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sexta-feira, 1 de abril de 2011

A simbologia, o fato e a foto

 Este post entra na série "Pensamento para sexta-feira"

Acho essa foto de José Cruz (Agência Brasil) impressionante.


José Cruz/ ABr


Mas não é só o símbolo ou o fato político. É a foto em si. O enquadramento, as personagens flagradas cada uma em sua grandeza particular. O olhar de Dilma Rousseff (o centro da foto, o centro da história) fixo em algo que parece estar na mão do corpo do morto; a composição das três mulheres no quadro, fechando um primeiro plano em que formam um triângulo; a perplexidade diante da morte, congelada nos gestos de todas as personagens; o tempo histórico, que a fotografia incorpora como se fosse um filme.

Faz lembrar A Imortalidade, de Milan Kundera.

Observação: a imagem postada aqui é em baixa resolução e graficamente pequena. Mas ela pode ser melhor entendida se vista em alta resolução aqui, neste link.

Se agências nacionais e internacionais têm flagrantes muito parecidos com esse, não interessa. O fato é que essa, das que vi, é a foto.

quarta-feira, 30 de março de 2011

A morte de José Alencar é uma metáfora da política brasileira

O ex-presidente Luiz Inácio da Silva fala sobre José Alencar, seu vice de 2003 a 2010, morto na tarde desta terça-feira, aos 79 anos.



No pronunciamento emocionado em Portugal, onde estava com a presidente Dilma Rousseff, do qual acima está um pequeno trecho, Lula não deixou, porém, de falar de política, pois Lula não consegue não ser político. Especificamente, falou sobre a importância de Minas Gerais no processo que o levou a ser eleito duas vezes, em 2002 e 2006. “Todo mundo sabe que perdi muitas eleições no Brasil, eu tinha 30% ou 32% e precisava encontrar o restante. E o restante encontrei no Zé Alencar”, disse o ex-presidente. A morte do mineiro José Alencar é como se fosse uma metáfora da política brasileira. Minas Gerais (“Esses gerais são sem tamanho”, como define o personagem Riobaldo de Grande Sertão: Veredas) é uma incógnita para 2014.

Lembremos que, em 2010, Aécio Neves começou a abandonar o barco de José Serra antes mesmo da oficialização da candidatura tucana. O adeus de Aécio à nau do PSDB paulista ficou claro num editorial inequívoco do jornal O Estado de Minas, que postei aqui no blog em 4 de março de 2010: Mineiros repelem a arrogância de José Serra.

Nesse editorial, o jornal repudiava a “demonstração de arrogância, que esconde amadorismo e inabilidade” do tucanato serrista. O recado em tom definitivo, a própria voz de MG, terminava com essas palavras do célebre editorial: “Minas desta vez precisa dizer não”.

E disse. Mas, em 2014, supõe-se que Aécio Neves deve poder contar com Minas, o que não foi privilégio nem de Alckmin em 2006 contra Lula, nem de Serra em 2010 frente a Dilma. Isso é o “óbvio ululante”. O que não é óbvia é a conta: de onde sairão os votos no resto do país para compensar a possível perda dos eleitores de Minas que Aécio deve arrebanhar? A estratégia deve ser mudar o jogo em São Paulo. E esse é o maior desafio da esquerda para 2014. Se perder Minas e não virar em São Paulo, já era.