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terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

A boa da crise


alusivo ao tema: «entre sextas-feiras negras e terças-feiras gordas, lá segue o desfile»
cartoon de GoRRo (c) 2009

Para o Carnaval, a fantasia



cartoon de GoRRo (c) 2009

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Era uma vez o Carnaval...

...no Quebéc de 1957, num documentário de Jean Palardy, para o National Film Board of Canada. Será que as festividades públicas deste Carnaval canadiano ainda são assim tão participadas e variadas?
E viva a folia do Carnaval!!!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A bem da nação - carnaval de Torres Vedras censurado oficialmente





Nem Cavaco conseguiu ir tão longe, quando há uns largos anos atrás quis acabar com o feriado 'pagão', era então primeiro-ministro.
Andam por aí umas pessoas com muito falta de humor, mas cheias de moral & bons costumes... Nem o Carnaval se safa, irra!
ADENDA: entretanto, teve que vir a terreiro o Procurador-geral, para pôr cobro a este delírio (vd. «Ministério Público recua e autoriza sátira ao Magalhães no Carnaval»).

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Carnaval, alegria do povo!

Lamentavelmente por terras da Gália não se festeja a celebração pagã do Carnaval. [e eles:] Em toda da Gália? Não, não em toda a Gália. Há algumas aldeias que resistem ainda e sempre ao invasor, e festejam o mardi gras comme il le faut. Na realidade as aldeias são as - o que chamar-lhes? - colónias que ficam para o lado das Caraíbas. Por estas alturas na Guadeloupe, na Martinique e na Guiana o povo faz a festa de Carnaval à boa maneira dos trópicos. Música, dança, desfiles, trajos de fantasia e tudo o mais. Presumo até que a proximidade do Brasil e a herança da escravatura num e noutro lado são mais do que meras coincidências. O Carnaval das Antilhas tem o mesmo espírito que o Carnaval brasileiro, e aliás não se limita às antilhas francesas mas a toda a Caraíba.
Na França metropolitana, muito particularmente em Paris, a comunidade oriunda das antilhas é bastante significativa (o que em si só daria para uma série de posts), como se pode ver aliás pela composição da selecção francesa de futebol: Thuram, Gallas, Tierry Henry, Maluda, Abidal, Anelka, etc... É também uma comunidade relativamente discreta, que sofre basicametne dos mesmos problemas de integração que as comunidades imigrantes, excepto o da clandestinidade, pois que têm a nacionalidade francesa.
Infelizmente somos obrigados a constatar que com a meteorologia destas bandas, mesmo que os gauleses fossem dados aos festejos do entrudo, fazer um Carnaval como deve ser, com direito a desfile e tudo, seria não só impraticável como, mais grave ainda, seria deprimente, o que é exactamente o contrário do efeito desejado. Acontece que de há uns anos para cá, com a colaboração da Marie de Paris - um grande bem haja para o Maire Bertrand Delanöe, esperemos que seja re-eleito o mês que vem - realiza-se em Julho o "Carnaval Tropical de Paris". Não é em Fevereiro, mas não faz mal, é por uma boa causa. A comunidade antilhesa junta-se para os lados da Porte Dorée e é um festival, a sério. Não perdem pela demora. As fotos são do Carnaval Tropical de Paris 2007.



P.S. - Aqui talvez dê para ver em streaming (dependendo do computador) o desfile de Caranaval em Pointe-à-Pitre, Guadeloupe (e que decorre em Fevereiro, como é normal...).

P.P.S. - E findo o Carnaval podemos finalmente ir a correr ler nos jornais on-line as notícias da vitória estrondosa de Barack Obama na Super Tuesday (sim, sim, é wishful thinking, estou consciente).

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Não é só Carnaval. É arte acima de tudo.


O Carnaval brasileiro tem sua origem no Entrudo português, onde, entre os s
éculos 15 e 16, as pessoas encontraram uma maneira muito estranha de se divertirem. Depois de se empanturrarem de comida e bebida, jogavam umas nas outras água, ovos e farinha. Os mais agressivos e de mentes diabólicas, no entanto, iam mais além: injetavam no interior de laranjas e limões substâncias mau-cheirosas e as utilizavam como verdadeiro arsenal de “guerracontra os mais incautos. E foi exatamente este Entrudo, com influência das festas carnavalescas da Itália e França, que desembarcou em Terras Brasilis quase dois séculos depois.

No final do século 19 e início do 20, começam aparecer no Brasil os primeiros blocos carnavalescos [1], cordões [2] e os corsos. Este último se tornou mais popular em 1907 e foi o que deu origem aos carros alegóricos dos desfiles de Carnaval. Ao contrário dos componentes dos blocos e cordões, os participantes dos corsos eram da elite econômica carioca que desfilavam em seus automóveis jogando confetes, serpentinas e esguichadas de lança-perfume (proibido na década de 1960 por ser considerado entorpecente) nos pobres mortais, que tinham como única diversão o direito de serem meros espectadores das excentricidades burguesas da época. Foi justamente deste contraste que nasce a primeira Escola de Samba [3], criada pelo sambista carioca Ismael Silva (1905 - 1978), em 1928 – a Deixa Falar, que anos mais tarde leva o nome de Estácio de Sá. A partir dai, o Carnaval de rua brasileiro começa a ter um novo formato. Surgem novas escolas no Rio de Janeiro e em São Paulo. E é este o tema de meu post. O desfile das Escolas de Samba, não como um evento festivo, mas, acima de tudo, como manifestação artística, criada a partir da cultura popular.

Ao contrário do mau gosto e aquela coisa caótica que é o Carnaval brasileiro, o desfile das Escolas de Samba é o resultado final da eficiência, da organização e da disciplina. É, sobretudo, a maravilhosa fusão de diferentes linguagens artísticas, o que lheum conceito estético bem peculiar. O desfile das Escolas de Samba se apóia no enredo e seus temas são dramatizados pelos integrantes das alas através da música (samba-enredo), dança (sambistas e passistas [4]), fantasia e carros alegóricos. Bateria, samba-enredo e harmonia são quesitos essencialmente musicais. Alegoria, fantasia e adereço pertencem à estética visual. Em outras palavras, a amálgama de todos estes elementos artísticos dão forma a um imenso teatro-visual surrealista a céu aberto. Por ser mais perceptível, o componente visual ganhou muita força no decorrer dos anos, dando à figura do carnavalesco [5] papel de relevante importância na hierarquia da escola.

Na realidade, o desfile das Escolas de Samba é uma expressão plástica tanto para quem assiste como para quem dele participa. É um turbilhão de símbolos, formas, cores e sons, que deixa fluir harmoniosamente em nosso intelecto e retinas o imaginário e o real, onde os sambistas tornam-se verdadeiras esculturas-vivas, que bailam ao ritmo da sedução e do encanto, dando aos seus corpos um intenso movimento de elegância, provocação e rara beleza. Em suma, a matéria-prima desta arte não é a tela e as tintas do pintor, nem o barro e o metal do escultor ou a palavra do poeta. A sua matéria-prima é essencialmente o ser humano. O ser humano metamórfico e efêmero que viverá em pleno êxtase por apenas 80 minutos. Depois disso, ele se desfaz.

Para entender o que é avaliado num desfile

Bateria - A bateria sustenta com sua marcação a cadência indispensável ao desenvolvimento do samba, do canto e da evolução. Cada bateria possui identidade própria e liberdade quanto ao ritmo e a distribuição dos instrumentos. Veja aqui os principais instrumentos de uma bateria, que poderá ter até 400 ritmistas. Aqui vai um vídeo.

Harmonia Harmonia em desfile de Escola de Samba é o entrosamento entre o ritmo (bateria), a melodia (canto) e a dança.

Samba-enredo - É a ilustração poético-melódica do enredo. Sua letra se refere ao enredo apresentado pela escola. Deve, portanto, haver compatibilidade entre o tema e a letra do samba. O samba-enredo possui estilo característico e versejar próprio e não deverá ser julgado como composição erudita, mas como expressão de linguagem popular. Ouça aqui um áudio.

Evolução - Aqui reside o ponto alto do conjunto e seus movimentos de dança. Devem ser observados em sua avaliação o vigor, a empolgação, a vibração, a agilidade, a precisão, a espontaneidade, a elegância e a criatividade dos sambistas das alas, que em movimentos progressivos e contínuos, produzirão a beleza do conjunto do desfile, garantindo sua unidade.

Mestre-sala e porta-bandeiraO mestre-sala e porta-bandeira têm a honra de conduzir a bandeira, o símbolo maior da agremiação. A função do mestre-sala é cortejar a porta-bandeira durante toda a apresentação, através de gestos e posturas elegantes que demonstrem a reverência a sua dama, respeitando e protegendo o pavilhão. O casal apresenta uma dança com passos e características básicas próprias, que vem sendo enriquecida em seus maneios e mesuras, através do tema.

Enredo - Enredo é o tema central de um desfile. Pode-se compará-lo a um roteiro de cinema ou teatro. A Escola de Samba desenvolve e transmite o seu enredo através de seus elementos dramáticos, musicais e visuais. A criatividade é um fator de fundamental importância neste quesito. E o tema pode ser o mais variado possível: histórico, folclórico, político, abstrato e tudo mais que a nossa imaginação permitir.

Fantasia - As fantasias devem retratar a época se o enredo girar em torno de acontecimentos históricos, ou os elementos tradicionais, regionais e etc... de acordo com o tema. O critério mais importante a ser observado neste quesito é o perfeito entrosamento ao tema e ao enredo propostos, não importando o material a ser usado e sim a criatividade, a originalidade, a graça e o belo.

Alegorias e adereços As alegorias são elementos cenográficos sobre rodas (os carros alegóricos) e os adereços são objetos carregados pelos sambistas. São recursos que devem contribuir para um melhor esclarecimento e leitura do tema, assim como as fantasias, com as quais devem estar integradas.

Comissão de frente A comissão de frente é um dos elementos tradicionais das escolas. Ela saúda os assistentes em nome da diretoria, dos componentes e pede passagem para a agremiação.

* Na média, uma Escola de Samba desfila com quatro mil componentes, dividida em 28 alas e seis carros alegóricos.
..................

[1] Grupo de foliões que durante o Carnaval dançam e cantam nas ruas ao som de bateria.
[2] Grupo de carnavalescos que saem juntos e muitas vezes com a mesma indumentária ou fantasia.
[3] Foi baseado na estrutura da Escola Normal Estácio de Sá (bairro do Rio de Janeiro) que um grupo de malandros cariocas criou o nome Escola de Samba. O compositor Ismael Silva, primeiro a usar o termo, dizia que esta é a verdadeira origem e que a expressão foi adotada por causa dos professores da escola. “Se havia uma escola com professores e normalistas, por que não poderia haver também outra de samba, com seus mestres de samba e alunos?”
[4] Pessoa que dança o samba com muita, técnica, agilidade e graça, destacando-se do conjunto dos sambistas das Escolas de Samba.
[5]
Geralmente um profissional de artes plásticas ou cenografia responsável pela concepção e desenvolvimento do enredo a ser apresentado, assim como a concepção, desenvolvimento e construção das alegorias e fantasias relacionadas ao enredo proposto.

Nb: Bem, como sou bem passional e nem um pouco imparcial com as coisas do futebol e Carnaval, as fotos (de Henrique Matos), vídeo e áudio aqui postados são da minha escola de coração: a Mocidade Independente de Padre Miguel. A única concessão feita foi a Ismael Silva. Assim, saravá, Mestre André (in memoriam). É a nossa bateria Nota 10 pedindo passagem.