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O depoimento em vídeo que a nadadora pernambucana Joanna
Maranhão postou hoje na internet é muito significativo. “Vou para o
Pan-Americano, vou defender o meu país, mas não vou estar representando essas
pessoas que batem palmas pra Feliciano, Bolsonaro, Eduardo Cunha, Malafaia...
Não são vocês que estou representando. A torcida de vocês não faço questão
nenhuma de ter.”
A intervenção indignada (assista ao vídeo abaixo) foi um desabafo depois do espetáculo
circense neofascista a que assistimos ontem na Câmara dos Deputados,
patrocinado por Eduardo Cunha.
"Já e a segunda vez que eu amanheço e tomo conhecimento
dessas manobras criminosas que Eduardo Cunha tem feito no Congresso e eu sinto
um desgosto muito grande", disse Joanna, sobre a desfaçatez cínica com que
o presidente da Câmara passou por cima da Constituição e da Democracia e fez
aprovar em primeiro turno a redução da maioridade penal, exatamente como fizera
com a PEC do financiamento privado de campanhas eleitorais.
O mundo de atletas é um mundinho estreito. A todo momento
vemos esses analfabetos políticos dizerem (literalmente) amém a tudo, atribuir
qualquer conquista ou derrota à vontade do senhor. Agora há pouco, minutos
atrás, o atacante Fred, do Fluminense, chamado a falar de seu gol contra o
Santos no Maracanã, começou assim: "fui abençoado com esse gol..."
Atualmente (e no jogo Santos x Fluminense os dois times
festejaram gols assim) você não vê mais nem mesmo comemoração de gol. Os
jogadores fazem uma rodinha, ajoelham e levantam as mãos ao céu. Quase todos os
gols agora são comemorados assim! É inacreditável, é doentio. Estou convencido de
que é também por causa dessa mente obtusa e acéfala que o futebol brasileiro está
como está, embora haja outros fatores, que não vêm ao caso aqui.
Vi o River Plate eliminar o Cruzeiro da Libertadores por 3 a
0, em Minas, em maio. O jogo mostrou bem o que é um time que tem cérebro, tática
e cultura (River) contra um bando de pentecostais que só falam no
"senhor". Os argentinos jogam futebol e pensam, os brasileiros nem jogam
bola e muito menos pensam mais.
Enfim, muito bem-vindo o depoimento de Joanna Maranhão. Corajosa
e politizada, a atleta brasileira mostra que não é por ser uma esportista que a
pessoa precisa ser despolitizada, egoísta e imbecil.
Veja o vídeo postado pela nadadora.