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terça-feira, 8 de abril de 2014

Terra, Marte, "lua de sangue" e os adoradores do fim do mundo

Reprodução

A oposição de Marte (o deus romano da guerra na mitologia romana) ao Sol e o fato de o planeta vermelho estar mais brilhante em abril, chegando à máxima aproximação no próximo 14 de abril de 2014, antecede o primeiro de quatro eclipses da Lua, no dia 15. 

As oposições ocorrem quando Marte fica a uma distância mínima da Terra. O planeta vermelho aparece, nesses dias, ao Leste ao anoitecer. Cruza o céu, próximo à Espiga, a estrela mais brilhante da Constelação de Virgem, e vai se pôr no Oeste ao nascer do Sol.

O astrônomo Jair Barroso, pesquisador do Observatório Nacional, diz que, olhando para o céu todos os dias por uma ou duas semanas, as pessoas vão notar as diferenças. “Marte vai aparecer praticamente com o mesmo brilho, mas irá mudando de posição em relação à estrela Espiga. Por ser um planeta que está mais perto da Terra, aparenta ter um deslocamento mais rápido”, explica o astrônomo.

O fenômeno se dá uma vez a cada 778 dias. Mas o fato que chama a atenção dos que adoram pensar no fim do mundo é que o evento destes dias antecede as "luas de sangue", um fenômeno que poderá ser visto da terra na semana que vem (dia 15/4) e alguns místicos associam como sinal do fim dos tempos (o que não falta neste mundo são adoradores do fim do mundo...). Trata-se de uma rara sequência de quatro eclipses lunares chamada de tétrade ("luas de sangue"). O ciclo começa na semana que vem, no dia 15 de abril, e terminará apenas no ano de 2015: os eclipses ocorrem 15 abril/2014, 8 de outubro/2014, 4 de abril/2015 e 28 de setembro de 2015.

De acordo com a Nasa, as "quatro luas de sangue" só foram vistas três vezes em mais de 500 anos: 1493, 1949 e 1967. 

Os místicos veem nessas datas importantes associações: em 1493 era Idade Média. E, na ocasião, os judeus foram expulsos da Espanha pela Inquisição; em 1949, nasceu o Estado de Israel na Palestina; e em 1967 ocorreu a Guerra dos Seis Dias entre árabes e israelenses, quando o Egito liderou um ataque a Israel e os árabes foram derrotados em menos de uma semana.


Com Agência Brasil 

Atualizado às 13:31 de 9/04/2014

terça-feira, 5 de junho de 2012

O trânsito de Vênus e a imaginação do homem


Na cena inicial do filme Visão – sobre a vida de Hildegard von Bingen (2009), um grupo de pessoas está orando à luz de muitas velas. Alguns se penitenciam e a voz do que parece ser um pregador diz: “esperemos por Deus em silêncio”. É a passagem do 11° para o 12ª século de nossa era. Nas trevas mal iluminadas, ouvem-se choros e lamentos. Eles esperam o fim do mundo. Mas eis que o dia amanhece. O mundo não acabou e, para aquelas pessoas, é como se fosse um milagre.

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Imagem do trânsito de Vênus - Reprodução/ NASA

Estamos a mais de 900 anos dos fatos do filme, mais exatamente a 914 anos (considerando que a película fala de uma figura histórica que nasceu no ano de 1098) e nesse exato momento, em 5 de junho de 2012, milhões de pessoas estão fascinadas com o episódio astronômico do trânsito de Vênus pelo Sol – sob a nossa perspectiva, claro, de pobres terráqueos. O trânsito do planeta que em nosso céu também chamamos de Estrela da manhã se dá entre 22h04 GMT (19h04 em Brasília) e terminará às 04h55 GMT (1h55 em Brasília).

Incontáveis conjecturas, fantasias, associações, cálculos e teorias proliferam por todas as partes do mundo. Há quem se lembre dos maias e de interpretações mistificadoras que preveem o fim do mundo para 21 de dezembro de 2012 (mas até essa teoria, para desespero dos adoradores do apocalipse, já parece ter sido superada, com a descoberta recente de uma habitação na Guatemala dentro da qual estaria o calendário maia mais antigo já descoberto: neste, do século IX, não seriam 13, mas 17 os ciclos – chamados baktun –, e portanto não estamos no fim dos tempos nem mesmo segundo os maias).

Voltando ao assunto do post, o trânsito de Vênus nada mais significa que a simples passagem do planeta Vênus entre o Sol e a Terra. Não que, para mim, não haja interferência dos astros na Terra ou de planetas e satélites e o sol, ou sóis, entre si. Negar isso seria negar a matemática. Mas o fato de o Sol, Vênus e a Terra estarem alinhados entre hoje e amanhã só significa que o Sol, Vênus e a Terra estarão alinhados entre hoje e amanhã, fenômeno realmente fascinante que dá margem à imaginação, o que já ocorreu em outros momentos, como nos anos de 1631, 1639, 1761, 1769, 1874, 1882, 2004 e 2012, e só voltará a acontecer em 2117, quando todos vocês que estão lendo este post e eu já estaremos mortos.

O Planeta X, ou Niburu

Sobre fatos fascinantes da astronomia, ainda estamos por saber se existe ou não o planeta X, ou Nibiru, como o chamavam os sumérios. Esse povo que habitou a Mesopotâmia entre 5 e 6 mil anos atrás e deixou a primeira linguagem escrita (cuneiforme) de que se tem notícia conhecia o sistema solar tal como o conhecemos hoje e todos os seus astros: Sol, Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno, Plutão e Lua. Mas eles também conheciam o planeta Nibiru, como o chamavam, que teria uma órbita elíptica e passaria pelo nosso sistema solar a cada 3,6 mil anos.

Reprodução/Clique para ampliar
Sumérios deixaram legado impressionante

Sabemos que pouco do que a ciência descobre hoje chega ao nosso conhecimento, pois muitas descobertas não são divulgadas por vários motivos e interesses. Às vezes as informações vazam. Em 1982, o jornal The Washington Post publicou matéria com o então cientista-chefe do Infrared Astronomical Satellite (IRAS), Gerry Neugebauer, segundo a qual um corpo celeste do tamanho de Júpiter transitava “na direção da constelação de Órion” (leia aqui).

Estaríamos, talvez (mas isso não se confirma nem se desmente), na iminência de conhecer Nibiru, pois há quem diga que ele passaria próximo da Terra em breve. Vamos aguardar, minha gente. Eu adoraria poder comprovar algo tão fantástico. Mas estou a anos-luz de distância de profetas do apocalipse. Cruz credo.