Antonio Cruz/ABr
Semana passada, após pesquisa do Ibope, postei aqui que “Serra pode nem ir ao segundo turno”. Hoje, após divulgada nova pesquisa Datafolha segundo a qual o tucano caiu três pontos percentuais desde a última pesquisa (de um mês atrás) e está atrás de Russomanno (31% x 27%), até o Josias de Souza já discute essa possibilidade.Haddad tem 8%, segundo o Datafolha (pesquisa muito parecida à do Ibope), mas como a margem de erro é de três pontos, o petista poderia estar com 11%, como Serra com 24% ou 30% (esta última hipótese é muito improvável, devido ao quadro geral e evolução dos números). Margem de erro é sempre uma desculpa justificável para distorções quase injustificáveis em pesquisas eleitorais, e duvido que algum eventual erro favoreça Haddad.
Além disso, o enorme crescimento da rejeição a Serra na pesquisa Datafolha (subiu de 32% para 38%) indica que o cenário está ficando sinistro para o candidato que muitos identificam com o personagem do livro de Bram Stoker.
É óbvio que a tendência de crescimento de Haddad vai se confirmar com a propaganda na TV, que começou hoje para vereadores, mas não tive tempo de assistir.
É preciso ver que estratégia Russomanno vai adotar: diante do cenário, vai se manter impávido tentando passar uma imagem superior diante dos que estão atrás, até porque sua rejeição é de apenas 12%? Vai atacar Serra, tentando derrubar o tucano mais ainda? Ou vai atacar Haddad?, sabendo que (penso eu) o embate com o petista deve ser mais difícil do que com Serra no segundo turno, não só pela grande rejeição do homem que rachou o PSDB paulista como também pelo apoio de Lula ao ex-ministro da Educação, que tem baixa rejeição (15%).
Além de tudo, o “apoio” de Alckmin a Serra vai ser com aquele mesmo entusiasmo efusivo com que Aécio Neves “apoiou” o próprio Serra em 2010. E a estreita ligação com Kassab deve escurecer ainda mais as nuvens que pairam em torno de José Serra.
Embora disfarce, Alckmin apoia Chalita, que tem 6% nas intenções de voto e 11% de rejeição. Na semana passada, militantes do PSDB, como o presidente do diretório zonal do partido no Jabaquara, Milton Kamiya, e seu vice, Rômulo Santos, declararam apoio a Chalita, o que sem dúvida não é por acaso. “Sou tucano, voto Chalita", mostravam as inscrições nas camisetas dos descontentes. "Dizem que o PSDB é um partido de elite, e, hoje, infelizmente, é mesmo”, afirmou Kamiya na ocasião, para justificar o abandono do barco de José Serra.