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sábado, 15 de outubro de 2011

Os 40 de Roma: como ser 'representativo' no meio de milhões?

É fácil: basta estar contra o status quo, que cidadãos comuns em centenas de cidades de todo o mundo se mobilizem com o único propósito de se manifestarem pacificamente contra a actual crise geral, causada pela depradação financeira e pela demissão dos políticos de turno. Um movimento que vem de trás, do Cairo a N. York.
Para a tv é um retrato demasiado 'parado' e pouco apelativo, então bora lá pegar em incidentes despoletados por um grupo de 40 indivíduos em Roma (ap. noticiário da RTPi e RTP2) e fazer deles a entrada-chamariz sobre o assunto. E ainda se admiram por haver cada vez mais pessoas desinteressadas dum canal público tal como ele tem sido (que não do serviço público, coisa distinta).
Felizmente, nem todos os media afinam pelo mesmo diapasão. A coisa é já tão óbvia que não dá para menosprezar como antes: isso mesmo surge bem ilustrado em «Os ‘sem poder’ estão a fazer História», entrevista a Saskia Sassen, estudiosa da globalização.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A circulação transatlântica dos impressos e a globalização da cultura no século XIX (agenda)

Oportunidade única para aceder ao estado da questão pela voz de investigadores das mais desvairadas parte do Atlântico, e não só.
Começa amanhã e termina na sexta-feira. Aos interessados sugere-se uma leitura prévia do programa, pois vão ser dois dias cheios de comunicações e debate.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Heranças sociais da República

Arte, Política e Pensamento para o Século XXI é o nome dum ciclo de conferências da Fundação Gulbenkian, no âmbito das comemorações do centenário republicano, em complemento da mostra ResPublica 1910 e 2010 face a face.

Começou o ciclo este sábado, com o filósofo Bernard Stiegler («A coisa pública como processo de trans-inviduação») e com Marie-José Monzain («Cultura do possível e fundação da vida política»).

Ao invés de Frédéric Martel, que aqui referimos, Stiegler tem uma visão bem céptica da indústria cultural, considerando-a uma ameaça civilizacional na sua forma actual, produzida por um capitalismo hiper-industrial que compromete a individualização psíquica dos colectivos humanos. Propõe, em contrapartida, uma alternativa crítica centrada numa nova interacção entre política, criação, indústria e educação. Mais inf. e perfil aqui e aqui.

No próximo sábado, será a vez dos pensadores Jacques Rancière («A era da emancipação já passou?») e Georges Didi-Huberman («Povos expostos»). Novamente às 17h, e com transmissão em directo aqui.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Sustentabilidade ambiental: quando mais tarde um acordo mundial, mais devastadores serão os efeitos

quinta-feira, 25 de março de 2010

Wallerstein: o capitalismo colapsa e duas alternativas confrontam-se

A conferência que o cientista social Immanuel Wallerstein deu ontem em Lisboa (e aqui anunciada) já está disponível em linha, para quem esteja interessado em ouvir este grande pensador dissertar sobre a evolução do sistema-mundo desde 1945, o ocaso em curso do capitalismo e as duas saídas possíveis e antagónicas que presentemente se digladiam.
PS: resumo da aula magistral aqui.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Décadas globais

As listas do melhor e do pior de uma década valem o que valem. São uma forma tão boa como outra qualquer de organizarmos a nossa memória, de discutirmos hierarquias de valores e as perspectivas, ainda limitadas, sobre acontecimentos nacionais e internacionais. As listas da «primeira década do século XXI» têm um problema: ainda falta um ano para terminar a referida década. Se tem dúvidas pode consultar esta entrada da wikipédia. Não que a wikipédia seja um autoridade acima de qualquer suspeita, mas o problema é simples: ou o nosso calendário teve um «ano 0 a.c» e «ano 0 d.c.» ou o «0» do nosso calendário corresponde, vá lá, à meia noite entre 31 de Dezembro do ano 1 a.c e 1 de Janeiro do ano 1 d.c.. Como a segunda alternativa é a verdadeira, no final do ano 9 d.c. ainda faltava um ano para terminar a primeira década do século I d.c e no final de 2009 ainda falta um ano para terminar a primeira década do século XXI.
Os balanços das décadas e dos séculos são sempre exercícios arbitrários, pois os acontecimentos e tendências obviamente não se encaixam nos números redondos do calendário. O que não quer dizer que não possam ser exercícios interessantes e não existam «coincidências poéticas». A década passada, por exemplo, começou em 1991, o ano do fim da União Soviética e terminou em 2000, o ano em que o mundo suspirou de alívio por o «bug» do ano 2000 ser uma ameaça fantasma. Foi a década da «pax americana», também conhecida por «fim da História». A actual década começou em 2001, o ano do ataque às torres World Trade Center. Tem sido a década da crise. Primeiro de segurança internacional, depois financeira, económica, social e com sinais inquietantes de não se conseguir prevenir a tempo uma crise ambiental. Ah, como dava jeito que esta década acabasse já hoje e levasse com ela a crise…

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

E, depois dos abalos, os escaldões...

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Put People First!



Nesta manifestação londrina estiveram c.35 mil cidadãos de todo o mundo (vd. cartaz em cima). Foi um evento alternativo à cimeira do G20, organizado pela Put People First!, plataforma de ONG's internacionais.

O protesto foi pacífico, embora tenha havido incidentes no fim, já amplamente relatados. Morreu uma pessoa, Ian Tomlinson, a polícia diz que por ataque cardíaco, aguarda-se a autópsia. Depois disso, sucederam-se vários outros protestos em Londres, com novos incidentes. Também em Estrasburgo, a cimeira da NATO foi recebida com protestos, parte deles violentos.

A «nova ordem» à la Brown começa com muita pompa, alguns novos rostos (destacando-se Obama, claro), mas também com as multidões na rua. E as vozes vão-se ouvindo (e desvelando) pelos media que ainda descem às ruas para escutar os cidadãos comuns. «0% interest on others» e «We won't pay for their crisis» são outros dos slogans mais comuns. Sobre o lado indefinido duma das principais medidas do G20 ver este cartoon de Steve Bell.

sábado, 28 de março de 2009

Ainda não é o fim do mundo, é só um grande apagão que aí vem

segunda-feira, 23 de março de 2009

O dia em que o mundo ficará às escuras...

Não, não é mais uma profecia de Nostradamus, mas tão-só uma iniciativa voluntária, organizada pela ONG ambientalista WWF- World Wild Fund.
A iniciativa, que se intitula «Hora do Planeta», é um apelo para um apagão mundial no próximo dia 28 (entre as 20h30-21h30) e "tem por objectivo alertar os líderes políticos para a necessidade de adoptarem medidas urgentes contra as alterações climáticas". Já são mais de 700 as cidades que participarão nesta redução simbólica dos consumos de energia e das emissões de gases com efeito de estufa.
Todos os portugueses estão convidados a também dar folga às luzes das suas casas.
O governo português também aderiu a esta iniciativa de sensibilização (fica sempre bem e ano eleitoral oblige). Na Grande Lisboa, p.e., os principais monumentos ficarão às escuras: Cristo-Rei, Ponte 25 de Abril, Mosteiro dos Jerónimos, Palácio de Belém, Museu da Electricidade, Torre de Belém, Padrão das Descobertas, Castelo de São Jorge e os Paços do Concelho alfacinha.
O Centro Cultural de Belém foi mais comedido e só aguentará o sacrifício durante 15 minutos.
Segundo informação da WWF, em 2008, acima de 5o milhões de pessoas em todo o mundo participaram nesta pan-mobilização. Para este ano, a meta é chegar aos mil milhões de aderentes.
As empresas em Portugal também se mobilizaram e prometem apagões e acções de sensibilização nos seus espaços durante a Hora do Planeta. Uma delas é uma estação de tv. Como será à hora do telejornal, ficamos na angústia de saber se passa ou não passa...
Para muito bom português, o problema será bem mais comezinho: a essa hora, será teledifundido em canal aberto o jogo de futebol Portugal-Suécia... Talvez uma debandada geral rumo a cafés e restaurantes já dê para manter as luzes de casa no descanso. Quem sabe não será boa solução? O tempo está de feição, os tremoços ajudam, e já faltou mais para os caracóis.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

3ª e última conferência do divã: desigualdades e desenvolvimento


Para ler a informação detalhada é favor clicar na imagem.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Outras globalizações: o olhar do cartoon


Alguns dos cartoons do World Press Cartoon 2007, dedicado à globalização, estão expostos na Culturgest (Lisboa) até Dezembro.
Uma amostra de cartoons desse concurso também pode ser vista aqui.
Eu já vi o catálogo e, por isso, recomendo uma visita à Culturgest, ou aos sites acima indicados.
V
Nb: na imagem, cartoon de TD («Naughty boy», Indonesia), vencedor do Prémio Gag do WPC2007.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Globalização: uma oportunidade



Passou por cá o director do Le Monde diplomatique, Ignacio Ramonet, que deu uma palestra ontem em Lisboa. De uma forma geral o seu discurso não acrescentou muito aos seus escritos. Contudo, gostaria de pegar em dois pontos (um positivo o outro negativo) salientados pelo jornalista francês. O positivo tem a ver com a sua concepção sobre a União Europeia, para Ramonet a UE é uma brilhante invenção que une diferentes países em torno de um projecto de paz. Terá os seus imensos defeitos, é certo, mas apresenta-se como um projecto solidário em termos do empenhamento mútuo para o desenvolvimento. Este princípio, de que a EU é uma construção intrinsecamente boa, parece-me ser muito inovador no contexto de uma certa esquerda mais ortodoxa.
O aspecto mais negativo que retive da conferência de ontem relaciona-se com a sua concepção sobre a globalização da cultura. Para Ramonet esta representa uma espécie de consequência da globalização económica, na medida em que juntas tendem a impor aos quatro cantos do mundo um determinado modelo que deriva do modo de vida ocidental (ou seja, americano). Ora bem, penso que já foi relativamente demonstrado pelas ciências sociais que não se pode encarar a globalização cultural como um mecanismo essencialmente hegemónico. Pelo contrário, esta constitui-se cada vez mais por formas diferenciadas de apropriação e de produção de novos conteúdos e de novos estilos de vida. Em muitos contextos locais não se verifica uma formatação modelar vinda de uma qualquer esfera global, mas uma interconexão, muitas vezes híbrida, entre culturas e modos de ver e estar no mundo. Por exemplo, a Internet é um excelente palco onde se cruzam e se atropelam diariamente milhões de trajectos individuais, comunitários… É impossível olhar para a Internet como uma plataforma de hegemonia cultural.
Entendo que a esquerda, aquela que ainda mantém uma réstia de utopia (outros dirão alienação), deveria autonomizar as causas e os efeitos da globalização económica face aos processos que imanam da globalização da cultura. Em vez de reduzir tudo na mesma amalgama deveria encarar esta última como um recurso no qual se esboçam e se concretizam alternativas capazes de potenciar movimentos mais amplos. Já tivemos inúmeros exemplos disso. Em meu entender a emancipação social e cultural emerge e é constituída pela globalização.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Quem faz a investigação, quem a paga e quem beneficia com ela?

Começou a ser julgado esta semana na Índia um processo que pode ser crucial para que nos países em desenvolvimento haja produção e distribuição de medicamentos a baixo custo. A Novartis, empresa suíça, terceira maior farmacêutica mundial, lançou um processo contra o estado indiano a propósito da patente do Glivec, um medicamento contra o cancro. Na Índia a lei da propriedade intelectual recusa como nova patente alterações triviais a fármacos já conhecidos, que é o expediente que a Novartis usou para reclamar a patente do Glivec. É aliás uma estratégia frequente das farmacêuticas para obter patentes de medicamentos.
O simples facto de os medicamentos poderem ser patenteados levanta-me dois problemas éticos. Primeiro, o interesse público, tratando-se de um medicamento que pode salvar vidas, ou melhorar a qualidade de vida, não será suficiente para que os fármacos não sejam passíveis de ser patenteados? Segundo, na área das Ciências Biomédicas (como muitas outras áreas) não são as empresas privadas, neste caso farmacêuticas quem paga a investigação que conduz à descoberta de novos medicamentos, quem paga numa grande maioria são os governos (i.e. os contribuintes), e o restante são doações de beneméritos. As farmacêuticas ou fazem pequenas alterações aos medicamentos para patentearem as formas modificadas, ou compram a patente dos medicamentos que resultam da investigação paga com dinheiros públicos (e por sinal costumam comprá-los bem baratinhos). Ainda para mais a descoberta de um novo medicamento resulta sempre de anos e anos de trabalho de diversas equipes, mas é quem dá o último toque, e pode ser quem chega à última da hora, que obtém a patente. E o problema é que uma patente é um monopólio.
Este processo na Índia pode abrir um precedente, e as farmacêuticas estão à espera de ver no que dá, se a Novartis ganhar o processo outros se seguirão. Mas estes processos também não são uma novidade, em 2001 várias farmacêuticas moveram um processo contra a África do Sul por causa da produção de medicamentos contra a SIDA. Abandonaram o processo devido à contestação internacional, em particular dos Médicos sem Fronteiras (MSF). A Índia é, hoje em dia, o principal produtor de genéricos para os países em desenvolvimento, por exemplo fornecem ao MSF 80% dos anti-retrovirais que esta organização usa nos seus programas de combate à SIDA. Tal como fizeram em 2001 os MSF lançaram uma petição online para a que Novartis bandone o processo. Aguardam-se desenvolvimentos nos próximos dias. Mais sobre o assunto aqui.

P.S. - Este post é uma versão reduzida de um outro que postei no Agreste Avena.

sábado, 6 de janeiro de 2007

A globalização falida

O modelo de globalização económica que tem imperado, assenta, em grande medida, numa premissa política que foi posta em prática em várias zonas do Mundo. A premissa de que o mercado livre e aberto é o melhor e o mais eficaz meio para o desenvolvimento económico. Instituições mundiais como o FMI, a Organização Mundial do Comércio e, até certo ponto, o Banco Mundial, não foram mais do que agentes no terreno deste postulado. Ao longo das décadas de 80 e 90, fomentou-se a liberalização e desregulação dos mercados (sobretudo os financeiros) em países com economias e sistemas políticos frágeis e recentes.
O resultado não podia ser mais claro. Em vez de promover o desenvolvimento esta política acabou por favorecer, por um lado, a corrupção das elites locais e, por outro, a acumulação de capital dos maiores grupos financeiros e económicos. Veja-se o que aconteceu em muitos países africanos, e em alguns países da Europa do Leste (nomeadamente a Rússia). Em contrapartida, os países que conseguiram bons índices de desenvolvimento foram precisamente aqueles que não cederam à atordoada liberalizante e fortaleceram e/ou reformaram certas instituições nacionais de carácter regulador.
Ao nível do comércio mundial fez-se a apologia da abertura das fronteiras livres de tarifas e impostos, que se impôs principalmente nos países mais pobres e fracos. No mundo desenvolvido os proteccionismos e os subsídios à produção não só não caíram, como se mascararam sob os feitiços da retórica liberal. Esta hipocrisia mundial, com a conivência da maior parte dos governos do Norte, tem provocado uma autêntica sangria nas já débeis economias subdesenvolvidas.
A generalização simultânea destes dois processos - liberalização financeira para todos e comércio livre só para alguns – teve como consequência o favorecimento dos interesses especulativos e o aumento do empobrecimento dos mais pobres. O Mundo tornou-se ainda mais assimétrico. E para muitos países a promessa de desenvolvimento económico e social não passou de uma miragem.
Duas décadas depois, podemos dizer que o mercado faliu para o desenvolvimento. Este não é a receita única. Pelo contrário, só em países com Estados relativamente estáveis e sólidos é possível encontrar mercados dinâmicos e equilibrados. Os mercados não podem continuar a ser encarados como um meio e um fim (em si mesmo) para o desenvolvimento. Esta foi a ideologia da direita liberal que falhou rotundamente.