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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Pensamento para sexta-feira [45] - Que o Cairo e Damasco sobrevivam



Dedico o pensamento desta sexta-feira às vítimas inocentes da insanidade tardia dos genocidas do século XXI – e, embora eu não creia no juízo final, desejo de todo coração que eles não tenham perdão;

às crianças mortas pelas armas químicas e por todas as armas na Síria, essa imagem horrenda que me recuso a olhar;

aos civis executados em praça pública, às centenas, no Cairo.

Que muitos milhões de orações sejam entoadas em nome deles.

Amém.

sábado, 17 de agosto de 2013

Primavera árabe


Texto e ilustração: Rice Araújo

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Infelizmente meus pressentimentos sobre os perigos da volta dos militares no Egito estão se confirmando. Após 50 anos de regime militar o presidente eleito ter sido derrubado em menos de dois anos me cheirou muito mal... hoje o cheiro do sangue nas ruas lá me embrulha o estômago. E algumas perguntas ficam rodando na minha cabeça... a quem interessa isso? Quais contratos o ex-presidente interrompeu pelo bem do seu país? Quais empresas tiveram prejuízo com o ex-presidente e agora voltaram a ganhar dinheiro no Egito? Quais governos ficam mais a vontade com o "novo" governo militar egípcio?

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Egito, 14 de agosto de 2013





A inocente alegria que muitos sentimos quando Hosni Mubarak caiu, dois anos e meio atrás, quando compartilhamos a celebração da Primavera Árabe, do povo nas ruas, na praça Praça Tahrir (ميدان التحرير, - Midan al-Tahrir, "Praça da Libertação"), tudo isso foi enterrado hoje num dos mais horríveis e perversos episódios das últimas décadas.

Tropas do Exército massacraram no Cairo centenas de integrantes da Irmandade Muçulmana que manifestavam seu inconformismo com a deposição, em julho passado, do presidente Mohamed Morsi, primeiro civil eleito democraticamente no país após décadas de ditadura militar.

Estado de exceção, 19 generais impostos como governadores regionais, poder do Exército para prender e arrebentar, supressão de direitos constitucionais.

Mais um sonho chega ao fim. Pelo menos no Egito, a Primavera Árabe acabou.



quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

“Primavera árabe” foi apenas um espasmo de luz nas trevas do Oriente Médio?


Não resta dúvida de que, em âmbito internacional, se o hasteamento da bandeira da Palestina na sede da Unesco, semana passada, é simbolica e mesmo politicamente importante, a violência no Egito é um duro golpe na crença de uma verdadeira "primavera árabe".

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A praça Tahrir, centro da capital Cairo, viveu ontem, quarta-feira, 20, o quinto dia concecutivo repressão contra manifestantes que exigem abertura política. O país que derubou Hosni Mubarak (leia aqui) vive hoje a dura realidade de uma ditadura militar. Segundo o Ministério da Saúde egípcio (sic), 13 pessoas morreram na semana passada em decorrência dos conflitos, e 815 ficaram feridas.

O país vive hoje um longo processo de eleições parlamentares previsto para durar um mês e meio e o governo acena com a possibilidade de realizar eleições presidencias em junho. Mas as cenas teríveis da violência (entre as quais se destaca a foto de uma mulher sendo espancada brutalmente por “agentes de segurança”) não deixam margem a otimismos.

No fim de novembro, Kamal Ganzouri foi nomeado primeiro-ministro no país. Hoje com 78 anos, ele já havia ocupado o cargo na ditadura de Mubarak entre 1996 e 1999. A "novidade" foi o estopim para a mais nova revolta. Em entrevista a Brasil de Fato de 8 de dezembro, o jornalista Pepe Escobar falou do início de um período “contrarrevolucionário” nos países árabes. Disse ele:

“Os militares arrumaram um sistema onde botaram uma ditadura militar de fato, se livraram do chefe do regime, e de seu sucessor, que é o Omar Souleiman, hoje isolado. O regime ficou intacto.

“Nada mudou essencialmente para os Estados Unidos porque eles continuaram a cooptar esse regime militar.”

Essa cooptação, destaca Escobar, é feita política e economicamente: “Eles estão cooptando não só diretamente, mas via seu aliado principal na região, a Arábia Saudita, que há pouco ‘doou’ US$ 4 bi para a ditadura militar do Egito se manter nos próximos meses. O Egito é um país quebrado, tem que comprar comida de fora, tem que pagar funcionários públicos e é um país que está à beira da bancarrota”.

Em nossa ingenuidade, imaginamos que o gigante Egito, às portas de Israel no Mediterrâneo, fosse dar um alento nessa estratégica e conflagrada região do planeta. Mas a verdade é que a “primavera árabe” pode ter sido apenas um espasmo de luz nas trevas do Oriente Médio.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

O acordo entre Fatah e Hamas e o cinismo ocidental


“A Autoridade Palestina deve decidir entre a paz com Israel e a paz com o Hamas, que quer nos destruir."

Com essas palavras hostis e ameaçadoras o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, manifestou-se a respeito do acordo histórico entre Fatah e Hamas, anunciado na última quarta-feira, 27, mas ainda não assinado oficialmente. Quer dizer, a violência permanente dos tanques contra as pedras vai continuar. Não há nada, aliás, que não seja pretexto para Israel responder com tiros e bombas. O acordo está previsto para ser assinado no dia 4 de maio, no Cairo, pelo presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, e o líder do Hamas, Khaled Mechaal.

Pedras contra tanques
(Todos os direitos reservados/Rogério Ferrari)

De qualquer maneira, a intenção dos dois grupos palestinos (chamados de “facções” pelo Estadão, vejam vocês) é de realizar eleições em menos de um ano.

Ceticismo ou cinismo?

O acordo é visto com ceticismo pelo Ocidente, diz a mídia internacional. O ministro de Relações Exteriores israelense, Avigdor Lieberman, também protestou, segundo a alemã Deutsche Welle: "Todos os membros do Hamas que estão presos na Cisjordânia serão em breve libertados. Isso significa que centenas de terroristas estarão soltos na região”, vociferou.

Ainda segundo a DW, o ministro do Exterior da Alemanha, Guido Westerwelle, reagiu com as seguintes palavras ao acordo, no jornal Tagesspiegel, de Berlim: "Para nós, o Hamas não é um interlocutor, porque não trabalhamos com organizações que combatem com violência o direito de existência de Israel". Chega a ser cômico. Pois o Estado da Palestina (em árabe: دولة فلسطين) sequer existe e sua criação é bombardeada e boicotada aberta ou veladamente por todo o cínico Ocidente, que finge que não vê o terrorismo de Estado israelense.

Conflitos fratricidas entre os islâmicos do Hamas (que comanda a Faixa de Gaza) e o Fatah (que controla a Cisjordânia) – como em 2007, quando o Hamas assumiu o controle de Gaza – era uma bênção para o sionismo. Isso acabar é derrota política significativa para o governo de Netanyahu.

O Egito ser o palco do acordo Fatah-Hamas é muito simbólico. Pois foi ali, na praça Tahrir, que a “primavera árabe” atingiu uma culminância espetacular, que redundou na queda de Hosni Mubarak, um cãozinho amestrado de Israel. No atual contexto, as ameaças que pesam sobre a Líbia e a Síria são mais do que inquietantes para os israelenses.

A Síria é governada pela família Assad desde 1971. Em 2000, com a morte de Hafez al-Assad, seu filho Bashar assumiu. O regime sírio quer de volta as Colinas de Golã – anexadas na Guerra dos seis dias, em 1967. Especulou-se nos últimos dias que os regimes israelense e sírio negociavam secretamente sua devolução.

PS: A foto acima é do fotógrafo baiano Rogério Ferrari, que trabalha como fotógrafo independente e desenvolve o belo projeto Existências – Resistências. Pretendo entrevistá-lo em breve para postar aqui no blog. 

Atualizado às 23:26

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Mubarak cai e povo egípcio emociona o mundo


O post logo abaixo deste (Lá vem o sol!), com a canção de George Harrison, foi ao ar no início da madrugada [foi só um gesto para saudar a sexta-feira: ao postar, eu nem associei He Comes the Sun com a situação no Egito, pois o ditador ainda não havia caído]. Depois, Mayra postou nele o seguinte comentário: "E a alegria solar chegou ao Egito hoje, com a renúncia do Mubarak. Acho que é o começo de uma baita vitória do movimento político popular. Dia histórico não só no mundo árabe".

Praça Tahrir, coração da revolução
É verdade, e a metáfora – materializada horas depois – é perfeita. Finalmente o lacaio Hosni Mubarak caiu. Assistindo às imagens emocionantes transmitidas ao vivo da praça Tahrir, no Cairo, palco dos eventos históricos das últimas semanas, só consigo pensar uma coisa: como eu gostaria de estar lá!

O que vai acontecer daqui para a frente (as conseqüências da revolução, que caminho tomará o Egito e o Oriente Médio) importa menos nesse momento do que a magnífica vitória do povo egípcio, com o qual tantos de nós, brasileiros, nos solidarizamos nas últimas semanas.

Atualizado às 20:04

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O lacaio Hosni Mubarak ainda resiste

"A senhora, idosa, de véu vermelho, estava parada a polegadas de um tanque M1 fabricado nos EUA, do 3º Exército Egípcio, bem à margem da Praça Tahrir. Os soldados eram paramilitares, alguns com barretes vermelhos, outros com capacetes, barreiras de fuzis apontadas para a praça, metralhadoras pesadas armadas nos tabiques. 'Se atirarem contra o povo egípcio, Mubarak está acabado' – disse ela. 'E se não atirarem contra o povo egípcio, Mubarak está acabado'. O povo no Egito está tomado dessa sabedoria."

Reprodução/ Al Jazeera

Essa é a introdução do excelente texto de Robert Fisk (link abaixo), do The Independent, sobre a chamada revolução no Egito, que está quase derrubando a ditadura de Hosni Mubarak, há 30 anos chefe de um regime serviçal dos interesses norte-americanos e israelenses no Oriente Médio. O extraordinário movimento no país dos Faraós acontece na esteira daquele que, na Tunísia, derrubou o ex-ditador Zine El Abidine Ben Ali, após 23 anos no poder.

No texto de Fisk há uma passagem emblemática e emocionante da (aparente) indisposição do Exército egípcio em atacar seu povo: “Quando uma longa coluna de soldados formou-se na largura da rua, um homem muito velho e corcunda pediu e obteve licença para aproximar-se. Segui-o e vi abraçar e beijar o tenente nos dois lados do rosto; disse ‘Vocês são nossos filhos. Vocês são nosso povo’. Em seguida andou ao longo da coluna, beijando e abraçando cada soldado, como se fosse seu filho. É preciso ter coração de pedra para não se emocionar com essas cenas de que ontem [dia 30] o dia foi cheio." 

Quem está numa tremenda saia justa é o presidente Barack Obama, dos EUA, que na semana passada fez um discurso muito condescendente (para dizer o mínimo) para com o regime do lacaio Mubarak, cuja situação já era então insustentável. Hoje, Obama foi um pouco mais incisivo. "Mubarak reconhece que o status quo é insustentável e que é preciso haver uma mudança (...) Estou confiante que a população do Egito vai encontrar a resposta para essa crise", disse o presidente norte-americano na Casa Branca. Será que Obama não se deu conta de que os egípcios já encontraram a solução?

Mesmo após a histórica manifestação de entre 1 milhão e 2 milhões de pessoas ontem nas ruas do Cairo (os números variam de fonte para fonte), Mubarak deu indicações de que não pretende renunciar ao cargo. Hoje, confrontos entre “simpatizantes” do ainda presidente Egípcio (acusados de serem policiais a paisana) e o povo que exige o fim de seu governo provocaram cerca de 500 feridos. As Nações Unidas estimam em 300 o número de mortos desde o início do levante.

Se as revoltas se alastrarem a partir de Tunísia e Egito para outras nações (há focos de forte descontentamento e até manifestações na Jordânia por exemplo – outro regime a serviço do sionismo), o Estado de Israel terá motivos para grandes, enormes preocupações, independentemente de o poder cair nas mãos do fundamentalismo islâmico em alguns desses países. Nesta quarta, o rastilho de pólvora continuava a se alastrar no Iêmen: milhares de manifestantes puseram fim nesta quarta-feira às aspirações do presidente do país, Ali Saleh, de se perpetuar no poder. Há um mês, a secretára de Estado americana Hillary Clinton já demonstrava sua preocupação, dizendo que a instabilidade no Iêmen representa uma ameaça global.

Leia o texto de Robert Fisk na íntegra clicando aqui.

Atualizado às 02:20 (4/11/2011)