O ex-presidente Luiz Inácio da Silva fala sobre José Alencar, seu vice de 2003 a 2010, morto na tarde desta terça-feira, aos 79 anos.
No pronunciamento emocionado em Portugal, onde estava com a presidente Dilma Rousseff, do qual acima está um pequeno trecho, Lula não deixou, porém, de falar de política, pois Lula não consegue não ser político. Especificamente, falou sobre a importância de Minas Gerais no processo que o levou a ser eleito duas vezes, em 2002 e 2006. “Todo mundo sabe que perdi muitas eleições no Brasil, eu tinha 30% ou 32% e precisava encontrar o restante. E o restante encontrei no Zé Alencar”, disse o ex-presidente. A morte do mineiro José Alencar é como se fosse uma metáfora da política brasileira. Minas Gerais (“Esses gerais são sem tamanho”, como define o personagem Riobaldo de
Grande Sertão: Veredas) é uma incógnita para 2014.
Lembremos que, em 2010, Aécio Neves começou a abandonar o barco de José Serra antes mesmo da oficialização da candidatura tucana. O adeus de Aécio à nau do PSDB paulista ficou claro num editorial inequívoco do jornal
O Estado de Minas, que postei aqui no blog em 4 de março de 2010:
Mineiros repelem a arrogância de José Serra.
Nesse editorial, o jornal repudiava a “demonstração de arrogância, que esconde amadorismo e inabilidade” do tucanato serrista. O recado em tom definitivo, a própria voz de MG, terminava com essas palavras do célebre editorial: “Minas desta vez precisa dizer não”.
E disse. Mas, em 2014, supõe-se que Aécio Neves deve poder contar com Minas, o que não foi privilégio nem de Alckmin em 2006 contra Lula, nem de Serra em 2010 frente a Dilma. Isso é o “óbvio ululante”. O que não é óbvia é a conta: de onde sairão os votos no resto do país para compensar a possível perda dos eleitores de Minas que Aécio deve arrebanhar? A estratégia deve ser mudar o jogo em São Paulo. E esse é o maior desafio da esquerda para 2014. Se perder Minas e não virar em São Paulo, já era.