Mostrando postagens com marcador Polícia Militar. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Polícia Militar. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 16 de março de 2015

Manifestações da direita e o simbolismo da “selfie” com a PM



Caio Pallazo/Ponte/Jornalistas Livres


As manifestações de domingo trouxeram em suas faixas e cartazes algumas pérolas do analfabetismo político e do caráter antidemocrático que tem o movimento. Pelas redes sociais podemos ler barbaridades, escritas por um estrato da população que se julga mais bem educado e informado, mas sofre de um atraso e provincianismo impressionantes.

Mas quero destacar aqui uma das cenas que mais me surpreenderam: a fila para tirar fotos e "selfies" com a polícia militar, principalmente com a Tropa de Choque. Aliás, nas últimas manifestações da direita essas são duas características simbólicas: os afagos à PM e a indefectível camisa da (corrupta) CBF, para demonstrar um falso patriotismo de quem prefere ir a Miami do que à Bahia.

Tietar a PM em uma manifestação diz tudo sobre o tipo de gente que participa daquela marcha. Resquício da ditadura militar, as polícias militares são responsáveis pelo genocídio da população pobre e negra. Só quem ignora isso pode ter como ídolos estes homens de farda. A polícia de São Paulo, particularmente, é conhecida pela repressão desmedida aos protestos de rua, mas, é claro, apenas os promovidos pela parte progressista da sociedade. Para quem ocupa as ruas para clamar por moradia, contra os latifúndios e por melhores salários para os professores, cassetetes e bombas de gás lacrimogênio.


A PM de Alckmin, como apresenta em relatório final a Comissão da Verdade paulista, "tem uma organização e formação preparada para a guerra contra um inimigo interno e não para a proteção. Desse modo, não reconhece na população pobre uma cidadania titular de direitos fundamentais, apenas suspeitos que, no mínimo, devem ser vigiados e disciplinados". De acordo com a Anistia Internacional, a polícia brasileira matou, em média, seis pessoas por dia em 2013. No ano anterior foram 30 mil jovens brasileiros mortos, sendo 77% deles, negros.

Os que estavam ali na fila para a foto com a PM não só chancelam as chacinas promovidas pela PM, mas também querem dizer: "continuem nos protegendo desses baderneiros, pau neles!". Quando assistem à desocupação violenta de terrenos e prédios ocupados pelos sem-teto, aplaudem. Aquilo representa o tipo de sociedade em que desejam viver.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A crise na segurança pública: Alckmin, José Eduardo Cardozo e as eleições de 2014


Resgato aqui um vídeo, entre os que se encontram na Web, que mostra um pouco do que o governador Geraldo Alckmin e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disseram em coletiva na terça-feira 6 de novembro, dez dias atrás portanto, ao anunciarem no Palácio dos Bandeirantes a parceria entre os governos de São Paulo e federal para combater a onda de violência que assola o estado.




Até então, a crise envolvendo Polícia Militar e facções do crime organizado – que faz vítimas a um ritmo de no mínimo dez mortos por dia, segundo estimativas bastante otimistas – estava localizada em São Paulo.

Mas, além de São Paulo, incluindo o interior do estado, já está em Santa Catarina, Florianópolis e sua região metropolitana.

Além do drama representado pela crise na segurança propriamente dita, me parece que a situação tem uma conotação política muito evidente, pensando nas repercussões do tema na eleição de 2014. A impressão que tive, vendo o governador e o ministro se pronunciarem (in loco, lá nos Bandeirantes), foi de que a crise da segurança no fim das contas é uma armadilha na qual Alckmin caiu.

O governador de São Paulo foi obrigado a reconhecer que precisa do Ministério da Justiça e que não pode sozinho combater algo que já supera institucionalmente sua esfera de competência, apesar de ele tanto ter resistido em admitir isso.

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto, falou mais do que convinha durante o processo e agora parece que sumiu de cena. Não é por acaso que o delegado geral da Polícia Civil paulista, Marcos Carneiro, está mais visível. Um dos maiores problemas da gestão em São Paulo, segundo especialistas, é que as polícias militar e civil não conversam, não têm integração (pelo contrário, disputam os holofotes), prejudicando a investigação e a inteligência, de resto essenciais na guerra contra o crime organizado. O delegado Carneiro ter mais visibilidade agora significa o governo paulista tentando dizer mais ou menos o seguinte: “olha, pessoal, a Polícia Civil não está fora do processo, não, viu?”.

Do ponto de vista político, José Eduardo Cardozo aparece de repente como um candidatável ao governo de São Paulo em 2014. No processo que redundou no acordo entre o estado e a União, o ministro da Justiça teve presença mais marcante nas entrevistas coletivas do que o próprio Alckmin, o governador.

Do ponto de vista da segurança pública, a realidade é menos glamurosa. Os toques de recolher em São Paulo continuam, e, ao invés da violência diminuir, ela parece aumentar. A situação que se vê em Florianópolis dá margem a pensar que parece uma doença e os focos da infecção estão se alastrando, o que é muito preocupante.

Atualizado à 01:30 de 17-11-2012

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Acordo entre Planalto e governo de SP sobre segurança pública decorre das eleições


O post anterior, publicado logo abaixo, ficou frio depois da notícia mais quente que tivemos após as eleições, a de que o governo de São Paulo, premido por uma situação insustentável, finalmente cedeu e acabou aceitando ajuda federal para conter a violência no estado, provocada pela guerra entre PCC e Polícia Militar, depois de intensa troca de acusações, durante a semana, entre o governo de Geraldo Alckmin (via seu secretário de Segurança, Antonio Ferreira Pinto) e o Ministério da Justiça.

Segundo divulga o Blog do Planalto, a parceria entre o até então arrogante governo paulista e o Planalto se deu após telefonema da presidente da República a Alckmin:

"A ministra da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, anunciou que a presidenta Dilma Rousseff, em ligação ao governador Geraldo Alckmin nesta quinta-feira (1º), ofereceu todo apoio para que São Paulo enfrente o problema da violência. Ficou agendada para a próxima semana uma reunião entre o Ministério da Justiça e representantes do governo paulista para estudar parcerias para o setor."

De acordo com a Agência Brasil, "os termos da parceria serão definidos pelos dois governos em uma reunião marcada para o começo da próxima semana. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, será o enviado do governo federal ao encontro".

Penso que a notícia é muito positiva, pois me parece que, se concretizada, a parceria decorre das eleições municipais, que mostraram a urgente necessidade de renovar o pensamento, as relações entre as esferas de poder (municipal, estadual e federal), a relação do Estado com a cidadania.

A truculência e a intransigência foram vencidas nas eleições em São Paulo. A renovação, impulsionada pela vontade das urnas, tem de ser concreta. O governador Alckmin sabe disso, e disso depende sua própria sobrevivência política. Ele sabe muito bem que precisa articular para varrer José Serra da cena política paulista.

O apoio enfático do candidato Gabriel Chalita (do PMDB, mas muito ligado a Alckmin) a Fernando Haddad no segundo turno não foi à toa. Chalita defendeu "uma nova maneira de fazer política". Se Alckmin mantém a arrogância e a intransigência, ele vai pelo mesmo ralo que engoliu Serra.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Segurança pública: clima é 'terrível e absurdo' em São Paulo, diz presidente do Condepe


Publicado originalmente na Rede Brasil Atual


A guerra entre a Polícia Militar e a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) se agrava dia a dia. Como os dados sobre civis mortos não são divulgados pela Secretaria de Segurança Pública do governo estadual, trabalha-se com estimativas, segundo as quais, mais de 3 mil civis morreram assassinados no Estado de São Paulo em 2012, sendo quase mil na capital. Na madrugada de hoje (1°), pelo menos mais cinco pessoas morreram, dois eram policiais.

Um Guarda Civil Municipal da zona sul da capital ouvido pela RBA, e que pediu anonimato, disse que os toques de recolher existem e estão se intensificando. Segundo ele, a operação na favela de Paraisópolis era esperada com antecedência pelos moradores e a ação desencadeada no dia 29 é midiática.

O guarda civil afirmou também que os PMs que estão sendo mortos seriam policiais envolvidos com corrupção e seus assassinatos decorrentes de acertos de contas. Os chamados toques de recolher seriam em muitos casos impostos por grupos de extermínio formados à sombra da PM, e não pelo PCC. A RBA apurou que em Santo André, na região do ABC paulista, houve toque de recolher esta semana.

Para o presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), Ivan Seixas, a situação chegou a um ponto em que parece fora de controle. "Há uma sensação de descalabro tão grande que já não se sabe mais o que acontece." Na sua visão, um aspecto é inquestionável na crise: "é uma guerra particular entre a Polícia Militar e o PCC e quem está pagando o pato é a população. Há uma quantidade muito grande de pessoas sendo mortas, não necessariamente da PM, não necessariamente do PCC".

Seixas considera o clima de instabilidade "terrível e absurdo". "O estado, que deveria proteger a população, cria um clima de pânico, e as pessoas têm medo de sair à rua." De acordo com o presidente do Condepe, cinco pessoas por dia, em média, estão sendo mortas em São Paulo. "Não é por desavença pessoal, briga, é uma coisa predeterminada, é execução", diz. "O que está acontecendo é isso: o Estado resolveu fazer uma guerra em que as pessoas são mortas. Simplesmente isso. O Estado não é mantido para matar pessoas", protesta Seixas.

Para piorar a situação, não existe diálogo entre governo de Geraldo Alckmin (PSDB) e a sociedade civil. "Com o Condepe não existe. Se nem o governo federal consegue um canal de diálogo com o governo do Estado, imagine se o Alckmin vai ouvir a opinião do Condepe. Não há diálogo com a sociedade, esse é o problema”, afirma Ivan Seixas.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Polícia de Alckmin volta a usar truculência na USP


Nesta segunda-feira, aproximadamente às 11 horas, um policial militar agrediu covardemente um aluno e chegou a sacar sua arma, na sede do DCE (Diretório Central dos Estudantes), na Universidade de São Paulo (veja o vídeo). O pretexto da presença de PM era retirar alguns alunos que acampavam no local desde sexta-feira, 6. A sede do DCE havia sido fechada pela Guarda Civil Metropolitana.

Antes de agredir, ouve-se o PM pedir a identificação do jovem para checar se era ou não estudante da USP. A agressão é absurda e injustificável mesmo que não o rapaz não fosse aluno.

A informação, de Igor Carvalho, é do site Spresso SP.

De resto, a atitude da polícia tucana é coerente com a política do governo paulista para a educação, como você pode ver no post abaixo, que faz um balanço de tal política, publicado em novembro aqui no blog.

A escalada autoritária na USP” (por Felipe Cabañas da Silva)


quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A escalada autoritária na USP


Por Felipe Cabañas da Silva*

Fato: houve excessos por parte do movimento que ocupou dois prédios administrativos da USP nas últimas semanas. Houve claramente danos ao patrimônio e, segundo relatos de funcionários, violência (não se sabe exatamente de que intensidade, porque os relatos são, obviamente, parciais) quando da entrada nos edifícios.

Além do mais, a maioria do movimento estudantil não deliberou por essa ocupação da reitoria, diferentemente do que ocorreu em 2007, e há uma parte da organização estudantil que parece não conseguir pensar estrategicamente (essencial para quem quer fazer política em qualquer nível), e os excessos cometidos terminaram dando munição para certo senso comum estúpido, que reverberou especialmente na Veja, segundo o qual estudante universitário é baderneiro, vagabundo, maconheiro, não honra o investimento que recebe e tem mais é que levar cacetada – e essa espécie de sub-campanha de estupidez ganhou as redes sociais, nas quais a estupidez, a ignorância e o senso comum ganham adeptos em progressão geométrica.

É preciso compreender que as tensões entre polícia e estudantes na USP não começaram na semana passada “porque os estudantes querem fumar seu baseadinho em paz”, mas estão presentes desde que a reitoria percebeu que imbróglios com estudantes sempre podem ser resolvidos na base da Tropa de Choque, que a USP já usou desse expediente em outros tempos e que vivemos, afinal, numa sociedade policialesca, que geralmente tende a apoiar que rebeldes “antiquados” – de qualquer espécie e com qualquer agenda programática – devem ser tratados na base das cacetadas.

08/11/2011

No dia 9/6/2009, a Polícia Militar reprimiu, com gás de efeito moral, balas de borracha e cacetadas (e em operação circense transmitida em tempo real na televisão, no rádio e na internet) uma manifestação pacífica de estudantes (veja links abaixo). A confusão chegou ao prédio de História e Geografia, e muita gente que não tinha nada a ver com o protesto e que estava no prédio trabalhando, como gosta o cidadão de bem brasileiro, que lê a Veja e paga seus impostos “para que na USP impere a ordem”, teve que engolir os gases da Tropa de Choque. Houve correria, gritaria e foi opinião geral que a polícia passou completamente da conta e terminou agredindo quem não tinha nada a ver com a manifestação... pacífica.

Violência gera violência. Insensatez gera insensatez. É o que vêm repetindo todos os que, proliferando suas opiniões de banca de jornal, lançam-se nas últimas semanas ao linchamento moral de meia dúzia de estudantes extremamente perigosos, que espalharam colchões num prédio, escreveram algumas besteiras na parede e empunharam livros. Vejam bem: livros!

“Crusp sitiado como nos tempos áureos de ditadura” (08/11/2011)



Além dos sucessivos circos policiais, temos 21 estudantes na USP ameaçados não só de expulsão, mas de eliminação da universidade (expulsão somada a mais cinco anos de afastamento obrigatório da instituição) com base no decreto 52.906 de 27 de março de 1972, que determina as normas disciplinares da universidade, e que pouco foi mudado, transformado ou revisto. Há um novo regime disciplinar que precisa ser aprovado pela Comissão de Legislação e Recursos. Enquanto isso, usa-se uma lei que imperou na USP durante a ditadura, aprovada quando o presidente da República era Garrastazu Médici, o governador do estado Laudo Natel e o Magnífico reitor da USP Miguel Reale, reputado líder do integralismo – ou fascismo à brasileira.

Vejamos o que diz o inciso IV, do artigo 205 do decreto 52.906 de 1972: “Constituem infração disciplinar do aluno, passíveis de sanção segundo a gravidade da falta cometida: IV- Praticar ato atentatório à moral ou aos bons costumes”. Moral e bons costumes? Esse inciso faz referência a práticas de atentado ao pudor? Ou é mais uma norma genérica e dúbia que podia ser aplicada a qualquer ato incômodo justamente nos anos que se seguiram ao AI-5, período de maior radicalização da ditadura brasileira?

O governador do Estado afirmou que esses estudantes que invadiram a reitoria “precisam ter uma aula de democracia”. Eu até concordo, mesmo porque conheço muitos colegas dos movimentos da esquerda mais extremista, e sei que muitos ainda não se libertaram de seu ranço stalinista e de suas ideias dicotômicas e reducionistas a respeito de um mundo dividido entre a burguesia espoliadora e os trabalhadores espoliados, uns maus, outros bons.

Mas quero questionar o seguinte: a aula de democracia que dá a reputada melhor escola do país é Tropa de Choque e eliminação? Se é assim, separei os vídeos das aulas de democracia que têm nos fornecido a USP e o governo do estado de São Paulo.

Videos da PM na USP (clique nos links)

- Polícia contra estudantes - 09/06/2009

Vídeo 1

Vídeo 2


Polícia contra professores próximo ao Palácio dos Bandeirantes no dia 26/03/10, quando a categoria estav aem greve. A negociação do então governador do Estado foi a que se vê abaixo:

Vídeo 3

Vídeo 4

*Felipe Cabañas da Silva é bacharel e licenciado em Geografia pela USP, autor do blog Versejar

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Polícia de Alckmin não pára de cometer barbaridades

Da (interminável) série “Relatos da truculência tucana”

Os relatos e fatos de brutalidade da polícia do governo de São Paulo, hoje sob o comando de Geraldo Alckmin (PSDB), não têm fim. Abaixo, mais um, que publico apesar da qualidade do vídeo (feito com celular) ser ruim.

Na terça-feira, 18 (ontem), uma falha no fornecimento de energia teria provocado falhas na circulação de trens na linha 1-Coral da CPTM (estação Corinthians-Itaquera). Já atônitos com o caos provocado pelas chuvas, os usuários sofreram a outra covarde e desnecessária agressão da PM. O relato da pessoa que postou o vídeo no You Tube é o seguinte:

"Trabalhadores sofrem violência policial na volta pra casa, com o caos na CPTM na estação de Corinthians Itaquera.Trabalhadores exigiam seus direitos, quando foram surpreendidos pela Policia Militar com bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta, crianças, gestantes, idosos estavam no local."



Na semana passada, quem apanhou foram os estudantes. Veja aqui.