Reprodução
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Salvador Allende (1908-1973) * |
Pablo Neruda, em Confesso que vivi (
Confieso que he vivido):
"Escrevo essas rápidas linhas para minhas memórias há apenas
três dias dos fatos inqualificáveis que levaram à morte meu grande companheiro,
o presidente Allende. Seu assassinato foi mantido em silêncio, foi enterrado
secretamente, permitiram apenas à viúva acompanhar o imortal cadáver. A versão
dos agressores é que acharam o seu corpo inerte, com mostras visíveis de
suicídio. A versão que foi publicada no exterior é diferente. Após o bombardeio
aéreo vieram os tanques, muitos tanques, para lutar intrepidamente contra um só
homem: o presidente da República do Chile, Salvador Allende, que os esperava em
seu gabinete, sem outra companhia a não ser seu grande coração envolto em
fumaça e chamas.
Não podiam perder uma ocasião tão boa. Era preciso
metralhá-lo porque jamais renunciaria a seu cargo. Aquele cadáver que foi para
a sepultura acompanhado por uma única mulher, que levava em si mesma toda a dor
do mundo, aquela gloriosa figura morta ia crivada e despedaçada pelas balas das
metralhadoras dos soldados do Chile, que outra vez tinham atraiçoado o Chile." (Tradução: Olga Savary)
Nota: Pablo Neruda morreu apenas 12 dias depois dos fatos acima narrados ocorridos em 11 de setembro de 1973, sobre o golpe do Chile e a morte de seu amigo Allende. A morte de Neruda até hoje não foi esclarecida. Não se sabe se o poeta morreu de câncer ou envenenado.
*Atualizado à 0:41 de 13/09/2013, com imagem enviada via comentário pelo amigo chileno-brasileiro Daniel Razón