam ao que há de mais podre, imoral e nocivo no Brasil. Mas creio que isso não será mais possível, mesmo por que esse passado já está morto e enterrado a 7 palmos do chão. E eu não acredito em ressurreição.
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Alguns dos escândalos mais recentes do Congresso Nacional:
Atos secretos – Os atos secretos foram decretados para nomear parentes, amigos, criar cargos e aumentar salários sem qualquer critério técnico. Um levantamento mostra que mais de 600 decisões não foram publicadas no Diário Oficial da República. Entre os muitos beneficiados, constam nomeações de parentes e afilhados de Sarney. Também se descobriu que os tais atos secretos serviram para pagarem o salário (aproximadamente 12 mil reais) de um mordomo da agora governadora Roseana Sarney (filha do dito cujo), reformas luxuosas de casas e cirurgias estéticas da madame.
Passagens aéreas - Deputados e senadores levaram parentes e assessores em viagens pelo Brasil e para o exterior usando a cota de passagens aéreas do Congresso.
Horas extras - Pagamento de 6,2 milhões de reais de horas extras a mais de 3.000 funcionários em janeiro, quando o Congresso Nacional está em recesso parlamentar.
Caso Zoghbi - O ex-diretor de Recursos Humanos, João Carlos Zoghbi, é acusado de cobrar propina para favorecer empresas interessadas em prestar serviços ao Senado. Também foi acusado de usar a ex-babá como “laranja” para receber 2,3 milhões de reais do Banco Cruzeiro do Sul, responsável por operações de empréstimos consignados a funcionários do Senado.
Caso Agaciel - O diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, foi acusado de omitir de seu patrimônio uma mansão de 5 milhões reais e de fazer contratos irregulares.
Auxílio moradia - Sarney admitiu que vinha recebendo 3.800 reais de auxílio moradia desde 2008. O benefício não deveria ser concedido, uma vez que Sarney mora em Brasília.
Nepotismo - Diretores burlavam a lei antinepotismo empregando parentes por meio de empresas terceirizadas.
Celular - O senador petista, Tião Viana, cedeu um celular do Senado para a sua filha, que viajou de férias para o México e gastou quase 15 mil reais em ligações.
Funcionária fantasma - A funcionária fantasma Luciana Cardoso, filha do ex-presidente tucano, Fernando Henrique Cardoso, admitiu que “trabalhava” em casa porque o “Senado é uma bagunça generalizada”.
Jatinho – O senador cearense Tasso Jereissati (PSDB) usou parte de sua verba de passagens para fretar jatinhos e viajar alhures.
Fonte: Jornal o Estado de São Paulo.